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Um graduado em uma área escrevendo artigo científico em outra área

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Recuperando a ideia de artigo científicoRecuperando a ideia de artigo científico

Olá, tudo bem? Em algum momento você já deve ter se questionado se uma pessoa que é graduada ou especialista em uma determinada área pode publicar em outra. É essa questão que irá guiar a nossa conversa de hoje, mas, em um primeiro momento, gostaríamos de retomar os princípios básicos de um artigo científico e te apresentar algumas dicas que poderão fazer com que o seu artigo seja aceito mais facilmente. Mantendo em mente o propósito de um artigo científico, ele poderá, também, ser aprovado. O artigo científico se trata de um gênero textual que possui características dissertativas e argumentativas, e, assim, o pesquisador precisará expor os resultados de uma pesquisa realizada no contexto acadêmico, mesmo que ele já tenha terminado o curso. É comum que, normalmente, as pessoas que publicam artigos estejam envolvidas com o desenvolvimento de um estudo.

Os níveis de pesquisa

Caso você esteja na graduação ou a tenha concluído, você pôde ou se encontra envolvido com a pesquisa em nível de iniciação científica, ou, ainda, de um projeto de extensão. Caso você esteja na pós-graduação, também precisará publicar os resultados dessa pesquisa e essa publicação não poderá ser feita, apenas, com o trabalho final, será preciso produzir artigos científicos para divulgar os resultados dessa pesquisa em andamento. Sobretudo os que desejam permanecer na comunidade acadêmica precisarão publicar, de maneira contínua, esses artigos. Os objetivos desse tipo de produção é apresentar os resultados de uma pesquisa experimental ou teórica. Como a universidade é um ambiente que produz bastante conhecimento, essa produção precisa ser expandida para outros lugares e o conhecimento precisa estar disponível para qualquer um que possa vir a ter interesse no tema. Não se pode, também, restringir-se apenas à divulgação na esfera acadêmica.

Conhecendo o meu tema de investigaçãoConhecendo o meu tema de investigação

A primeira dica que poderá fazer com que o seu trabalho seja aprovado mais facilmente é ler sobre o que já foi publicado sobre o seu tema. Antes de começar a produção do seu trabalho, é interessante conhecer o que já foi discutido. Ler artigos de revistas nacionais e internacionais é uma boa forma de obter esse panorama. Realizar, ainda, um levantamento de produções que poderão embasar o seu estudo é também recomendado. Pensar na abrangência deste artigo também é essencial. Identificar as pesquisas que se encontram na sua mesma linha de raciocínio e/ou pensar em um veículo de grande abrangência afetaram a forma desse estudo, pois a sua pesquisa deverá ser compreendida, caso opte por esse veículo, pelo maior número de pessoas possível, incluindo aquelas de outras áreas. Apresentar um tema inédito e inovador também é uma forma de agilizar essa produção.

Dicas importantes para escrever um artigo eficienteDicas importantes para escrever um artigo eficiente

Saber a hora certa para escrever sobre um assunto é essencial, assim como manter uma unidade no texto. De nada adiantará querer adiantar algumas partes da sua dissertação/tese se você ainda não concluiu essas etapas. Na mesma medida, manter em mente o tipo de revista que deseja publicar também é bastante importante. Ler artigos para verificar os objetivos dessa revista e para saber a forma dessas produções é uma boa estratégia para que o seu artigo seja aceito mais facilmente. Outro elemento importante é manter uma lógica em seu texto. Observe se as ideias da sua pesquisa são contraditórias e abrem brechas para comentários negativos. Atenção: uma boa introdução, desenvolvimento e conclusão precisam estar bem alinhados e relacionados. Realizar uma revisão gramatical, de coesão e coerência e verificar se há demais erros de escrita/digitação de maneira profunda e detalhada é essencial na pesquisa científica.

Essas etapas precisam apresentar coerência e lógica, senão o seu leitor não compreenderá o seu estudo. Reler o texto e verificar se ele possui uma unidade é fundamental. Outro dica que gostaríamos de mencionar está ligada à extensão desse trabalho. Nem sempre o tamanho do texto é sinônimo de qualidade, e, assim, a regra de nenhuma palavra a mais ou a menos é eficiente. Muitos pesquisadores tendem a achar que trabalhos mais longos são os mais bem vistos, sobretudo pela comunidade acadêmica, no entanto, isso não é verdade, pois seja esse trabalho curto ou longo, se desrespeita a unidade do texto, a qualidade se perde. O importante é apresentar os argumentos da maneira mais clara e objetiva possível. Conhecendo essas dicas, podemos, agora, responder nossa questão de hoje: graduados (ou pessoas de outros níveis também) podem publicar em revistas de outras áreas?

