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Educación en tiempos de cultura digital: oportunidades y desafíos

RC: 145238
221
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DOI: 10.32749/nucleodoconhecimento.com.br/filosofia-es/tiempos-de-cultura

CONTEÚDO

DISERTACIÓN

MORAES, Gerson Leite de [1], SANTOS, Glaucia Macedo dos [2]

MORAES, Gerson Leite de. SANTOS, Glaucia Macedo dos. Educación en tiempos de cultura digital: oportunidades y desafíos. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Año. 08, ed. 05, vol. 02, págs. 75-90. Mayo 2023. ISSN: 2448-0959, Enlace de acceso:  https://www.nucleodoconhecimento.com.br/filosofia-es/tiempos-de-cultura, DOI: 10.32749/nucleodoconhecimento.com.br/filosofia-es/tiempos-de-cultura

RESUMEN

La educación ha sido tratada a lo largo de su historia como un espacio de experiencias e innovaciones. En una época de cultura digital, el ciberespacio y la cibercultura son espacios ineludibles, generando en educadores y estudiantes la noción determinista de que no hay alternativas. Entre apocalíptico e integrado, este artículo reflexiona sobre el papel de la cultura digital en el campo educativo, tratando de mostrar que aún es posible preservar los valores y transmitirlos en un momento de grandes y rápidas transformaciones. El aprendizaje del idioma dominante (cultura digital) es fundamental para cambiar el sistema desde dentro. Este aprendizaje puede crear nuevos mundos y nuevas oportunidades para educadores y estudiantes.

Palabras clave: Cultura Digital, Ciberespacio, Cibercultura, Educación, Oportunidades.

¿QUÉ ES LA CULTURA DIGITAL?

En la contemporaneidad parece no haber más distinción entre el mundo real y la virtualidad, lo que se percibe es un intercambio que ya no permite el desmembramiento de estos espacios. Cada vez más, la llamada vida real está determinada por la vida digital. Se puede decir que la vida social actual ya se ha convertido en una vida electrónica o cibervida, como observa Zygmunt Bauman. El dijo que,

[…] a maior parte dela se passa na companhia de um computador, um iPod ou um celular, e apenas secundariamente ao lado de seres de carne e osso. […] Os adolescentes equipados com confessionários eletrônicos portáteis são apenas aprendizes treinando e treinados na arte de viver uma sociedade confessional. (BAUMAN, 2008, p.9)

Asimismo, el investigador Rogério da Costa afirma que:

A cultura da atualidade está intimamente ligada à ideia de interatividade, de interconexão, de interrelação entre homens, informações e imagens dos mais variados gêneros. Essa interconexão diversa e crescente é devida, sobretudo, à enorme expansão das tecnologias digitais da última década. Com forte crescimento da oferta e consumo de produtos ditos de última geração, já não se pode mais falar do futuro que bate às nossas portas, mas simplesmente de alguns novos hábitos disseminados entre milhões de pessoas por todo o mundo. Isso tem alimentado muitas fantasias e gerado grandes expectativas sobre a cultura digital nascente. São visíveis as inúmeras modificações presenciadas na esfera do trabalho, que tem seu dia a dia marcado cada vez mais pela forte presença dos computadores, da Internet e dos telefones celulares. No âmbito da educação, milhares de pesquisadores, professores e estudantes de todo o planeta apostam na Internet, enxergando-a como fator tecnológico principal na evolução do ensino a distância e presencial. (COSTA, 2008, pp.8-9)

Cuando pensamos en el proceso educativo, automáticamente somos inducidos a reflexionar sobre la relación entre un educador y un alumno, es decir, la relación docente-alumno, o si queremos utilizar un binomio que se ha utilizado mucho en los últimos tiempos, la relación enseñanza-aprendizaje. Sobre este tema específico, vale la pena recordar que a veces puede haber enseñanza, pero no aprendizaje, de la misma manera puede haber aprendizaje, sin que exista la intención de enseñar algo (SCHEFFLER, 1974, págs. 46-58).

