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A Negação da Homossexualidade pelos Dogmas Teológicos

RC: 76959
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DOI: 10.32749/nucleodoconhecimento.com.br/teologia/dogmas-teologicos

CONTEÚDO

ARTIGO ORIGINAL

CAMPELLO, Mônica Conte [1]

CAMPELLO, Mônica Conte. A Negação da Homossexualidade pelos Dogmas Teológicos. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano 06, Ed. 02, Vol. 11, pp. 58-93. Fevereiro de 2021. ISSN: 2448-0959, Link de acesso: https://www.nucleodoconhecimento.com.br/teologia/dogmas-teologicos, DOI: 10.32749/nucleodoconhecimento.com.br/teologia/dogmas-teologicos

RESUMO

Por que a homossexualidade é negada segundo os dogmas teológicos? O presente artigo visa avaliar as razões para essa negação, apresentando-as com base em seus textos próprios equivalentes a doutrinas, dogmas, ortodoxia. Para tanto, utilizará as Escrituras Sagradas, os discursos teológicos abordados voltados ao entendimento bíblico, e todo o material pertinente que possa fundamentar e responder satisfatoriamente a assertiva-título. Ademais, há igualmente a necessidade de se buscar um entendimento maior sobre a questão da homossexualidade no tocante à sua investida em prol de seu reconhecimento sociorreligioso como uma orientação sexual aceita cujos sujeitos desejam participar ativamente como membros ou ministros de igrejas, livres de quaisquer preconceitos. Mediante uma abordagem descritiva e revisão bibliográfica, buscar-se-á compreender todas as suas refutações aos textos bíblicos, investigando a compatibilidade de suas interpretações ao nível da imparcialidade. É mister abordar a necessidade de se aprimorar o conhecimento bíblico-teológico (sem o qual não será possível dar continuidade à investigação para refutação ou aceitação das teses levantadas no presente problema) assim como a necessidade de se aprimorar o entendimento acerca das reivindicações concernentes às questões envolvendo a homossexualidade. É imprescindível que se responda bilateralmente a todos os questionamentos em prol de um consenso entre as partes envolvidas de modo que toda contrariedade argumentativa seja erradicada, dando lugar à aceitação definitiva de uma ou de outra posição. Os princípios de aceitação ou não aceitação surgem afim de propiciar um veículo portador de soluções materiais e imateriais. O propósito final deste artigo é suprir esta demanda de inteligibilidade acerca do problema para que, uma vez reconhecido, possa ser eficazmente solucionado em favor de todos os envolvidos na situação-problema.

Palavras-chave: Homossexualidade, religiosidade, teologia, aceitação e rejeição.

INTRODUÇÃO

Este artigo visa pontuar os tópicos concernentes à questão sobre a negação da homossexualidade consoante dogmas teológicos. “As Sagradas Escrituras são a Palavra de Deus” (ANDRADE, 1998, p. 140) – cujos preceitos pressupõe-se que devem ser obedecidos por todo aquele que se confessar cristão, ou seja, pressupõe-se que aquele que se assume cristão sabe de antemão que os mandamentos nelas contidos são ordens de Deus.

A Bíblia Sagrada (Sagradas Escrituras), sem o acréscimo dos livros considerados apócrifos cuja inspiração não é tida por divina, é composta de 39 livros no Antigo Testamento e 27 livros no Novo Testamento, assim distribuídos com suas respectivas abreviaturas e números de capítulos:

Tabela 1 – Livros do Antigo Testamento e do Novo Testamento

LIVROS DA BÍBLIA E ABREVIATURAS
ANTIGO TESTAMENTO NOVO TESTMENTO
Livro  / Abreviatura / Capítulos Livro  / Abreviatura / Capítulos
Gênesis Gn 50 Eclesiastes Ec 12 Mateus Mt 28 Tiago Tg 5
Êxodo Êx 40 Cantares Ct 8 Marcos Mc 16 1 Pedro 1 Pe 5
Levítico Lv 27 Isaías Is 66 Lucas Lc 24 2 Pedro 2 Pe 3
Números Nm 36 Jeremias Jr 52 João Jo 21 1 João 1 Jo 5
Deuteronômio Dt 34 Lamentações Lm 5 Atos At 28 2 João 2 Jo 1
Josué Js 24 Ezequiel Ez 48 Romanos Rm 16 3 João 3 Jo 1
Juízes Jz 21 Daniel Dn 12 1 Coríntios 1 Co 16 Judas Jd 1
Rute Rt 4 Oseias Os 14 2 Coríntios 2 Co 13 Apocalipse Ap 22
1 Samuel 1 Sm 31 Joel Jl 3 Gálatas Gl 6
2 Samuel 2 Sm 24 Amós Am 9 Efésios Ef 6
1 Reis 1Rs 22 Obadias Ob 1 Filipenses Fp 4
2 Reis 2 Rs 25 Jonas Jn 4 Colossenses Cl 4
1 Crônicas 1 Cr 29 Miqueias Mq 7 1 Tessalonicenses 1 Ts 5
2 Crônicas 2 Cr 36 Naum Na 3 2 Tessalonicenses 2 Ts 3
Esdras Ed 10 Habacuque Hc 3 1 Timóteo 1 Tm 6
Neemias Ne 13 Sofonias Sf 3 2 Timóteo 2 Tm 4
Ester Et 10 Ageu Ag 2 Tito Tt 3
42 Zacarias Zc 14 Filemom Fm 1
Salmos Sl 150 Hebreus Hb 13

Fonte: Mônica Conte Campello (2020)

Importantes são as teologias bíblica ou cristã – surgida na Idade Média, entre os séculos IV e V –, e a inclusiva – surgida no ano de 1955 –, que se esbarrarão com frequência no decorrer dos textos; quanto à segunda, caracterizada pela apologia à inclusão de negros, mulheres e homossexuais (ater-se-á aqui apenas à última categoria). O objetivo neste estudo não é pretender, pura e simplesmente, desdizer os argumentos de uma ou de outra haja vista ambas terem seus postulados estabelecidos, mas buscar a prova de adequação, coerência, simetria e consistência dos axiomas defendidos por elas.

As ordens divinas, como dito anteriormente, estão relacionadas à vida do crente no tocante à sua pessoalidade e individualidade em termos de comportamento e de experiências sentimentais, emocionais, morais, espirituais etc. O indivíduo cristão também se conscientiza de que Deus lhe concede o livre-arbítrio para decidir o que pensa ser o melhor para sua vida de modo que se torna responsável por suas escolhas. Isso envolve a liberdade para obedecer ou desobedecer às regras divinamente estabelecidas, segundo a fé cristã, e escrituristicamente registradas; todavia, isso não lhe dá o direito de reverter o texto escriturístico – cuja palavra divina permanece inalterável no tempo e no espaço conforme preconizado em Lucas 16 v.17, independentemente de mudanças sociais – em favor de uma conversão a novos mandamentos exegetados pelo homem hodierno que tende naturalmente a interpretar os textos escriturísticos em consonância com suas necessidades, aplicando-lhe uma eisege. Pertinente lembrar as palavras de Foucault (2000, p. 49): “Não se interpreta o que há no significado, mas, no fundo, quem colocou a interpretação. O princípio da interpretação nada mais é do que o intérprete”. Toda vez que se pretender acrescentar algo a um texto bíblico ou retirar-lhe algo (coisa já prevista pelo “dono” da palavra escriturística) denota que se trata de um interesse do intérprete em que uma ideia passe a fazer parte do texto quando na verdade não faz, i.e., a eisegese desenvolvida tende a manipular as reais intenções textuais, revelando sua impertinência. Infere-se disso que não é a palavra de Deus que deve se adaptar ao homem, mas o homem é que deve se adaptar à palavra de Deus – um argumento propício para um cristão.

Não há “baixa teologia” como alguns preconizam contra as teologias que não se coadunam com pensamentos e ideais de teologias contrárias, pois todas as teologias estão no mesmo patamar de querer investigar, de buscar, de compreender uma verdade; então se uma teologia é baixa todas são baixas. Não existe teologia melhor: a teologia queer não é melhor nem superior à teologia tradicional nem à apologética e vice-versa – a apologética não passa a ser baixa teologia somente porque não se harmoniza com os conceitos da teologia inclusiva, por exemplo. Logo, ninguém tem o direito de desmerecer a teologia do outro. Tudo se resume em estudos para um melhor entendimento de textos bíblicos e melhor aplicação deles na vida cotidiana que queira pautar-se neles. Não há teologia perfeita. A verdade é que todas estão buscando uma verdade quase inacessível. No tocante ao método sincrônico, Ginzburg (2002, pp. 40-41) fala que o texto não é só o que diz, mas o que não diz: “Eu não queria detectar uma falsificação, mas sim mostrar que o hors-texte, o que está fora do texto, está também dentro dele, abriga-se entre as suas dobras: é preciso descobri-lo e fazê-lo falar”. Jesus não condenou a homossexualidade explicitamente, mas referiu-se tacitamente a algo que estava escrito como forma de validar o texto precedente às suas palavras. Leiam-se pelo menos duas falas de Jesus quanto à sexualidade humana originalmente biológica, o que contrasta com a ideologia de gênero:

a) Jesus falando em Mateus:

“Não tendes lido [está escrito] que aquele que os fez no princípio macho e fêmea os fez” (Mt 19:4);

b) Jesus falando em Marcos:

“Desde o princípio da criação, Deus os fez macho e fêmea (Mc 10:6).

A preposição DESDE implica o significado de “até os dias atuais”. Como negar o sentido semântico de um texto? E o que dizer, então, dos termos “macho” e “fêmea” conforme seus significados denotativos?

Ou seja, se é para valorar as Escrituras, se é tão importante dizer que Jesus não disse, que Jesus não condenou, que Jesus não falou nada em contrário à homossexualidade, por que também não valorar quando o texto mostra que “Ele disse” algo reiterando um texto escriturístico prévio? Subentende-se a partir deste evento que o argumento só vale o quanto pesa – as ações são baseadas na conveniência daquele que não quer aceitar o óbvio, e busca argumentos de ausência ou silenciamento para calar verdades escriturísticas. Isto, sim, seria uma “baixa teologia” desde que não se pode inventar no texto o que não está ali.

Ao se citarem textos como estes acima, uma tendência natural por aquele que não compactua com a palavra de Jesus – na qual, contraditoriamente, ele mesmo busca respaldo para suas teses, como forma de validar seus próprios conceitos – é refutar ironicamente qualquer defesa que se aproprie de textos como o referido de Gênesis, como se este não tivesse qualquer valor para fins epistemológicos.

Há uma guerra ideológico-religioso-bíblico-cultural se levantando em meio às sociedades comuns que não resultará em nada haja vista o desinteresse em se chegar à verdade que grita no âmago de cada ser humano: Eu quero que Deus esclareça a minha verdade; eu não quero forjá-la em favor da minha vontade. Qual é a minha verdade? Qual é o meu verdadeiro eu? O que estou defendendo é o que de fato acredito ou o que quero acreditar? A problemática humana é interna e não externa; é de dentro para fora e não de fora para dentro. Enquanto a humanidade não reconhecer isto, ela vai continuar discutindo debalde.

