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Qualidade de vida em amputados de membros inferiores

RC: 34009
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CONTEÚDO

ARTIGO DE REVISÃO

SOUZA, Blenda Talita Meira [1], MIGUEL, Henrique [2], VIANA, Fabiana Cury [3]

SOUZA, Blenda Talita Meira. MIGUEL, Henrique. VIANA, Fabiana Cury. Qualidade de vida em amputados de membros inferiores. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano 04, Ed. 07, Vol. 07, pp. 64-74. Julho de 2019. ISSN: 2448-0959

RESUMO

A maioria dos pacientes submetidos à amputação evolui com algum tipo de desconforto no membro ausente, sendo que em amputados de membros inferiores o comprometimento da marcha constitui a principal limitação da capacidade funcional. Objetivo: Observar a Qualidade de Vida (QV) em amputados de membros inferiores, uma revisão da literatura cientifica. Método: Foi realizada uma busca de estudos nas bases de dados Google Acadêmico, BVS (Scielo, Lilacs) no período de 2010 a 2018. Resultados: Foram identificados 6 estudos relacionados ao tema. As pessoas, quando acometidas por este fato, se deparam com uma situação que implica mudanças no seu modo de se locomover, trabalhar e de conviver socialmente. São importantes e necessárias, a prevenção e o tratamento de doenças crônicas e de suas inúmeras complicações que podem gerar impactos na QV. Conclusão: Há poucos estudos recentes referentes ao mesmo, ressaltando nesse aspecto a necessidade e importância de novos estudos afim de promover um novo olhar sobre a QV nos pacientes com amputação de membros inferiores.

Palavras-chaves: Qualidade de vida, amputação de membros inferiores, próteses, amputação.

INTRODUÇÃO

A amputação é uma palavra do latim que por sua vez, tem o seguinte significado: ambi= ao redor de/em volta de, e putatio= podar/ retirar. Tem como conceito a retirada total ou parcial do membro cirurgicamente ou traumaticamente. O relato mais antigo, desse método, data 2.300 a.C, quando arqueólogos russos fizeram a descoberta do esqueleto de uma mulher com um pé artificial composto por um pé de cabra que foi adaptado ao coto. A amputação de membros inferiores, hoje em dia ainda é uma complicação para a saúde pública, pois é uma condição de saúde crônica comum aos indivíduos acometidos, sendo uma das mais devastadoras complicações da doença crônica degenerativa que está associada à uma significativa incapacidade, morbidade e mortalidade. Estima-se que a prevalência de amputação de membros inferiores nos últimos cinco anos no Brasil totalizou 102.056 cirurgias o que corresponde a 94% de procedimentos cirúrgicos realizados pelo Sistema Único de Saúde (SUS). (1,2,3,4)

Os principais fatores etiológicos que se destacaram para a realização das amputações foram: amputações traumáticas, patologias oncológicas e congênitas e doenças cardiovasculares, sendo que 85% das amputações nestes casos são de membros inferiores, focando para o diabetes, que ocupa a quarta posição no ranking das amputações de membros e onde os gastos relativos aos procedimentos só no ano de 2014 chegaram a 18,2 milhões por consequência dessa patologia.(3,4)

As amputações de membros inferiores podem ser divididas em três níveis: terço proximal, médio e distal. Estima-se que a incidência de amputação no Brasil seja de 13,9 por 100000 habitantes/ano, sendo mais significantes em pacientes patológicos vasculares, onde amputações transfemorais correspondem a 52,20%, transtibiais 22,90% e o restante correspondem a amputações em nível de tornozelo e pé. Elas causam um grande impacto e quanto mais alto (proximal) for o nível, maior será o impacto socioeconômico, com diminuição da capacidade laborativa, da socialização, o aspecto biopsicossocial e consequentemente da qualidade de Vida (QV), pois caracteriza-se em uma perda física que restringe a independência funcional e mobilidade das pessoas. (2,3,4)

A reabilitação logo após a amputação leva o paciente a uma maior independência e facilidade na realização das tarefas do dia a dia, proporcionando uma melhor qualidade de vida e prepara-o para o uso de próteses, caso necessário. (6)

