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Discussão e análise de dados em um material científico: artigo científico, monografia, TCC, dissertação e tese – Aula nove

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A produção de um material científico por etapas: entendendo quais são os aspectos básicos que você deve considerar ao tratar os dados de uma pesquisa

Olá, tudo bem? Em nosso post de hoje continuaremos a discutir sobre as etapas fundamentais que integram um material científico. Como sabemos, a fim de que uma pesquisa possa transcorrer de uma forma mais fluida e respeitando o rigor científico, é preciso que ela siga um passo a passo predefinido. Esse passo a passo está ligado ao processo que chamamos de sistematização. Quanto mais a pesquisa estiver sistematizada, mais coerente será cada capítulo. Além disso, a sistematização é crucial para que a pesquisa cumpra com o seu intuito, que é o de responder a uma pergunta norteadora e solucionar um problema que afeta a sociedade. Para isso, é preciso partir de objetivos que possam ser executados, o que implica a adesão a um método eficiente. Tomados esses cuidados, o pesquisador chegará ao momento em que precisará tratar os dados que tem em mãos. É o momento de discutir e analisar dados.

O que caracteriza a discussão e análise dos dados?O que caracteriza a discussão e análise dos dados?

Assim como os posts anteriores, esta discussão tem o objetivo de esclarecer quais são os aspectos básicos que podem lhe ajudar a tratar e interpretar os dados coletados ao longo da pesquisa. São dicas e sugestões que podem lhe ajudar a desenvolver o estudo. Chegamos, enfim, na discussão de seus achados de pesquisa. O primeiro ponto que deve ficar esclarecido é que se você está pensando em desenvolver e submeter um artigo científico e ele propõe a realização de uma revisão bibliográfica, você não precisará se preocupar com esse tópico, uma vez que os seus dados são tratados e discutidos ao longo de todo o texto, pois é uma pesquisa teórica. Esses pesquisadores devem se preocupar com a discussão teórica ao longo do corpo do texto. A análise, então, é feita ao longo do texto e não em um tópico específico. A discussão e análise de materiais é um tópico voltado para as pesquisas que são mais aplicadas.

A nomenclatura da análise em materiais aplicados

Nem sempre o seu capítulo de análise (no caso das pesquisas aplicadas) terá o nome de análise. Essa é uma tendência mais comum na área das ciências humanas. No caso das ciências aplicadas, representadas pelas ciências da saúde e exatas, é comum que este tópico seja chamado de resultados e discussão. Contudo, se você está na área das humanas e a sua pesquisa é mais aplicada, isto é, o seu objeto demanda um tratamento desse tipo, a pesquisa terá esse tópico, porém, é importante que você deixe muito claro de que lugar você está partindo, porque, como frisamos, esta é uma tendência de áreas mais aplicadas. Um exemplo que podemos citar são aquelas pesquisas das ciências humanas que discutem sobre um certo comportamento social. Deve ficar claro de qual lugar teórico você está partindo. Nesse caso, poderia ser a abordagem de Peirce. Indica-se, aqui, que, dentro da perspectiva da semiótica, o fenômeno será analisado sob esse viés específico.

As peculiaridades da discussão e análises

A sua perspectiva teórica define como esses dados serão analisados. Entretanto, essas dicas cabem apenas àquelas pesquisas das ciências humanas que são mais aplicadas. A maior parte delas não precisa desse tópico. Contudo, há pontos que devem ser considerados por todas as pesquisas no momento da discussão. Essa discussão pode ser ou não feita junto a apresentação dos dados. Há aquelas pesquisas que apresentam os dados primeiro, para, em um outro tópico, discutirem. Como destacamos no outro post, você pode ou não unir os resultados à discussão. Se não houver nenhuma determinação por parte da instituição/revista, você pode ficar livre para escolher se irá ou não unir ambas as etapas. O mais indicado, para que você não corra o risco de ser reprovado por causa disso, é pedir orientação, seja a sua instituição/professor, seja a revista na qual deseja submeter esse material.