Para concluir, pergunta-se àquele que diz que Jesus não falou, pois ele parece citar Jesus porque aparentemente não está contra os seus conceitos, mas: “Se Jesus tivesse falado explicitamente contra a homossexualidade, o que ele faria, continuaria citando Jesus? Ouviria a voz dele, sendo homossexual? Há uma insistência ininteligível em dizer que Jesus não falou contra a homossexualidade. Porventura, isso quer dizer que, se ele tivesse falado contrariamente a essa temática, todos teriam aceitado sua retórica; todos o teriam seguido?

1. REGRAS E ACRASIAS

Cada organização possui em seu sistema suas próprias regras estabelecidas em seus regimentos que devem ser acatados rigorosamente com risco de punição em caso de inadvertência. Com a organização eclesiástica não é diferente, pois seu sistema também possui suas próprias regras. Há, no entanto, uma diferença entre esses tipos organizacionais, em que o primeiro se refere ao sócio humanitário – onde o homem prescreve as leis para homens naturais –, e o segundo ao sociorreligioso onde, normalmente, as leis são divinamente inspiradas e prescritas por um ser transcendental, a quem se atribui fé, direcionadas para homens espirituais ou mesmo naturais.

Leis são criadas para serem obedecidas, caso contrário viver-se-ia em uma sociedade caotizada e anárquica. Quando isso não acontece, ocorre o que se chama de anarquia, ou seja, um sistema que nega uma autoridade previamente estabelecida, estimulando um caos institucional. A Igreja como autoridade religiosa possui preceitos dogmáticos que retratam o mundo sagrado, os quais devem ser seguidos por seus membros, apesar de não perderem o contato com o mundo profano porque inseridos nele. Ao deixarem de ser praticados, esses preceitos sofrem uma rotura no tempo e no espaço, ocasionando quebras doutrinárias que vão de encontro aos princípios éticos adotados por aquela organização religiosa – aqui, particularmente, a eclesiástica. Nessa rotura, seus princípios de fé e prática são abalados e desestruturados de modo que começam a gerar o que se passa a entender como um descaminho dentro de um caminho previamente estabelecido que se intencionava ser seguido.

É nesse prisma que se enquadra a questão da negação da homossexualidade pela Igreja, não porque ela esteja querendo discriminar a homossexualidade, mas porque tudo o que é pertinente a essa orientação sexual já se encontra previamente registrado em seu livro maior – a Bíblia Sagrada – como um elemento sociocomportamental divinamente reprovado e classificado como antinatural pelo que determinam as leis transcritas por aqueles homens que se creem inspirados divinamente. A falta de entendimento desse posicionamento da Igreja tem levado milhões de pessoas a condenarem-na a um estado de perversidade que, na realidade, pelo menos nesse sentido, não retrata sua real intenção, a que reflete o mero desejo e direito de obedecer às ordenanças estabelecidas em seu meio a fim de se coadunar com os objetivos religiosos propostos.

Acredita-se que seguir outro parâmetro desconfiguraria a identidade da Igreja. Esta possui doutrinas bíblicas que são tidas por verdadeiras porquanto confirmadas em seu contexto escriturístico. Não há como falar sobre negação de homossexualidade pela Igreja sem citar seu instituidor, Jesus Cristo; sem citar sua lei, a Bíblia Sagrada; sem citar seus ensinamentos, as doutrinas bíblicas; sem citar Deus, o que ele é. Tudo isso implica um senso de imparcialidade, e não de parcialidade, pois não se pretende julgar aqui que todos devem professar uma fé em Deus ou em Jesus Cristo (haja visto o assunto específico sendo tratado nessa pesquisa estar relacionado à Igreja) ou em quaisquer outros deuses, mas esclarecer seus regulamentos institucionais que preveem o sentido da obediência por todo aquele que quiser pertencer à sua membresia.

Aquele que entra para uma Igreja sabe de antemão que ela possui leis, mandamentos, doutrinas, pareceres éticos e morais, ritos, símbolos etc., mas ninguém é ou está obrigado a seguir essas coisas, tendo todo o direito de recusá-los e, para tanto, se não se harmoniza com seus estatutos, não deve procurar modificá-los à sua conveniência, i.e., ou adapta-se a eles ou funda sua própria instituição com seus próprios mandamentos; portanto, não há como se pretender transformar leis prescritas pelo próprio instituidor de uma determinada organização, no caso a eclesiástica, sem o seu aval uma vez que é sabido já estar escrito e sacramentado que o que ficou registrado nas Escrituras Sagradas o foi uma vez para sempre sem previsão alguma de possíveis modificações, como se encontram em referências bíblicas que atestam essa verdade (Pv 30: 5,6; Ap 22:18,19; 1 Co 4:6; Gl 1:8,9; 2 Jo 1:9).

No entanto, muitas alterações vêm surgindo nos textos bíblicos que descaracterizam a pessoa de Deus como descrito neles. Por exemplo, a primeira epístola de João, capítulo quatro, versículo oito, declara que “Deus é amor”. Em substituição a essa declaração (tendenciosa ou não), a teóloga Althaus-Reid (2001, p. 147) declara que “Deus é desejo”. Haveria nessa alteração algum objetivo de dessacralização da pessoa divina em questão? Considerando- se as óticas sintática e semântica dos vocábulos: O que seria amor? O que seria desejo? Seriam palavras sinônimas? Teria essa última palavra o mesmo sentido daquela inserida originalmente? Haveria nessa última colocação algum sentido de erotismo, sensualidade, que levam a crer na possibilidade de uma teologia indecente conforme proposto pela autora? Ela defende o entortamento da teologia (Teologia Torcida ou Indecente) a fim de romper com a ideologia heterossexual que é considerada como modelo universal de sexualidade.

Há uma má compreensão sobre a questão da frase “Deus é amor” à qual se atribui o sentido de que tudo o que envolve amor seja aprovado por Deus. É mister que se estude, que se aprimore o conhecimento da palavra amor a fim de compreender o que exatamente esta frase bíblica (1 Jo 4:8) significa. Não seja, portanto, o caso de se desconstruir o que é divinamente inspirado na Bíblia em prol de uma construção criada por homens em contradição àquela inspiração dada por Deus aos homens bíblicos que a desenvolveram ao longo de um tempo – início e fim – providenciado por aquele que se crê o dono da verdade absoluta descrita em todo o livro que é considerado sagrado. Esse amor de que se trata no tocante a Deus retrata, na verdade, um amor incondicional, o chamado “amor ágape”, aquele que foi manifestado por Deus quando ofereceu seu Filho para prover a salvação de uma humanidade perdida em erros (visão natural) e pecados (visão espiritual), a qual ele queria resgatar; não se trata, portanto, de um amor Eros (romântico), Philia (amizade/filial) ou Storge (fraternal/afeição). Pelo que declaram as Escrituras, ninguém possui esse amor se não o próprio Deus. Logo, não serve como argumento em defesa de assuntos específicos como preconceitos contra a palavra bíblica em favor daquilo que ela condena.

Os movimentos e atividades anti-homofobia que se levantam em nome do amor (desejo?) deveriam focar mais nas questões sociais que aviltam os direitos civis dos cidadãos, independentemente de orientação sexual, do que com proibição de textos bíblicos que tratam da visão de Deus sobre a homossexualidade, a qual eles podem modificar os textos correspondentes, mas a visão de Deus uma vez para sempre declarada como se vê nos registros bíblicos não vai mudar, e, então, entram as seguintes perguntas com base em versículos bíblicos: a) O seu coração o condena naquilo que você faz? (1 Jo 3:21). Se não condena, os textos bíblicos não o afetarão em nenhuma circunstância, não sendo, portanto, necessária nenhuma intervenção contrária ao texto bíblico, mas se condena, condenado já está e modificações não alterarão essas circunstâncias; b) Quando você faz o que acha que deve fazer a sua consciência o condena? (Rm 14:22). São versículos como esses que garantem ao que lê que aquilo que ele faz que não lhe inspira autoconfiança ou segurança o coloca na condição de sentir-se em pecado, ou seja, aquela condição condenatória não por outros de fora, mas primeiramente por si mesmo, independentemente de visão ou opinião alheia.

Entretanto, por mais que se creia justa a reivindicação de um direito seguida de homologação, as hipóteses acima descritas não poderão ser amenizadas por fatores externos – por exemplo, nesse caso específico, através de uma lei anti-homofobia criada em favor da população lésbica, gay, bissexual, travesti, transexual e intersexual (LGBTTI) que cita pontos homofóbicos passíveis de punição àquele que os infringir; em contrapartida, uma lei criticada pela Bancada Evangélica que reclama direitos à liberdade religiosa e de opinião além de afrontar valores e princípios da família consolidados na Constituição Federal (VAZ, 2017) –, pois se trata mais de uma condição psico-pneumo-emocional do que uma comoção sociocultural – a primeira voltada para o bem-estar interior; a segunda, para o bem-estar exterior. Filosofando, conquistas materiais nem sempre podem suprir as reais necessidades ontológicas dos sujeitos de uma ação.

Musskopf (2008) pretende apresentar um novo discurso que rompe com formas precedentes em relação à temática da homossexualidade, trazendo à existência um novo sujeito que favorece a desconstrução do significado de sodomia ao tentar desligá-la do contexto bíblico respeitante à narrativa de Sodoma e Gomorra – aquele evento teve seu momento único que caracterizava uma ação abominável aos olhos de Deus como descrito na referida passagem; não há, portanto, como desvinculá-lo teologicamente do contexto para fins de favorecimento a uma ideologia pós-moderna que defende novas abordagens sobre o tema. Aquele foi um momento histórico dentro de uma perspectiva sociorreligiosa da época que ficou registrado para fins de aplicação prática para todo leitor em todo tempo haja vista a Bíblia Sagrada ser um livro de caráter literário irrevogável que não se coaduna com impressões humanas nem se permite modificar por elas.

Até onde a Igreja como organização institucional religiosa tem o direito de exigir obediência àquilo que ela preconiza como norma de fé e conduta a ser explanada e vivenciada por seus membros sem sofrer retaliação por outros que, desejando fazer parte da membresia, ou melhor, desejando ser um cristão pertencente a uma igreja que tem a Bíblia como livro-lei, manual de regimento interno, não se sentem acolhidos por ela devido a uma questão já prevista em seus termos, rejeitando seus preceitos da forma como pré-estabelecidos em sua estrutura governamental?

2. ESCLARECENDO VIESES TEOLÓGICOS

Faz-se mister conhecer as bases que sustentam a não-aceitação da homossexualidade na igreja e reconhecer sua credibilidade, aceitabilidade, aplicabilidade, neste âmbito religioso sem ofensas a mentalidades contrárias, mas apenas buscando um esclarecimento acerca de conceitos fundamentais a fim de prover uma melhor compreensão para aqueles cujas ideologias, que direta ou indiretamente envolvem questões ideológicas, não se harmonizam com as teses bíblico-teológico-eclesiásticas, mas com biologia e cultura como diz a filósofa Judith Butler, um ícone da teoria queer e de gênero: “Ser humano é viver na interseção entre biologia e cultura”, como se religião não pertencesse à esfera da humanidade. Então, para quê pretender modificar os estatutos religiosos defendidos por instituições eclesiásticas quando defensores daquela teoria e ideologia entendem que sexo biológico e identidades masculina e feminina são respectivamente formados por aspecto físico e construções sociais devido a influências histórico-sociais?

