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Cuidado Do Enfermeiro Junto A Pacientes Com Insuficiência Renal Crônica: Um Estudo Bibliográfico

RC: 80431
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CONTEÚDO

REVISÃO BIBLIOMÉTRICA

SENA, Daiane Vilas Boas De [1], BARBOSA, Hayana Leal [2]

SENA, Daiane Vilas Boas De. BARBOSA, Hayana Leal. Cuidado Do Enfermeiro Junto A Pacientes Com Insuficiência Renal Crônica: Um Estudo Bibliográfico. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano 06, Ed. 03, Vol. 13, pp. 57-71. Março de 2021. ISSN: 2448-0959, Link de acesso: https://www.nucleodoconhecimento.com.br/saude/renal-cronica

RESUMO

Sob a perspectiva da saúde pública, verifica-se que a doença renal se encontra entre os grandes problemas enfrentados neste âmbito, visto que ela é responsável por uma elevada taxa de morbidade e mortalidade e vem causando um grande impacto negativo sobre a qualidade de vida das pessoas, no que diz respeito à saúde. Desta forma, quando o paciente é diagnosticado com insuficiência Renal Crônica e, posteriormente, submetido ao tratamento hemodialítico, observa-se que essas sucessões causam uma série de situações ao paciente, que compromete o aspecto não só físico, como psicológico, com repercussão pessoal, familiar e social. Trata-se de um estudo bibliográfico que se caracterizou como uma pesquisa descritiva. Utilizou-se o banco de dados da Scielo e LILACS. Os resultados mostraram que os principais fatores de risco, estes estão normalmente associados a idade e outros problemas já apresentados pelo portador, tais como: a diabete melitus, a hipertensão arterial, uso de drogas nefrotóxicas, entre outros. Em relação as formas de tratamento o procedimento dialítico tem sido o suporte mais utilizado para ajudar os portadores de IRC. Observou-se que o enfermeiro tem um papel importante no processo de tratamento do paciente com IRC, desenvolvendo um processo de cuidar humanizado e integrativo desse paciente, com sua família e com os demais membros da equipe multidisciplinar em saúde, pois são estes elementos imprescindíveis para garantir a chance de sobrevida e melhora de qualidade de vida desses pacientes.

Palavras-chave: Hemodiálise, Insuficiência Renal Crônica, Cuidados de Enfermagem.

1. INTRODUÇÃO

O rim é um importante órgão de auxílio ao funcionamento do corpo humano, sendo o principal responsável pela excreção de subprodutos metabólicos, regulação do volume e composição do liquido extracelular, manutenção do equilíbrio ácido-básico e da pressão sanguíneas e estimulo para a produção de hemácias (ROMÃO, 2003).

A insuficiência renal crônica (IRC) é a perda total das funções dos rins por doença e não tem cura. Ela pode levar muito tempo para se desenvolver; conforme vai avançando, o mal estar geral e a sensação de cansaço e apatia vão se tornando cada dia mais frequentes e intensos, pois os rins não conseguem manter o equilíbrio do organismo, levando o portador à anemia, falta de apetite, hálito urêmico, edema (inchaço por acúmulo de líquido no corpo), problemas ósseos, hipertensão, etc. (NETO, 1998).

Ainda segundo o mesmo autor, as lesões renais podem ser agudas ou crônicas, ambas levam à insuficiência renal, ou seja, a condição na qual ocorre a diminuição das funções dos rins e caracteriza-se como aguda, quando há parada súbita das funções. As causas são diversas e sua recuperação depende da intensidade das lesões que afetaram o aparelho renal.

De acordo com Neto (1998), como a doença não tem cura, a possibilidade que se apresenta para os portadores de insuficiência renal crônica em relação à doença, não é a de curar, mas de se iniciar um tratamento. Em alguns casos para melhorar a função renal, em um primeiro momento, são feitas modificações na dieta alimentar e/ ou tratamento medicamentoso; caso essas medidas não sejam suficientes, o tratamento dialítico e/ ou transplante se farão necessários. Os tratamentos de diálise funcionam como substitutos das funções renais, eliminando as substâncias tóxicas, retirando excesso de água do organismo, atuando diretamente sobre o sangue.

A detecção precoce da doença renal e condutas terapêuticas apropriadas para o retardamento de sua progressão pode reduzir o sofrimento dos pacientes e os custos financeiros associados à DRC. É o encaminhamento aos médicos nefrologistas que podem ajudar a retardar a progressão da doença, prevenir suas complicações e direcionar os pacientes a uma terapia de substituição renal (ROMÃO, 2003).