Se parte de la idea de que existe una relación entre dos o más entidades que están imbuidas de una finalidad educativa, en ese sentido, la figura del docente como educador y la del alumno como aprendiz son imágenes que se entrelazan en la imaginación de todos aquellos que piensan en enseñar y aprender. En este sentido, John Passmore, en clave analítica, piensa que el concepto de enseñanza permea los dos polos recién mencionados.

Dito de outro modo, para se ser bom professor tem, não só que se saber algo acerca daquilo que se está a ensinar, mas preocupar-se com isso e interessar-se pelos estudantes que se está a ensinar. Mais do que um ‘diploma’ que ateste que o professor adquiriu determinadas ‘habilidades’, importa que ele tenha conhecimentos sobre aquilo de que está a falar e esteja interessado em que os seus alunos aprendam o que espera ensinar-lhes. (PASSMORE, 1995, p.6)

Se mire como se mire el proceso de enseñanza y aprendizaje, hoy en día es imposible pensar en la educación como algo que prescinde de las innovaciones tecnológicas, más aún en tiempos de la Inteligencia Artificial.

A questão do emprego e do papel dos educadores também se torna um debate quando falamos da presença da Inteligência Artificial na educação. Fabrício Spricigo, pedagogo do Câmpus Criciúma do IFSC e doutor em Educação pela Udesc com uma tese sobre as transformações da educação no contexto da sociedade 4.0, lembra que algumas instituições de ensino já adotam, por exemplo, robôs para a correção de provas de estudantes, o que pode reduzir postos de trabalho e prejudicar a qualidade do ensino. “Outra questão que assusta os professores é a questão do próprio plágio e da fonte. Se o estudante consulta suas produções textuais somente a partir dessa base de dados, como já temos o Google, o Chat GPT vem nesta mesma linha mas de modo mais aperfeiçoado, porque a Inteligência Artificial já faria esse trabalho [de conexão dos conteúdos], o que poderia ser utilizado de forma a burlar o sistema educativo, a forma como a avaliação é realizada hoje”, afirma. (Disponível em: https://www.ifsc.edu.br/web/ifsc-verifica/w/quais-os-impactos-do-chatgpt-e-da-inteligencia-artificial-na-educacao-#:~:text=Ela%20est%C3%A1%20ajudando%20a%20personalizar,nas%20necessidades%20individuais%20dos%20alunos>. Acesso: 30 de abril de 2023

La educación y todo lo que implica necesita estar en constante diálogo con los cambios tecnológicos. En este sentido, este artículo está dedicado a comprender qué es la cultura digital, su impacto en la educación y las posibles alternativas que traen esperanza en un momento en que la educación parece destinada a someterse a los excesos de las innovaciones tecnológicas, como, por ejemplo, la llamada enseñanza híbrida [3].

La escuela no es solo un lugar donde fluyen las tensiones sociales de la comunidad, también es la primera oportunidad para que muchos niños y sus familias tengan acceso a las innovaciones tecnológicas[4]. Vale la pena registrar lo que dice Hannah Arendt, ella nos recuerda el papel de la escuela como espacio intermedio entre el mundo del hogar, es decir, el espacio privado y el “mundo” mismo.

Normalmente é na escola que a criança faz a sua primeira entrada no mundo. Ora, a escola é, de modo algum, não o mundo, nem deve pretender sê-lo. A escola é antes a instituição que se interpõe entre o domínio privado do lar e o mundo, de forma a tornar possível a transição da família para o mundo. Não é a família, mas o Estado, quer dizer, o mundo público, que impõe a escolaridade. Desse modo, relativamente à criança, a escola representa de certa forma o mundo, ainda que não o seja verdadeiramente. (ARENDT, 2009, p.238)

En esta perspectiva, vale recordar que los niños reproducen una serie de argumentos escuchados de los adultos, que, a su vez, repercuten en nuestra época de innovaciones tecnológicas, los productos construidos en sus burbujas ideológicas, que suelen estar impregnadas de odio y resentimiento. Hoy, para bien o para mal, vivimos lo que el filósofo francés Pierre Lévy definió como parte de una revolución digital.