Urge uma necessidade de se contribuir para o esclarecimento das razões fundamentais sobre o porquê da Igreja se posicionar antagonicamente à homossexualidade, que está intrinsecamente ligada à ideologia de gênero que tem causado muitas polêmicas em meio à sociedade hodierna. Como a (homo)sexualidade é prevista biblicamente de modo a poder ser contemplada como uma necessidade fisiológica? De acordo com a Pirâmide das necessidades de Maslow (Gallardo, 2019) do psicólogo humanista Abraham Maslow, considerando que a Fisiologia trata das funções orgânicas que propiciam a manifestação da vida, a reprodução sexual se classifica como necessidade fisiológica por ser responsável pela propagação das espécies. Como se daria a propagação da espécie humana através do coito homossexual?

Figura 1 – Pirâmide das necessidades de Maslow

Fonte: Psicologia-Online (2019)

É indispensável que se trate das contradições nessa luta pelo reconhecimento da homossexualidade pela Igreja a fim de que os problemas de não-aceitação sejam sanados de maneira inteligível e justa. A ideia de gênero é ofensiva para quem baseia sua visão de mundo na Bíblia, conforme destaque nas palavras da filósofa americana Judith Butler:

O conceito de gênero gera muito medo. É uma ideia muito mal compreendida e representada como caricatura. Até o Papa Francisco condenou o ‘gênero como uma ideologia diabólica’, diz Butler. É uma crítica feita pelo Catolicismo de direita que pegou entre quem acredita que o conceito nega as diferenças naturais entre os sexos e ameaça o casamento e a família, bases da heterossexualidade. Se você baseia a sua visão de mundo na Bíblia, então, a ideia de gênero vai ser mesmo ofensiva. (BARIFOUSE, 2017)

Isso implica que a ideologia de gênero que está ligada à homossexualidade vai de encontro à Bíblia. Todavia, a) os homossexuais se encontram numa luta para serem aceitos pela Igreja b) que tem a Bíblia como referencial dogmático, c) esta mesma Bíblia que os faz se sentirem ofendidos e agredidos moralmente devido aos d) respectivos textos que consideram heteronormativos e, por consequência, homofóbicos. No entanto, pretendem – e já o têm feito – e) modificar esses textos ou mesmo eliminá-los da Bíblia para f) afastar qualquer possibilidade de confronto com sua orientação sexual, de modo a g) evitar desconfortos no tocante à aplicabilidade da palavra bíblica na vida cotidiana que não corresponde ao texto sagrado.  Para que servem, então, as alterações nos textos bíblicos, para formar uma nova bíblia redigida pelo entendimento humano? Que bíblia será essa, a bíblia pós-moderna do pós-vetero-neo-testamento inspirada por homens?

Ilustrativamente, em discordância às palavras de White imediatamente abaixo, pode-se asseverar que há uma literalidade vocabular e de significados entre o Antigo e o Novo Testamento em complexão com um contexto único que apresenta inalteração semântico-textual em meio às mudanças socioculturais ao longo dos séculos. Notem-se, portanto, as colocações em Gênesis 19:4,5 e 1 Co 6:10 em que há uma correspondência etimológico-toponímica e terminológica: “homens de Sodoma” e “sodomitas”.

Ao longo dos séculos, o Espírito Santo tem-nos ensinado que certos versículos da Bíblia não devem ser entendidos como a lei de Deus para todos os períodos de tempo. Alguns versículos são específicos para uma cultura e para a época e já não são vistos como apropriados, sábios ou justos. (WHITE, 2013)

De acordo com White, versículos bíblicos devem ser adaptáveis a épocas e culturas distintas a fim de manifestar aspectos de aplicabilidade com sabedoria e justiça. Todavia, tal raciocínio contraria um dos princípios intrínsecos à natureza de Deus – a imutabilidade, que se harmoniza com o princípio da eternidade de Deus cuja natureza não se limita a tempo e espaço, conforme anunciado nos Salmos 90:2; João 17:5. Sabe-se, no entanto, que para haver mudanças em um ser é mister que haja uma ordem cronológica que requeira a existência de um momento ou fase antes e após a mudança; logo, isto sugere que mudanças ocorrem em consonância com limitações temporais, e, através dos contextos bíblicos, Deus não é um ser limitado

Segundo Menzies e Horton (1995, p. 49), “Deus é imutável (não suscetível a mudanças) e eterno. A natureza divina não muda, jamais mudará”. Analisem-se os versículos: Malaquias 3:6; Lucas 21:33; Tiago 1:17. Como pode, então, White declarar que o Espírito Santo lhe(s) tem ensinado que são específicos para determinadas culturas e épocas, não sendo aplicáveis a todos os períodos? Neste caso, a palavra escriturística seria no mínimo contraditória, sendo, portanto, não confiável; logo, a revelação que White supõe ter recebido do Espírito Santo também não deveria ter qualquer credibilidade. Sendo assim, não teria serventia para ele nem para ninguém mais. A Bíblia se tornaria um livro descartável.

Qual a relevância da presente questão? Qual é a sua importância no campo da teorização? A escolha deste tema se deu através da percepção da necessidade de auxiliar no esclarecimento das razões apresentadas pela Igreja para justificar sua negação à homossexualidade. As referências pesquisadas e citadas, por sua vez, foram ensejadas a partir da contextualização pertinente dos autores envolvidos em prós e contras, referenciando defesa ou refutação à temática em estudo.

As diversas questões concernentes à presente discussão ainda não foram respondidas a contento. Isto pode ser confirmado pelas inúmeras literaturas físicas ou webianas (Campello, 2010, p. 87) – neologismo da pesquisadora que indica o uso da WEB pelo escritor-aranha que fisga leitores na teia [web] que se comparam a presas fáceis como moscas indefesas – cujos pobres e infelizes textos não apresentam uma resposta definitivamente convincente que explique com obviedade o porquê do problema e uma possível solução. O fato de não ter encontrado até o presente momento uma resposta adequada e satisfatória para este caso atua como fator estimulante no sentido da descoberta de uma resposta concreta para a questão do tipo “ser ou não ser intrinsecamente ligada a ter ou não ter direitos” de modo que venha a esclarecer uma vez por todas, e, logicamente, a quem verdadeiramente possa interessar – é sabido que mesmo os que buscam soluções não as querem de fato – e se tornar útil para o fim que almeja alcançar. Destarte, iniciando este ciclo de respostas satisfatórias porquanto convincentes com base no texto bíblico, o qual tem sido alvo de condenação em nível de significações, segue uma breve exegese de alguns dos versículos mais comentados.

Antes, porém, é preciso salientar que apesar deste artigo pertencer a uma escala científica ele utiliza recursos extracientíficos devido à temática bíblico-religiosa que lhe é inerente dada a dialética a ser tratada. Analisando a Primeira Epístola de Paulo aos Coríntios, capítulo seis, versículos nove ao onze, considerando o contexto anterior e posterior ao versículo alvo: “Não sabeis que os injustos não hão de herdar o reino de Deus? Não erreis: nem os devassos, nem os idólatras, nem os adúlteros, nem os efeminados, nem os sodomitas, nem os ladrões, nem os avarentos, nem os bêbados, nem os maldizentes, nem os roubadores herdarão o reino de Deus. E é o que alguns têm sido; mas haveis sido lavados, mas haveis sido santificados, mas haveis sido justificados em nome do Senhor Jesus, e pelo Espírito do nosso Deus” (Versão: Almeida Revista e Corrigida – ARC); “Vocês sabem que os maus não terão parte no Reino de Deus. Não se enganem, pois os imorais, os que adoram ídolos, os adúlteros, os homossexuais, os ladrões, os avarentos, os bêbados, os caluniadores e os assaltantes não terão parte no Reino de Deus. Alguns de vocês eram assim. Mas foram lavados do pecado, separados para pertencer a Deus e aceitos por ele por meio do Senhor Jesus Cristo e pelo Espírito do nosso Deus” (Versão: Nova Tradução na Linguagem de Hoje – NTLH); entende-se o seguinte: Injustos são aqueles que não recebe(m)rão a salvação de Deus. Quem são eles? O versículo dez os apresenta, e, dentre eles, encontram-se os efeminados e sodomitas, i.e., os homossexuais – foco desta pesquisa no tocante à Igreja cujo livro-base é a Bíblia –, e anuncia a sua perdição eterna. O versículo onze se inicia, então, comunicando a perdição dos que permanece(ra)m no pecado, e a salvação daqueles que se regenera(ra)m.

O que é pecado, então? É tudo aquilo que impossibilita a comunhão entre Deus e o homem. Uma pessoa pode acreditar na existência de Deus – crer que Deus existe é diferente de manifestação de fé –, mas isso não significa comunhão visto que esta exige uma harmonia no modo de sentir, pensar e agir conforme os preceitos traçados por Deus; a comunhão reflete uma identificação em que há uma ligação entre ambos que os une espiritualmente. Não é necessário ser membro de uma igreja para manifestar essa comunhão que vai muito além de simplesmente orar, jejuar, sacrificar, praticar religiosidades etc. O pecado é, em suma, a separação entre o homem e Deus. Infere-se do texto bíblico (Tg 5:20) que Deus não deseja a morte de ninguém (ímpio), mas que se arrependa de seu pecado, ou seja, daquilo que o afasta de Deus haja vista a sua graça permanecer disponível independentemente da extensão da rebeldia do homem contra ele. Não importa a quantidade de pecados cometidos; importa, antes, que os abandone visto que interrompem a amizade com Deus, ocasionando uma vida de autoconfiança que produz excelentes resultados na vida terrena, mas não tem poder de salvação espiritual. E isto importa? Eis a questão. Fé ou autoconfiança? Se a luta travada é por uma questão que envolve valor espiritual, rejeitar a fé em favor da autoconfiança é no mínimo contraditório. E fé traz consigo outros valores como obediência e dependência.

E que regeneração é essa? Pelo que se depreende dos textos bíblicos, o que conta é a assunção sincera do que se assimila como pecado e a correspondente insatisfação decorrente disso; como está escrito que Deus sonda os corações e sabe que a pessoa gostaria de ser ou agir diferentemente com o propósito de corresponder ao que concebe como aprazível a Deus, mas não o consegue devido à fraqueza da sua humanidade. Isso expressa o que figura como fé que atua como honra a Deus, e isso é imputado à pessoa para justiça. Por outro lado, há os que não se importam com posicionamentos bíblicos, desvencilhando-os de seus respectivos textos, assumindo a sua própria vontade e entendimentos em detrimento da aprazibilidade de Deus, resolvendo suas aflições e questionamentos a partir de uma cognição pessoal.

