ARTIGO ORIGINAL
NEVES, Milton Carlos [1], RODRIGUES, Ana Paula [2]
NEVES, Milton Carlos. RODRIGUES, Ana Paula. Da religião á inteligência artificial: lutas e conquistas do povo judeu na história da humanidade. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano. 06, Ed. 08, Vol. 02, pp. 131-142. Agosto 2021. ISSN: 2448-0959, Link de acesso: https://www.nucleodoconhecimento.com.br/teologia/povo-judeu, DOI: 10.32749/nucleodoconhecimento.com.br/teologia/povo-judeu
RESUMO
Este artigo tem como objetivo demonstrar que os judeus, um grupo de pessoas identificado geralmente por sua religião, relativamente pequeno, se comparado à população mundial, exerceram e ainda exercem uma influência acima do comum em praticamente todas as áreas importantes da vida humana, tanto nos remotos períodos bíblicos, quanto na atualidade, atraindo assim a fúria de diversos grupos sociais, nas mais diversas partes do mundo. Se valendo de uma pesquisa bibliográfica diversificada, este trabalho relacionará acontecimentos vitoriosos para o povo judeu, porém que sempre foram precedidos por momentos catastróficos, tanto na antiguidade quanto nos períodos hodiernos. A inserção do período antigo na pesquisa, apesar de estar baseado nos relatos do judeu Flávio Josefo e não na bíblia, revelará grandes batalhas judaicas, nas quais por muito pouco este povo escapou de um grande genocídio. Depois da idade média, estando os judeus já espalhados pelo mundo, as perseguições não diminuíram, culminando próximo ao ano de 1945 com a morte de seis milhões deles. As declarações tidas como históricas não recebem o amparo consensual, inclusive são avaliadas como verdadeiras por alguns, parciais por outros, e até absurdas pela opinião internacional, como alguns discordantes da própria comunidade judaica. Apesar do sofrimento vivido, muitos intelectuais judeus foram e são respeitados por engenhosas descobertas nos campos da ciência, filosofia, religião, economia, política, tecnologia, inteligência artificial e demais áreas do saber humano, influenciando o desenvolvimento das nações por onde passaram e ainda peregrinam.
Palavras-chave: Judeus, Religião, História, Pensadores, Tecnologia.
1. INTRODUÇÃO
Os mais famosos e renomados escritores, historiadores e críticos do mundo já disseram algo no mínimo interessante sobre os judeus, incluindo Fiódor Dostoiévski, William Shakespeare, Tácito entre outros, todavia nem sempre fazendo uso do compromisso com o que é verdadeiro ou isento de sentimentos racistas.
O que tem em comum, personalidades famosas da atualidade como Sergey Brin fundador do Google, Uri Levine do Waze, Mark Zuckerberg do facebook, Travis Kalanick do Uber? Ou ainda vultos da história como David Ricardo pai do capitalismo moderno, Karl Marx do comunismo, Ferdinand Lassalle do socialismo, Émile Durkheim da sociologia, Sigmund Freud da psicanálise, Albert Einstein da teoria da relatividade, Isaac Asimov da ficção científica, Franz Boas da antropologia moderna e Robert Oppenheimer do projeto Manhattan? A resposta é: todos são descendentes de judeus.
A trajetória histórica deste povo, porém, não é cercada somente de sucessos, elogios sinceros e paz. Faltariam palavras ao mais exímio e clarividente escritor para expressar o sofrimento e o extraordinário poder de superação deste povo, que se revela como um dos mais tenazes de toda a história da humanidade.
Com informações obtidas a partir de uma pesquisa bibliográfica, o presente trabalho demonstrará que após terríveis e sangrentas batalhas, os judeus sempre gozaram de certo período de tranquilidade, sempre se preparando para novos ataques de povos diferentes, devido à inveja, seguida de calúnias e difamações, praticadas por expoentes da elite mundial, fazendo uso de literatura de grande circulação para tal.