Atualmente, a IRC é considerada um importante problema médico e de saúde pública. O gasto com o programa de diálise e transplante renal no Brasil situa-se ao redor de 1,4 bilhões de reais ao ano (Ministério da Saúde, 2006). Apesar do crescente aumento do número de usuários do serviço de diálise no Brasil, estima-se que cerca de 50% dos portadores de IRC ainda não possuem acesso ao tratamento dialítico (FILHO, 2006).

Ainda não existem dados confiáveis que possam retratar a real incidência e prevalência da IRC no Brasil. Segundo Lessa (1998) há uma dificuldade na obtenção do diagnóstico precoce e de estudos a respeito, visto que os dados existentes na área são baseados no estágio avançado da doença e em tratamento dialítico.

A hemodiálise é um procedimento que limpa e filtra o sangue, utilizando-se de um dialisador (filtro especial), que é conectado a uma máquina, muitas vezes denominada de “rim artificial”, pois executa as funções do aparelho renal. A indicação da diálise se dá quando a função renal medida por análises de sangue e urina começa a situar-se abaixo de 10% do normal (NETO, 1998).

O paciente com Insuficiência Renal Crônica requer um cuidado de enfermagem astuto para evitar as complicações da função renal reduzida e os estresses e ansiedade, a fim de poder lidar com uma doença com risco de vida. Portanto, este cuidado compreende a avaliação do estado hídrico e a identificação das fontes potenciais de desequilíbrio, a implementação de um programa nutricional efetivo, a fim de que a ingestão nutricional adequada seja assegurada, conforme os limites do regime de tratamento, e a promoção de sensações positivas, visando o encorajamento do paciente sobre o autocuidado aumentado e a maior independência. (SMELTZER;BARE, 2005).

A atividade educativa do enfermeiro com o paciente em tratamento dialítico foi descrita por Cesarino e Casagrande (1998), e foi evidenciado na mudança na qualidade de vida dos pacientes e desenvolvimento de uma consciência crítica em relação a situação.

Avaliando tais aspectos, este estudo propõe a responder ao seguinte questionamento: Como se dá o cuidado do enfermeiro junto a pacientes com insuficiência renal crônica através da literatura científica nacional?

Este estudo tem como objetivo geral, analisar como se desenvolve o cuidado de enfermagem ao portador de Insuficiência Renal Crônica segundo a produção cientifica brasileira. E como objetivos específicos: Identificar que fatores são abordados pelos autores como motivadores do aparecimento da IRC; e Relatar como se dá a atuação do enfermeiro na assistência a esses pacientes a partir dos relatos pesquisados.

Por ser uma doença de determinada gravidade e que envolve mudanças comportamentais e fisiológicas, dada a reação da paciente durante o tratamento, o acolhimento se torna muito importante, principalmente diante da necessidade de apoio e esclarecimentos de como lidar com a doença, motivo pelo qual compreende-se a relevância social desta pesquisa.

No campo acadêmico, este estudo pretende contribuir para o processo de discussão e elucidação sobre a atuação do enfermeiro junto a pacientes em tratamento renal crônico auxiliando assim a estudantes, profissionais e professores da área de saúde e afins, no melhor entendimento dessa patologia e de seu processo de cuidado pela equipe de enfermagem.

2. METODOLOGIA

Qualquer trabalho de natureza cientifica para ser construído, requer a busca por diretrizes que possam traçar e sistematizar os dados e os fenômenos, a luz de um determinado objeto. Essa trajetória, ao final culmina com a construção de novos valores, analise da realidade e absorção de novos fatores de investigação que possam contribuir para a própria evolução do conhecimento.

A essa trajetória, dá-se o nome de metodologia, que de uma forma suscita significa os meios utilizados para se chegar a uma determinada realidade.

Na visão de Negra e Negra (2004, p.121): “A metodologia deve esclarecer a forma que foi utilizada na análise do problema proposto detalhando-se os principais procedimentos, instrumentos e técnicas utilizados na coleta de dados das observações ou dos testes das hipóteses”.

Ou seja, o papel da metodologia é traçar os caminhos pelo qual a pesquisa deverá ser norteada com a finalidade de possibilitar que esta venha atender aos objetivos propostos.

2.1 TIPO DE ESTUDO

Trata-se de um estudo bibliográfico que se caracterizou como uma pesquisa descritiva, já que visa analisar as publicações cientificas que tratam do cuidado de enfermagem aos pacientes com insuficiência renal crônica.