A fusão das telecomunicações, da informática, da imprensa, da edição, da televisão, do cinema e dos jogos eletrônicos em uma indústria unificada da multimídia é o aspecto da revolução digital que os jornalistas mais enfatizam. Mas não é o único, nem talvez o mais importante. Além de certas repercussões comerciais, parece-nos urgente destacar os grandes aspectos civilizatórios ligados ao surgimento da multimídia: novas estruturas de comunicação, de regulação e de cooperação, linguagens e técnicas intelectuais inéditas, modificação das relações de tempo e espaço. A forma e o conteúdo do ciberespaço ainda são especialmente indeterminados. Não existe nenhum determinismo tecnológico ou econômico simples em relação a esse assunto. […] Não se trata apenas de raciocinar em termos de impacto […], mas também em termos de projeto. (LÉVY, 2015, p. 11)

En este contexto, las nociones de ciberespacio y cibercultura cobran fuerza y ​​necesitan ser bien entendidas.

Quanto mais o ciberespaço se amplia, mais ele se torna ‘universal’, e menos o mundo informacional se tona totalizável. O universal da cibercultura não possui nem centro nem linha diretriz. É vazio, sem conteúdo particular. Ou antes, ele os aceita todos, pois se contenta em colocar em contato um ponto qualquer com qualquer outro, seja qual for a carga semântica das entidades relacionadas (…) O ciberespaço se constrói em sistema de sistemas, mas, por esse mesmo fato, é também o sistema do caos. (LÉVY, 1999, p. 111)

El ciberespacio puede definirse como un soporte, como el principal mediador de una suerte de inteligencia colectiva[5], sería como una comunidad sin territorio fijo, por tanto, desterritorializada, nacida de la interconexión mundial de las computadoras, en palabras de Lévy , “un espacio de comunicación abierto por la interconexión mundial de computadoras y memorias de computadora” (LÉVY, 1999, p.92).

A juicio de Levy, la inteligencia colectiva debe pensarse en la mejora y mejora de los vínculos sociales, en la sinergia de competencias y en la consolidación y mejora del sistema democrático.

O problema da inteligência coletiva é descobrir ou inventar um além da escrita, um além da linguagem tal que o tratamento da informação seja distribuído e coordenado por toda a parte, que não seja mais o apanágio de órgãos sociais separados, mas se integre naturalmente, pelo contrário, a todas as atividades humanas, volte às mãos de cada um. Essa nova dimensão da comunicação deveria, é claro, permitir-nos compartilhar nossos conhecimentos e apontá-los uns para os outros, o que é condição elementar da inteligência coletiva (LÉVY, 2015, p. 15).

Las dimensiones del ciberespacio y sus múltiples posibilidades asustan a los usuarios, que se ven cada vez más rehenes de la tiranía de los algoritmos.

Com o ciberespaço, pela primeira vez se passou a compreender o que é exatamente estar diante de milhões de dados a nosso dispor, e, assim, entendeu-se quão paradoxal é essa situação. Os primeiros sinais de como se poderá lidar com isso chegam do próprio ciberespaço. De forma lenta, mas constante, está se construindo um novo modo de relação com a escolha: através dos sofisticados mecanismos de sugestão, que fazem a decisão dos indivíduos pender para determinado produto ou serviço. A cultura digital é a cultura dos filtros, da seleção, das sugestões e dos comentários. Os mecanismos de busca de última geração, os agentes inteligentes e as comunidades virtuais seriam estratégias que visam poupar os usuários do martírio da opção entre uma miríade de possibilidades. No confronto com o excesso, nasce a percepção de que as escolhas se orientam de modo muito mais complexo do que uma decisão simples e objetiva entre uma coisa e outra. (COSTA, 2008, p.34)

La cibercultura, por su parte, es una forma de conocimiento que nace de la integración digital y de múltiples interacciones dentro del espacio virtual. Hay un gran debate hoy en día entre el elemento humano y las máquinas que crean la cibercultura. Una vez más Pierre Lévy nos asiste aquí.