A justificativa deste trabalho repousa na inspiração motivacional em que se constituem os legados de triunfo deste povo frente aos principais períodos de tensão sofrida, de acordo com a história da humanidade. Conforme a pesquisa cronológica, desde a escravidão sob o império egípcio, a ameaça de extinção na Pérsia, a diáspora promovida pelo imperador Romano Tito, as perseguições no período medieval até a tentativa de genocídio praticada pelo chanceler alemão Adolf Hitler, os judeus seguem ao longo dos séculos exibindo extraordinários exemplos de fé, coragem e superação.
2. DESENVOLVIMENTO
Já houve tempo em que se imaginava um mundo futuro dominado pela impiedosa ditadura do capitalismo postulado por David Ricardo. Algumas décadas a seguir, um teórico, Karl Marx com seu Manifesto Comunista, sugeriu a libertação da servidão causada pelos detentores do capital através da ditadura do proletariado. Finalmente e no período hodierno resta pouca dúvida de que um regime ditatorial será encabeçado pela inteligência artificial, campo científico largamente explorado por Isaac Asimov e Norbert Wiener. Tanto David Ricardo e Karl Marx quanto Asimov e Norbert Wiener são judeus.
Uma curiosidade surgirá ao leitor, que de forma particular analisar o presente trabalho: de fato existe esta preponderância ou supremacia judaica, e se sim, qual seria a justificativa do sucesso deste povo? O presente trabalho não tem por finalidade responder a primeira pergunta, pois não é possível comprovar oficialmente a preponderância ou a supremacia judaica, apesar de existirem diversas teorias conspiratórias, com informações manipuladas. São um povo de grande influência mundial e foi no seio judaico que surgiram as duas maiores religiões de renome e em franca ascensão, que são o islamismo e o cristianismo. Jesus de Nazaré, o homem mais conhecido da história, e também o fundador do cristianismo é indiscutivelmente judeu. Os elementos culturais do judaísmo presentes na religião cristã são tão notáveis, que Kreeft e Tacelli afirmam:
A única outra religião que os cristãos aceitam como totalmente bíblica é o judaísmo bíblico, pela simples razão de não ser outra religião, mas o fundamento do cristianismo. Cristo disse: Não pensem que vim abolir a Lei ou os Profetas; não vim abolir, mas cumprir (Mt 5.17). Os cristãos creem em tudo que os judeus creem. Mas os judeus criticam os cristãos por crerem em muitas coisas, assim como os protestantes criticam os católicos por crerem em coisas demais. (KREEFT, 2008; TACELLI, 2008 p. 531)
Fato é que os judeus são inquestionavelmente um povo influente, de sucesso e alto poder de superação desde seu estabelecimento histórico como civilização, e ao longo de sua história, em função das soluções demandadas pelas necessidades de épocas diferentes, empregaram todo esforço necessário superando grandes desafios.
Os maiores desafios dos judeus sempre trouxeram consigo novas oportunidades, que foram aproveitadas de forma positiva depois de grandes impactos. Neste trabalho se destacam quatro momentos conturbados, mas que resultaram em avanços espetaculares e imprescindíveis para o desenvolvimento cultural, intelectual, social e finalmente tecnológico: opressão do império egípcio, perseguição no império persa, diáspora promovida pelo império romano, o famigerado Holocausto do século XIX.
2.1 A BATALHA DE FARAÓ CONTRA ISRAEL
A primeira grande perseguição contra os judeus, com o propósito de promover um genocídio, foi promovida pelos egípcios, de acordo com as duas principais fontes históricas disponíveis, e que gozam de renomada credibilidade, que são a Bíblia Sagrada e os escritos de Flávio Josefo, historiador judeu que viveu no primeiro século. Inicialmente no Egito, os judeus gozaram de certa paz e prosperidade num gueto chamado Gózen, devido às considerações que os egípcios tinham por José, judeu que alcançou benevolência e respeito perante o Faraó Apopi I, da linhagem dos hicsos. Após a morte de José, o Faraó Amenófis, filho de Ramsés II, impôs dura servidão aos judeus que passaram a ser tratados como escravos. Sobre a interpretação sobrenatural da escravidão e libertação dos judeus em sua desafortunada relação com o Faraó, descreve o escritor judeu convertido ao cristianismo Myer Pearlman:
Os acontecimentos registrados em Êxodos abrangem um período de 216 anos, cerca de 1706 a 1490 antes de Cristo. Começa com um povo escravizado habitando na presença da idolatria egípcia, e termina com um povo redimido habitando na presença de Deus (PEARLMAN, 1985, p. 23).
