Compreendendo o cenário do estado da arte: o que preciso saber sobre essa poderosa ferramenta de pesquisa e como colocar as técnicas em prática?

Olá, tudo bem? Em nosso post de hoje retomaremos as nossas discussões sobre um processo de pesquisa muito conhecido pelos pesquisadores. Estamos nos referindo ao estado da arte. Embora já tenhamos discutido sobre esta ferramenta em diversos momentos, assim como em qualquer processo de pesquisa, ela deixa dúvidas, visto que não há unanimidade entre os pesquisadores acerca do uso da ferramenta. Considerando esta divergência, separamos algumas dúvidas deixadas por aqueles que nos acompanham. Uma vez que o estado da arte carrega uma série de interpretações e que mudam a depender da instituição da qual você faz parte e das exigências do seu professor, o estado da arte pode ganhar um nome diferente e, ainda, pode ser executado de formas igualmente diferentes. Partindo-se desse cenário, temos como pretensão esclarecer as dúvidas que perpassam pelo campo de atuação desta técnica.

Qual é o alcance que um estado da arte pode ter?

As dúvidas que separamos para essa conversa perpassam pelo campo do alcance de um estado da arte. A primeira dúvida diz respeito à possibilidade ou não de desenvolver uma dissertação apenas de uma pesquisa bibliográfica apenas. O pesquisador alegou que em sua área de pesquisa, que é a educação, dissertações nesse formato não são muito comuns. A maior parte desses estudos é desenvolvido por meio de pesquisas de campo, especialmente quantitativas. A primeira coisa que deve ficar clara nessa conversa é que estamos vivendo em um contexto pandêmico, e, dessa forma, certos pesquisadores têm enfrentado dificuldades para que consigam dar prosseguimento ao estudo, sobretudo as pesquisas que antes precisam ser submetidas ao Comitê de Ética. Nesse cenário, a própria pandemia coloca algumas limitações à pesquisa em virtude da lentidão de alguns processos, e, assim, é preciso readequar o estudo.

As limitações postas pelo contexto pandêmico

No caso de pesquisas em que propõem-se a aplicação de questionários, hoje, aplica-se por meio de softwares online, como é o caso do Google Forms. Contudo, nem sempre os pesquisadores têm conseguido com essas descobertas responder à pergunta-problema do estudo e cumprir todos os objetivos. Além disso, certos temas de um mesmo campo esbarram-se ainda mais nessas limitações, como é o caso da educação especial e inclusiva. Nesse caso, proporíamos, ao pesquisador, investigar a educação inclusiva a partir do viés de pesquisa de seu professor. Escolher um professor que trabalhe especificamente com essa área é interessante, porque você pode entender as técnicas de pesquisa empregadas e replicar. Há uma série de considerações que tornam viável a educação inclusiva. Conhecer esse cenário é crucial. Na educação temos crianças com problemas diferenciados, o que demanda certos cuidados.

As situações diferenciadas nas pesquisas

Partindo do nosso exemplo, a educação especial, temos o fato de que há uma série de problemas diversos, o que aponta para situações igualmente diferentes que podem ser pesquisadas. Temos, nesse campo, uma vasta gama de possibilidades de pesquisa. Escolha uma, compreenda o cenário e replique em seu contexto de pesquisa. O estado da arte muito pode contribuir nesse sentido. Para compreender esse campo, você pode realizar um estudo bibliométrico para indicar os estudos que têm se preocupado com essa questão ao longo dos anos. Ao invés de você propor um estudo aplicado sobre a educação especial, nesse contexto que estamos vivendo esse tipo de revisão é mais interessante. Além de apontar quais são essas pesquisas, é possível reiterar o que elas têm trazido de novo e outras questões. Para afunilar ainda mais esse estudo, averiguar o uso da tecnologia nesse contexto é uma boa estratégia.