Grosso modo, essa interpretação literal é taxativa e definitiva sem maiores explicações; contudo, esses versículos devem ser analisados à luz das entrelinhas que têm existência em outros contextos bíblicos, pelo que se depreende que a Bíblia se explica por si mesma. Considerem-se, portanto, passagens bíblicas que revelam a graça de Deus sobre pessoas que pecavam, mas não se conformavam com sua vida pecaminosa, condenando-se a si mesmas num processo de introspecção que conduzia ao autoconhecimento: 1) “Não faço o bem que quero, mas o mal que não quero esse faço” (Rm 7:19), ações intrínsecas à humanidade – mesmo que estivesse em pecado, não demonstrava uma satisfação plena com a sua prática; essas palavras do apóstolo Paulo revelam seu inconformismo com uma determinada circunstância em sua vida. Esse tipo de inconformismo é uma reação que agrada a Deus, pois revela uma preocupação pelo fato de reconhecer que está desagradando a Deus, refletindo, assim, uma manifestação de fé e veneração pela pessoa divina, embora se encontre no pecado. Trata-se de confissões de reconhecimento de pecados provenientes de um incômodo espiritual diante da presença divina; ou seja, não havia uma satisfação plena, um comprazimento em estar cometendo pecados, uma acomodação numa vida de pecados, mas havia uma autocobrança cotidiana, não esquecida, intermitente.

O fato de uma pessoa estar vivendo uma vida de pecados não significa, necessariamente, que ela perderá sua salvação. Conforme outra citação bíblica: 2) “Todo aquele que nele permanece não está no pecado. Todo aquele que está no pecado não o viu nem o conheceu” (1 Jo 3:6), ou seja, enquanto a pessoa se mantiver em contato com Deus, apesar do pecado – importando-se com seu julgamento, desejando lhe agradar, sentindo aquele incômodo espiritual que a leva a crer que uma mudança de comportamentos e atitudes lhe traria paz interior, buscando a face de Deus a cada inquietação quanto à sua circunstância de vida, mesmo que esse buscar não seja manifesto, mas ocorra no âmago do ser que cala verdades ocultas –, ela tem garantida a sua salvação, estando, portanto, livre de condenação; caso contrário, não restaria oportunidade salvífica para nenhum ser humano sobre a face da terra visto que todo o mundo é pecador segundo as palavras de Paulo em Romanos 3:23 – “todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus”.

Apesar disso, como referenciado em Romanos 5:16c, 3) “no caso da salvação, Deus perdoa os que têm cometido muitos pecados, embora não mereçam esse perdão”. Há uma lista muito vasta de vários tipos de pecados, e uns cometem um tipo, e outros cometem outro tipo, de modo que todos pecam. O grande problema é a insipiência concernente a pecado assumidamente aceito e pecado assumidamente não-desejado. Parece que o suprimento dessa carência seria uma solução mais eficaz para a mente e para o espírito do que as tentativas de modificações bíblico-textuais. Todavia, isso também depende de situar o querer naquele ponto específico da alma,

A ação de querer descobrir uma influência interna que é maior que a externa. Enquanto pessoas seculares ou científicas dizem que o problema do sujeito é irreversível (…) Deus inspira o sujeito a uma análise introspectiva que o faz desnudar o seu ego e assim pode compreender o motivo que o leva àquele estado; só então ele se vê apto a encontrar a solução do seu problema que tanto o aflige. (…) é necessário que, mediante essa autoanálise, o sujeito reconheça que o seu incômodo provém de suas próprias ações, e, sem subterfúgios, sem vergonha e sem medo, confesse a si mesmo a doença da alma. (CAMPELLO, 2015, p. 160,161)

Apesar de igualmente se compreender que o contrário é verdadeiro para quem assim o concebe, como sugestiona Musskopf (2008) quanto a atitudes diaspóricas que ensejam um querer de automodificação na condição de estrangeiro que não se adapta a terra estranha porque manifesta uma mentalidade incompativelmente a outras mentalidades, ocasionando um levante de perguntas e respostas tão somente provisórias a fim de resistir a forças que se supõem antagônicas por pertencer a uma linha doutrinária divergente de acordo com seu entendimento particular haja vista não existir uma teologia heterocêntrica, mas uma teologia, à qual deveria se referir, que segundo Andrade (1998) tem como característica o estudo ordenado e sistemático do Supremo Ser (e não centrada em um ser heterossexual) e de seu relacionamento com a humanidade e que tem como base a revelação de Deus que se acha na Bíblia Sagrada, a revelação natural e a experiência religiosa, empregando a lógica e outras metodologias para fins didáticos.

Uma teologia heterocêntrica não seria uma teologia centrada em Deus, mas no homem (o ser humano). Quando alguém classifica a teologia comum ou primitiva como heterocêntrica, isso significa que ele acredita ser toda a Bíblia Sagrada – seu objeto de estudo – um livro, na categoria dos livros comuns, que deprecia qualquer pessoa que esteja na contramão daquele suposto caminho teológico, como se já fosse um ser transviado, levando-a a entender que não existe pertença estável para ela. A essência da teologia, no entanto, perde-se em meio a essa busca por um lugar fixo que resista a esse suposto heterocentrismo (Musskopf, 2008); suposto porque a teologia tendo Deus e sua revelação como objeto de estudo não suportaria uma mudança nesse parâmetro sem que sucumbisse às consequências dessas modificações no teor dos respectivos textos bíblicos que são realizadas e desenvolvidas por cognição humana de cuja interpretação pretende transformar uma literalidade que admite interpretações, mas não se coaduna com contextualizações formadas a partir de eventos socio-humanitários em detrimento dos eventos bíblico-espirituais; tal mudança desestruturaria o teor bíblico-textual, pois criaria bifurcações que, consequentemente, eliminariam o único caminho para o qual ela se dirige. Dizer que essa teologia, que tem Deus como figura central, é heterocêntrica significa dizer que se trata de um estudo de Deus centrado no homem heterossexual, ou seja, uma teologia que estuda um Deus cujos escritos focam na heterossexualidade – biologicamente homem e mulher (como se tão somente isso não devesse corresponder aos registros bíblicos, mas também a homossexualidade) –, tendo mais importância que os demais temas, já que nessa disputa teológica todos os outros parecem cair no esquecimento. Na teologia inclusiva, que exclui a teologia heterocêntrica conforme por ela designada e que também denota uma designação equivocada, a pessoa divina fica relegada a um nível de demérito, como um deus-graçado (MUSSKOPF, 2008) – um Deus cheio de graça, um Deus engraçado ou um Deus desgraçado? – no tocante aos processos de construção das identidades masculinas onde a graça do mundo transforma Deus. Deus pode ser transformado pela mão do homem? Que Deus é esse? Ele existe? Mediante tais colocações, que tanta relevância ele possui para que se importem com seus ditames, ou melhor, com seus registros escriturísticos se ora é graça do e ora tirano? Tudo isso parece gerar uma inversão de valores.

A relação e os conflitos com a igreja não podem mudar o curso teológico com a crença de que isso vai alterar a mentalidade de Deus. Se Pilatos, sendo homem, disse que o que escrevera, escrevera (Jo 19:22), não modificando o seu texto, e sua ordem foi obedecida, por que a obstinação em não aceitar os textos de Deus? Dar-se-ia isto por sua invisibilidade? Qual é o objetivo primordial da Igreja? A teologia inclusiva demonstra não ter como foco principal o estudo acerca da salvação da humanidade mediante a obra redentora, o sacrifício vicário de Cristo, mas a colocação eclesiástico-religiosa, sem deixar de lado a sociocultural, de uma classe de pessoas que se sentem injustiçadas, discriminadas e excluídas (MUSSKOPF, 2008) por uma teologia heterocêntrica-heteronormativa que julgam existir. Instituições religiosas, como igrejas, que se baseiam nas Escrituras Sagradas, tendem a buscar lhe obedecer os preceitos e doutrinas ali registrados, e isso não tem a ver com acepção de pessoas (Dt 10:17; 2 Cr 19:7; Jó 13:10; 34:10; Ml 2:9; At 10:34; Rm 2:11; Ef 6:9; Tg 2:1,9; Cl 3:25; 1 Pe 1:17); se fosse assim, Deus não ordenaria que se acolhessem os estrangeiros, por exemplo (Êx 22:21; 23:9; Lv 19:34; Dt 10:19), mas, pelo menos, tem a ver com a disposição de querer seguir instruções divinas (Pv 1:7; 8:33; 10:17; 15:33; Sl 32:8; Is 28:26; 2 Tm 3:16), sem deixar de acolher os necessitados, os injustiçados, os desprezados, etc. Quando deixam de fazê-lo, isso não pode ser atribuído a Deus, mas deve sê-lo aos homens que não cumprem os mandamentos divinos. Estes se (pre)ocupam em produzir logorreias que desprezam a importância do Logos através de um fluxo palavroso cujo conteúdo é apenas uma cópia de verborragias alheias que igualmente desprezam o Verbo. Qual a culpa de Deus nisso? O homem desperdiça o que é precioso e Deus paga a conta! Cada vida humana é preciosa aos olhos de Deus e precisa ser cuidada. Quem tem negligenciado esse cuidado e em nome do quê? Assim, descobrem-se coisas muito mais importantes a serem feitas do que guerras de letras: “a letra mata” (2 Co 3:6).

Analisando o Primeiro Livro de Samuel – capítulo dezoito, versículos um ao quatro; capítulo vinte, versículos três e quarenta e um – em conjunto com o Segundo Livro de Samuel – capítulo um, versículos vinte e cinco ao vinte e seis –, considerando a equivalência textual entre ambos, explica-se o que parece não estar claramente evidenciado:

E sucedeu que, acabando ele de falar com Saul, a alma de Jônatas se ligou com a alma de Davi; e Jônatas o amou, como à sua própria alma. E Saul naquele dia o tomou, e não lhe permitiu que tornasse para casa de seu pai. E Jônatas e Davi fizeram aliança, porque Jônatas o amava como à sua própria alma. E Jônatas se despojou da capa que trazia sobre si, e a deu a Davi, como também os seus vestidos, até a sua espada, e o seu arco, e o seu cinto. Então Davi tornou a jurar, e disse: Mui bem sabe teu pai que achei graça em teus olhos; pelo que disse: Não saiba isto Jônatas, para que se não magoe; e, na verdade, vive o Senhor, e vive a tua alma, que apenas há um passo entre mim e a morte. E disse Jônatas a Davi: O que disser a tua alma, eu te farei. E, indo-se o moço, levantou-se Davi da banda do sul, e lançou-se sobre o seu rosto em terra, e inclinou-se três vezes; e beijaram-se um ao outro, e choraram juntos, até que Davi chorou muito mais. Como caíram os valentes no meio da peleja! Jônatas nos teus altos foi ferido. Angustiado estou por ti, meu irmão Jônatas; quão amabilíssimo me eras! Mais maravilhoso me era o teu amor do que o amor das mulheres. (BÍBLIA SAGRADA, 1995, p. 303, 305, 307, 319)

Os adeptos da Teologia Inclusiva admitem que não se pode comprovar as conjecturas levantadas acerca de um possível relacionamento sexual entre os personagens bíblicos Davi e Jônatas, mas se deixam seduzir pela conveniência da interpretação, respectivamente Silva:

No caso da história de Davi e Jônatas, essa virtualidade ocorre no cruzamento de posições sociais, Jônatas como um príncipe e Davi de um pastor de ovelhas a um guerreiro que viria a ser rei. Dois homens que se ligaram por uma conjuntura atípica, que engendraram uma aliança de gerações. Se de fato, eles incorreram na homossexualidade, não é cem por cento comprovado. Porém, a ambiguidade da narrativa e o desenrolar dos acontecimentos permitem aos adeptos da TI dizer que, sim. (SILVA, 2017, p. 6,7)

E Musskopf:

as narrativas sobre Jônatas e Davi e Rute e Noemi [..] são as mais proeminentes nessa área. Bastante anacronicamente, embora com indubitáveis ganhos em termos pastorais, essas personagens passam a representar a experiência homossexual na Bíblia […] parece haver uma crença no fato de que, se provarmos que Jônatas e Davi eram gays e Rute e Noemi eram lésbicas (categorias que só passaram a ser usadas no século XX), a participação de homossexuais nas igrejas estaria garantida (MUSSKOPF, 2010, pp. 260-261 apud MARANHÃO FILHO, 2016, p. 154).