De acordo Gil (2007. p. 46): “a pesquisa bibliográfica é desenvolvida com base em material já elaborado, constituído principalmente de livros e artigos científicos,”, ou seja, é aquela que se realiza o levantamento teórico de determinado assunto a partir da coleta de informações sobre o que diferentes autores relatam sobre o mesmo.

De acordo com Gil (2008, p.42):

As pesquisas descritivas têm como objetivo primordial a descrição das características de determinada população ou fenômenos ou, então, o estabelecimento de relação entre variáveis. São inúmeros os estudos que podem ser classificados sob este título e uma de suas características mais significativas está na utilização de técnicas padronizadas de coletas de dados, tais como o questionário e a observação sistemática.

Entende-se que a pesquisa descritiva é aquela que visa descrever fatos, explicar características de determinados fenômenos a partir da identificação de suas ocorrências, frequências e relações com outros fenômenos de mesma natureza.

2.2 TÉCNICA DE COLETA DE DADOS

A principal vantagem da pesquisa bibliográfica reside no fato desta possibilitar ao investigador a análise de uma gama de fenômenos muito mais ampla do que aquela que poderia pesquisar diretamente.

Utilizou-se o banco de dados da Scielo e LILACS.

Para fins de caracterização da pesquisa, os descritores utilizados para seleção da amostra foram: Insuficiencia Renal Crônica; Cuidados de Enfermagem.

Dos 23 artigos encontrados, apenas 10 foram selecionados por responderem a problemática proposta neste estudo.

2.3  ANÁLISE DOS RESULTADOS

A técnica utilizada foi a Análise de Conteúdo, que segundo Minayo (2007), poderá confirmar ou não as afirmações que foram estabelecidas antes do trabalho de investigação.

Assim, quanto a análise de conteúdo, realizou-se três etapas básicas, quais sejam: 1) a pré-análise, que consiste na organização dos materiais, seguida por uma leitura geral dos mesmos; 2) a descrição analítica, que consiste na submissão do material em um estudo mais aprofundado, através do uso de procedimentos como a codificação e a categorização dos dados; e, por último 3) a interpretação referencial, que consiste na etapa, onde o pesquisador aprofunda a sua análise sobre os dados, objetivando desvendar o conteúdo latente que eles possuem. Essa análise de conteúdo deve filtrar ideologias, tendências e outras determinações relacionadas ao fenômeno analisado.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

 A fim de atender aos objetivos deste estudo foram selecionados 10 artigos publicados no período de 2000 a 2013, por estes atenderem as perspectivas desta pesquisa. Utilizou-se uma ficha para coleta de dados que descreve a relação de artigos dos autores que tratam a temática.

Quadro 1 Produção cientifica sobre cuidado do enfermeiro ao paciente com Insuficiência Renal Crônica

N.º Título Autores Revista de Publicação Ano de Publicação
01 Reflexões sobre Comunicações na Assistência de Enfermagem ao Paciente Renal Crônico. GULLO, A. B. M.; LIMA, A. F. C.; SILVA, M. J. P. da.

 

Revista da Escola de Enfermagem USP 2000
02 Qualidade de vida de pacientes com insuficiência renal crônica em hemodiálise avaliada através do instrumento genérico CASTRO, M, et al. Rev  assoc. med.  Bras 2003
03 Motivações do Paciente Renal para a escolha a diálise periotenal ambulatorial continua. SILVA, H.G; SILVA, M. J.

 

Revista eletrônica de enferamagem.

 

2003
04 O idoso e o sistema de cuidado á saúde na doença renal. OLIVEIRA, D. R, LENARDT, M.H, TUOTO, F.S. Acta paul. enferm 2003
05 Idosos com insuficiência renal crônica: alterações do estado de saúde. KUSUMOTA, L.; RODRIGUES, R.A.P.; MARQUES, S. Rev. Latino- Am. Enfermagem 2004
N.º Título Autores Revista de Publicação Ano de Publicação
06 Qualidade de vida de pessoas com doença renal crônica em tratamento hemodialítico. MARTINS, M. R. I.l; CESARINO, C.B. Rev. Latino-Am. Enfermagem 2005
07 Relação do sexo e da idade com nível de qualidade de vida em renais crônicos hemodialisados. SANTOS, P. R. Rev. Assoc. Med. Bras. 2006
08 A Doença Renal Crônica: do Diagnóstico ao Tratamento. ROMAO JUNIOR, J. E. Revista Pratica Hospitalar 2007
09 O indivíduo renal crônico e as demandas de atenção REIS, C. K.; GUIRARDELLO,  E.B, CAMPOS, C.J.G.I. Rev Bras Enferm 2008
10 Perfil de diagnósticos de enfermagem antes de iniciar o tratamento hemodialítico BISCA, M.. M. ; MARQUES, I. R. Rev. bras. enferm. 2010