Vantagens de uma pesquisa bibliométrica

Dentre os benefícios propiciados por esse tipo de estudo, temos o fato de que você não precisa sair de sua casa a fim de que consiga realizar esse levantamento sobre as pesquisas. Se você tem dúvidas acerca das etapas que compõem o estado da arte, não deixe de consultar os nossos posts anteriores sobre o estado da arte. Além disso, você encontra facilmente artigos científicos e até mesmo teses de doutorados que investigam esse tipo de técnica de pesquisa. a fim de que a coleta e seleção de materiais sobre o tema possa ser realizada de uma forma mais efetiva, conhecer essas etapas e aplicá-las da forma correta é de vital importância. Com isso, podemos pensar em um segundo cenário: as pessoas que têm dificuldade para realizarem os seus TCCs nesse contexto. Uma coisa é evidente e não podemos nos desvencilhar desse problema: esse momento nos impede, de certa forma, de realizarmos estudos mais aplicados.

Como substituir os estudos aplicados?

Nesse momento, são diversos os relatos de pesquisadores que têm muita dificuldade para coletar dados que possam ser suficientes para pesquisas aplicadas. No caso de você ter variáveis que são difíceis de serem coletadas neste momento, recomendamos uma substituição. Assim como em nosso exemplo, sugerimos a realização do estado da arte, para, a partir disso, realizar-se uma pesquisa bibliométrica. O estudo não ficará tão “vazio” como ficaria uma pesquisa bibliográfica mais simples. Esses estudos têm como objetivo apenas apresentar os conceitos que perpassam por um certo tema de pesquisa. Na pesquisa bibliométrica, você pode, sim, recuperar esses conceitos, mas irá apresentar os principais resultados dessas pesquisas, as suas contribuições e possíveis limitações. Algo que você poderia averiguar é se os estudos nessa área têm realizado de uma forma significativa pesquisas de campo sobre o assunto.

O que apontar em um estado da arte?

É interessante apresentar em seu estado da arte, a partir de uma linha temporal e cronológica, o que tem sido investigado nesse assunto delimitado, de que forma e quais as técnicas empregadas. Assim sendo, é interessante frisar que a partir dessa técnica você poderá apontar as metodologias escolhidas e se essas têm sido suficientes ou não. Introduzir a lógica das pessoas que investigam esse assunto é uma forma interessante de apresentar um panorama. Delimitando o tema da metodologia para o seu estudo, você poderia partir de autores que debatem sobre esse tema a partir de um método específico. Não esqueça de indicar quais foram as palavras-chave utilizadas e qual a ou as bases de dados em que esses materiais foram coletados. Estabeleça uma quantidade de artigos (suficiente para o estudo), e, a partir disso, analise as metodologias que estão sendo empregadas e de que forma.

Devo revisar o artigo todo ou apenas uma parte dele?

No caso de nosso exemplo, não seria necessária a revisão de todo o conteúdo do artigo, apenas das metodologias que estão sendo empregadas na condução dos estudos escolhidos. A partir dos achados, algo que interessante que você pode faltar é justamente a falta de materiais que versem sobre o tema a partir de uma certa metodologia/forma de pesquisa. Identificar as limitações postas a esses estudos em razão dos métodos também é uma forma de contribuir e nortear estudos futuros com outros tipos de abordagens sobre o mesmo tema. Como no caso de nosso exemplo o pesquisador quer investigar se há pesquisas de campo sobre o tema, a revisão dos métodos empregados seria a estratégia mais viável. Para apontar que não existem estudos desse tipo em quantidade suficiente, você pode identificar as metodologias reais que estão sendo empregadas e de que forma. Com isso, vislumbramos o potencial do estado da arte.

Por que o estado da arte é uma boa estratégia de pesquisa?

O estado da arte é uma estratégia muito interessante porque ele irá lhe dar a real dimensão acerca do que tem sido investigado e de que forma as técnicas de pesquisa têm sido empregadas. A maior parte das análises que partem de um estado da arte optam pela revisão sistemática, em que o pesquisador, artigo por artigo, elenca os principais pontos. Entretanto, você pode focar apenas na metodologia, concentrando-se sempre em como ela pode ajudar você a responder o seu problema de pesquisa. Diante desse cenário que apresentamos, compreendemos que o estado da arte e a revisão bibliométrica a partir dela são estratégias muito interessantes. O estado da arte também cabe a uma terceira possibilidade de resolução de problemas postos pelo contexto pandêmico que estamos vivendo. A dúvida é se o estado da arte pode ajudar o pesquisador a desenvolver um conceito, aqui, sobre a sustentabilidade.