Jônatas e Davi gozavam de uma profunda e sublime amizade que nasceu espontaneamente entre eles e não sucumbiu em meio às perseguições [Pv 17:17], permanecendo firme mesmo após a morte [2 Sm 9:7,13]. Este é um dos maiores exemplos de amizade existentes na Bíblia. Ambos encontraram reciprocamente a afeição que não vivenciavam em suas próprias famílias.

Os presentes que Davi recebeu de Jônatas simbolizavam um penhor ao voto de amizade entre eles; Davi, sendo pobre, deu o que possuía – amor e respeito; Jônatas deu bens materiais. Ao dar a Davi seus pertences como sua capa, suas vestes, sua espada, seu arco e seu cinto, Jônatas transferia para David o direito de sucessão ao trono do seu pai, como uma antevisão do porvir. Classicamente falando, “A Ilíada de Homero” (VI. 230) apresenta um evento parecido entre Glaucus e Diomedes ao trocarem mutuamente roupas e armas. Hodiernamente, é também muito comum jogadores de futebol trocarem camisas ao término das partidas.

Antes de ser perseguido por Saul, este fez de Davi um escudeiro e Jônatas deu-lhe as armas. A capa simboliza proteção; a armadura simboliza segurança; a espada simboliza eficiência; o arco simboliza poder; o cinto simboliza amizade. Quando Davi passou a ser perseguido por Saul, pai de Jônatas, este atuava como aliado de David.

Surge, aqui, a chave de ouro que fecha definitivamente as portas conjeturais relacionadas ao tipo de amor que envolvia esses dois personagens bíblicos masculinos, dois amigos: “A alma de Jônatas se ligou com a alma de Davi” (1 Sm 18:1). “Se ligou” – Modo Indicativo do verbo “ligar” (pronominal) no tempo Pretérito Perfeito. “Ligar”, equivalendo a “Unir” ou “Atar”, indicando um estado permanente: o verbo hebraico נִקְשְׁרָה /NIQËSHËRÅH/ (Bíblia Hebraica Transliterada, 2020, 1 Sm 18:1) tem como melhor expressão o verbo pronominal “aglutinar-se”.  Em Gênesis 44:30 – “Agora, pois, indo eu a teu servo, meu pai, e o moço não indo conosco, como a sua alma está ligada com a alma dele,” encontra-se igualmente o amor entre dois personagens masculinos, pai e filho, Jacó e Benjamim. “Está ligada” – Modo Indicativo do verbo “estar” (verbo de ligação, não nocional ou copulativo) no tempo Presente, formando o Predicativo do Sujeito, indicando estado permanente: (empregando o mesmo verbo hebraico de 1 Samuel 18:1) קָשׁוּר /QËSHURÅH/ (Bíblia Hebraica Transliterada, 2020, Gn 44:30) “aglutinar-se”. A união de almas através de afeição profunda era conceito tipicamente hebreu (sentimento como o de Moisés pela nação em Êxodo 18:18).

Quem já não viveu a excelência de um amor fraternal que ultrapassa a extensão de um amor   romântico?   É   desse   tipo   de   amor   que   esses    versículos    tratam.   Parece mesmo que esse fato bíblico do amor entre dois amigos, ocorreu na história de servos de Deus para que estando registrado para leitura em tempos vindouros, em sua onisciência, Deus providenciou todo este acontecimento para dar à humanidade a oportunidade de manifestar seus pensamentos e interpretações que variam de mente para mente, de acordo com que carregam em seus corações; tudo o que pensam e tudo o que interpretam é reflexo do seu interior, como diz Jesus: o que contamina o homem não é o que entra pela boca, mas o que sai, pois o que sai pela boca provém do coração.  Consta na Bíblia as seguintes orientações: “Examine-se o homem a si mesmo (1 Co 11:28) e “Vê se há em mim algum caminho mau” (Sl 139:24). Romanos 14:22 declara que é feliz aquele que não se condena naquilo que aprova. Portanto, se após fazer uma exegese, qualquer interpretação anterior incomodar, isto denota uma autocondenação do intérprete. É sabido que existe a grande possibilidade de relacionamentos profundos entre pessoas do mesmo sexo sem que haja envolvimento sexual. Porém, parece que alguns manifestam um grande interesse em passagens como estas a fim de corroborarem seus próprios comportamentos e atitudes como que sendo abençoados por Deus por constarem da Bíblia como também Rute e Naomi; contudo, é preciso lembrar que há um relacionamento profundo também entre o homem e Cristo, e, dessa forma, torna-se mais fácil compreender que, em vez de se considerar estes tipos de relacionamentos como baseados em sexo, pode-se encará-los como sendo relacionamentos entre homens (pessoas de ambos os sexos) piedosos.

Interpretações são livres e, na maioria das vezes, coadunam-se com convicções ou conveniências, tornando-se, nesse caso, tendenciosas.

Com efeito, essa leitura inclusiva além de desconstruir as interpretações hegemônicas sobre as homossexualidades, também busca identificar e positivar possíveis exemplos de indivíduos homossexuais na narrativa bíblica. É neste sentido que a história de Davi e Jônatas ganha novos tons e contornos. Segundo Feitosa, a teologia inclusiva propõe “uma revisão criteriosa sobre o que diz a Bíblia acerca” da homossexualidade. Promovendo “o encontro entre minorias sexuais e as Escrituras, construindo um sentimento de afirmação e empoderamento no coração daqueles que se sentem excluídos da Bíblia ou condenados por ela” (SILVA, 2016, p.2).

Pelo que se entende, a Bíblia é o que está escrito desde que começou a ser escrita por homens inspirados por Deus. Eis, no entanto, que surge uma teologia inclusiva que defende uma bíblia inclusiva que surge “em favor de uma determinada classe de pessoas” – “motivo justo” –, mas exclui determinados textos da Bíblia original ou os explica segundo o que julgam ser um entender criterioso, mas por que não dizer tendencioso porquanto correspondente às próprias conveniências? Uma nova bíblia que inclui conceitos humanos, mas exclui preceitos divinos, i.e., buscam desconstruir o significado do que está evidenciado segundo o que o próprio autor quis significar em favor de uma construção semântica a posteriori que se coadune com seus objetivos pessoais. Uma situação paradoxal, contraditória.

A Teologia Inclusiva (FEITOSA, 2011), ramo da teologia tradicional voltado para a inclusão não apenas de pessoas homossexuais, mas também de categorias socialmente estigmatizadas como negros e mulheres, defendendo que “todos os que compõem a diversidade humana, seja qual for, têm livre acesso a Deus por meio do sacrifício de Jesus na cruz”. Defende que todos devem ser aceitos independentemente de orientação sexual de modo que não sejam marginalizados pela sociedade, especificamente no contexto religioso; requer uma teologia que contemple a necessidade de aceitação por parte das religiões, especialmente o cristianismo. No tocante à “aceitação”, busca sua defesa na frase bíblica, tanto veterotestamentária quanto neotestamentária, “Deus não faz acepção de pessoas”, que se encontra em: Dt 10:17; 2 Cr 19:7; At 10:34; Rm 2:11; Ef 6:9; Cl 3:25; Tg 2:9; 1 Pe 1:17. Quanto ao termo “Acepção”, do grego “προσωποληψια” /prosopolepsia/, este denota favoritismos, exibição de tendências, preferência condicional, aspecto discriminatório, parcialidade no tratamento com pessoas. A verdade é que quem faz distinção entre as pessoas é a própria sociedade e não Deus. A pregação do evangelho é para todos que reconhecem a necessidade de conhecer Cristo, o Logos encarnado, a Palavra, a que deve ser crida e obedecida. Portanto, se uma pessoa professa sua fé em Cristo, ela se faz participante de seu plano de salvação e se enquadra naquele contexto da imparcialidade divina.

Adeptos da teologia inclusiva costumam confundir esta noção de não-acepção divina quanto à questão da homossexualidade citando o eunuco etíope (Jr 39:16-18) como exemplo de homossexual que foi salvo por Deus. A falha interpretativa recai no ponto do mal-entendido quanto à ação de “adoção”, ou seja, o texto deixa claro nas palavras finais do referido capítulo que o eunuco recebeu a salvação divina devido ao relacionamento espiritual dele com Deus independente de sua origem étnica, provando que Deus não faz acepção de pessoas quanto a nacionalidades; o texto nada tem a ver com questão de homossexualidade pelo simples fato de aquele personagem ser um eunuco.

Há, portanto, uma deturpação de significados com relação aos textos bíblicos visto que Deus derrama seu amor e sua graça sobre todos de modo que não venham a ser rejeitados por ninguém. Contudo, Deus oferece sua salvação a todos, ensinando-os a deixarem suas paixões mundanas e devotando-se a ele (Tt 2:11,12), arrependendo-se de seus pecados (2 Pe 3:9). Explicando: Deus ama a todos sem distinção e, por isso mesmo, ninguém tem o direito de renegar o outro visto que ele sendo Deus não o faz. Deus não rejeita uma pessoa, o ser humano, tampouco ensina líderes religiosos a fazê-lo visto que a obra salvífica de Cristo é para todos (1 Tm 2:4) – homossexuais, etc. –, frise-se, todos os que reconhecem Cristo como Salvador e permanecem nele, ou seja, arrependem-se de seus pecados uma vez que os reconhecem como pecados (se não houver reconhecimento de pecado, não há como haver arrependimento de pecado, e para estar com Cristo é preciso confessar pecados para receber libertação e salvação; caso contrário, não significaria estar com Cristo. Mas estar com Cristo ou estar na Igreja de Cristo seria, então, apenas uma mera conquista social, uma mera vitória derrotar o que supõem serem ideologias humanas fundamentadas na teologia clássica? O que isso tem a ver com fé em Deus, com o verdadeiro cristianismo?) e passam a obedecer aos seus princípios revelados escrituristicamente. O homem não pode fazer acepção de pessoas porque não pode julgar ninguém, e Deus que pode julgar a todos não faz acepção de pessoas porque quer salvar a todos, e, para isso, dá-lhes a oportunidade do arrependimento.