Há uma série de fatores que complicam o uso de medidas de verificação dos resultados da cirurgia de amputação e reabilitação protética, mas para avaliar intervenções em amputações inclui-se medidas de desempenho físico, QV, mobilidade, condições do coto, comorbidades, especificação da prótese, tempo de amputação, mobilidade da pessoa com a prótese. (1)

A amputação causa impacto social, visto que o paciente leva algum tempo para se recuperar. O paciente terá que se afastar do trabalho além de ter que aprender a se adaptar a uma nova vida e aceitar sua deficiência. Ele terá que se adaptar ao seu novo corpo, como a enxerga, para se aceitar e se inserir novamente na sociedade. (2)

A reabilitação do paciente amputado de membros inferiores deve ser realizada por uma equipe multidisciplinar com o objetivo da melhora funcional e qualidade de vida, com ou sem prótese, sempre incentivando a independência do paciente, para que ele volte a ter uma vida normal e não fique incapacitado. (7)

O acompanhamento fisioterapêutico é de suma importância em todo o processo de recuperação para que não ocorra a redução funcional. (6) No tratamento destaca-se a avaliação funcional, fase de pré-protetização e a fase de protetização, e um dos principais objetivos constituem: a reabilitação, a reeducação funcional e restaurar no indivíduo a sua independência, fazendo o acompanhamento do paciente em todo o processo de reabilitação, sua reintegração à família, à comunidade e à sociedade.

A QV se determina por múltiplos fatores os quais não são fáceis de serem cientificamente avaliados. (1,6) A Organização Mundial da Saúde (OMS) compreende que QV é a ¨percepção de cada indivíduo acerca de sua posição no mundo, de acordo com seu contexto cultural e sistema de valores e em relação a seus objetivos, normas, expectativas e interesses¨. (6)

Em amputados de membros inferiores o comprometimento da marcha constitui a principal limitação da capacidade funcional. (4) Tais limitações e complicações podem refletir de forma negativa na QV desses pacientes. (4) Consequentemente a seguinte revisão sistemática tem por objetivo geral mostrar os dados colhidos dos artigos e observar qual foi o resultado das análises da qualidade de vida em pacientes com amputação de membros inferiores.

METODOLOGIA

Foi realizada uma revisão da literatura cientifica, sobre a qualidade de vida em pacientes que se submeteram a amputações de membros inferiores. Foram considerados artigos publicados no período de 2010 a 2018.

Para a composição desta pesquisa, foram pesquisados artigos científicos disponíveis nas seguintes bases de dados: Google Acadêmico, BVS (Scielo, Lilacs). Utilizando os descritores : “Qualidade de Vida”, “Amputação de membros inferiores” combrinados entre si. Foram selecionados 30 artigos dos quais foram incluidos trabalhos de estudos clínicos que fazem referência a QV em amputados de membros inferiores, com ou sem protetização. Assim 24 artigos científicos foram excluídos por não fazerem relação direta com a QV em amputados de membros inferiores, destes foram selecionados 6 artigos para a análise comparativa.

RESULTADOS

Os artigos selecionados foram avaliados quanto aos seus objetivos, metodologia, resultados e conclusões conforme apresenta o Quadro 1.

Quadro I – Revisão bibliográfica

Autor/Ano de publicação Objetivo Métodos Resultados Conclusão
Vasconcelos TB, Barbosa EA, Olivéro CP, Enéas RA, 2011 (7) Avaliar a QV de pacientes amputados transtibiais unilaterais antes e após a protetização. .Estudo descritivo, observacional e longitudinal.

.Ficha de avaliação fi sioterápica;

.Análise da QV através do SF-36 com 14 pacientes amputados transtibiais unilaterais

.A análise intergrupos apresentou uma diferença significante após a protetização em seis domínios do SF-36: capacidade funcional, aspectos físicos, dor, estado geral de saúde, aspectos sociais e emocionais. Observou-se que houve uma melhora considerável na QV dos pacientes amputados transtibiais

unilaterais após a protetização em comparação a aplicação do

questionário antes do uso de próteses, os pacientes apresentaram melhora da sua autoestima, independência e socialização.

