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Estudos teóricos no Estado da Arte

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A consolidação de um tema

Olá, tudo bem? Bom, você já deve ter percebido que já há um tempinho temos discutido sobre as etapas que dão forma ao que na academia costumamos chamar de Estado da Arte. Nesse sentido, quero propor uma próxima questão de discussão sobre esse tema.

A reflexão que guiará a nossa conversa de hoje é a seguinte: há teóricos no Estado da Arte? Novamente, peço licença a você para fazer algumas considerações iniciais.

Para que possamos entender se existem teóricos nessa etapa precisamos entender primeiro o que é o Estado da Arte e o que são esses teóricos.

De forma geral, os teóricos costumam se consolidar em um determinado assunto quando esses já propuseram conceitos, ou seja, quando já existem definições sobre um determinado tema. Precisa haver uma discussão definida sobre um determinado ponto.

Precisa haver certo direcionamento. A escolha do tema é fundamental para que um estudo atinja ao seu propósito. A primeira dica é: escolha um tema com o qual você tenha afinidade. Considere a proposta curricular do seu curso e pense em assuntos que podem, de alguma forma, despertar o interesse.

Lembre-se: ao escolher um tema que você não gosta, todo o processo de desenvolvimento do trabalho pode ser bastante maçante e frustrante, e assim, você pode não ter motivação e vontade para conclui-lo. Leve em conta também que você precisa ter tempo suficiente para desenvolver esse estudo.

Escolha um assunto com o qual você pode trabalhar no período de tempo definido para o seu curso (geralmente dois anos para os cursos de mestrado e quatro para o doutorado).

Delimitando conceitos teóricos

Para que esse direcionamento de conceitos fique um pouco mais claro, vamos conversar de forma mais prática. Por exemplo, dentro da grande área da Metodologia existe as modalidades de pesquisa quantitativa, de pesquisa qualitativa, de pesquisa de campo, de estudo de caso, de análise de conteúdo e semelhantes.

Podemos afirmar, então, que esses são conceitos, ou seja, métodos que existem pois, de alguma maneira, já foram concretizados, isto é, aplicados às áreas diversas.

Esses conceitos podem ser citados, pois existe uma quantidade expressiva de autores que dão suporte, e assim, sustentam esses conceitos da área da Metodologia.

A partir de escolhas que o seu tema pede, você aciona um ou mais conceitos dessa grande área para avançar em seu estudo. Seu trabalho sempre caminhará de forma sistematizada a partir da escolha desses conceitos que seu estudo irá defender.

Importância do Estado da Arte

Afinal de contas, o que é o Estado da Arte? Ele nada mais é do que um conceito relativamente novo, que ainda está sendo absorvido aos poucos por aqueles que dão vida ao fazer científico no Brasil.

Por ser algo relativamente novo, bem como por ser uma forma de pesquisa para que você encontre uma justificativa, ou seja, uma lacuna para trabalhar com um determinado assunto no meio acadêmico, ele pode ainda ser mal compreendido. Contudo, você deve estar ciente de que ele é uma etapa bastante importante, principalmente porque é capaz de te ajudar a encontrar os melhores materiais que irão dar vida a sua proposta de estudo.

Ele serve também para que você seja capaz de encontrar conceitos relevantes para elaborar o seu estudo, e auxilia ainda no processo de entendimento do que você deseja fazer com o seu estudo, ou seja, ajuda você a responder a pergunta crucial exigida pela CAPES: qual a relevância do seu estudo para a sociedade?

Como o Estado da Arte pode te ajudar

Independentemente do tipo ou área de pesquisa, você precisará em algum momento realizar um levantamento bibliográfico.

Ele poderá funcionar como o seu Estado da Arte, digo, a partir dele você pode justificar os motivos pelos quais um determinado autor/pesquisa é necessário para o seu estudo.

Serve igualmente para justificar e ressaltar tanto os limites quanto as contribuições da sua pesquisa em uma determinada área de investigação. Fundamenta também de qual maneira o seu estudo é inovador e porque ele é relevante para a comunidade acadêmica.

É interessante da mesma forma porque por meio do Estado da Arte você consegue, de maneira sucinta, contrapor ideias e mostrar ao seu leitor com o que concorda, com o que discorda e em qual sentido a sua pesquisa é diferente das demais em um dado período.