Todavia, nem todos querem a salvação (isso é de responsabilidade do homem e não de Deus) porque isso implicaria em metanoias referentes a questões seculares às quais estão, especificamente, atrelados física e emocionalmente, em detrimento da metanoia referente a questões divinas que envolve santidade – quem quer ser santo como Deus (1 Pe 1:16); quem está disposto a resistir aos chamados da carne; quem está disposto a abandonar os próprios desejos a fim de satisfazer o desejo de Deus? A metanoia voltada para Deus é bem ilustrada a partir de um versículo-chave que esclarece o tema da predestinação da salvação: “os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho” (Rm 8:29): “conformes à imagem de Jesus, i.e., sem pecados, obediente até a morte; quem quer obedecer em troca do próprio sofrimento? Quem está apto a ser como Cristo, ou pelo menos tentar sê-lo? Quem, pelo menos, busca todos os dias fazer as coisas de acordo com a direção de Jesus? Quais são os direcionamentos de Jesus no tocante à homossexualidade? Quem está, de fato, interessado em corresponder a isso? Quem quer se aplicar às palavras bíblicas de Ezequiel (18:21,22) sobre a conversão de pecados (desde que assumidamente reconhecidos) sob a égide da guarda de estatutos bíblico-cristãos ao agirem de acordo com a retidão divina? O que é retidão divina? Seria ela projetada por homens de acordo com temporaneidades e culturalismos? Seria Deus assim um ser tão limitado, contradizendo todos os atributos relacionados a ele no contexto pleno das Escrituras Sagradas? Se assim o é, então a Bíblia toda é uma mentira, e se é uma mentira, por que o desejo de manter apenas uma parte dela, modificando as demais? Por que não se desfazer dela completamente e criar uma bíblia totalmente nova com um deus que acompanhe as novas mentalidades a cada nova era – um Deus mutável, finito, limitado, progressivo?

Fazendo uma exegese dos referidos versículos acima, depreende-se que Deus não atua desta maneira, seja no tocante à raça – branca, negra etc.; seja no tocante ao sexo – masculino e feminino; seja no tocante à idade – crianças, jovens ou idosos; seja no tocante a status social – pertença, poder e prestígio, segundo os três P’s da sociologia de Max Weber que concebia as hierarquias sociais conforme os setores social, político e econômico. No entanto, a sociedade comete o “sacrilégio” da distinção entre os seus sujeitos sociais. Todo caminho do homem é reto aos seus olhos, mas Deus sonda o seu coração (Pv 21:2). A parcialidade humana é incompatível com a imparcialidade de Deus visto que o julgamento resultante de ambas possui bases divergentes: a primeira visa uma preferência, uma predileção, um favoritismo, o que não se coaduna com o atributo da moralidade divina; a segunda é justamente um dos atributos morais de Deus. Sendo assim, Deus não vai julgar uma pessoa por essas qualificações, mas pela sua relação com ele, pois ele sonda a mente e o coração (1 Sm 16:7; 1 Cr 28:9; Jr 32:19; Rm 2:6; 8:27; Ap 2:23). E o que isto significa? Uma mente e um coração voltados para Deus revela o interesse e a disposição em seguir os preceitos divinos conforme preconizado biblicamente; ou seja, manifestam a busca pela obediência através do conhecimento do texto bíblico. Conclui-se, portanto, que para haver comunhão com Deus é necessário que, antes, haja uma pré-disposição para seguir seus direcionamentos em prática obediente (Êx 15:26; 19:5; 20:20; Dt 4:2; 6:1,2; 10:12,13; 1 Sm 15:22; Ec 12:13; Jr 7:23; Mt 22:37; Mc 12:33; Hb 10:9).

A base da Teologia Inclusiva está em Atos 10:34 e 35 que diz que Deus não faz acepção de pessoas. No texto em questão vemos a salvação de um etíope eunuco, os mesmos são considerados pela Bíblia como os sexualmente excluídos e são considerados por muitos como os homossexuais da antiguidade. A Teologia Inclusiva visa a inclusão de todas as pessoas no evangelho de Cristo, uma vez que o mesmo é inclusivo. (LIMA, 2015)

Inclusão seria sinônimo de salvação? Qual é, de fato, o real interesse da inclusão? Zibordi (2012) assevera que a interpretação da Bíblia e a estratégia de evangelização do movimento chamado “teologia inclusiva” ou “igreja inclusiva” são uma aberração à luz das Escrituras, e cita Lanna Holder, pastora na igreja Cidade de Refúgio, a primeira pastora brasileira a declarar sua homossexualidade, como autointitulando-se ex-homossexual e ex-heterossecxual, cuja “eisegese” ou “exegayse” acerca do Evangelho pregado por ela – “evangaylho” –, cria um falso evangelho baseado numa releitura do texto sagrado, atribuindo novas definições às históricas interpretações dos textos que tratam do pecado da homossexualidade.

Releituras, desconstrução, reconstrução do texto sagrado não encontram respaldo bíblico que garanta suas teses. Em “Talar Rosa”, Musskopf apresenta o posicionamento do conselho da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil referente ao Ministério Eclesiástico e Homossexualidade. A frase em destaque a seguir esclarece a indefinição ou imprecisão de eventos bíblicos corresponderem a práticas de homossexualidade, apesar de, nas linhas posteriores, acentuar a importância do amor às pessoas homossexuais, o que, logicamente, está fora de contestação. “Não há, entre os especialistas, um consenso absoluto nem na ciência quanto à natureza da homossexualidade, nem na interpretação bíblica daquelas passagens que fazem alusão à homossexualidade. Tampouco há na IECLB ainda esse consenso”. Mais adiante, no último item da lista de posicionamentos consta o seguinte esclarecimento com relação a pessoas homossexuais que buscam espaço na Igreja, pretendendo ressignificar o Talar preto, desconstruindo-o e reconstruindo-o em rosa, ou seja, como que revelando uma incompatibilidade de sua experiência homoafetiva com um modelo que chamam de heterocêntrico no que concerne à esfera eclesiástica:

Não negamos que pessoas homossexuais, que vivem a sua condição sem causar escândalo, podem realizar um trabalho abençoado na comunidade, ao colocarem a serviço do Evangelho os dons que Deus lhes deu. Mas constatamos também que, no momento atual da Igreja, não há condições de uma pessoa homossexual praticante assumir o exercício público do ministério eclesiástico na IECLB. (MUSSKOPF, 2004, p. 191)

Além disso, o presente estudo é relevante no sentido do alcance das massas em abrangência mundial, pois a questão levantada é universal. Há um número-sem-fim de pessoas sofrendo com suas atuais circunstâncias de vida, tomando rumos que poderão saciar seu ego, mas nem sempre poderão satisfazer suas reais necessidades que lhe permitem atingir o objetivo de autocomprazimento ontológico-sociocultural-religioso. Através desta pesquisa, pretende-se que elas possam alcançar um entendimento independentemente de quererem segui-lo ou não, mas pelo menos chegarão ao entendimento do porquê das bases favoráveis e desfavoráveis ao seu estilo de vida concernente, especificamente, à sua orientação sexual no que tange à esfera religiosa, mais particularmente à visão correspondente da Igreja, capacitando-as ao conhecimento inteligível acerca do assunto que afeta suas vidas e ao entendimento do que deve ser feito para poder viver uma vida de qualidade, principalmente no âmbito bíblico-religioso no qual a pesquisa se baseia.

3. INTOLERÂNCIAS BILATERAIS

“Não há limite para a produção de livros” (Ec 12:12).

Não há limite para se aprofundar em estudos que venham a servir de auxílio para a humanidade visto que busca sua inclusão em todos os setores sociais independente de suas circunstâncias de vida. O fenômeno sociocomportamental da homossexualidade e afins reflete a luta dessa classe por direitos que crê possuir, e, logicamente, tem-nos. Isso no que se refere às incompreensões e intolerâncias que se levantam contra ela. Essas se dão em vários setores da vida em sociedade, mas nos ateremos aqui especificamente ao religioso no que tange às questões bíblico-exegéticas e socioeclesiásticas.

É mister que haja idoneidade exegética para apresentar defesas de interpretações bíblicas, i.e., as interpretações bíblicas devem se coadunar com todo o contexto escriturístico visto que a palavra divina está toda concatenada, uma passagem se ligando a outra passagem como ocorre na referência cruzada; isto, por si só, já demonstra a credibilidade do texto bíblico que apresenta confirmações e esclarecimentos afins.

Parece que a Bíblia Sagrada oferece textualmente meios de libertação, cura, provisão etc., independentemente de pregações em templos, igrejas. Mas parece, também, que isso envolve fé, uma questão que não está em discussão aqui, necessariamente, podendo, porém, ocorrer, conforme a necessidade concernente a determinados assuntos. Especificamente na área do conhecimento das Ciências das Religiões é preciso que haja um compromisso com os objetivos a serem alcançados mediante aspiração por um senso de justiça e de verdade em torno de toda a temática em desenvolvimento. O objetivo maior não é questionar teses defendidas em favor da homossexualidade em contraste com preceitos bíblico-religiosos com o intuito de afrontá-las, tampouco repudiar suas qualidades filosóficas ou religiosas, e muito menos refutar seus ideais sociológicos, mas focar no motivo da pesquisa que é conhecer os fundamentos eclesiásticos que negam a homossexualidade em seu seio. E, após conhecê-los, compará-los àqueles argumentos e novas interpretações propostos a fim de avaliar sua credibilidade, e, se confirmada, prosseguir para a sua aceitação nos ambientes e meios pertinentes.

Nesta área do conhecimento, que mantém inter-relações com outras áreas da vida, podem- se encontrar meios pragmáticos que venham a colaborar com a expectativa de apoio à sociedade como um todo assim como a cada indivíduo separadamente dentro de uma coletividade seja laica ou religiosa. Temas como este em andamento normalmente pendem para um indício de característica universalmente religiosa, além da social, porque envolvem princípios espirituais além dos naturais, e o cientista da religião tem a capacidade de reconhecer os traços comuns entre estes e aqueles e administrá-los em favor de soluções práticas em meio às metodologias pertinentes que podem corroborar suas teses.

As Ciências das Religiões permitem que outras ciências sociais e psicológicas estabeleçam relações entre si e isso favorece estudos mais apropriados e eficazes para o bem da humanidade. Aristóteles disse que “o homem é por natureza um animal social”, pois ele possui instintos ou pulsões que ele mesmo não sabe explicar, e é deste animal humano que estas ciências se encarregam de estudar e esclarecer seus aspectos mais reclusos como ponto de partida para o perfeito entendimento de sua estrutura tríplice: corpo, alma e espírito.

Brito (2006) indaga sobre como se explica a existência do homem atual com as suas discórdias, com as suas perfídias, com a sua fraqueza, com as suas misérias; como se explica a sociedade atual, onde a vida é uma mentira, uma burla, um mal para o homem, e no fundo das coisas, um nada. Tudo isto quer dizer: a sociedade é imperfeita; mais do que isto: a sociedade é imperfeitíssima, a sociedade é a maior das imperfeições; numa palavra: a sociedade é o império do mal. De acordo com essa proposição, que esperança haveria para a humanidade se não fossem as elucidações científicas e religiosas que surgem para o homem natural ou espiritual?