Fonte: Dados da Pesquisa/2014

3.1 CONSIDERAÇÕES ACERCA DA INSUFICIÊNCIA RENAL CRÔNICA

 Em 05 dos autores é citado sobre os fatores de risco e diagnóstico para a IRC, sendo considerados os principais fatores de risco, estes estão normalmente associados a idade e outros problemas já apresentados pelo portador, tais como: a diabete melitus, a hipertensão arterial, uso de drogas nefrotóxicas, tabagismo, entre outros (CASTRO et al., 2003; SILVA; SILVA, 2003; KUSUMOTA; RODRIGUES; MARQUES, 2004; SANTOS, 2006; ROMAO JUNIOR, 2007).

A Insuficiência Renal Crônica é de evolução lenta e progressiva, concedendo ao agravamento das deficiências que vão se estabelecendo ao longo do tempo, até a condição em que os rins extremamente diminuídos de volume se tornam incapazes do ponto de vista funcional (MALNIC; MARCONDES, 1989, p. 166).

Em relação ao tratamento, os autores enfatizam que o suporte nutricional adequado e o procedimento dialítico tem sido o suporte utilizado para ajudar os portadores de IRC. Para os pacientes o tratamento doloroso que é a hemodiálise traz um pensar na morte, mas mesmo assim eles convivem também com a possibilidade de submeter-se ao transplante renal visando garantir uma sobrevida duradoura e melhor qualidade de vida (GULLO; LIMA; SILVA, 2000, CASTRO et al., 2003).

Segundo Cesarino (2005), a hemodiálise é um processo de limpeza do sangue de produtos de desgaste (escória) acumulados. É utilizada para paciente com insuficiência renal em estágio terminais ou agudamente doentes que necessitam de diálise de curta duração.

Bisca; Marques (2010), alertam sobre as peculiaridades que envolve a hemodiálise, informam que este é o método de diálise mais empregado na remoção das substâncias tóxicas do sangue e excesso de água, mas que requer cuidado intensivo do paciente devido a possibilidade de intercorrências clínicas, entre elas podem ser citadas: os riscos de infecção e integridade da pele.

No que se refere aos aspectos relacionados a doença renal é abordado por Oliveira; Lenardt; Tuoto (2003); Martins; Cesarino (2005); Bisca; Marques (2010), sobre os aspectos relacionados  a necessidade de tratamento adequado e individualizado que têm os pacientes portadores de IRC, isso porque devido as múltiplas funções renais afetadas e alterações sistêmicas decorrentes da patologia que possuem esses passam a ter uma vida de várias limitações, o que pode causar transtornos psicológicos, além de medo, e dependendo do diagnóstico com baixas perspectivas para enfrentar bem o problema, muitos sem esperanças de conseguir uma boa qualidade de vida, sentem-se incapazes de cuidar de si mesmo e enfrentar as limitações impostas pela doença. Nesse sentido o processo educativo e elucidativo realizado por uma assistência de enfermagem sistematizada pode contribuir para garantir a esses pacientes melhores chances de sobreviver a doença por mais tempo.

Observa-se então, que a equipe profissional de saúde, em especial o enfermeiro tem um papel importante no processo de tratamento do paciente com IRC, devendo ser parte de sua assistência identificar a trajetória terapêutica do paciente renal e atentar para as necessidades destes, colaborando assim de forma decisiva para a melhora de qualidade de vida dos pacientes na medida em que a partir de uma prática educativa e orientativa adequada pode este estimular e auxiliar os pacientes a cuidarem de si (OLIVEIRA; LENARDT; TUOTO, 2003).

3.2 CUIDADO DE ENFERMAGEM AO PACIENTE COM IRC

Quanto a assistência de enfermagem, é colocado por Bisca, Marques (2010), sobre aqueles pacientes submetidos a terapia da hemodiálise, que pelas particularidades do próprio tratamento necessitam de uma assistência individualizada, cabendo nesse caso ao enfermeiro desenvolver ações de cuidados sistematizadas e integradas com a equipe multidisciplinar no sentido de possibilitar ao máximo a melhora e qualidade de vida do paciente.

