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Técnicas para elaborar artigos científicos – Como desenvolver a capacidade de reflexão e de distanciamento na pesquisa científica

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Conhecendo as técnicas que podem ajudar a desenvolver um trabalho científico curto ou extenso

Conhecendo as técnicas que podem ajudar a desenvolver um trabalho científico curto ou extensoOlá, tudo bem? Em nosso post de hoje iremos apresentar algumas técnicas que podem lhe ajudar a desenvolver a sua capacidade de reflexão e distanciamento ao elaborar um estudo científico. Essas duas capacidades são essenciais para que produzamos o conhecimento científico. A primeira coisa que precisamos compreender é que o conhecimento científico é uma prática que demanda sistematização. Nesse sentido, você deve ter um olhar científico para com o seu objeto de estudo. Assim sendo, ao produzir esse conhecimento, haverá algumas responsabilidades que você precisará cumprir. Para que o conhecimento científico possa ser repassado, é preciso seguir alguns passos. Seguimos um processo e, para isso, é preciso que tenhamos a capacidade do distanciamento. Contudo, há uma tendência que reitera que deve haver um maior envolvimento do pesquisador com o objeto, porém, há certas consequências.

Consequências do envolvimento do pesquisador com o objeto

Consequências do envolvimento do pesquisador com o objetoO envolvimento ativo-emocional do aluno com o objeto de pesquisa tem comprometido a produção de estudos que sejam, de fato, científicos. A fim de que consigamos produzir esse conhecimento científico, é necessário que desenvolvamos algumas habilidades e que tomemos alguns cuidados. Diante desse cenário, estabelecemos algumas questões para que aprendamos a refletir de forma distanciada. Essas dicas irão ajudar você a saber se na hora de desenvolver o seu material científico está conseguindo exercer este distanciamento. Especialmente se você é um graduando ou mestrando essas dicas são essenciais, pois é a fase em que você está começando a compreender esse cenário e a desenvolver as habilidades de escrita acadêmica. A partir do que temos observado (e que tem causado reprovações) estabelecemos alguns cuidados. Para que se tenha um conhecimento científico, essas exigências devem ser atendidas.

O que é o conhecimento científico?

O que é o conhecimento científico?O conhecimento científico se diferencia de todos os outros pois, nele, todas as afirmações que fazemos, sobretudo as mais polêmicas, precisam partir de uma base. Não basta apenas afirmar, é preciso comprovar e demonstrar onde está a base que atesta essa afirmação. Ideologias pessoais, achismos, estereótipos e afins são práticas que devem ser evitadas para que o seu texto seja, de fato, científico. Dentre esses aspectos que precisamos tomar cuidado, temos os aspectos ideológicos e o envolvimento com o objeto. São práticas que prejudicam a boa execução do estudo, embora sejam encorajadas por alguns acadêmicos. Quando falamos em ideologia estamos em um cenário que suscita uma série de debates e, com isso, críticas. Suponhamos que você é um pesquisador que atua em uma certa região específica de nosso país. Você, enquanto cidadão, gosta muito dessa localidade, o que compromete o estudo.

Prejuízos do vínculo emocional com o objeto de pesquisa

Se você possuir um vínculo emocional com o objeto de pesquisa que delimitou para o estudo, quando for realizar essa pesquisa, é natural que você tenha um envolvimento emocional e não é algo que pode ser controlado, é natural. Aqui, no caso de nosso exemplo, estamos nos referindo a um pesquisador apegado a uma região específica. Desse modo, você não conseguirá separar o conhecimento de vida sobre esse local do conhecimento científico. Um outro exemplo é a própria educação de um filho. Cada família estabelece um padrão de educação para os seus filhos. Esse padrão não necessariamente será adotado por uma outra família. Em um casamento, por sua vez, você pode aceitar certas atitudes de seu parceiro que em outro contexto, de outro casal, não seriam aceitas. Quando julgamos o outro conseguimos ver e criticar o problema. Assim, quando temos o vínculo com o objeto, é muito difícil que consigamos nos afastar.