Moisés nasce neste contexto, providencialmente é educado em toda arte, cultura e inteligência egípcia, mas se revolta com os tratamentos dispensados ao seu povo, os hebreus. Moisés pede que o Faraó deixe seu povo partir em liberdade, ao que o soberano se opõe ferozmente. Depois de diversas tratativas, rogos e esforços, o maioral do Egito autoriza a saída do povo, com a finalidade de destruí-los à beira do Mar Vermelho. O que o Faraó não esperava, era uma abertura no mar, liberando passagem para o povo de Israel passar a seco. Vendo a entrada do povo de Israel no mar, o soberano egípcio apressou-se com seu exército na tentativa de alcançar seus súditos fugitivos, para finalmente destruí-los deixando exemplo aos demais sobre a consequência de rebelar-se contra o Faraó. O povo de Israel saiu ileso, e mais confiante em sua religiosidade, guiados pelo líder espiritual e militar. A população vitoriosa caminhava agora rumo à terra prometida, tendo suas convicções religiosas consolidadas principalmente depois de terem recebido o famoso Decálogo mosaico, código legal de conduta resumido em dez mandamentos. Tal escrito norteou culturalmente e ainda serve como parâmetro moral aos judeus religiosos. Num mundo em constante mudanças, uma das tônicas do pentateuco é o princípio da conservação. O Deus de Israel não muda, logo seus costumes não podem ser volúveis. O hebraico, idioma e código de escritas utilizado pelos judeus, foi inicialmente influenciado pelas outras línguas e culturas antigas como por exemplo a Fenícia e a Cananéia. Seu grande diferencial, é que mesmo tendo passado muitos séculos, a essência linguística e da escrita permanecem intactas. Parece ser um verdadeiro milagre, e este é um dos segredos da força constante, conservadora, resistente e duradoura deste povo praticamente imutável, salvo raras exceções. Sobre a fidelidade da língua hebraica, expõem Stephen M. Miller e Robert V. Huber:
Razão possível para essa inusitada constância na língua hebraica é que, depois de algum tempo, ela deixou de ser uma língua viva no sentido estrito. Do quinto século a.C em diante, os israelitas começaram a falar aramaico, a língua dos seus conquistadores persas. Com o passar do tempo, o hebraico passou a ser usado somente para adoração e na Escritura Sagrada. Por causa disso, a língua ficou menos sujeita a sofrer alterações do que uma língua que é utilizada para as conversas e as negociações do dia-a-dia. (MILLER, 2006; HUBER, 2006 p. 17)
Neste tempo, a cultura judaica teve um grande avanço, e prova disto, é o legado inquestionável para a cultura religiosa tanto oriental quanto ocidental.
2.2 A PERSEGUIÇÃO DE HAMÃ, O AGAGITA NA PÉRSIA
Aproximadamente mil anos depois das grandes ameaças egípcias, e em fase de recuperação das resultantes traumáticas do exílio imposto por Nabucodonosor, os judeus habitaram na Pérsia. Se destaca nesta época o apelo desesperado de Hamã o Agagita, descendente dos lendários adversários dos judeus e um dos nobres do palácio do soberano rei Assuero, pelo extermínio do povo judeu em todo o império. Sua preocupação e revolta se sustentavam no orgulho de Mardoqueu e dos demais judeus que não se dobraram perante sua nobreza. Consultando sua esposa e seus correligionários, Hamã chega à conclusão que a melhor maneira de lidar com o problema é matando os judeus na totalidade, um verdadeiro genocídio. Para iniciar seu trabalho, Hamã preparou uma força de vinte e cinco metros para Mardoqueu, o primeiro dentre todos os outros judeus. Porém sua própria força o matou, pois todas as circunstâncias como se fossem ventos favoráveis, beneficiaram os judeus. Sobre a vitória dos judeus e a derrota de Hamã escreve Flávio Josefo:
Mardoqueu escreveu a todos os judeus súditos do rei Artaxerxes que solenizassem aqueles dois dias e ordenassem aos seus descendentes fazer o mesmo para que fosse conservada a memória daquele fato, pois era muito justo que, tendo o ódio mortal de Hamã feito com que corressem o grande perigo de serem exterminados, eles agradecessem a Deus sempre não somente por tê-los salvo do furor do inimigo, mas por lhes providenciar um meio de se vingarem deles. Os judeus deram àquele mesmo dia o nome de Purim, isto é, dia de conservação porque eles haviam sido milagrosamente preservados. O prestígio de Mardoqueu crescia sempre, e o rei o elevou a tal grau de autoridade que ele governava sob dependência do soberano todo o reino e tinha também todo poder perante a rainha, de modo que a felicidade dos judeus ia muito além do que eles podiam desejar. (JOSEFO, 1990, p. 530).