Reis; Guirardello; Campos (2008), ainda destaca que o enfermeiro tem um papel essencial na prestação de cuidados aos portadores de IRC (ou de indivíduos que potencialmente podem vir a desenvolvê-la), principalmente pelo fato destes conhecerem a doença e poderem orientar a sua prevenção e o auto cuidado de forma sistematizada. Tal aspecto reflete diretamente na qualidade de vida que estes indivíduos venha ter no momento em que são diagnosticados. Dentre as medidas preventivas, pode-se enumerar:

a) Tendo o paciente nefroesclerose diabética, pielonefrite crônica, nefroesclerose hipertensiva, deve ser este orientado para realizar constantemente exames complementares, tais como: avaliação da urina, exame de sangue em que seja possível identificar os níveis de uréia, creatinina, cálcio e acido úrico, caracterização vesical e biopsia renal.

b) durante o atendimento, se faz necessário que o paciente seja orientado em algumas práticas importantes para cuidar de si mesmo, procurando uma alimentação balanceada, evitando o consumo de álcool, tabagismo, etc., que são fatores que podem contribuir para que este possa desenvolver insuficiência renal crônica.

c) há também um elo importante a ser estabelecido entre o enfermeiro e a família do paciente, que pode ser um diferencial imprescindível para contribuir para a sua recuperação e também para evitar problemas maiores.

Estando o paciente, portador de Insuficiência Renal Crônica, em estado grave, de modo a ser submetido à hemodiálise, observa-se ser necessário um tratamento especializado, orientado por profissionais capacitados e com conhecimentos técnico-científico suficientes para a realização de uma boa assistência, de forma humanizada. Implica no zelo da vida que anima o corpo físico e o cuidado das relações que circundam a realidade, quais sejam: a higiene; a alimentação; a respiração; as maneiras de se vestir; fatores estes que reforçam a nossa identidade como seres humanos (GULLO; LIMA; SILVA, 2000; OLIVEIRA; LENARDT; TUOTO, 2003).

Martins; Cesarino (2005) afirmam que a responsabilidade dos enfermeiros, enquanto profissionais da área da saúde, envolve o zelo do bem estar do paciente, sendo, portanto, necessário que o mesmo desenvolva meios, instrumentos, técnicas, habilidades, capacidade e competências, de modo a promover ao paciente a oportunidade de viver uma vida mais digna, compreensiva e menos solitária no momento da doença. Assim, os autores asseveram também que a comunicação com o paciente possibilita a compreensão da sua visão sobre o mundo.

Desta forma, se o enfermeiro tiver uma relação mais próxima e for capacitado para desenvolver as atividades educativas efetivas, muito poderá fazer para o controle desta doença e para a promoção da saúde dos indivíduos com IRC, bem como daqueles que já apresentam fatores de risco para tal patologia. Sob esta perspectiva, verifica-se que a participação do paciente, da família e da comunidade nas práticas educacionais, é fundamental para que essa enfermidade possa ser controlada, visto que as complicações procedentes estão diretamente relacionadas ao conhecimento para o desenvolvimento de um autocuidado diário e para a obtenção de um estilo de vida saudável.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A IRC é uma das principais causadoras de morbimortalidade masculina e feminina no Brasil, sendo mais prevalecente na idade adulta, tendo casos críticos mais diagnosticados a partir dos 65 anos.  Devido a esse fato, normalmente quando acontece a ocorrência de tal patologia no portador, já vem esta desenvolvida normalmente relacionada a outros problemas provenientes da idade, tais como diabete melitus e a hipertensão arterial, motivo que ainda torna critico o estado de sobrevida destes e a necessidade de uma atenção adequada e sistematizada da equipe de enfermagem e multidisciplinar em saúde no sentido de poder proporcionar a estes melhores chances de enfrentamento da doença e de manter um nível satisfatório de qualidade de vida frente as suas limitações orgânicas.

Os resultados demonstraram que há uma divulgação não muito ampla nessa temática, havendo trabalhos mais voltados a apresentar investigações de quadros clínicos na área médica. No entanto, os poucos estudos que refletem a atuação de enfermagem, demonstraram preocupação dos autores em elucidar sobre a doença diagnóstico e sua forma de tratamento, sendo a hemodiálise enfatizada como procedimento mais utilizado em IRC.