Tome cuidado com os determinismos

A nossa segunda dica está ligada aos determinismos. Eles devem ser evitados sempre que possível, pois podem prejudicar a qualidade do seu estudo. O principal erro nesse processo é que muitas pessoas acham que ao apresentarem os seus resultados precisam tratar esses como verdade absoluta. Essa falta de cuidado prejudica aquilo que chamamos de rigor científico. Além disso, evitar adjetivos que possam atribuir características que ressaltam os seus resultados como verdade absoluta é essencial. Adjetivos que ressaltam grandezas devem ser evitados. Não fale, por exemplo, “o texto demonstra que é horrível”. Esse tipo de colocação deve ser evitado porque o seu texto deve ser imparcial, objetivo, neutro. O intuito é demonstrar tão somente os dados e não potencializá-los por meio de certos objetivos. Demonstre apenas os dados que correspondem à realidade que, de fato, você está investigando. Não aumente ou diminua.

Atenha-se à realidade dos dados

Manipular os dados para que eles atendam aos objetivos não é uma prática de pesquisa positiva. A fim de que a qualidade do seu texto possa ser aumentada, você pode recorrer a outros estudos para comparar resultados, seja para demonstrar as semelhanças, seja para apontar as diferenças entre esses dados. Além disso, você deve trabalhar com dados que tornam a sua pesquisa exequível. Com isso, percebemos que há a necessidade primordial de tratar esses dados de forma neutra e imparcial. Assim, adentramos em nossa terceira dica. Apresente os resultados reais detectados pela pesquisa. Algo interessante que você pode considerar é apresentar os resultados esperados e contrapô-los com aqueles encontrados por outros estudos que investigaram o mesmo fenômeno. Por exemplo, em um dado estudo você pode ter observado que adolescentes de doze a dezoito anos se sentem pressionados (profissão).

Exemplo prático de resultado de uma pesquisa

Considerando a pressão dos adolescentes de uma dada faixa etária quanto à pressão para que escolham uma dada profissão, um dos possíveis resultados é o aumento do quadro de ansiedade e depressão desse público. Contudo, antes de tratar esses dados, deve-se demonstrar as características dessa população que está sendo considerada. Todos esses resultados devem ser apresentados e discutidos de forma imparcial. Para que a sua pesquisa tenha ainda mais credibilidade, traga resultados de outros estudos (já discutidos em sua fundamentação teórica) para contrapor com os seus próprios. Os seus resultados, portanto, irão contribuir com aqueles já encontrados. A pesquisa não precisa concordar com esses resultados anteriores. Nesse processo de contraposição de dados, não significa que os seus devem ser semelhantes àqueles encontrados pela literatura, porém, você deve tomar cuidado ao fazer tais distinções.

Os resultados não precisam ser semelhantesOs resultados não precisam ser semelhantes

Ao contrário do que muitos acreditam, esses resultados encontrados pela sua pesquisa podem ser diferentes daqueles já constatados pela literatura. Como sabemos, um dos pressupostos da ciência é o de que cada estudo deve ser inédito, isto é, agregar algo novo para a literatura com a qual você está contribuindo. Nesse sentido, os seus resultados podem ser diferentes e opostos. Assim sendo, é muito difícil que encontremos resultados idênticos àqueles que já foram encontrados. Partes desses materiais podem ser comparadas, porém, nessa comparação, nem sempre haverão semelhanças entre resultados. Por exemplo, em um estudo você pode ter uma amostra que considerou adolescentes de quinze a dezoito anos. Outro, por sua vez, pode considerar uma amostra que trabalhou com uma faixa etária posterior, de vinte a trinta e cinco anos, por exemplo. Os resultados não podem ser idênticos.

Observe a diferença da amostraObserve a diferença da amostra

Em virtude das especificidades de cada amostra, os dados são bastante diferentes, aqui por uma questão de faixa etária, inclusive. Contudo, podem haver pontos de encontro entre as duas amostra, mesmo que as faixas etárias sejam diferentes. Você pode apontar essas semelhanças, mas também os elementos que diferenciam as duas. Tem-se, então, o cruzamento entre resultados. É nesse processo que reside o ineditismo de seu estudo. Tome atenção a essas dicas caso a sua pesquisa seja aplicada. Se o seu intuito é o de realizar uma revisão bibliométrica, o seu resultado seria o de encontrar dados sobre o que têm sido publicado na literatura sobre um dado assunto. A apresentação desses resultados é justamente as suas técnicas de compilação dos artigos que compõem a “amostra”. Utilizaremos a revisão bibliométrica como um exemplo de apresentação de resultados em pesquisas mais teóricas.