Para aqueles que não as praticam, esclarecemos que, longe de serem frias, as relações online não excluem as emoções fortes. Além disso, nem a responsabilidade individual, nem a opinião pública e seu julgamento desaparecem no ciberespaço. Enfim, é raro que a comunicação por meio de redes de computadores substitua pura e simplesmente os encontros físicos: na maior parte do tempo, é um complemento ou um adicional (…) as comunidades virtuais exploram novas formas de opinião pública (…) o desenvolvimento das comunidades virtuais acompanha, em geral, contatos e interações de todos os tipos (LÉVY, 1999, pp. 128-129).

En un momento en que la cibercultura no solo promueve cosas positivas, sino también mucho ruido, incluso abriendo espacio para discursos de odio que ganan nuevos adeptos a una velocidad vertiginosa, vale recordar lo que dice Maria Helena Souza Patto en su obra Psicología y Ideología. Ella menciona “ideologías pseudocientíficas” y las comenta de la siguiente manera:

[…] ‘ideologias pseudocientíficas’ designa ‘as ideologias que, sendo regiões diferenciadas da ideologia dominante, costumam ser reconhecidas socialmente como ciências’. Em outras palavras, equivalem às representações do mundo que articulam os interesses dos setores hegemônicos e que são convertidas de discurso de uma classe em discurso da sociedade inteira. As representações pseudocientíficas substituem o conhecimento científico (que descobre) pelo discurso ideológico (que encobre). (PATTO, 1984, p.86)

Por tanto, se puede decir que estamos viviendo una ola de ideologías pseudocientíficas que acaban haciendo eco con las innovaciones tecnológicas actuales, como las redes sociales, que nos imponen un reto a todos, resultando gigantesco para los adultos y aún mayor para nuestros niños niños Las big techs, es decir, los grandes conglomerados tecnológicos como Google, Twitter, Tik Tok, Meta (Facebook, WhatsApp e Instagram) y Telegram, forman parte del día a día de las familias en cualquier parte del mundo. Nos encontramos en una encrucijada generacional, en la que conviven en un mismo espacio “seres analógicos” y “nativos digitales”, pero los adultos en cuestión quizás sepan menos que los niños, al menos en lo que respecta a las redes sociales y sus peligrosos comportamientos. Sobre los nativos digitales, cabe señalar.

Nos últimos anos, cada vez mais se tem utilizado expressões como ‘nativos digitais’ (PRENSKY, 2001), ‘geração Y’ (AD AGE, 1993), ‘geração digital’ (TAPSCOTT, 1999) ou simplesmente ‘millennials’ (STRAUSS & HOWE, 2000) para fazer referência à primeira geração que cresceu com a internet, uma geração extremamente habilidosa no uso técnico das mídias e no acesso aos recursos da web. Concordamos com Livingstone (2011) em reconhecer que as demandas da interface computacional são significativas e que isso pode ter instigado pais e professores a concluírem que a ‘geração internet’ já sabe tudo o que precisa. Entretanto, a autora chama a atenção para o ‘verdadeiro desafio da atualização das mídias digitais, nomeadamente o potencial para a vinculação com conteúdo informativo e educativo, e para a participação em atividades on-line, redes e comunidades’ (LIVINGSTONE, 2011, p.12). (PISCHETOLA, 2016, p.40)

En teoría, en situaciones como las vividas por Hannah Arendt, en los años sesenta y setenta del siglo XX, época en la que no existían las redes sociales, se podría decir, como a continuación, que serían los adultos los encargados de introducir a los niños en el mundo.