Moro A, Assef MG, Araújo SW, 2012 (6) Avaliar a QV de vida de pacientes dos pacientes submetidos à amputação de membros inferiores de etiologia vascular. .Estudo de 166 pacientes submetidos

à amputação de membros inferiores, de etiologia vascular, no período 2001 a 2003. Responderam ao questionário World Health Organization Quality of Life que abrange os domínios físico, psicológico, relações sociais e meio ambiente.

.44,6% dos classificaram sua QV como boa ou muito boa;

.41,8% satisfeitos ou muito satisfeitos. Domínio físico: média de 49, 33,8% com má QV, 7,6% boa. .Domínio psicológico: média de 57,2; 20% com má QV, 23,1% boa.

.Domínio relação social: média de 63,2; 4,6% com má QV, 24,6% boa.

.Domínio meio ambiente: média de 57,6; 9,2% má QV, 6,1% boa.

A média dos pacientes amputados apresenta-

se numa faixa intermediária de QV. O domínio físico obteve os valores mais baixos, com maior porcentagem de fracasso e menor de sucesso

Milioli R, Vargas MAO, Leal SMC, Montiel AA, 2012 (1) Caracterizar os sujeitos entrevistados quanto à faixa etária, patologia e nível da amputação; avaliar a QV desses pacientes. .Estudo quantitativo. .11 sujeitos submetidos à amputação no ano de 2009;

Os dados foram coletados nos prontuários e por meio de entrevista. Para análise utilizou-se o Software Epi-Info e o instrumento WHOQOL-Bref

.36,4% dos sujeitos avaliaram como nem ruim/nem boa sua QV .

.27,3%, relataram como ruim e muito ruim.

As pessoas, quando acometidas por este fato, se deparam com uma situação que implica mudanças no seu modo de se locomover, trabalhar e de conviver socialmente.
Gomes ES, Coutinho RAM, Baraúna KMP, Valentine EF, 2012 (8) Verificar e correlacionar a QV em amputados de membros inferiores transfemoral e transtibial./ Os voluntários foram submetidos a uma palestra educativa aos amputados com o intuito de fornecer-lhes orientações, finalizando com a aplicação do questionário de QV SF-36. .Não apresentou diferença significativa nos domínios de capacidade funcional limitação por aspecto físico, EGS nos grupos estudados. No entanto, ao comparar a DOR e a VITALIDADE, verificou-se de forma estatisticamente significativa que os amputados transfemoral obtiveram melhores escores nesses domínios que os amputados transtibial. .Nos domínios AS ; LAE e SM o grupo de amputados transtibial obtiveram de forma significativa melhores escores que o grupo de amputados transfemoral. Os indivíduos amputados de nível transtibial tem melhor QV quando comparados com os amputados de nível transfemoral.
Abdala AA, Galindo j, Ribeiro SC, Riedi C, Ruaro JA, Frez AR, 2013 (5) Neste estudo objetivou-se avaliar a correlação entre QV

e capacidade locomotora de sujeitos com amputação de membros inferiores na

fase de cicatrização e protetização.

Vinte e cinco sujeitos com amputação de membros inferiores foram incluídos no estudo, 15 em fase de protetização, e 10 de cicatrização pós-amputação. Para avaliação, utilizaram-se o questionário SF-36 e o Índice da Capacidade Locomotora. .No grupo em fase de protetização, observou-se correlação moderada e positiva entre a capacidade locomotora, domínios dor , aspectos sociais

aspecto emocional , SF-36.

.Observou-se correlação entre capacidade locomotora e o domínio

saúde mental em sujeitos com amputação de membros inferiores.