Especialistas em uma área (bacharel, licenciado, doutor, mestre) podem publicar em outras?

Essa resposta é simples, porém abre brechas que sustentam uma discussão bastante profunda e necessária. Sim, um especialista de uma determinada área do conhecimento não precisa se concentrar e ter como foco a publicação em apenas revistas da sua área de atuação, porém, existem algumas regras que precisam ser respeitadas para que essa publicação se torne viável e o seu artigo não seja reprovado. Mantenha-se atento ao fato de que cada revista possui as suas próprias regras, então antes de considerar submeter nela, verifique o campo “sobre” e às suas exigências, conhecer o escopo, isto é, o objetivo dessa revista, os seus eixos temáticos e demais requisitos são essenciais antes mesmo de você começar a elaboração e produção de um artigo específico para essa revista. Quando se discute sobre a flexibilidade entre áreas devemos conversar sobre o conhecimento propriamente dito.

A transdisciplinaridade do conhecimento

Uma das primeiras coisas que você precisa manter em mente quando discutimos sobre o trânsito entre áreas é que o conhecimento que lemos, produzimos e com o qual interagimos na interação humana é transdisciplinar. Com isso, é preciso que compreendamos que embora uma pessoa seja formada na área x nada a impede de publicar uma determinada reflexão na área y. Isso ocorre porque ao ingressarmos em um curso de graduação ou em uma pós-graduação precisamos cumprir uma série de disciplinas e essas, na maioria das grades, dizem respeito a uma vasta multiplicidade de áreas do conhecimento, o que amplia ainda mais o nosso repertório enquanto pesquisadores. Como os pesquisadores entram em contato com as mais diversas faces do conhecimento, ele possui propriedade para discutir sobre assuntos diversos e não apenas sobre o tema de sua pesquisa. O tema da pesquisa não limita as suas possibilidades.

Cuidados que devo tomar ao discutir sobre um temaCuidados que devo tomar ao discutir sobre um tema

Embora tenhamos afirmado que o conhecimento é transdisciplinar e que devido ao contato que temos com as múltiplas face desse conhecimento durante a nossa experiência acadêmica, existem alguns cuidados que devemos tomar ao propor um tema e discutir sobre ele. O primeiro deles diz respeito ao conhecimento acerca desse assunto de uma área diferente da sua. Questione-se: “eu realmente conheço e tenho propriedade para escrever sobre esse tema?” É preciso, então, tomar cuidado para não recair em amadorismos, ou seja, não basta possuir achismos sobre essa área, é preciso conhecê-la cientificamente, do contrário muito provavelmente o seu artigo será barrado, não porque você é de outra área, mas sim porque não a conhece com a devida profundidade. A fim de que essa ideia fique clara, vamos apresentar um exemplo prático.

A ligação entre as áreas do conhecimento

Se você é uma pessoa, por exemplo, da área das humanidades com viés, isto é, orientada para a área da saúde, em que tipo de revista seria mais adequado publicar? Bom, nesse caso, a depender das disciplinas cursadas, você poderia publicar em todas as áreas relacionadas a essas disciplinas por você cursadas. Mas atenção: é preciso ter conhecimento amplo e detalhado sobre essas áreas para que seja vantajoso publicar nas revistas e elas associadas. Nesse sentido, pensando nesse caso fictício, juntamente com as disciplinas da área das ciências humanas, eu poderia me aventurar nas ciências médicas/da saúde, devido ao contato prévio que tive com essa segunda ciência. O mais ideal é que você leia, discuta e participe de grupos de estudo e eventos científicos dessa nova área que seja se aventurar, pois, assim, o seu repertório sobre essa segunda área irá aumentar de forma significativa e as suas reflexões serão mais profundas.

E quando eu não fiz disciplinas na área em que desejo publicar?