Nessa etapa da educação, uma vez mais, os adultos são responsáveis pela criança. A sua responsabilidade, porém, não consiste tanto em zelar para que a criança cresça em boas condições, mas em assegurar aquilo que normalmente se designa por livre desenvolvimento das suas qualidades e características. De um ponto de vista geral e essencial, é essa a qualidade única que distingue cada ser humano de todos os outros, qualidade essa que faz com que ele não seja apenas mais um estrangeiro no mundo, mas alguma coisa que nunca antes tinha existido. Na medida em que a criança não conhece ainda o mundo, devemos introduzi-la nele gradualmente; na medida em que a criança é nova, devemos zelar para que esse ser novo amadureça, inserindo-se no mundo tal como ele é. No entanto, face aos jovens, os educadores fazem sempre figura de representantes de um mundo do qual, embora não tenha sido construído por eles, devem assumir a responsabilidade, mesmo quando, secreta ou abertamente, o desejam diferente do que é. (ARENDT, 2009, p.239)

Quizás, la tarea educativa del adulto sigue siendo la misma, pero lo que se dice es que en tiempos de las redes sociales, que han demostrado que los adultos analógicos se dejan engañar fácilmente por las noticias falsas, los niños, quizás por primera vez en la historia, siendo digitales contemporáneos nativos, tienen más que enseñar a los adultos que aprender, especialmente en relación con la forma de los mensajes, mientras que en términos de contenido, un adulto bien educado sigue desempeñando un papel pedagógico esencial en la vida de los niños. Sobre este tema, vale la pena recordar lo que dice Pierre Bourdieu. Él afirma que:

[…] cada família transmite a seus filhos, mais por vias indiretas que diretas, um certo capital cultural e um certo ethos, sistema de valores implícitos e profundamente interiorizados, que contribui para definir, entre coisas, as atitudes face ao capital cultural e à instituição escolar. A herança cultural, que difere, sob os dois aspectos, segundo as classes sociais, é a responsável pela diferença inicial das crianças diante da experiência escolar e, consequentemente, pelas taxas de êxito”. (pp. 41-42)

El inicio del siglo XXI y sus innovaciones tecnológicas impusieron nuevos retos a la sociedad contemporánea, se puede decir que vivimos en una crisis constante, ya que no hay mucha certeza en qué dirección tomar. Esta crisis no es un signo de degeneración, pero debe verse como un signo de la convulsión de las estructuras establecidas. Las innovaciones tecnológicas traen consigo una serie de oportunidades, pero también una serie de riesgos que pueden llevar a la sociedad a una era de barbarie. Por eso, es importante pensar con Adorno en este momento:

A tese que eu gostaria de discutir é a de que desbarbarizar tornou-se a questão mais urgente da educação hoje em dia. O problema que se impõe nessa medida é saber se por meio da educação pode-se transformar algo de decisivo em relação à barbárie. Entendo por barbárie algo muito simples, ou seja, que, estando na civilização do mais alto desenvolvimento tecnológico, as pessoas se encontrem atrasadas de um modo peculiarmente disforme em relação à sua própria civilização – e não apenas por não terem em sua arrasadora maioria experimentado a formação nos termos correspondentes ao conceito de civilização, mas também por se encontrarem tomadas por uma agressividade primitiva, um ódio primitivo ou, na terminologia culta, um impulso de destruição, que contribui para aumentar ainda mais o perigo de que toda civilização venha a explodir, aliás uma tendência imanente que a caracteriza. Considero tão urgente impedir isso que eu reordenaria todos os outros objetivos educacionais por essa prioridade. (ADORNO, 2022, p.169)

El peligro de la barbarie es real y para combatirlo es necesario pensar en la educación como una forma de preservar la “civilización” y sus valores. Por ello, es urgente trabajar la relación entre los avances tecnológicos y la educación. Dado que la intención es hablar en este trabajo de cultura digital, quizás sería prudente comenzar la tarea dando una definición de cultura.