Pesquisadores que se incluem na realidade do objeto estudado

Ao longo de nossa prática temos percebido que tem sido cada vez mais comum que os pesquisadores tenham se inserido no contexto do objeto que está sendo investigado, o que pode comprometer a análise. Há uma dificuldade muito evidente em distanciar desse objeto. Esses pesquisadores não conseguem, portanto, adotar um padrão de neutralidade. Desse modo, analisam a sua própria realidade, o que dificulta enxergar o panorama do objeto de forma distante e verídica. Quando nos referimos a esse vínculo emocional não estamos falando apenas de objetos de pesquisa que são amados, mas também daqueles que geram descrença ou revolta no pesquisador. A raiva e o menosprezo também comprometem a análise. A partir do momento que escolhemos um objeto de pesquisa, todas as reflexões devem ser feitas de forma embasa, e, para isso, não podemos inserir nossa visão pessoal sem que nos apoiemos em uma base.

O que deve fazer o pesquisador ao criticar?

A fim de que o pesquisador possa tecer as suas críticas, deve tomar alguns cuidados e respeitar algumas regras. Em primeiro lugar, esse pesquisador não crítica com base em uma emoção, seja ela positiva ou negativa, ele avalia os fatos. Para isso, essa crítica é sempre feita de forma embasada. Desse modo, o pesquisador toma todos os cuidados para que essas críticas sejam, de certo modo, apontadas como construtivas. Mesmo quando você está criticando um outro autor é preciso que essa crítica agregue algo para aquele que está sendo criticado. Se você discordar de um ponto de vista desse autor, é preciso apontar os motivos que os levaram a discordar. Esse processo será muito mais tranquilo se você desenvolver as suas reflexões com neutralidade. Com isso, podemos partir para a nossa segunda dica: use a terceira pessoa para tecer os seus argumentos.

O uso da terceira pessoa em textos científicos

Essa era uma prática muito comum alguns anos atrás. Hoje, algumas áreas acabam negligenciando esse uso. Não estamos aqui afirmando que um uso é melhor do que outro. O intuito é dizer o que pode lhe ajudar a chegar a esse distanciamento. Além disso, a academia ao longo dos anos mudou bastante. A depender da sua formação, você poderá ou não se identificar com o que iremos reiterar. Sempre que os professores vão orientar os seus alunos, pede-se para que haja esse distanciamento do aluno com o seu objeto. Para isso, recomenda-se o uso da terceira pessoa para sustentar essas argumentações e afirmativas. Expressões como acredita-se, verifica-se, nota-se são alguns exemplos. Elas trazem à pesquisa essa seriedade que estamos frisando. Uma pesquisa científica demanda afirmações feitas de forma séria e embasada. Esse conteúdo será tomado como verdade e, assim, precisa ser construído de forma cuidadosa.

Os materiais tomados como verdade

Os materiais tomados como verdadeOs materiais científicos não devem ser tomados como verdade absoluta, mas como parâmetros para fins diversos. O seu estudo pode ajudar um juiz, médio, professor e qualquer profissional a tomar uma decisão de forma mais assertiva e certeira. O profissional atuante, quando pesquisa por parâmetros para aperfeiçoar as suas práticas, recorrem aos materiais científicos. Sendo assim, cabe a nós, pesquisadores, produzir os nossos materiais da forma mais séria possível. Em razão dessa finalidade e importância da pesquisa científica, pede-se que seja feito o uso da terceira pessoa. Por esse motivo, quando fazemos as nossas reflexões nesse tipo de material é preciso que sejam construídas de forma cuidadosa. Para que não retiremos a seriedade do estudo científico, é preciso fazer essa adaptação da linguagem. Na sequência, é preciso ter a capacidade de olhar cada teoria de acordo com sua amplitude conceitual.

Aborda a teoria de acordo com a sua amplitude

A partir do momento que você escolhe uma teoria para desenvolver o seu estudo em cima dela, é preciso tomar alguns cuidados que são tipos à própria metodologia que alicerça os estudos científicos dos mais diversos tipos. Ao escolher um autor, obra e conceito, tome cuidado para não abordar as reflexões com muito amor, pois esse descuido retira a seriedade da pesquisa. Entenda que esse autor no qual está se apoiando escreveu essas informações em um determinado contexto, dentro de uma realidade específica e discorrendo sobre um fenômeno/problema que era típico naquele momento e realidade. Quando for usar esse autor e adaptar as suas reflexões ao seu contexto atual de pesquisa e de sociedade, é preciso cuidado para que essa adaptação esteja coerente àquilo que está sendo vivenciado neste momento, que é representado pelo seu próprio objeto de pesquisa.

