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Estado da Arte: Na prática – Aula 02

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Primeiro passo para elaborar o Estado da Arte

elaborar o estado da arteO Estado da Arte é um mapeamento, ou seja, uma pesquisa que possibilitará que uma gama de estudos já feitos seja reconhecida por outros pesquisadores em seus respectivos trabalhos. Eles são escolhidos e organizados em três tipos de pastas para que sejam acionados no momento da elaboração da fundamentação teórica de outros pesquisadores.

São selecionados a partir de alguns critérios de inclusão e exclusão que são acionados em razão da necessidade de selecionar trabalhos com eixo temático parecido com o que o pesquisador está pesquisando neste momento.

A primeira coisa que é necessária para a realização dessa metodologia, é que todo o processo de estruturação e organização do Estado da Arte seja feito com o auxílio de um computador. Então o primeiro passo de todos para que essa pesquisa seja colocada em prática é a organização dos materiais.

É importante que se entenda que o Estado da Arte é uma ferramenta que pode ser usado por todo e qualquer pesquisador, pois ela pode ser escolhida, principalmente, quando se precisa realizar o processo de coleta de dados, pois ele exige um melhor cuidado e manuseio com as informações. Assim, é importante manter em mente que a estruturação, ou seja, a organização é fundamental para se escrever e desenvolver uma pesquisa com qualidade, pois a medida que esse texto vai se desenvolvendo, passa por vária etapas como a organização e a mudança (por exemplo, na academia os alunos precisam de um orientador que, provavelmente, vai fazer várias devolutivas do trabalho, o que significa que precisará, sempre, aprimorá-lo de acordo com as mudanças sugeridas por este professor).

Para esta metodologia poder ser visualizada de forma mais efetiva, é importante ilustrar esta discussão com exemplos. Em uma área de trabalho podem ser criadas várias pastas. Imagine que nesta do exemplo há uma pasta intitulada “Artigo sobre a vitamina B12”. Essa pasta tem os mais diversos artigos sobre o tema que podem ajudar o pesquisador a realizar o seu Estado da Arte. São materiais das mais diversas instituições que enriquecem a sua fundamentação teórica, assim como lhe ajuda a pensar no seu problema de pesquisa, aqui, no caso do exemplo, trata-se de uma discussão acerca de como a falta da vitamina B12 pode fazer com que surjam sintomas depressivos.

Como criar uma pasta ao organizar o Estado da Arte

Mas afinal, como posso criar esta pasta? Basta clicar com o botão direito do mouse e depois, novamente, com o botão direito, é necessário clicar no ícone “nova pasta”, para que assim ela possa ser criada. Feito isso é necessário que seja criado um nome para ela de forma que seja possível identifica-la de forma rápida. O nome da pasta pode variar. É recomendável que seja intitulada de acordo com as necessidades do momento de cada pesquisador, funcionando, assim, de forma específica em cada caso, como, por exemplo, “artigo um”, “artigo congresso”, “artigo sobre a dissertação”, enfim, o nome é livre. Para tornar este manuseio mais fácil ainda, crie outras pastas dentro dessa que já existe de acordo com as suas necessidades.

No caso do exemplo, foi criada uma  pasta geral chamada “artigos” (nela há várias parciais de artigos que a pesquisadora foi lendo e avaliando), uma chamada “excluídos” (aqui estão os que foram descartados  a partir do critério de exclusão previsto pelo Estado da Arte), uma chamada “inclusos” (aqueles que não estavam programados mas que se tornaram importantes para a pesquisa do exemplo), e, por fim, foi criado o item de resumos (materiais que são resumidos a partir das leituras dos materiais que fazem parte da pasta de incluídos, ou seja, aqueles que farão parte da versão final da pesquisa).

Exemplo prático de como organizar o Estado da Arte

Exemplo prático de como organizar o Estado da ArteEntão, em primeiro lugar é necessário que este material em processo de análise seja colocado em uma pasta composta de outras várias subpastas. A ideia de criar várias pastas é mostrar a evolução da pesquisa desde a sua fase inicial, pois dessa forma é possível visualizar o processo de evolução desta pesquisa, ou seja, como ela vai se afunilando. No caso do exemplo, o primeiro interesse em relação ao tema da vitamina B12 foi o entendimento acerca dos aspectos nutricionais, pois a pergunta de pesquisa buscava entender se esses elementos influenciam, de alguma forma, no comportamento humano. Caso a hipótese for confirmada, outro objetivo que se tornará necessário a decorrer desta pesquisa é o entendimento acerca de até onde eles influenciam.

Por exemplo, quando tomamos café ou qualquer tipo de bebida que nos deixam mais “ativos” e “enérgicos”, ficamos mais agitados. No caso de mulheres que ingerem muito café ou consomem muito chocolate ou coca-cola no período em que os hormônios estão aflorados, estudos comprovaram que elas não param de falar, pois ficam bastante agitadas. Assim, pesquisas concluíram que todos que possuem esse tipo de alimentação tendem a possuir algum tipo de alteração comportamental.