Araujo DMS, Carvalho DO,2016(4) O objetivo deste estudo foi avaliar se a amputação interfere na QV do paciente com amputação de membros inferiores e consequentemente na sua funcionalidade Utilizou-se como ferramenta de pesquisa o questionário WHOQOL-BREF e o questionário de ESCALA DE BARTHEL. Foi utilizado um questionário que objetiva identificar a maior incidência quanto ao gênero dos pacientes, as causas e o tipo da amputação e o tempo que o paciente está amputado. .Amputação transtibial com a maior margem de amputação, isso se comparado aos outros grupos pesquisados, tal resultado nos leva a concordar com os dados divulgados pela Organização Mundial da Saúde em 2013, onde aponta a amputação transtibial com a maior incidência no Brasil, tendo a transfemoral em segundo lugar. .Apesar dos estudos mostrarem que em grande maioria das vezes o indivíduo tem dificuldade de aceitação do seu estado físico, gerando desconfortos emocionais, os dados coletados por essa pesquisa mostraram o contrário, onde os indivíduos não se sentiram afetados

Fonte: os autores.

DISCUSSÃO

A amputação de membros inferiores causa a incapacidade funcional do indivíduo e interfere na autonomia e independência da pessoa.(5) As percepções sobre o bem estar de pacientes que perderam algum membro, é subjetiva já que depende das emoções que são decorrentes de eventos particulares e do estado psicológico frente a fatores relacionados a personalidade.(6) Mesmo que as experiências emocionais sejam importantes e intensas, influenciam pouco na subjetividade de cada um em relação ao seu próprio bem estar. Assim, a reabilitação de pacientes com amputação, objetiva-se melhorar a capacidade funcional, a qual, consequentemente, terá impacto na QV. (5)

A QV é influenciada pela experiência, crenças, expectativas e percepções da pessoa. Dessa forma cada pessoa pode atribuir um significado único a sua percepção de QV, que é construído, desconstruído e reconstruído de acordo com as situações e experiências vivenciadas. (1)

Araujo (4) acrescenta que em sua pesquisa que os indivíduos não se sentiram afetados, apesar dos estudos mostrarem que na grande maioria das vezes os indivíduos têm dificuldade de aceitação do seu estado físico, gerando desconfortos emocionais. A maior parte do grau de insatisfação é encontrada na variável relacionada ao trabalho, onde 15,71% se mostraram muito insatisfeitos, 38,57% insatisfeitos e 14,29% se sentiam indiferentes ao assunto. A variável relacionada à satisfação pessoal obteve dados satisfatórios, mostrando 28,57% satisfeitos e 62,86% muito satisfeito consigo mesmo, já a relação do indivíduo com os amigos e familiares 95,71% dos entrevistados ficaram entre satisfeitos e muito satisfeitos. Apesar da maioria dos entrevistados estarem passando pelo período de adaptação, os mesmos não se mostraram tão afetados emocionalmente, no entanto, apesar do indivíduo optar pela resposta da aceitação, foi constatado através da entrevista que a questão não é tão simples como parece ser, os mesmos aceitam a questão por não ter alternativa.

Moro (6) mostrou no seu estudo que em relação à funcionalidade os pacientes amputados de membros inferiores disseram que foram levemente afetados, porém realizam suas tarefas de atividade de vida diárias (AVDs) normalmente sem o auxílio de terceiros e no quesito QV, mostrou que a mesma é afetada quando as dores físicas o incomodam, levando esses pacientes a necessitarem de cuidados médicos diários, mas de modo geral verificou-se que a amputação não chegou a afetá-los de forma significativa, pois a grande maioria se sente segura consigo mesmo, aceitam bem o seu estado físico atual e levam a vida normalmente, já que se adaptaram a sua nova rotina.(4)

Moro(6) e Abdalla (5) ressaltam no resultado de sua pesquisa a importância de se investir em pesquisas sobre o bem subjetivo da população amputada,visando à valorização da satisfação com a vida e promover um novo olhar sobre a reabilitação dos indivíduos com amputação de membros inferiores.

Buscando identificar de forma minuciosa os fatores que interferem na QV e no estado funcional desses pacientes. No estudo feito por Abdallah (4), com o intuito de avaliar o índice de capacidade locomotora e da QV em amputados atendidos por um centro de reabilitação, o autor aplica o questionário SF-36 em amputados na fase de cicatrização, protetizaçao e já protetizados. Notou-se após a pesquisa que alteração na QV é uma situação comum em pessoas que sofreram alguma amputação de membros, sendo que ambos os grupos apresentaram redução na QV, bem como influência negativa na sua capacidade locomotora, no entanto sem diferenças significativas entre eles.