A demonstração de resultados em pesquisas teóricas

A revisão bibliométrica tem algumas especificidades que devem ser reiteradas. Um dos primeiros passos a serem executados em uma revisão desse tipo é a compilação de artigos científicos que tornam possível a discussão sobre o que têm sido desenvolvido nos últimos anos e onde esses estudos estão sendo publicados. É preciso que você tenha critérios muito claros de inclusão e exclusão para esses artigos. A apresentação desses resultados a partir de uma tabela é indicado. Nela, você pode elencar os autores envolvidos na produção, o título do artigo, o ano em que foi publicado e a revista na qual foi publicado. A discussão, então, será feita com base nos resultados apresentados na tabela. Também deve ficar claro ao seu leitor qual é a quantidade de artigos com a qual você está trabalhando. Vamos trabalhar com quatro. Cada dado apresentado deve ser devidamente discutido para que as informações não fiquem jogadas.

A exploração dos dados em uma revisão bibliométricaA exploração dos dados em uma revisão bibliométrica

Com base nos resultados elencados na tabela, você poderá apontar que esses materiais que estão sendo considerados publicaram sobre um certo tema (depressão e ansiedade em adolescentes de uma certa faixa etária). O interessante nesse processo é que podemos visualizar quais foram os interesses de pesquisa em um dado momento histórico, em anos específicos. A fim de que o seu leitor possa ter esse panorama histórico que envolve o tema, é preciso que você deixe muito claro qual é o recorte temporal que está sendo considerado. Também é interessante que você dê uma certa ênfase às revistas nas quais eles foram publicados. Nesse movimento, recomendamos que você deixe claro como que nesse recorte temporal específico os artigos contribuíram uns com os outros. Esses são alguns exemplos que permitem que compreendamos o interesse da academia ao longo dos anos.

A importância do problema na definição dos métodos de análise

Como ressaltamos em nosso outro post, alguns elementos da pesquisa científica definem como esses dados deverão ser tratados e analisados a fim de que a pergunta norteadora seja respondida. Esses aspectos básicos definem como toda a pesquisa irá transcorrer. Quando chegamos na última etapa da pesquisa, que é a discussão dos resultados, a importância de tais aspectos fica ainda mais evidente. A metodologia também desempenha um papel fundamental nesse contexto, pois, como temos reiterado, ela faz com que nosso estudo possa ou não atender os objetivos. Sem que atendamos a esses objetivos, a pesquisa não pode ser executada e a sua qualidade fica comprometida. A metodologia é interessante, também, porque demonstra como o pesquisador irá analisar o seu objeto. Algo que pode te confundir nesse processo é acreditar que todas as discussões são feitas da mesma forma.

As diversas formas de se discutir um resultadoAs diversas formas de se discutir um resultado

Um grande equívoco é acreditar que todos os estudos discutem sobre os dados de uma certa forma. Essa pesquisa diverge em termos de tipologia, abordagem, natureza, ferramentas. O nível de execução dessa pesquisa é estabelecido de acordo com a pergunta de pesquisa que está sendo considerada e com os objetivos. Há certos tipos de metodologias que permitem que os dados sejam apresentados e discutidos de acordo com aquilo que foi empregado por pesquisas semelhantes. Nesse caso, o pesquisador precisa buscar por aqueles estudos que tenham seguido uma mesma linha de raciocínio.

Em outras palavras, o pesquisador deve adotar métodos que já foram testados por algumas pesquisas e que renderam bons frutos. As ferramentas e instrumentos de pesquisa com os quais você deverá contar devem ter tido um bom aproveitamento em pesquisas semelhantes. Contudo, há aqueles estudos que são mais teóricos, e, dessa forma, toda a análise, para que seja pertinente, deve partir do ponto de vista dessa teoria em específico. Não há como fugir da teoria. Em outros estudos, a análise e discussão é feita com base nos próprios resultados. Tudo depende das especificidades da sua metodologia.

Uma resposta

  1. A tempos procuro informações sobre Análise de dados e Resultados em uma Revisão Bibliográfica e não encontro nada que aborde claramente do que preciso. Achei aqui. Então, muito obrigada e parabéns pelo conteúdo disponibilizado para nos ajudar!!

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