Novamente depois de pesarosa e sensacional batalha, os judeus se sobressaem vitoriosos, sobretudo com o enforcamento daqueles que pretendiam enforcá-los. Como consequência, se ingressam na elite administrativa da região persa, como se fora uma determinação histórica, ocupando os postos políticos, intelectuais e financeiros mais elevados no reinado do imperador Assuero, que não era judeu.
2.3 A DIÁSPORA JUDAICA
Após a dominação mundial romana e a resistência do povo judeu às imposições do imperador Tito, centenas de judeus foram mortos e finalmente espalhados pelo mundo, no evento denominado historicamente como Diáspora judaica. A coragem deste povo ainda neste emblemático momento inquestionável. Por volta do ano 70 D.C e depois do incidente de Massada, os judeus foram dispersos pelo mundo, principalmente pelas cercanias dos países atualmente conhecidos como Portugal, Espanha e demais partes da hoje denominada Europa. O que parecia ser um fator negativo, acabou por se tornar a causa da expansão de influência de um povo aparentemente dividido, porém coeso e estratégico como sustenta o teólogo Russel Norman Champlin:
A diáspora, ou dispersão dos judeus, por mais desagradável que tenha sido para eles, foi uma força que universalizou o judaísmo. A destruição do templo de Jerusalém provocou a descentralização. A escola do rabino Johanan ben Zakkai foi importante no desenvolvimento de um sistema legal. O Talmude, entre outras coisas, finalizou a universalização do judaísmo. (CHAMPLIN, 2018, p. 909).
Na Europa antiga e medieval, os judeus se tornaram grandes negociantes nos bancos das cidades, inclusive nos bancos cobertos por tendas, surgiram os primeiros banqueiros de sucesso que eram judeus. Apoiaram as grandes navegações, e também os grandes eventos revolucionários da história mundial. Seu destaque como sempre, continuou causando inveja aos gentios ou goyn como se pronuncia em hebraico. Nesta lista de inimigos se encontram nomes diversos como por exemplo Martinho Lutero, considerado pelos alemães como o pai da cultura alemã. É notável uma grande insatisfação com a prosperidade dos judeus por parte dele, inclusive suas próprias expressões se revelam antissemitas, e isto no século XVI. A veracidade e os motivos do Holocausto judaico, que não teve seu início em Adolph Hitler, nem em Lutero, tampouco na Europa, é um fenômeno muito mais antigo. Apesar das perseguições, dos pogroms e das grandes baixas judaicas nestas grandes guerras, nos mais diversos campos das ciências, os judeus não sucumbiram diante dos obstáculos impostos pela história da humanidade.
2.4 O HOLOCAUSTO NAZISTA: DESENCADEAMENTO E RESULTADOS
Considerada amplamente como a maior de todas as tentativas de genocídio contra os judeus, o holocausto de Adolf Hitler, resultou mundialmente na morte de seis milhões deles. Longe, porém de ser o precursor do antissemitismo, o chanceler alemão que ficou negativamente famoso por ser responsabilizado pelas mortes, certamente se inspirara em nomes europeus como Frederico II da Prússia, a imperatriz Maria Tereza da Áustria, o filósofo Voltaire, e o compositor Richard Wagner dentre tantos outros. Os judeus já previam ataques promovidos pela inveja, nas exortações de seus rabinos, como relata tempos depois do holocausto o escritor religioso fundador da sinagoga americana Young Israel Irving Bunim:
Quando as coisas vão mal entre as nações, quando um país sofre uma derrota ou uma depressão econômica, os poderes constituídos podem buscar um bode expiatório. E o judeu tem uma tradição de longa data em desempenhar este papel com perfeição. Fraco e indefeso o judeu parece “diferente e misterioso”, e estando geralmente em uma posição de provocar inveja, ele tem sido o alvo mais á “mão” para as hostilidades e frustrações do grupo majoritário. (BUNIN, 1998, p. 222).