Destarte, urge que se estudem ambos os lados da situação-problema. Para tal, faz-se necessário recorrer às fontes correlatas dessa dialética em que se busca a fidedignidade das proposições apresentadas em que uma das partes provará sua correção e, consequentemente, sua assunção deverá ocorrer por ambas as partes, ocasionando a devida conciliação e término das contradições. Essas fontes, no entanto, têm a ver com autores cujas obras estão intimamente ligadas a essa temática específica de que trata a pesquisa, considerando a diversidade bibliográfica, física e virtual, concernente a cada parte:

a) Apologética cristã;

b) Bíblias;

c) Concordâncias e comentários bíblicos;

d) Defesa homossexual;

e) Livros e dicionários teológicos;

f) Livros/e-books elucidativos;

g) Manuais bíblicos;

h) Notícias em jornais, revistas, redes sociais;

i) Sites

Como o assunto envolve Igreja, tudo o que está relacionado a ela é de suma importância para este estudo: seu livro-base, suas doutrinas, seus dogmas, seus ritos etc. Isso vale igualmente para a questão da Homossexualidade neste âmbito religioso. Logo, é interessante conhecer os mecanismos de atuação da igreja em conjunto com os aspectos socioculturais hodiernos como o caso da luta pelos homossexuais de pertencerem a uma igreja sem sofrer quaisquer discriminações. Primeiramente, então, pergunta-se: o que é Igreja?

IGREJA – [Do heb. qahal, assembleia do povo de Deus; do gr. ekklesia, assembleia pública] Organismo místico composto por todos os que, pela fé, aceitam o sacrifício vicário de Cristo, e têm a palavra de Deus como a sua única regra de fé e conduta (Ef 5:30-33). No Novo Testamento, o mesmo termo aplica-se ao ajuntamento dos fiéis, num determinado lugar, para adorar a Deus, fortalecer a comunhão cristã e desenvolver o serviço cristão (Fm 2). (ANDRADE, 1998, p.182)

Dever (2007) entende que, segundo o Novo Testamento, a igreja é um corpo de pessoas que confessam terem sido salvas apenas pela graça de Deus unicamente para sua glória e por meio da fé em Cristo e é para os crentes que receberam de Deus o novo nascimento e que se reúnem em uma comunidade pactual. Infere-se dessas definições que a Igreja possui elementos primordiais inseridos em si que formam o seu todo (em consonância, ainda, com outros elementos não citados aqui), como: fé, aceitação do sacrifício de Cristo, as Escrituras Sagradas como regra de fé e conduta, congregação de fiéis, comunhão e obra cristãs, salvação pela graça de Deus, novo nascimento, comunidade pactual.

Em segundo lugar, pergunta-se: o que é Homossexualidade? O termo tem sua origem no grego antigo ὁμός (homos) – igual, + latim sexus – sexo, + -dade – sufixo nominal que exprime estado ou qualidade, e é atribuído à condição de um ser humano, ou mesmo de certos animais, no tocante à sua atração física e/ou emocional por outro do mesmo sexo ou gênero que o caracteriza como homossexual. A respectiva palavra homossexual foi usada pela primeira vez em 1869 pelo escritor austro-húngaro Karl Maria Kertbeny ao intentar combater o parágrafo 143 do Código Penal prussiano que criminalizava essa prática sexual, a qual ele defendia como condição inata e natural (Teixeira Filho, 2011). Em contrapartida, Szklarz (2016) diz que “apesar de a ciência estar caminhando para a noção de que a homossexualidade é inata, a biologia não é completamente determinante”, e endossa sua afirmação citando as palavras da psiquiatra Carmita Abdo para quem a predisposição para a homossexualidade se manifesta ou não dependendo das experiências de vida da pessoa. Igualmente Malott (1996 apud Mizael, 2018, p.18) afirma que “os papéis sexuais e estilos comportamentais são aprendidos via contingências de reforçamento e punição” com o que concordam Silva e Menandro (2019): “a homossexualidade, segundo as perspectivas pastorais evangélicas, é uma antinatureza, um problema espiritual e, sobretudo, trata-se de um comportamento aprendido”. Esse entendimento corresponde ao posicionamento de GotQuestions (2017) sobre uma pessoa se tornar homossexual por causa do pecado (Rm 1:24-27) e pela própria escolha visto que “Deus não cria a pessoa com desejos homossexuais” e que “a pessoa pode nascer com grande tendência à homossexualidade”.

Entende-se, a partir dessas definições, que uma pessoa (um ser) homossexual é aquela que manifesta atração sexual, física, afetiva, e espiritual, por outra do mesmo sexo cujo comportamento pode ter sido aprendido ou ter outras possíveis causas. Contudo, as possíveis causas da homossexualidade não é o que se busca tratar neste artigo. De acordo com as colocações acima, pretende-se introduzir a questão da relação entre Igreja e homossexualidade, apresentando suas definições e alguns posicionamentos embutidos. Essas citações brevemente apresentam aspectos etimológicos, científicos, bíblicos, que são uma prévia das colocações norteadoras deste artigo. Tudo o que é relevante no que tange ao presente tema deve ser investigado, levando-se em consideração as premissas de prós e contras, de modo imparcial, referentes às posições em destaque na presente dialética: Homossexualidade/Igreja. Frise-se que o objetivo aqui é buscar e confirmar as razões pertinentes às respectivas apologias apresentadas.

Em desacordo com as palavras de Musskopf (2008, p. 18), “Deus, nesta brincadeira com os processos de construção das identidades masculinas, tornou-se um ‘deus-graçado’” – substantivo que remete à ideia de que Deus é transformado pela graça do mundo (ou ainda poderia significar segundo a ótica dos demais olhos interpretativos, um Deus desgraçado ou um Deus engraçado; contudo, ao se redizerem as Escrituras Sagradas, “Não erreis: Deus não se deixa escarnecer” (Gl 6:7), veem-se confrontados dois argumentos contraditórios que denotam a inexistência de um consenso, entre a colocação musskopfiana e a exortação bíblica, na busca pela transformação da realidade a partir da fé, tendo a Bíblia como instrumento desta transformação (MUSSKOPF, 2008), uma transformação social que surge de um contexto homossexual-gay-queer. Bíblia como instrumento! Instrumento de transformação que previamente sofreu transformação, ou seja, para transformar precisou primeiro ser transformada a fim de se adequar à transformação.

Essa teoria do “Deus-graçado num mundo em transformação” fomenta o entendimento errôneo a partir do projeto “A graça do mundo transforma deus”, organizado por Nancy Cardoso, Ela Eggert e Andre S. Musskopf como contribuição para a discussão proposta pelo Conselho Mundial de Igrejas (CMI) em sua IX Assembleia em Porto Alegre cujo tema foi “Deus, em tua graça, transforma o mundo”. Segundo Musskopf (2009, p. 33), a proposta afirma o direito (e a necessidade) de recusar as vírgulas, aproximar deus do mundo, descolonizando-o e revisitando suas imagens que normatizam relações feridas, e afirma a graça a partir de movimentos de transformação e recriação. Graça como sinônimo de chiste, gracejo, entra em contradição com o princípio do dom da graça como sinônimo de dom sobrenatural como meio de salvação que pertence a Deus, e não ao mundo, pois que o mundo não possui o dom da graça, e, por isso mesmo, a proposição se torna ineficaz para causar a transformação de Deus (Hb 13:8).

Na realidade, isto prevê não uma continuidade da construção teológica como sugestionado – “um caminho libertador para pessoas discriminadas e excluídas por causa de sua orientação sexual ou identidade de gênero” –, mas uma descontinuidade desta construção porque não baseada na teologia tradicional cujos discursos consideram hegemônicos heterocêntricos, mas numa teologia que, apesar de dignamente se posicionar contra princípios excludentes enraizados na sociedade que nada têm a ver com os princípios divinos, antagoniza estes últimos ao utilizar a própria abordagem queer como “provocação”, não apenas contra as limitações das análises de gênero que inviabilizam a homocultura conforme preconizam, mas contra o que consta naquela teologia que pretendem “(des-)continuar”, i.e., doutrinas e princípios bíblicos cujas explanações teológicas parecem não se coadunarem com aquela transformação desejada.

Por exemplo, o personagem central da obra “Via(da)gens Teológicas” (MUSSKOPF, 2008, p. 26) é um veado cujos elementos constitutivos servem para mostrar que a teologia que pretendem construir a partir de itinerários queer que articulam religiosidade e sexualidade não pode ser feita a não ser como via(da)gem. E o que vem a ser viadagem? A sílaba –da acrescida ao substantivo “viagem” insere um novo sentido ao termo inicial: uma construção de identidades sexuais a partir de itinerários que a nova teologia deverá percorrer que terminam por evidenciar uma teologia queer que, entre outros pontos, se baseia em histórias sexuais que apresentam um “novo jeito de fazer e de pensar” baseada na ambiguidade do ser e do fazer como fenômeno de resistência ao que se entendem por antídoto contra absolutismos e fanatismos, propondo que ela seja uma condição básica do homem, da igreja, da vida, da teologia; no entanto, não há ambiguidade em nenhum desses elementos; não há “ambiguidade na constituição da identidade (sexual e religiosa)”. Ambiguidade é sinônimo de dúvida, de incerteza, de sentido variado. Como pode algo que expressa um caráter de incerteza servir como princípio epistemológico para articular temas de discussões diversas? Ela pode até ser usada como fenômeno de resistência para não responder e fornecer uma solução plausível, mas tão somente para tentar desconstruir qualquer força contrária. Que benefício há nisso? Que resposta elucidativa? Que ciência, fundada sobre princípios incertos?

Justamente nesse ponto, não se pode classificar o ser humano como um ser ambíguo. Uma pessoa ambígua tem algum transtorno psicológico haja vista o ser humano não ser essencialmente bipolar, pois a manifestação de bipolaridade é reflexo de uma psicopatologia, algo não intrínseco à natureza humana, mas o resultado de alguns condicionamentos humanos; portanto, a ambiguidade relaciona-se ao estado e não ao ser.

O homem não possui dois caracteres como bom e mau, simultaneamente – ele não é ambíguo, não vive num estado permanente de ambiguidade; o que de fato ocorre na vida humana é uma manifestação de emoções distintas que levam o homem a cometer atos bons e maus – “cometer”, e não “ser” –, sendo esses atos meras consequências de determinadas condições impostas ou sobrevindas a ele. Ilustrando, um bandido que tem um bom coração, mas manifesta um mau comportamento social; ele não é ambíguo, pois não é bom e mau – ele é bom, mas prática coisas ruins.

Por exemplo, meu avô Francisco Baptista Campello vivia em Ceará-Mirim onde, por um período, circulava Virgulino Ferreira da Silva, vulgo Lampião, o Rei do Cangaço, um dos maiores bandidos do Brasil, o Robin Hood do sertão brasileiro que se preocupava com os pobres e os ajudava. Certo dia, meu avô encontrou Lampião e lhe externou o desejo de participar de seu bando, ao que Lampião imediatamente respondeu: “Ô, guri, isso aqui não é lugar pra você, não; vai pra escola estudar; isto é o que você tem de fazer”. Lampião era um fora da lei que valorizava a educação visto que orientou meu avô contrariamente ao que ele lhe propunha quando poderia tê-lo aceitado no bando, dando-lhe as respectivas instruções sobre como se tornar um bandido e se tornar apto a fazer parte do bando; no entanto, ele queria o bem das crianças, ou seja, um bandido que seguia o caminho do mal, mas que ensinava o caminho do bem, pelo menos às crianças.