A importância da delimitação do tema

A fim de que um dado conceito possa ser desenvolvido em qualquer tipo de estudo, antes de mais nada é de suma importância que você tenha o seu tema de pesquisa bem delimitado. Tome muito cuidado para não propor um tema de pesquisa que seja muito amplo. Apenas discorrer sobre o conceito de sustentabilidade sem qualquer tipo de delimitação pode ser um problema para o seu estudo. É preciso afunilar. Se você está falando de delimitação de tema, o estado da arte também pode lhe auxiliar. Tendo em mãos palavras-chave norteadoras e uma base de dados com a qual deseja trabalhar, você irá filtrar e coletar certos materiais. Inserindo o termo sustentabilidade nessa base de dados você irá se deparar com uma quantidade infinita de materiais. É preciso filtrar e reduzir esse número. Um critério de exclusão poderiam ser os materiais que não fazem parte da sua linha de pesquisa/área de atuação.

Utilizando os critérios de exclusão

Você pode partir de uma série de mecanismos para escolher certos materiais em virtude de outros. É interessante que você observe se há uma linha de pesquisa idêntica àquela que você deseja pesquisar ou uma que seja, ao menos, próxima àquela que você pensou. Para chegar a um tema que seja relevante nesse contexto em que estamos vivendo, você irá analisar cada material coletado e identificará se há lacunas de pesquisa deixadas por eles com as quais você pode trabalhar nesse momento. Frisamos que o estado da arte desempenha um papel essencial nesse contexto porque é por meio dele que com toda a certeza você chegará nessas lacunas de pesquisa. No caso do saneamento básico, por exemplo, com base em sua pesquisa, você pode identificar se a maior parte deles está relacionado à água ou a outros fatores. No caso da última possibilidade, à quais outros fatores o saneamento tem sido associado e estudado.

O direcionamento da pesquisa

Nesse processo de delimitação temática a partir do estado da arte, é interessante que você observe qual é a delimitação com a qual essas pesquisas estão trabalhando. Além disso, destacar quais são as regiões mais associadas com esse fenômeno que se propôs a investigar também muito pode agregar ao seu estudo. Com isso, você conseguirá mapear o seu estudo e delimitar o seu tema. Contudo, se você já chegou a essa delimitação e a sua dúvida é sobre o desenvolvimento do conceito em si, e, nesse caso, saneamento básico, a preocupação do pesquisador seria com a explicação, com base em uma série de autoria, da ideia de saneamento básico, podendo, ainda, apresentar os aspectos positivos e negativos de acordo com a visão dos autores escolhidos. Como aponta a própria ideia de conceito, quando tem-se essa necessidade, o objetivo é procurar pela definição mais consensual possível do fenômeno em questão.

Definindo um conceito na pesquisa científica

A partir do estado da arte, é possível que o pesquisador defina esse fenômeno que se propôs a analisar apresentando um ou mais conceitos que perpassam por esse tema em questão. A fim de que essa explicação possa ser feita, em um primeiro momento, será preciso coletar os materiais ideais que realmente são capazes de responder ao problema de pesquisa delimitado. Entretanto, no estado da arte, é necessário seguir alguns processos de pesquisa, como, por exemplo, apontar quantos materiais foram escolhidos com cada palavra-chave e de quais bases de dados foram retirados.

É interessante apontar o que cada um dos artigos escolhidos retratam sobre o tema, respeitando, por exemplo, a ordem cronológica. Como estamos falando de uma abordagem conceitual, o mais recomendado é que a cada artigo apresentado fique muito clara qual é a visão do autor desse artigo sobre o conceito associado ao fenômeno que está sendo investigado. Seguir esse processo de pesquisa fará com que você chegue, com base na visão desses autores, a um conceito sobre esse assunto. Contudo, nem sempre há consenso entre os autores. Assim, não trabalha-se com um conceito, mas com visões diferentes sobre um mesmo assunto.