Insuficiências teóricas do Estado da Arte

Embora seja uma etapa que tem sido amplamente utilizada no meio acadêmico, existe hoje bastante preconceito com ela, pois muitos não a compreendem, o que acaba ocasionando na realização de explicações errôneas sobre a etapa.

Isso ocorre enfaticamente porque não existem muitos teóricos que definem o que seria esse Estado da Arte.

Assim, para que você entenda como se faz um Estado da Arte, o ideal é que você pesquise materiais científicos diversos que executam essa etapa em bases de dados seguras e confiáveis.

Embora existam poucos que tenham tentado conceituar esse Estado a Arte, procure por eles nessas bases para que você entenda a teoria dessa etapa e por que ela é relevante para o seu trabalho ou para o processo de coleta de materiais.

Antes de prosseguir, queremos enfatizar mais uma vez sobre o que é esse Estado da Arte para que possamos avançar em nossas discussões.

O que é o Estado da Arte?

Nem sempre você precisa justificar as etapas de coleta de materiais para o seu estudo. Na verdade, é bastante comum que os estudos ainda hoje não justifiquem, ou seja, não apresentem as etapas que desempenharam para elaborar o seu Estado da Arte. Nem sempre os pesquisadores deixam claro ou mencionam que realizaram um Estado da Arte para elaborar o seu estudo.

Agora você me pergunta: por que isso ocorre? De praxe, os professores pedem para que os alunos realizem capítulos de metodologia. Nesses, devem haver as explicitações sobre as etapas que serão desempenhadas para a elaboração do estudo.

Como a presença desse capítulo é obrigatória, o Estado da Arte em muitas das vezes acaba nem sendo realizado ou substituído pelo capítulo de Metodologia, visto que ele antecede esse capítulo, funcionando assim de forma complementar à Metodologia.

A função do Estado da Arte

Funciona como uma base de conhecimento comum, e assim, é uma etapa que pode te impulsionar a começar a realizar o seu estudo. É aquela etapa que te norteia e te fornece critérios de inclusão e exclusão para a escolha dos materiais que serão responsáveis por guiar e conduzir o seu estudo do início ao fim da pesquisa.

Por isso, é muito importante que você realize um bom Estado da Arte, para que os materiais escolhidos sejam capazes de sustentar as suas ideias para cada capítulo. Novamente, quero apresentar um exemplo prático para que você o entenda de maneira aplicada.

Por exemplo, se eu desejo pesquisar micro e macronutrientes, eu precisarei, em um primeiro momento, realizar uma pesquisa dentro das bases de dados para procurar por materiais que tenham a ver com esse meu tema de investigação.

Lembre-se: quanto mais palavras-chaves eu utilizar, maior será a quantidade de materiais fornecidos por essas bases de dados para a elaboração do meu estudo.

Por que elaborar um Estado da Arte?

Devido ao alto fluxo de informações que circulam na comunidade acadêmica, principalmente fora dela, tem sido cada vez maior o volume da produção científica do nosso país, assim, muitos estudos acabam sendo perdidos com o tempo, sobretudo aqueles que já são muito antigos e/ou pouco citados no contexto moderno.

É nessa perspectiva que o Estado da Arte pode contribuir: ele dá voz e vida aos mais diversos estudos, de períodos distintos, sobre um determinado tema de investigação.

É essa a sua relevância e contribuição: acessibiliza o conhecimento e dá voz a autores/pesquisas diversos. Em um Estado da Arte, responder na forma dissertativa a algumas perguntas torna-se essencial, tais como: quais são os subtemas dentro desse tema geral? Quais são os menos e os mais explorados? Onde têm sido publicados? Quais os métodos empregados? De que forma contribuem?

O que caracteriza um Estado da Arte?

Você pode encontrar o Estado da Arte, também denominado de “pesquisa bibliográfica”.