Embora essa questão possa, em um primeiro momento, parecer bastante óbvia, é bastante importante discutir sobre ela. Pense, novamente, no exemplo anterior. Dificilmente eu conseguiria, enquanto cientista das humanidades com inclinação para a área da saúde, me aventurar a escrever propostas para revistas na área da arquitetura ou da engenharia, pois eu não possuo o arcabouço necessário para sustentar uma discussão rica, profunda e detalhada dentro dessa área. Entretanto, caso a sua área de atuação não seja específica a essa área (arquitetura/engenharias), há uma possibilidade que permite que você publique com autores dessa área do conhecimento mesmo que em nenhum momento da sua vida acadêmica você tenha tido contato com as disciplinas dessa área. Estamos nos referindo aos casos em que o pesquisador está vinculado à área de metodologia científica.

E o caso de especialistas na área de metodologia?

Como a metodologia faz parte de todo e qualquer trabalho científico, profissionais e pesquisadores dessa área costumam ter contato com um repertório maior de possibilidades de publicação. Caso a sua formação seja na área de metodologia científica você poderia, sim, integrar o grupo de autores que desejam submeter um trabalho a uma revista voltada às engenharias/arquitetura, mesmo que você não tenha conhecimento sobre a área. Entretanto, dificilmente você poderá assinar esse trabalho como primeiro autor, uma vez que o seu campo de atuação diz respeito a um ponto específico deste trabalho: a metodologia científica. Mesmo que você não possa ser o primeiro autor deste trabalho, é uma possibilidade que você poderá considerar caso deseje publicar em áreas diferentes, desde que a sua formação permita esse trânsito para uma área com a qual nunca teve contato antes.

A importância da capacidade para produzir uma determinada ciência

É comum que ao longo da construção da nossa trajetória, isto é, da nossa carreira na academia, nós ganhemos algumas capacidades que podem ser entendidas como habilidades. Nesse sentido, cada área do conhecimento possui as suas próprias habilidades que são transmitidas e ensinadas de forma transdisciplinar, entretanto, é impossível conhecer as técnicas e habilidades de todas as áreas do conhecimento, o que acaba nos restringindo, e, assim, nos impossibilitando de produzir determinadas ciências, como, por exemplo, a realização de determinados cálculos, a proposição de um relato de caso médico, dentre outras possibilidades. Porém, caso você tenha um arcabouço que não será contestado pelos avaliadores e pareceristas de uma revista você poderá se aventurar em uma área totalmente diferente da sua, entretanto, será cobrada a profundidade da reflexão em todos os capítulos.

O rigor científico e a obrigatoriedade do pesquisador

Com isso, podemos afirmar que embora o conhecimento seja, essencialmente, transdisciplinar, nós ainda temos que lidar com as nossas limitações, e, dessa forma, o desconhecimento acerca do funcionamento de um determinado campo do saber, sobretudo das suas ideias, teorias e conceitos nos impede de produzir ciência nessa determinada área. Assim sendo, existem, em todas as revistas científicas, independentemente do seu escopo e eixos temáticos, algumas regras que garantem o rigor científico das pesquisas, isto é, que haja o aprofundamento teórico, metodológico e analítico em todas as produções a serem submetidas e avaliadas antes que essas sejam aprovadas e circulem na web. É bastante comum que os artigos de revisão sejam usados e aceitos por todas as áreas, porém existem tipos de produção que são específicas a uma determinada área.

As parcerias entre áreasAs parcerias entre áreas

Antes de finalizarmos essa discussão de hoje é interessante mencionarmos a possibilidade da realização de parcerias entre áreas do conhecimento, assim sendo pode ser que a sua área funcione de uma forma muito diferente da segunda em que deseja se aventurar e embora você tenha o conhecimento necessário, pode ter problemas de adaptação a essa outra lógica. A melhor forma de resolver esse entrave é por meio da publicação em coautoria com pessoas dessa outra área, pois elas saberão como funciona e poderão te auxiliar em todo o processo de elaboração, produção e submissão da proposta à revista científica. Com isso percebemos que você pode se aventurar em áreas múltiplas, porém é preciso considerar todo o seu repertório sobre essa área antes de propor um artigo. Participar de eventos e grupos dessa outra área e ler muito sobre ela é a maneira mais eficiente de aperfeiçoar o seu conhecimento.

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