Hitler chegou a reproduzir seu pensamento num livro, que mais tarde foi visto como o esboço do maior plano genocida de que se tem notícia. É inegável, porém em tal obra, a confissão de um sentimento de inveja, comum a Hamã, Faraó e a todos os inimigos declarados do povo judeu. As ideias do chanceler explícitas no livro, reascenderam nos alemães um estado de espírito tão revestido de orgulho, maldade e arrogância a ponto de o livro ser chamado a bíblia nazista. Hitler com o apoio de seus patriotas subservientes e demais países aliados, iniciou uma guerra com proporções mundiais. Aproveitando a guerra, matou milhares de judeus. A contabilidade que a história contemporânea utiliza, denuncia 6 milhões de vidas humanas ceifadas em nome do totalitarismo, da arrogância e da inveja contra o povo mais sofrido de que se tem relatos na história da humanidade. Depois da segunda guerra mundial, a Alemanha derrotada, foi devastada por crises e rebaixamento, e em 1948, três anos após o término da guerra, com ares de revanche, um novo estado com status de país surge no oriente médio: Israel, a maior potência militar, econômica e intelectual da região. Na história geral da humanidade existem algumas constantes, e no tocante aos judeus, sempre são duas: sucesso e inveja. O sucesso por parte dos judeus e a inveja por parte de seus adversários, sendo estes militares ou ideólogos das mais diversas religiões, países e raças. Muitas são as teorias explicando o fenômeno do Holocausto Judaico, a ascensão e derrota de Hitler. O judaísmo tem sua explicação religiosa e o cristianismo também, principalmente devido ao terror associado ao fato. Comparando Hitler ao demônio, ou até mesmo categoricamente afirmando ser o ditador um servo fiel do maior adversário do cristianismo, um protótipo do próprio anticristo, assim avalia o escritor cristão e sionista confesso Dave Hunt:
Hitler prometeu: “Deem-me cinco anos e vocês não reconhecerão a Alemanha”. Primeiro veio o surgimento rápido de uma incrível potência militar, a inflação galopante foi vencida. Organização, disciplina e expansão acabaram com o desemprego. Mas aparentemente inconsciente de que estava trazendo a ira e o juízo do Deus de Israel sobre sua nação, Hitler ordenou o assassinato de 6 milhões de judeus. Essa certamente foi a principal razão por que, ao invés de “salvar a Alemanha”, ele a destruiu, e com ela grande parte da Europa. (HUNT, 1999, p. 37).
A Alemanha de Hitler foi humilhada, repetindo o que ocorreu ao Faraó do Egito, ao desventurado Hamã na Pérsia e ao Império Romano fracassado. O que tiveram em comum esses vultosos nomes da bíblia e da história mundial? Parece coincidência, mas todos foram inimigos de Israel, desafiando sua religiosidade, seus costumes e sua capacidade de superação. Enquanto o destino de todos foi o mesmo, o povo judeu se desenvolveu e ainda influencia grandemente o mundo moderno com suas inegáveis contribuições. Merecem destaque grandes nomes que ficarão eternamente na história, ainda que tais nomes e campos de atuação citados na presente obra, ficam muito distante da real abrangência judaica. Os judeus se destacaram na filosofia através de Baruch Spinoza, Johann Strauss na música, Isaac Asimov, Anne Frank, Saul Alinsky foram expoentes da literatura contemporânea, Karl Marx, La Salle, Max Horkheimer, Theodor Adorno, Von Mises e Durkheim reinventaram a política, Norbert Wiener é o pai da robótica, Robert Oppenheimer, Albert Einstein foram tão longe que é indiscutível a projeção e o renome que alcançaram na comunidade científica internacional.