As definições de cultura são numerosas. Há consenso sobre o fato de que cultura é aprendida, que ela permite a adaptação humana ao seu ambiente natural, que ela é grandemente variável e que se manifesta em instituições, padrões de pensamento e objetos materiais. […] Uma definição breve e útil é: a cultura é a parte do ambiente que é feita pelo homem. Implícito nisto está o reconhecimento de que a vida humana é vivida num contexto amplo, o habitat natural e seu ambiente social. A definição também implica que a cultura é mais do que um fenômeno biológico. Ela inclui todos os elementos do legado humano maduro que foi adquirido através do seu grupo pela aprendizagem consciente, ou, num nível algo diferente, por processos de condicionamento – técnicas de várias espécies, sociais ou institucionais, crenças, modos padronizados de conduta. A cultura, enfim, pode ser contrastada com os materiais brutos, interiores ou exteriores, dos quais ela deriva. […] Um conceito popular de cultura é o refinamento, implicando na habilidade que alguém possui de manipular certos aspectos da nossa civilização que trazem prestígio. (SANTAELLA, 2003, pp. 30-31)

La Cultura Digital, que a su vez puede entenderse como un retoño de la cultura tradicional, dada su especificidad y sus relaciones con el ciberespacio, requiere otro tipo de abordaje y una definición propia.

A Cultura Digital pode ser compreendida como o conjunto de hábitos, práticas e interações sociais que são realizadas a partir da utilização de recursos tecnológicos digitais. Essa cultura prosperou a partir do desenvolvimento das Tecnologias Digitais da Informação e Comunicação (TDIC), que se fazem presentes no nosso cotidiano. Seu avanço possibilitou inúmeras contribuições à sociedade, transformou o mundo e a maneira como interagimos nele. Nossa sociedade permanece em constante crescimento e transformação, onde a Cultura Digital aparece como práticas sociais, que podem reconfigurar aspectos e funções das nossas vidas. A escola e seus professores, como parte da sociedade, encontram-se como atores que recebem essa cultura posta pelas tecnologias digitais, utilizada para os mais diversos fins, onde alteram fortemente as nossas formas de comunicação, informação e interação. (FERREIRA, 2020, p.2)

Todo lo que es nuevo o simplemente no se conoce tan bien, genera aprensión y miedo. Cuando se habla de la presencia de la tecnología en la educación, se percibe algo paradójico, pues existe un acuerdo casi universal en que la educación debe estar en diálogo con los avances tecnológicos, que la cultura digital es una realidad y el campo educativo no puede quedarse fuera del ciberespacio. Pero, ¿qué provoca tanto malestar en los educadores? ¿Cuál es el miedo de todos modos? Hay muchas respuestas posibles, pero no hay que olvidar que la educación se ocupa de la idea de preservación o, para ser más específicos, de una idea de conservación. Hannah Arendt ejemplificó esto cuando afirmó que toda educación se basa en el principio del conservadurismo.

Evitemos os mal-entendidos: penso que o conservadorismo, tomado enquanto conservação, faz parte da essência mesma da atividade educativa cuja tarefa é sempre acarinhar e proteger alguma coisa — a criança contra o mundo, o mundo contra a criança, o novo contra o antigo, o antigo contra o novo. A própria responsabilidade alargada pelo mundo que a educação assume implica, como é óbvio, uma atitude conservadora. (ARENDT, 2009, p.242)

Es de notar que el principio “conservador” en palabras de Arendt no significa nada que sea reaccionario. La educación se transmite de generación en generación y este es el gran legado de la humanidad. Kant ya dijo que:

Uma geração educa a outra. […] O homem só pode ser tornar homem através da educação. Nada mais é do que aquilo em que a educação o torna. É de se notar que o homem só pode ser educado por homens, por homens que foram igualmente educados. […] Talvez que a educação se torne sempre melhor e que cada geração subsequente dê um passo em direção ao aperfeiçoamento da humanidade; pois por trás da educação, aloja-se o grande segredo da perfeição da natureza humana. (KANT, 2019, pp.10-12)

Educar significa transmitir algo conservador y tradicional a una generación que desconoce el peso político de estas expresiones, pero que necesita recibir el legado construido por ese grupo social que le antecede. Cada nuevo nacimiento impone a los adultos la necesidad de transmitir sus conocimientos. Si los adultos lidiamos con lo tradicional en cuanto a la educación, cada niño representa lo revolucionario, más aún cuando, como se mencionó anteriormente, estamos viviendo una revolución digital como la que estamos hoy.