Biblicamente, não existe ser humano ambíguo: “Todos se desviaram do caminho certo” (Rm 3:12). Subentende-se, portanto, que todos pertenciam ao caminho certo; logo, todos eram corretos, em sua essência original, implicando nesta correção todas as demais qualidades correspondentes como bondade, perfeição, retidão etc. Todos eram tão somente corretos, sem ambiguidades. Todavia, após a queda espiritual relatada no Livro de Gênesis (3:6), o pecado que se revela no caráter humano e na conduta humana através de ações e palavras – dando ocasião a manifestações múltiplas de bem e de mal, de certo e errado, que sugere o entendimento de ambiguidade ontológica –, prova que nada de bom pode vir das pessoas, pois todos perderam aquela essência original e se afastaram do caminho correto, dando vazão a bifurcações morais e espirituais que fogem à direção que lhes foi traçada no início. Parece ser isto o que a Bíblia revela, que o homem foi criado bom, mas se desvirtuou no meio do caminho. Entende-se, por conseguinte, que o homem não é ambíguo por natureza; ele se torna ambíguo circunstancialmente, i.e., sua personalidade se molda ao se adequar a determinada ocasião ou condição – uma questão de estado e não de ser.

Vlahou (2007) cita Umberto Veronesi, oncologista, que cientificamente afirma: “O homem está perdendo suas características e tende a se transformar numa figura sexualmente ambígua, enquanto a mulher está se tornando mais masculina. Desta forma, a sociedade evolui para um modelo único”. Ou seja, o homem e a mulher não são sexualmente ambíguos, mas tendem a se transformarem nisto – estão perdendo suas características originais, assim como biblicamente se perderam no caminho: uma questão bíblico-científica. Depreende-se da assertiva do referido médico que para ser ambíguo por natureza tudo no homem deveria ser ambíguo, mas, no presente caso por ele explicado, não o é.

E, ainda, dicionaristicamente,

Quando falamos de ambiguidade, de que algo ou alguém é ambíguo, queremos dizer que essa pessoa ou circunstância não nos mostra suas verdadeiras características se não as esconde ou as deixa em claro. Isto pode ser uma decisão especialmente tomada (quando uma pessoa se mostra claramente ambígua em certas ocasiões dependendo de seu interesse e do público que apresenta) ou fortuitas (como por exemplo, quando uma situação é difícil de entender ou compreender em sua essência). A ambiguidade se aplica às pessoas que normalmente tem uma deixa de negatividade, pois significa que o indivíduo em questão não é totalmente honesto ou sincero e que esconde seu verdadeiro ser através de diversas facetas, expressões ou formas de pensar (Editorial Que Conceito, 2005-2019).

conceituando o termo, “A ambiguidade se aplica às pessoas que (…)”, subentende-se que a ambiguidade é uma condição que se aplica especificamente a certas pessoas, não a todas as pessoas; trata-se de uma condição que não pode ser generalizada. Logo, mais uma prova de que o ser humano não é um ser essencialmente ambíguo. Não se pode confundir “ser” com “estar” ou “tornar-se”. Além disso, este presente texto, de onde se destaca que “o indivíduo esconde seu verdadeiro ser”, está em consonância com o texto bíblico (Gn 3:10 – o mesmo capítulo citado acima referente à queda do homem) onde o homem declara “escondi-me”; na ambiguidade, o homem esconde seu verdadeiro ser, apresentando, assim, uma das faces que oportunamente se manifesta, escondendo uma essência real caracteristicamente sua.

Conclusão: o homem não é ambíguo como pretendem ou sugestionam que seja.

Dada esta resposta, voltemos ao assunto sobre o termo utilizado no título da obra acima referida: Via(da)gens (…). Este substantivo, em sua forma original – Viadagem –, cuja sílaba -da encontra-se entre parênteses (considerando o sentido pretendido de “viadagens” indispensável à obra porquanto enfático para sua temática, do que se subentende a intenção do autor de significar “Viagens”, dado o contexto da obra que retrata as viagens teológicas em território latino-americano, apresentando situações raramente estudadas pela teologia tradicional concernentes à classe LGBTTI, só foi encontrado no Dicionário Informal com as seguintes definições: por Atoabh (2007) – “Atitudes que conotam homossexualidade”; por Tavares (2014) – “Comportamento afeminado de certos homens. O mesmo que veadagem”; por Chini (2014) – “Comportamento afeminado de homem homossexual”. Confrontando “Veadagem”: Atitude de veado (homossexual masculino).

O termo “Viado”, do qual deriva o termo “viadagem”, igualmente, só aparece no mesmo Dicionário Informal, trazendo uma explicação extra e mais detalhada do termo em questão:

a) A origem da palavra viado, significando homossexual masculino, provavelmente vem de transviado;

b) Homem homossexual;

c) Palavra originada da redução da palavra transviado, aquele que transviou, mudou de uma via normal para uma outra para a qual não havia sido destinado. Assim viado é o homem que mudou de via sexual, homossexual;

d) Forma pejorativa de chamar homossexuais, o mais correto seria homossexual, ou

Confrontando “Veado”: Muitas pessoas confundem VEADO com VIADO. “Viado” é a redução de “transviado” (que saiu da via, do caminho) e é usado para designar os homossexuais masculinos. Já o “veado” é um animal. (sic)

Dessarte, “viadagem” é uma derivação do termo “viado”. Este último denota um ser (des)viado de um itinerário inicialmente proposto em face de um novo. Este desvio exige novos trajetos que, por sua vez, requerem alterações nos planos. Não haveria, portanto, como um “viado” (conforme descrição dicionarística acima) fazer viagens sem viadagens, como assevera Musskopf (2008, p. 26): “a teologia que se propõe construir a partir destes itinerários não pode ser feita a não ser como via(da)gem”, pois este atributo lhe é peculiar; não haveria como um “viado” (transviado) percorrer antigos caminhos dos quais já tem se desviado. Infere-se, daí, ser mister planejar, elaborar um novo caminho em uma nova direção. Logicamente o referido autor conhecia bem os termos e sabia de todas as suas implicações ao criar o título da obra; logo, ele se lançou a discorrer sobre o novo caminho teológico e a tratar de adaptá-lo a uma nova esfera teológica que inclui seres humanos “viados”, i.e., transviados – que se apresentam desviados da via normal, fora do caminho para o qual foram primeiramente enviados, conforme descrição acima –, e agora precisam ser reenviados para um novo caminho no qual não se sintam “viados” (transviados), mas introduzidos. Esse novo caminho proposto para essas pessoas encontra-se na teologia queer que na obra de Musskopf, por exemplo, dialoga com a pintura de Frida Khalo (1946), La venadita” ou “O veado ferido” – associando-o com a homossexualidade no contexto brasileiro, segundo Musskopf (2008, p. 5) –, que a representava, um veado frágil, indefeso e condenado ao martírio após ser ferido por caçadores em uma floresta; ele aparenta estar livre, mas na verdade se encontra em um labirinto de árvores que o aprisionam, impedindo sua fuga. Maribondo (2007), tenta explicar o termo “Veado”:

Etimologia: não há uma explicação satisfatória para o uso da palavra como tabuísmo para homossexual masculino, mas conta-se que nos tempos do Império, a partir de meados do século XIX, em praças do Rio de Janeiro, rapazes reuniam-se alegremente, formando bandos para, entre outros objetivos, atender os ricaços da época em busca de aventuras sexuais. Quando a polícia, que nunca foi muito chegada em veados, aproximava-se para coibir a caça, a moçada saía correndo aos saltos, como fazem seus homônimos cervídeos. Foi daí que surgiu a denominação que se fixou como um dos insultos mais populares do Brasil. (sic)

Dada esta conceituação, parece não ser muito favorável um trabalho riquíssimo em detalhes como a referida obra empregar um termo que é considerado como insulto, por mais que haja trabalhos artísticos e literários que o façam, mas chega a ter uma conotação pejorativa, não sendo muito apreciado o seu uso para defender teses de tamanha responsabilidade sociocultural.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Nota-se, em suma, que há uma necessidade de estudos bilaterais imparciais no tocante a esta temática. Neste artigo vislumbra-se a preocupação quanto à conceituação das bases para a refutação à homossexualidade na perspectiva bíblica, considerando os aspectos sociorreligioso, socioescriturístico, socioeclesiástico, conforme a necessidade, de modo que não sejam interpretações pessoais ou pontos de vista da pesquisadora a serem defendidos, mas que a mesma pretende apresentar o discurso bíblico em todo o seu respectivo contexto em conjunto com argumentos extrabíblicos, e mesmo seculares, a fim de avaliar os discursos referentes a ele quer sejam consonantes ou dissonantes a partir de argumentos que, precisamente avaliados, possam ser considerados pertinentes ou não. Para tanto, podem-se avaliar a) os argumentos bíblicos que elucidam as refutações à homossexualidade preconizadas pela Igreja que tem como instrumento religioso legal a Bíblia Sagrada, assim como dos extrabíblicos que mantêm uma relação de homogeneidade quanto àquele instrumento religioso. Isto será feito com o propósito de se chegar a um consenso unânime sobre se há bases escriturísticas concretas e precípuas para que a homossexualidade seja negada na Igreja; b) os argumentos dos apologistas do fenômeno da homossexualidade, que lutam pela sua inclusão no meio eclesiástico, levando em consideração o instrumento religioso legal da Igreja que é a Bíblia Sagrada em que pautam suas argumentações, entre outros. O mais importante é poder se chegar a um consenso unânime sobre se há bases escriturísticas concretas e precípuas para que a homossexualidade seja aceita na Igreja.

Há mister que se leve em consideração argumentos pró-refutação e antirrefutação a fim de dar continuidade ao desenvolvimento do propósito deste artigo que é elucidar o posicionamento referente à questão de gênero que se coadune plenamente com a tese bíblica (base regimentar da Igreja) no tocante à esfera da sexualidade humana. Há, portanto, a necessidade de se fazer um cotejamento dos argumentos sobre o posicionamento da Igreja no tocante à homossexualidade e o posicionamento de seus apologistas a fim de chegar a um consenso racional e lógico quanto àquilo que é desejável e aplicável em termos de pacificação e respeito a ambas as reivindicações no que tange aos respectivos direitos e deveres, ou melhor aplicando os termos, de como se manifestarem, responsável e conscientemente, em face de suas respectivas condições de aplicação.

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[1] Doutoranda em Educação Superior, Mestre em Ciências das Religiões, Especialista em Docência Superior, Especialista em Tradução, Bacharel em Teologia, Bacharel e Licenciada em Letras.

Enviado: Setembro, 2020.

Aprovado: Fevereiro, 2021.

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Mônica Conte Campello

Uma resposta

  1. Se uma lesbica se arrepender pedir perdão a Deus de todo coração ela pode ter a salvação

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