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Posso transformar a minha Dissertação de Mestrado em Artigos Científicos?

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A relevância social dos artigos científicos

A relevância social dos artigos científicos

Caso você tenha terminado o seu curso de mestrado e/ou doutorado com certeza fará bom uso desse post, pois temos como objetivo, hoje, incentivar você a transformar a sua dissertação de mestrado e/ou a sua tese de doutorado em um artigo científico.

Contudo, antes de nos concentrarmos na temática, gostaríamos de chamar a sua atenção para a importância de se publicar artigos científicos.

Como sabemos, o artigo científico chega com mais facilidade até as pessoas, sejam elas acadêmicas ou não acadêmicas, sobretudo porque a quantidade de páginas é menor e porque causam mais impacto na vida de pessoas que não possuem muito tempo para fazerem leituras.

Devido às características particulares dos artigos, eles tendem a ter uma maior facilidade de acesso, e, com isso, a sua aceitação também é bastante significativa.

Por que devo transformar a minha dissertação/tese em artigo?

Por que devo transformar a minha dissertação/tese em artigo?

Dificilmente as pessoas irão acessar o repositório da sua instituição, que é onde essas dissertações/teses ficam armazenadas e isso é uma verdadeiro desperdício de conhecimento, porque você levou anos para construir esse material, nada mais justo do que ele ser lido por diversas pessoas.

Contudo, para que esse material não fique engavetado é preciso que potencializemos o seu acesso.

A estratégia mais comum é transformar a dissertação/tese em um ou mais artigos.

Como esses materiais são grandes, pode ser que um único artigo não dê conta de abordar todos os pontos do seu trabalho, sendo interessante que você transforme essa produção em diversos tipos de artigos, desde os mais teóricos até os mais práticos/analíticos.

Assim sendo, nessa conversa de hoje iremos apresentar algumas dicas para que você transforme esse material em um artigo e contribua com a ciência do nosso país.

Os diversos tipos de dissertações/teses

O primeiro ponto sobre o qual desejamos abordar nessa conversa é que embora existam elementos recorrentes na produção desse tipo de material, as suas formas de elaboração podem mudar de programa para programa, não apenas em termos de formatação/normatização, mas também de conteúdo, uma vez que as instituições operam a partir de linhas teóricas-filosóficas diversas, o que influencia no modo de se fazer pesquisa naquele local.

Assim, ao converter esse trabalho em um artigo, muito provavelmente você terá que fazer algumas adequações.

É relevante, também, destacarmos que algumas instituições tendem a operar a partir de uma lógica mais teórica, enquanto outras priorizam trabalhos mais práticos.

Desse modo, é válido ressaltar que alguns programas têm partido do pressuposto de que os trabalhos precisam se voltar mais à prática, o que influencia no desenvolvimento desse material.

Objetivos de uma dissertação de mestrado

Uma dissertação de mestrado é uma forma de introduzir um determinado pesquisador no contexto acadêmico, pois, a maioria deles, não tiveram qualquer tipo de contato anterior, antes do mestrado, com a pesquisa científica.

Assim sendo, espera-se que esse aluno-pesquisador se introduza na cátedra acadêmica, sendo que o desenvolvimento da dissertação será o primeiro pilar da pós-graduação.

Essa é a primeira inclinação para que a pessoa se torne, de fato, pesquisadora.

O nível de exigência é alto, mas não tanto quanto o exigido em uma tese, pois já não se trata do primeiro contato do pesquisador com o mundo da pesquisa.

Devido à isso, a dissertação é composta a partir de alguns critérios básicos, que se manifestam na forma de capítulos.

Desenvolve-se uma introdução, uma fundamentação teórica, um capítulo de metodologia e apresenta-se os resultados e discussões.

Os capítulos das dissertações de mestrado

Os capítulos das dissertações de mestrado

Geralmente, as dissertações são compostas a partir desses quatro capítulos essenciais.

Mesmo que as dissertações sejam menores que as teses, há muitas informações em cada um deles, e, devido à isso, cada um deles pode ser transformado em um artigo científico diferente.

Atenção: todos os artigos, para que sejam aprovados, precisam ser originais e inéditos, então muito provavelmente a redação desse texto precisará ser modificada, mas você pode aproveitar essas discussões, basta tomar cuidado para não cometer plágio, porque essa dissertação já se encontra publicada e disponibilizada, pelo menos, no repositório/base de dados da sua instituição.