O primeiro impulso de pesquisa foi a análise acerca de até onde vão essas alterações comportamentais e como essas afretam os seres humanos. O principal objetivo foi evidenciar como esse tema é grandioso e amplo. A partir dessa necessidade, a pesquisadora emergiu na pesquisa de outros para coletar os resultados que podem lhe ajudar a desenvolver o seu próprio estudo. A partir desta primeira pesquisa surgiram algumas perguntas iniciais. A primeira delas foi: a depressão está associada, de alguma forma, com a falta de alguns elementos nutricionais? O que dizem os estudos sobre a vitamina B12 sobre a relação dos aspectos nutricionais com a depressão? A depressão pós bariátrica está ligada somente aos aspectos psicológicos ou com a carência nutricional? Essas foram as primeiras perguntas que impulsionaram a pesquisa e fizeram com que ela ganhasse uma estrutura, ou seja, uma organização.

Como delimitar um tema de pesquisa

Feitas essas perguntas iniciais, é possível visualizar que a pesquisadora começou a delimitar o seu tema de pesquisa, para isso, ela foi pesquisando e percebendo como poderia trabalhar cada uma dessas questões sem deixar nenhum elemento importante de fora. Ao final desta coleta, o problema escolhido para ser analisado se tratou da reflexão acerca de o que os estudos dizem sobre a carência nutricional, em especial a vitamina B12, sobretudo em pacientes pós-bariátricos. Assim, é possível notar que a gente começa com uma linha de raciocínio gigante que vai se delimitando, ou seja, afunilando-se de acordo com o que se lê. No final estaremos com um núcleo bem pequeno que está interligado com os outros temas que não são principais, mas que ajudam, igualmente, a pesquisa se desenvolver.

Existem algumas etapas para que se chegue à esses resultados. A primeira delas é a pesquisa em sites de busca. O primeiro deles é a Revista Núcleo do Conhecimento. A pesquisadora de nosso exemplo acessou a base para ver se havia algum trabalho acerca deste assunto de interesse. Ela foi acessada, em primeiro lugar, porque a sua capacidade dinâmica de absorver informações é muito grande, uma vez que é bastante divulgada para vários lugares, o que faz com que várias pessoas publiquem com a revista, porém não haviam estudos que pudessem me ajudar a pesquisadora em seu embasamento teórico. Depois disso, foi feito o acesso no Google Acadêmico para ver o que havia de pesquisas sobre o tema aqui no Brasil, mas elas eram pouquíssimas.

Pesquisando em bases de dados confiáveis

Pesquisando em bases de dados confiáveisNo Brasil existem bastante coisas sobre a relação da nutrição com a psicologia, porém não era o meu foco neste momento. Isto aplica-se não apenas à esse tema em específico, todas as áreas possuem uma vasta gama de materiais que precisam ser selecionados durante o processo de elaboração do Estado da Arte. Como não foram obtidos resultados satisfatórios nos primeiros dois sites de pesquisa, posteriormente foi acessada a base de dados Scielo, porém também não foram encontrados muitos estudos sobre a linha de pesquisa escolhida. Procurou-se, também, na EBSCO (é uma base de dados que as universidades têm acesso, verifique se a sua universidade está ligada a esta base de dados para que seja utilizável), mas também não foi encontrado nada. Como última estratégia foi acessada a base PubMed, uma vez que é uma base de dados específica da área da saúde bastante renomada. Para o estudo do exemplo ela foi fundamental, pois haviam artigos de várias revistas que auxiliaram nesta investigação.

Conforme os artigos da PubMed foram lidos, a pesquisadora foi coletando e guardando em uma daquelas pastas os artigos que poderiam lhe ajudar neste trabalho. Para chegar a esses resultados foram usadas algumas palavras-chave. Dentro da universidade, podem haver professores que usam o termo descritores no lugar de palavras-chaves, por isso, é necessário que elas apareçam aqui, pois pode variar de acordo com o orientador. Descritores ou palavras-chave são aquelas que precisam ser digitadas nos bancos de dados para procurar materiais que possam te ajudar no desenvolvimento da pesquisa de alguma forma. É por isso que quando se procura por um trabalho ou submete um artigo para uma revista é pedido que o pesquisador escolha por algumas. Isso é importante porque como vivemos na era da tecnologia, vários sistemas de programação redimensionam quem digita essas palavras para trabalhos específicos que melhor se enquadram na sua linha de pesquisa. Ao digitar esse “código”, a palavra-chave funciona como um comando que irá ativar trabalhos, artigos, dissertações, teses e afins que melhor se enquadram neste código digitado nas barras de pesquisa dos bancos de dados.

É importante que se entenda  este fenômeno porque, as vezes, pode ser que ao digitar determinada palavra em uma base de dados bastante conceituada, rica em trabalhos, esta pode não encontrar trabalhos que possam lhe ajudar na elaboração do seu trabalho, então pense em múltiplas possibilidades de pesquisa para que uma gama maior de resultados sejam retornadas. Por exemplo, um pesquisador pode digitar na Scielo palavras norteadoras e esta não lhe retornar trabalhos expressivos para a sua atual investigação, entretanto, pode ser que ao digitar a mesma palavra no Google ele pode te retornar com trabalhos da própria Scielo que não foram obtidos antes devido ao mau uso de uma palavra-chave. Isso ocorre , sobretudo, por conta da tecnologia da informação, pois é ela quem regula esses códigos digitados nas mais diversas bases, bem como é ela quem norteia o aparecimento ou não de determinados artigos a partir da digitação de uma palavra, por isso é bastante recomendado que se pesquise por estudos a partir de várias palavras norteadoras.