Observou-se a preocupação também em relatar a importância da atuação do enfermeiro de forma individualizada para proporcionar orientações precisas e possibilitar o desenvolvimento de um processo de cuidar humanizado e integrativo desse paciente, não apenas com a equipe de enfermagem, mas com sua família e com os demais membros da equipe multidisciplinar em saúde, pois são estes elementos imprescindíveis para garantir a chance de sobrevida e melhora de qualidade de vida desses pacientes.

Neste estudo percebeu-se que nos últimos anos, como consequência do avanço técnico-científico e da utilização de equipamentos sofisticados no tratamento da IRC tem-se fortalecido a competência profissional do enfermeiro nas tarefas de observar, interpretar, realizar, decidir e avaliar. No entanto, com frequência as atividades educativas são negligenciadas.

REFERÊNCIAS

BISCA, M. M.; MARQUES, I. R.  Perfil de diagnósticos de enfermagem antes de iniciar o tratamento hemodialítico. Rev. bras. enferm.,  Brasília,  v. 63,  n. 3, jun.  2010.

CASTRO, M, et al. Qualidade de vida de pacientes com insuficiência renal crônica em hemodiálise avaliada através do instrumento genérico SF-36. Rev  assoc. med.  Brás (1992). 49(3):245-249, jul.-set. 2003.

CESARINO, C. B.; CASAGRANDE, L. D. R. Paciente com insuficiência renal crônica em tratamento hemodialítico: atividade educativa do enfermeiro. Revista Latino-americana de Enfermagem. Ribeirão Preto, v.2, Mar 1998.

FILHO, Salgado, N. A Grande Epidemia deste milênio. Palestra apresentada no I Encontro Nacional de Prevenção e Tratamento da Doença Renal Crônica. Serviço de Nefrologia do Hospital Universitário – UFMA. São Luiz – Maranhão. 2006.

GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 4º ed. São Paulo: Atlas, 2008. 202 p.

GULLO, A. B. M.; LIMA, A. F. C.; SILVA, M. J. P. da. Reflexões sobre Comunicações na Assistência de Enfermagem ao Paciente Renal Crônico. Revista da Escola de Enfermagem USP, São Paulo. v. 34, n. 2, p. 209-212, jun. 2000.

JUNQUEIRA, L.C., CARNEIRO, J. Histologia básica. 9.ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1999. 427p

LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade. Metodologia Científica. – 4. ed. – 3. reimpr. – São Paulo: Atlas, 2006.

LESSA, I. Outras Doenças Crônicas não transmissíveis de importância social. Em I. Lessa(org.), Adulto brasileiro e as doenças da modernidade: epidemiologia das doenças crônicas nãotransmissíveis no Brasil, São Paulo: Hucitec., 1998.

MALNIC, G., MARCONDES, M. Fisiologia renal: Transporte através de membrana e fisiologia do néfron. São Paulo: E.P.U. 1999. 236p.

MINAYO, M. C.S. Pesquisa social: teoria, método e criatividade. 11.ed.São Paulo: Vozes, 2007.

OLIVEIRA, D. R, LENARDT, M.H, TUOTO, F.S. O idoso e o sistema de cuidado á saúde na doença renal.  Acta paul. enferm;16(4):49-58, out.-dez. 2003.

NEGRA, C. A. S.; NEGRA, E. M. S. Manual de trabalhos monográficos de graduação, especialização, mestrado e doutorado. 2ª Ed. São Paulo: Atlas, 2004.128 p.

ROMAO JUNIOR, João Egidio. A Doença Renal Crônica: do Diagnóstico ao Tratamento. Revista Pratica Hospitalar, ano IX, n 52., jul-ago 2007. p. 183-186.

SANTOS, P. R. Relação do sexo e da idade com nível de qualidade de vida em renais crônicos hemodialisados. Rev. Assoc. Med. Bras. vol.52, n.5, pp. 356-359, 2006.

SILVA, H.G; SILVA, M. J. Motivações do Paciente Renal para a escolha a diálise periotenal ambulatorial continua. Revista eletrônica de enferamagem. V.5. n. 3. 2003.

SMELTEZER, S. C.; BARE, B. G. BRUNNER & SUDDARTH, Tratado de enfermagem Médico-cirurgica – 10ª ed. V.2. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2005.

[1] Pós-graduada em Enfermagem em Emergência e Enfermagem em Ginecologia e Obstetrícia, graduada em Enfermagem.

[2] Orientador. Mestrado em Saúde Coletiva.

Enviado: Novembro, 2020.

Aprovado: Março, 2021.

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Daiane Vilas Boas De Sena

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