Segundo Moro (6), no domínio relacionado à saúde, 41,8 % dos pacientes se consideram satisfeitos ou muito satisfeitos com sua saúde e no domínio físico apenas 33,8% foram classificados como apresentando má QV. A capacidade funcional daqueles com grandes amputações e idade mais avançada é pior quando comparada àqueles mais jovens cuja amputação é menor, nesse caso seria interessante a realização de estudo prospectivo para analisar a recuperação física e psicológica a longo prazo dos pacientes que sofreram grandes amputações.

Miolioli (1) sugere a busca da promoção da saúde e do bem-estar, pois pessoas acometidas por perda de um membro se deparam com uma situação que implica mudanças no seu modo de conviver socialmente, trabalhar e no seu modo de locomover. Fazendo-se necessárias a prevenção e o tratamento de doenças crônicas e de suas inúmeras complicações. É importante o entendimento da complexidade do ser humano, das suas ideias, valores, do seu contexto familiar e social, além da busca da QV do paciente. Este estudo identificou que 36,4% dos sujeitos amputados de membros inferiores avaliaram como nem ruim e nem boa sua QV e 27,3% relataram como ruim ou muito ruim sua QV.

Fica evidente a extrema importância de uma rede de suporte social para esses indivíduos terem uma melhor QV. A participação em grupos, os passeios, ir pescar, sair para dançar são atividades importantes na manutenção de sua QV, pois os mantêm em contato com outras pessoas e lugares, fazendo com que se sintam como parte integrante da sociedade. (6)

A fisioterapia em pacientes amputados de membros inferiores é de suma importância, uma vez que ele acompanha o processo de reabilitação de pacientes amputados e no acompanhamento dos mesmos em todos os estágios do programa de reabilitação, supervisionando e tratando desde o estágio pré e pós-operatório, na educação de mobilidade pré e pós-protética e, se necessário, em cuidados de manutenção das funções musculoesqueléticas.

Abdalla (5) ressalta que em relação à abordagem fisioterapêutica, os pacientes que já realizaram ou realizavam o tratamento de fisioterapia tiveram maior dificuldade para estes atendimentos devido a dificuldade de locomoção até as clínicas, fato que pode ser correlacionado com nível de dependência /independência que foi observado pelo índice da capacidade locomotora.

No Brasil a média de tratamento é maior que a descrita na literatura, para quase todos os níveis de amputações, porém os índices de abandono do tratamento são elevados. A maioria dos tratamentos de fisioterapia no país é realizada em ambulatórios, e, sobretudo em pacientes que se encontram fora das fases agudas e subagudas das amputações, diferente dos perfis norte americano e europeu, que atendem pacientes hospitalizados na fase aguda e subaguda. Sendo que a fisioterapia quando realizada desde a fase de internação traz resultados mais promissores. Nesse sentido a presença de um fisioterapeuta é importante no

processo dinâmico, criativo, progressivo, educativo e objetiva a restauração ótima do indivíduo, sua reintegração à família, comunidade e sociedade. (5)

Portanto é fundamental que uma equipe multidisciplinar da área da saúde composta por médicos, fisioterapeutas, enfermeiros, psicólogos dentre outros, tenham uma visão mais ampliada sobre o sentimento frente a amputação, as suas sequelas e aos resultados alcançados no processo reabilitatório.

Diante disso, faz-se necessária a realização de estudos com maior rigor metodológico que avaliem especificamente os aspectos da QV em amputados de membros inferiores, com pesquisas que invistam mais sobre o bem estar subjetivo da população amputada.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Esta presente revisão sistemática buscou avaliar a QV dos amputados de membros inferiores, constatando-se que a mesma não foi afetada em muitos dos casos, visto que, a maioria dos indivíduos se mostraram seguros, capazes de se locomover bem, se sentem com energia para realizarem as suas atividades diárias e mais de metade se mostram satisfeitos consigo mesmos, com a sua capacidade de desenvolver atividades físicas e na sua relação com as pessoas.