Justificando a escolha pelo Estado da Arte

Justificando a escolha pelo Estado da ArteEssa discussão é importante pois pode acontecer de alguém te questionar pela falta de algum artigo ou demais trabalhos. Você pode justificar afirmando que durante o período da coleta de dados, usando essas palavras-chaves, os resultados obtidos foram os apresentados nas referências da sua atual pesquisa. Como exemplo pode ser citado aqui as palavras-chave utilizadas pela pesquisadora para que surjam ideias para os seus próprios trabalhos. No caso do exemplo a base de dados mais utilizada foi a PubMed, pois ela é bastante conceituada na área da saúde e foi a principal ferramenta que retornou materiais diversos sobre o tema de investigação. Nessa plataforma tem tanto artigos gratuitos quanto pagos por meio de assinaturas, então é preciso que você refine a sua busca.

Uma curiosidade sobre esta base de dados é que a maioria dos seus trabalhos é no inglês, então muito dificilmente haverá artigos em português, assim caso você tenha interesse em utilizá-la para buscar por materiais que possam te auxiliar nesta pesquisa, é recomendado que você digite as palavras-chave em inglês, pois, certamente, haverá muito mais artigos do que em português. Então, primeiramente, foi pesquisada a palavra depressão em português e inglês. A partir do momento em que você der enter, aparecerão muitos materiais. No caso do exemplo, com essas palavras, apareceram cerca de 52 artigos. Ao acessar a plataforma, é preciso que se procure pela ferramenta de refinamento de dados (ou filtro de dados). A pesquisadora em questão selecionou os textos gratuitos dos últimos cinco anos. Com esse novo filtro, ao invés de consultar 52 artigos, obteve-se, agora, 37 que correspondem as necessidades mais urgentes (materiais gratuitos dos últimos cinco anos).

Você pode fazer esse mesmo procedimento com as mais variadas palavras que tenham a ver com a sua investigação. Depois de pesquisar pela depressão, outros termos foram usados, como bariátrica, vitamina B12, relação entre a nutrição e a depressão e sintomas de depressão. Enfim, foram selecionados materiais a partir da busca por esses códigos na base de dados PubMed. É importante ressaltar que essas perguntas elencadas para fazer o Estado da Arte não são as oficiais da pesquisa, são apenas questões norteadoras que podem te auxiliar a começar a coleta de materiais para uma futura seleção dos que podem te ajudar a embasar o marco teórico de forma mais completa.

Configuração final do Estado da Arte

Após esse procedimento de busca, é preciso estabelecer alguns critérios para que esses materiais sejam inclusos naquela pasta criada por você. No caso do exemplo, foram incluídos todos os estudos que investigaram como a carência nutricional pode promover alterações comportamentais, bem como a sua relação com o desenvolvimento da depressão. Dois outros critérios considerados foram os materiais disponíveis na íntegra nos últimos cinco anos. Isso é importante de ser mencionado, porque existem estudos incríveis, mas você deve pagar de 30 a 80 dólares para poder lê-los na íntegra. Assim, todos os materiais que estavam fora desses critérios de inclusão foram excluídos devido a esses problemas, como a acessibilidade.

Essa busca por materiais foi realizada no período de janeiro de 2019. Esse dado é importante de ser trazido para a sua discussão pois, novamente, alguém pode te perguntar porque determinado material ficou de fora da sua investigação. Você pode justificar argumentando que existiu um critério de inclusão que se pautou nos materiais dos últimos cinco anos (no caso da pesquisadora) disponíveis até janeiro de 2019 (período em que foi encerrada a coleta de dados). Outros dados que você pode apontar no Estado da Arte são a quantidade materiais coletados e dos selecionados (a partir do seu critério de inclusão e exclusão). No exemplo, foram coletados 44, mas apenas 33 foram selecionados. Para fazer com que a seleção desses materiais ocorra de forma mais rápida, separe os resumos desses trabalhos em uma pasta (como no exemplo) intitulada de “resumos”, pois a partir do que você ler ali você pode manter ou excluir determinado material.

Na pasta de arquivos excluídos devem conter todos aqueles materiais que fugiram, de alguma forma, do tema proposto. Aqui, todos aqueles que já no resumo faziam algum tipo de ligação apenas com os aspectos psicológicos foram excluídos porque não é esse tipo de relação que era necessária neste momento. Assim a pasta de excluídos é importante, pois pode ser apresentada para quem te questionar como um dos critérios de exclusão. Na pasta de incluídos, por sua vez,, ficaram aqueles materiais que obedeceram aos filtros estabelecidos pelo critério de inclusão (gratuitos dos últimos cinco anos).

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