Há, também, as instituições que estão adotando um novo modelo de trabalho: os artigos científicos como requisito para a obtenção do título de mestre.

Esses artigos podem ser publicados, o que é muito interessante para o seu currículo e para a sua carreira acadêmica.

Os artigos como dissertação de mestrado

Como os artigos admitem uma quantidade menor de páginas, essa “dissertação de mestrado” é construída a partir de uma outra lógica: a quantidade de capítulos é mantida, mas cabe, ao pesquisador, escrever esses capítulos de forma equilibrada, uma vez que as discussões deverão ser feitas em até, no máximo, vinte páginas.

O interessante é que quando você for publicar esse material não precisará reduzir as suas discussões, pois elas já se encontram nos moldes exigidos pelas revistas que publicam artigos científicos.

Há casos de instituição que admitem que você publique dois artigos científicos.

Eles substituem a dissertação de mestrado tradicional com a qual estamos acostumados.

Podemos, nesse momento, apresentarmos algumas dicas para você transformar a sua dissertação em artigo caso você não tenha desenvolvido um artigo como requisito para a obtenção do título.

Analise o modelo da sua dissertação de mestrado

Analise o modelo da sua dissertação de mestrado

O primeiro passo que precisamos cumprir ao transformarmos uma dissertação em um artigo é saber qual é o modelo/formato do nosso trabalho.

Se é um material teórico (com três capítulos teóricos) ou se é um material prático (em que as discussões teóricas aparecem, mas em uma menor proporção) você precisará procurar por uma revista que atenda ao teor do seu trabalho.

Existem duas alternativas que você pode seguir para adaptar o seu trabalho às exigências de um artigo científico, caso a sua instituição não proponha esse tipo de trabalho como produção final.

A primeira alternativa é durante o próprio desenvolvimento da sua dissertação você a estruturar no formato de um artigo, de modo que cada uma das discussões possam ser publicadas no futuro.

Antes da sua defesa, você pode usar o conteúdo dessa dissertação para publicar artigos, que irão ser contabilizados em processos seletivos.

Por que publicar antes da defesa é interessante?

Todo material precisa ser inédito, contudo, você não precisa defender a sua dissertação e esperar que ela seja colocada no repositório para poder aproveitar esse conteúdo e publica-lo na forma de artigos científicos.

A partir do momento em que você tiver esse material no repositório, qualquer outra produção oriunda dessa dissertação precisará referenciar essa dissertação.

Assim sendo, caso você não reestruture a redação do seu texto, estará cometendo, automaticamente, autoplágio, o que fará com que o seu artigo não seja aprovado.

A melhor forma de agilizar esse processo é ir modificando, em um outro artigo, o conteúdo do capítulo que deseja transformar em um artigo no futuro.

A estratégia mais viável é ir publicando materiais sobre esses capítulos que está desenvolvendo à medida que forem ficando prontos.

É um trabalho redobrado, de duas escritas, mais irá facilitar muito a sua vida no futuro.

As publicações após a defesa da dissertação

Embora um outro caminho seja possível, tenha claro em mente que, muito provavelmente, todo o texto precisará ser reescrito, pois o conteúdo dessa dissertação já estará circulando na web, e, desse modo, para que não cometa autoplágio, precisará referenciar a sua dissertação.

Caso você opte por essa publicação após a defesa, é preciso tomar alguns cuidados, além da readequação da redação.

Além disso, é preciso que cada capítulo seja escrito de acordo com as demandas da revista que deseja publicar.

Se a sua pesquisa é mais teórica, muito provavelmente conseguirá se sair melhor caso procure por uma revista com essa inclinação.

Reescreva seus capítulos teóricos e não se esqueça de fazer a autocitação dos trechos que não deseja ou não consegue reformular a escrita.

Se esse material é publicado da mesma forma que se encontra nas dissertações, tenha claro em mente que você será acusado de plágio.

O mundo cibernético

Vivemos em um mundo em que é muito fácil que as informações acabam caindo na internet, começando, portanto, a serem veiculadas, baixadas, manuseadas e até mesmo citadas.

Assim sendo, tudo o que se encontra na web não é mais inédito, desde um slide até considerações feitas em um material científico.

Se esse material está na web, ele não é mais seu, ele pertence à todos, logo pode ser consultado e citado por todos.

O mesmo é válido para você, mesmo sendo o criador dessa produção.

Toda vez que um material científico chega nas mãos de uma revista, analisa-se se ele é de fato inédito, uma vez que elas são indexadas em bases de dados que possuem políticas bastante rigorosas de prevenção e controle do plágio.