Algumas das suas características mais aparentes são as seguintes: objetiva, mapear e discutir como tem sido produzida a ciência de um tema de uma determinada área do conhecimento em um período de tempo definido pelo pesquisador; visa intervir e descrever um determinado fenômeno ao longo do tempo, de forma a evidenciar a sua evolução; destaca os aspectos relevantes priorizados em épocas e lugares diversos ao longo da história; procura por lacunas para contribuir, juntamente com os estudos anteriores, com a área investigada; preocupa-se com as formas e condições nas quais a pesquisa foi desenvolvida.

É comum de igual forma que o Estado da Arte tenha como característica a identificação e descrição da evolução de um determinado fenômeno para, após isso, deixar as suas próprias contribuições a partir das limitações que os outros estudos não conseguiram sanar naquele momento de produção; visa, inclusive, indicar as possibilidades pelas quais diferentes perspectivas e visões sobre o problema foram vistas ao longo da história; identifica conflitos e contradições entre os autores que embasam o estudo desse pesquisador; aponta, de igual modo, os referenciais teóricos que sustentaram a investigação, desde o momento da coleta de dados até a sua leitura e elaboração das contribuições desses autores bem como identifica os temas relevantes, emergentes e recorrentes.

O que não pode faltar em um Estado da Arte?

Ao elaborar um elaborar um Estado da Arte, a execução de alguns passos é essencial. O primeiro deles é a elaboração de palavras-chave para a procura de materiais que irão embasar o estudo.

Essas palavras devem ser mencionadas ao apontar as técnicas que foram acionadas para a sua confecção.

Escolhidas essas palavras, você deve procurar pelos materiais nas bases de dados para posteriormente realizar a leitura e elaborar resumos para incluir ou excluir um material do seu estudo.

Você deve levar em consideração se o tema, os objetivos, as problemáticas, as metodologias e as conclusões desses autores irão lhe ajudar a elaborar o seu próprio estudo.

Prosseguindo, você deverá apontar os temas, subtemas e conteúdos priorizados nessas pesquisas e aqueles que não são mencionados; deve mostrar quais são as metodologias mais recorrentes (análise de depoimentos, estudos de caso, pesquisas etnográficas, autobiografias, etc.); deve igualmente apontar quais foram as técnicas mais usadas (aplicação de entrevistas, análise de documentos, observações, questionários, diários, etc).

Não se esqueça de mostrar de que forma essas pesquisas se aproximam e se distanciam em relação a uma mesma temática, quais foram as lacunas que elas não foram capazes de solucionar e os motivos pelos quais elas não foram sanadas naquele momento.

É nessa perspectiva que o seu estudo será inovador bem como é uma forma de justificar o porquê de você ter escolhido uma vertente em detrimento de outra.

Atuação prática do Estado da Arte

Ao realizar uma pesquisa sobre materiais a partir de palavras-chave nessas bases de dados, você será capaz de fazer descobertas muito positivas.

Por exemplo, você será capaz de descobrir quais são os países que mais publicam sobre essa temática que te intriga, qual é o idioma mais frequente quando você busca por esse tema, quais são os autores, conceitos e teorias mais utilizados pelos pesquisadores que também estão interessados nesse tema e qual é o período em que esses materiais tiveram um pico maior de produção no meio acadêmico.

Tudo isso é muito interessante a ser considerado por você ao elaborar o seu Estado da Arte. Você descobrirá quais são as subáreas mais frequentes dentro desse tema que te intriga, quais foram as descobertas mais recentes, quais são os núcleos que estão trabalhando com mais afinco em relação a esse tema dentre outras questões relevantes.

Diferenças entre o capítulo de método e o Estado da Arte

Você pode entender, finalmente, que o Estado da Arte não é o mesmo que o capítulo de Metodologia porque ele, em si, não é uma metodologia. Ou seja, você não pode utilizar o Estado da Arte apenas como justificativa para a elaboração de um estudo, pois é obrigatória a presença de um marco metodológico em sua pesquisa.

Contudo, é uma poderosa ferramenta que pode fazer com que a sua pesquisa atinja um grau de profundidade maior, visto que a depender dos materiais escolhidos você poderá defender os seus argumentos de forma mais completa e diversificada. O Estado da Arte serve para te impulsionar a começar a elaborar a sua pesquisa.

É o primeiro passo para construir o seu estudo, e dessa forma, defender os seus argumentos a partir dos capítulos fundamentais exigidos pelo seu professor e/ou instituição de ensino.

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