Porém, em alguns estudos foi demonstrado que nos amputados de membros inferiores o comprometimento da marcha constitui a principal limitação da capacidade funcional e tal limitação influencia de forma negativa na QV desses pacientes. Constatou-se também que os amputados de membros inferiores têm dificuldade de aceitação do seu estado físico afetando assim de forma negativa sua QV.

Como nota-se pelas informações citadas anteriormente, essa revisão mostra a importância em dar continuidade aos estudos que estão relacionados as amputações de membros inferiores a fim de identificar fatores que interferem na QV e no estado funcional desses pacientes, pois é um tema que merece destaque na área da saúde, por estar associado a um processo crônico e que sempre precisará da intervenção de uma equipe multidisciplinar para seu acompanhamento. Porém ainda há poucos estudos recentes referentes ao mesmo, ressaltando nesse aspecto a necessidade e importância de novos estudos a fim de promover um novo olhar sobre a qualidade da vida dos pacientes com amputação de membros inferiores.

REFERÊNCIAS

  1. Milioli R, Vargas MAO, Leal SMC, Montiel AA. Qualidade de vida em pacientes submetidos à amputação. Rev.de Enfer. Da UFCM.2012; 2(2):311-19.
  2. Vilagra JM, Sganzerla CM, Walcker LP. Proteses transtibiais: Itens de corto e segurança. Rev Thêma et Scientia. 2011; 1(2):107-12.
  3. Branco RLL, Santos KPB, Luz SCT. Promovendo a saúde da pessoa amputada: uma ação educativa chamada conversa no leito. Cod.Bras. Ter.Ocup.2017;25(3):641-48.
  4. Araújo DMS, Carvalho DO. Qualidade de vida e funcionalidade dos amputados de membros inferiores do Hospital Santa Marcelina. Centro. Univer. São Lucas.2016;(1):1-15.
  5. Abdalla AA, Galindo J, Ribeiro SC, Riedi C, Ruaro JA, Frez AR. Correlação entre qualidade de vida e capacidade motor de indivíduos com amputação de membros inferiores. Com. Scientae. Saúde. 2013;12(1):106-13.
  6. Moro A, Assef MG, Araújo SW. Avaliação da qualidade de vida em pacientes submetidos à amputação de membros inferiores. Arq. Catarin. Med.2012;(1):41-46.
  7. Vasconcelos TB, Barbosa EA, Olivério CP, Enéas RA, Bastos VPD, Xavier EP. Avaliação da qualidade de vida de pacientes amputados transtibiais unilaterais antes e após a protetização. Fisio. Brasil.2011;12(4):291-97.
  8. Ribas PLG, Jorge RC, Nonino F. Comparação funcional e de qualidade de vida entre amputados por etiólogia traumática e diabética. Rev Cientific.2015;(9):4-8.
  9. Gomes ES, Coutinho RAM, Baraúna KMP, Valentine EF. Estudo correlacional da qualidade de vida em amputados de membros inferiores tranfemoral e transtibial. Rev. Digt.2012(87):1-9.
  10. Resende MC, Cunha CPB, Silva AP, Sousa SJ. Rede de relações e satisfação com a vida em pessoas com amputação de membros. Ciencias & Cognição.2007;(10):164-77.
  11. Schoeller SD, Silva DMGV da, Vargas MAO. Caracteriísticas das pessoas amputadas atendidas em um centro de reabilitação. Rev. enferm UFPE. 2013;7(2):445-51.
  12. Canavarro MC, Pereira M, Moreira H, Paredes T. QUALIDADE DE VIDA E SAÚDE: Aplicações do WHOQOL. Alicerces. 2010; 3(3):243-68.

[1] Graduanda em Fisioterapia – FPM.

[2] Mestre em engenharia biomédica, graduado em educação física; Docente UNIPINHAL e FEUC.

[3] Mestranda em promoção da saúde; Docente FPM.

Enviado: Dezembro, 2018.

Aprovado: Julho, 2019.

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Henrique Miguel

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