Para isso, faz-se uso da inteligência artificial a partir dos anti-plágios para detectar esse ineditismo da obra que está em processo de análise.

A análise feita pela inteligência artificial

A partir dos programas de anti-plágio, o seu material será inserido no programa, e, a depender das configurações do programa, um trecho que possua mais de três palavras que são idênticas as dos textos que já se encontram publicados na web será acusado como plágio.

Analisa-se, portanto, a porcentagem relacionada a semelhança dos seus trechos com a de outros materiais.

Considera-se desde sites e blogs até materiais que se encontram indexados em bases de dados e repositórios.

Há o cruzamento entre informações para verificar se há plágio no seu material.

Considera-se tanto textos disponibilizados no formato HTML quanto em PDF.

Mesmo a dissertação sendo sua, se ela já foi publicada, para que você possa aproveitar esse conteúdo de forma ética e legal, é preciso que você faça a autocitação, respeitando as regras sobre as quais já conversamos sobre citações indiretas e diretas.

Quando a dissertação é acusada de plágio?

Quando a dissertação é acusada de plágio?

Existem pesquisadores que apenas criam uma nova introdução, novas considerações finais e incluem algumas novas referências, mas não modificam o conteúdo dos demais capítulos que irão compor esse novo estudo.

Caso você faça isso, o programa de anti-plágio irá detectar que esse material já está circulando na web, pois ele estará no repositório da sua instituição.

O programa irá detectar cada trecho que está idêntico ao da sua dissertação, e, para que o artigo seja aceito, precisará reescrever cada trecho.

O ideal é evitar repetir mais de três ou quatro palavras de um trecho no que está desenvolvendo, pois, caso o faça, a inteligência artificial irá detectar e uma nova reescrita será requerida pela revista que deseja publicar.

Assim sendo, é muito mais fácil, tanto para você quanto para o seu orientador/instituição, ir readequando, em um novo arquivo, o conteúdo a ser transformado em um artigo no futuro.

É possível usar grande parte do meu texto?

Caso esse material ainda não tenha sido subido para o banco de dados da sua instituição, grande parte desse texto poderá ser aproveitada sem grandes problemas, pois esse conteúdo não está circulando na web.

Esse texto não pode ser idêntico, mas as discussões podem ser semelhantes.

Devido à essa situação, muitas instituição, prevendo e se antecipando frente à esse problema, incentivam os seus alunos a publicarem as produções antes da defesa final do trabalho (antes mesmo da qualificação, em alguns dos casos).

Parte-se do pressuposto de que ao produzir uma dissertação, você está fazendo muitas leituras e considerações sobre esse assunto, e, desse modo, aproveitar essas discussões é bastante benéfico.

Até mesmo os rascunhos e fichamentos podem ser adaptados para um artigo científico.

É uma forma de destacar o que foi pensando em cada momento da pesquisa.

Publicar, de forma contínua, durante o desenvolvimento do estudo, é uma forma de demonstrar como você faz pesquisa e qual é a lógica de funcionamento da sua instituição de ensino, o que é muito interessante, pois, desse modo, conhecemos como as mais diversas universidades costumam trabalhar e produzir ciência.

Para que você possa conseguir escrever os capítulos de uma dissertação precisamos ter um conhecimento prévio sobre os assuntos a serem abordados e por que não aproveitar esse processo de construção do conhecimento e publicar artigos?

A própria CAPES tem incentivado que as dissertações e teses sejam transformadas em artigos.

Contudo, muitas instituições, a partir dos seus professores-orientadores, têm tido muita dificuldade para entender o funcionamento da tecnologia e revoltam-se com as questões relacionadas ao plágio.

5 respostas

  1. Estou grato pelo conteúdo feito de forma explícita e concisa.
    quero que me enviem mais material relativamente as variáveis, formatação de teses e outros considerados pertinentes. Agradeço antecipadamente

  2. Quantas paginas deve ter o capitulo da fundamentação teorica e o da discução dos resultados

  3. Mesmo depois de me inserir no mestrado por três vezes e desistir em duas por diversas razões. Lendo este artigo, percebi que conhecia muito pouco deste mundo acadêmico

  4. Bom dia.
    Uma dúvida: transformar parte da dissertação, já presente no repositório da IES, em um trabalho para um evento, que logo fará parte dos anais do evento pode ser considerado auto plágio?
    Excelente conteúdo, beme xplicativo. Obrigada.

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