Num cenário mais moderno, onde a inteligência artificial profetizada por Isaac Asimov e postulada por Norbert Wiener ganha um espaço implacável, se destacam os judeus Mark Zuckerberg proprietário do Facebook e Whatsapp, aplicativos de comunicação social, Sergey Brin e Larry Page fundadores e idealizadores do maior motor de busca do mundo, o Google. É impossível ficar de fora da lista, Uri Levine, fundador do aplicativo de navegação baseada por satélite Waze, Travis Kalanick, chamado pai do maior aplicativo de mobilidade urbana, o Uber. Merece ainda destaque, os propulsores do sucesso de Hollywood, Louis Burt Mayer, Marcus Loew, Carl Laemmle, os irmãos Warner (Warner Bros.). A resiliência judaica diante de todos os seus desafios, desde a antiguidade até a atualidade, dissipa qualquer dúvida de que o espírito combativo, pertinaz, guerreiro e dedicado presente na comunidade judaica tem muito a ensinar ao mundo através da história.
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Conforme o conteúdo de pesquisa já exposto, os judeus sofreram e lutaram contra a morte, perseguição, discriminação e preconceito como nenhum outro povo na história da humanidade, no entanto permanecem razoavelmente coesos e preparados para futuros desafios. O antissemitismo à semelhança do preconceito racial contra negros, ainda impera de forma velada nos círculos mais intelectualizados da alta sociedade mundial, no oriente e no ocidente. Numa avaliação histórica, não se pode deduzir quando, de onde ou de que maneira surgirão novos ataques aos judeus, na tentativa de executar o antigo propósito de genocídio contra este povo. Existem rumores de guerra e insatisfação por parte da comunidade árabe, que não aceita o estabelecimento do estado de Israel, muito menos a tal país como nação. Fazendo contraponto, muitas vozes saem em defesa do direito à existência e liberdade nacional dos judeus, como alguns políticos, filósofos e escritores cristãos.
A própria história, interpretada pela perspectiva cíclica, revela que será difícil aos judeus evitarem um enfrentamento futuro. O que se pode antever, porém, não somente pelo expressivo poderio militar e estratégico de Israel, mas também devido à coragem e espírito combativo individual da alma judaica, não será fácil derrotar este povo com aspectos culturais tão fortalecidos e coesos por seus usos e costumes religiosos.
REFERÊNCIAS
BUNIM, I. A ética do Sinai. São Paulo: Editora Sêfer, 2015.
CHAMPLIN, R. N. Novo dicionário bíblico Champlin: ampliado e atualizado. São Paulo: Hagnos, 2018.
HUNT, D. Hitler, o quase Anticristo: a sinistra conexão entre ocultismo, nazismo e a Nova Era. Porto alegre: Obra missionária Chamada da Meia-noite, 1999.
JOSEFO, F. História dos Hebreus. Rio de Janeiro: Casa Publicadora das Assembleias de Deus, 1990.
KREEFT, P.; TACELLI, K. T. Manual de defesa da fé. Rio de Janeiro: Editora Central Gospel, 2008.
MILLER M. M.; HUBER R. V. A Bíblia e sua história. Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil, 2006.
PEARLMAN, M. Através da Bíblia. Belo Horizonte: Editora Vida, 1985.
[1] Graduado em Teologia pela FACETEN – Faculdade de Ciências, Educação e Teologia do Norte do Brasil, Pós-graduado em Filosofia da Religião pela FAVENI – Faculdade Venda Nova do Imigrante.
[2] Orientadora.
Enviado: Junho, 2021.
Aprovado: Agosto, 2021.
Uma resposta
Discordo veemente da parte que diz que sofreram como nenhum povo. Ha diversos povos perseguidos e extreminados, os ciganos sofreram tanto quanto, os africanos sofrem ate hj, a condiçao de vida dos africanos é incomparavelmente pior que a dos judeus, que mesmo entre os brasileiros tem um idh noruegues. Esses outros povos apenas nao sao donos de holywood para divulgar ao mundo sua dor.