Congressos sobre autores muito requeridos e estudados

Certos eventos costumam promover as obras de um certo autor. O intuito desse tipo de evento é que você apresente contribuições sobre as obras desse autor específico. Fazer contraposições com outros autores não é interessante, já que não é o foco desse tipo de evento voltado a autores específicos. Leve em consideração, também, que o próprio autor sobre o qual você está falando ou trazendo para a discussão para contrapor pode estar presente na plateia. Isso é muito comum com autores contemporâneos e é um risco que você pode correr, de ter as suas reflexões contrapostas pelo dono da teoria/conceito que está estudando. Mesmo no caso de autores clássicos e já falecidos você corre o risco de cometer o mesmo erro caso não tome certos cuidados. Não escrevemos um artigo científico como escrevemos um post para uma rede social ou para um blog, em que somos interpelados pelas nossas próprias emoções.

Como se proteger antes de escrever um texto científico?

Para que o seu texto tenha credibilidade, sempre indicamos que antes mesmo de começar a escrever esse texto que você busque conhecer quem é esse autor, qual é a sua linha de raciocínio, o que suscitou essa discussão, de onde surgiu essa teoria, dentre outras questões. Em geral, pesquisas que fazem parte da área das Ciências Humanas são as mais afetadas com este tipo de crítica. As pesquisas das áreas da saúde e das engenharias em geral não correm tanto esse risco, pois quando os pesquisadores vão discorrer sobre as suas pesquisas, especialmente sobre os dados, já são orientados quanto a essa apresentação. Em geral, escolhe-se pesquisas dos últimos cinco anos (ou mais recentes, a depender da dinâmica da área/tema) e os resultados são bastante concretos. As pesquisas de humanas costumam contrapor mais as teorias e, assim, são alvos mais fáceis de críticas.

Tratando os dados da pesquisa

Tratando os dados da pesquisaA fim de que a pesquisa tenha credibilidade é de suma importância que o pesquisador se aproprie com cuidado dos dados que serão apresentados e defendidos e que ele desenvolva a capacidade de distanciamento para realizar essa abordagem e, por consequência, a análise. Seja um sujeito questionador e busque sempre a verificação das suas afirmações. Comprove que a afirmação que deseja fazer foi uma informação realmente dita pelo autor que está citando. Também é de suma importância que você compreenda o contexto no qual esse texto foi escrito, quem eram esses autores, qual a sua origem, posição social, dentre outros aspectos. Analise, também, se essa discussão tem a ver com o contexto atual que estamos vivendo ou se é um fenômeno que já se esgotou. Verifique se a afirmação desse autor sustenta-se no mundo contemporâneo. O seu olhar enquanto pesquisador será modificado se ater-se a essas questões.

Cuidados ao buscar fontes para sustentar a sua pesquisa

Por fim, há duas últimas dicas que gostaríamos de mencionar. Quando você for buscar pelas fontes que irão sustentar as suas afirmações é muito importante que você tenha claro em mente que nenhuma pesquisa encontra-se acabada. O conhecimento nunca terá um fim, pois está sempre se renovando diariamente. Essa é uma pauta bastante urgente e constante e que tem sido debatida nos grupos e núcleos de pesquisa diversos. Para isso, caminhamos de encontro à última dica que é ter humildade. O pesquisador precisa entender que a sua pesquisa está em processo de construção e precisa de ajustes. As coisas, as pessoas e a sociedade mudam a cada dia. Essa mudança influencia o andamento do texto.

Como o mundo em que vivemos é altamente dinâmico, os fatores aos quais estamos nos atendo para construirmos as nossas pesquisas podem mudar a qualquer momento, uma vez que o próprio conhecimento é atualizado a cada dia, de modo que o que serve hoje amanhã pode cair em desuso. Assim sendo, nós, enquanto pesquisadores, precisamos ter a mente aberta e permitir que esse conhecimento novo chegue até nós. Os imprevistos acontecem em todos os setores da vida humana e, desse modo, não seria diferente na pesquisa. Por esse motivo, trabalhamos com hipóteses que podem ou não serem confirmadas ao longo do estudo. Questione-se diariamente sobre os porquês da sua pesquisa.

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