A nossa esperança reside sempre na novidade que cada nova geração traz consigo. Mas, precisamente porque só nisso podemos basear a nossa esperança, destruímos tudo se tentarmos controlar o novo que nós, os velhos, pretendemos desse modo decidir como deverá ser. É justamente para preservar o que é novo e revolucionário em cada criança que a educação deve ser conservadora. Ela deve proteger a novidade e introduzi-la como uma coisa nova num mundo velho, mundo que, por mais revolucionárias que sejam as suas ações, do ponto de vista da geração seguinte, é sempre demasiado velho e está sempre demasiado próximo da destruição. (ARENDT, 2009, p.243)

En este juego de preservar y conservar lo tradicional e incursionar en lo nuevo, lo revolucionario, la educación necesita, quizás más que nunca, reflexionar sobre las innovaciones tecnológicas en el mundo y sus impactos, específicamente en el campo educativo. Se equivocan los que creen que lo revolucionario vendrá de la mano de las máquinas y la tecnología. Bell Hooks, escritor y educador afroamericano, nos recuerda que la educación pasa por el poder del lenguaje. En su obra titulada Enseñar a transgredir: la educación como práctica de la libertad, Hooks tiene un capítulo dedicado al lenguaje, que puede enseñar nuevas palabras y enseñar a crear nuevos mundos.

El autor inicia el capítulo comparando el deseo con el lenguaje, mostrando la fuerza que tiene este último, ya que es capaz de invadir y violar los espacios más privados de la mente y el cuerpo. Menciona haber leído un poema en su primer año de universidad, titulado “La quema de papel en lugar de niños”.

El poema estaba en contra de la dominación, el racismo y la opresión de clase, pero un verso en particular la conmovió y perturbó. Aquí está la línea: “Este es el idioma del opresor, pero lo necesito para hablar contigo”. Estas palabras se impusieron, arraigaron en su memoria y trajeron lecciones que la autora trató de compartir al tratar el tema del lenguaje, pues le despertaron la conciencia de un vínculo entre lenguajes y dominación.

Então, quando li essas palavras pela primeira vez e quando as leio agora, elas me fazem pensar no inglês padrão, em aprender a falar de modo contrário ao vernáculo negro, de modo contrário à fala quebrada, despedaçada, de um povo despossuído e desalojado. O inglês padrão não é a fala do exílio. É a língua da conquista e da dominação; nos Estados Unidos, é a máscara que oculta a perda de muitos idiomas, de todos os sons das diversas comunidades nativas que jamais ouviremos, a fala do gullah, o iídiche e tantos outros idiomas esquecidos. (HOOKS, 2013, p.224)

El problema no es el idioma inglés en sí, sino lo que los opresores han hecho con y a través de él, pudiendo transmitir vergüenza, humillación y colonización. Los africanos esclavizados que fueron a Estados Unidos perdieron sus idiomas y tuvieron que aprender inglés, lo que representó la fuerza de una cultura europea colonizadora.

Quando imagino o terror dos africanos a bordo de navios negreiros, nos palanques dos leilões, habitando a arquitetura insólita das fazendas de monocultura, considero que esse terror ia além do medo da punição e residia também na angústia de ouvir uma língua que não compreendiam. O próprio som do inglês devia aterrorizá-los. (HOOKS, 2013, p.225)

El lenguaje del opresor, a pesar de generar terror y miedo, también se presentó como una oportunidad para convertirse en un espacio de resistencia, de vinculación de quienes fueron esclavizados y a los que les robaron la libertad.

Aprender o inglês, aprender a língua estrangeira, foi um modo pelo qual os africanos escravizados começaram a recuperar seu poder pessoal dentro de um contexto de dominação. De posse de uma língua comum, os negros puderam encontrar de novo um modo para construir a comunidade e um meio para criar a solidariedade política necessária para resistir. (HOOKS, 2013, p.226)

En este proceso de aprender a resistir, los negros esclavizados se apropiaron del idioma inglés y lo transformaron en un contralenguaje.

Embora na cultura contemporânea tenha se tornado comum falar das mensagens de resistência surgidas na música criada pelos escravos, particularmente nos spirituals, fala-se muito menos sobre a construção gramatical das frases nessas canções. Muitas vezes o inglês usado na canção reflete o mundo quebrado, despedaçado, dos escravos. Quando os escravos cantavam “Nobody knows de trouble I see –”, o uso da palavra “nobody” tem um significado mais rico do que se tivessem usado “no one”, pois o lugar concreto do sofrimento era o corpo (body) do escravo. (HOOKS, 2013, p.227)

Es la ruptura del inglés estándar lo que hace posible la rebelión y la resistencia, ya que permite a los negros forjar un espacio para la producción cultural y para epistemologías alternativas (diferentes formas de pensar y saber). El eco de esta postura se puede ver en la existencia del rap hoy, ya que crea espacios en los que se utiliza la lengua vernácula negra para invitar a la cultura dominante a escuchar lo que tiene que decir esta cultura popular contemporánea.

Aprovechando las reflexiones realizadas por Bell Hooks, se puede decir que la cultura digital es algo ineludible, tanto docentes como estudiantes tendrán que convivir con esta nueva forma de existir y gestionar experiencias, pero lejos de ser algo que no se pueda subvertir y transformado en algo liberador. Educadores y alumnos no necesitan ser apocalípticos ni integradores, basta con que sean revolucionarios capaces de utilizar el “lenguaje/plataforma” del momento para comunicar y transmitir valores esenciales al proceso de enseñanza y aprendizaje. La cultura digital necesita ser aprendida, puede ser el lenguaje del opresor en este momento, pero los agentes educativos (docentes y alumnos) la necesitan para comunicarse hoy. Esta es la gran oportunidad de crear nuevos mundos a través de viejas palabras. La cultura digital no tiene por qué ser una camisa de fuerza que inhiba y anule potencialidades, puede ser una herramienta que, bien gestionada, puede hacer aportes significativos a todos los involucrados en el ámbito educativo.

REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ADORNO, Theodor W. Educação e Emancipação. São Paulo: Paz e Terra, 2022. 4ª ed. revista.

ARENDT, Hannah.  “A crise na educação”. In: Entre o passado e o futuro. São Paulo: Ed. Perspectiva, 2009. 6ª ed. pp.221-247.

BAUMAN, Zygmunt. Vida para Consumo: a transformação das pessoas em mercadoria. Rio de Janeiro: Zahar, 2008.

HOOKS, Bel. A língua – ensinando novos mundos/novas palavras. In: Ensinando a transgredir: a educação como prática de liberdade. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2013. pp. 223-233

BEMBEM, Angela Halen Claro; SANTOS, Plácida Leopoldina Amorim da Costa.  Inteligência coletiva: um olhar sobre a produção de Pierre Lévy. Perspectivas em Ciência da Informação (Online), v. 18, p. 139-151, 2013.

BOURDIEU, Pierre.A escola conservadora: as desigualdades frente à escola e à cultura”. In: Escritos de Educação. Petrópolis: Vozes, 2003. pp. 41-64

COSTA, Rogério. A Cultura Digital. São Paulo: Publifolha, 2008. 3ª ed.

FERREIRA, Jacques de Lima. Cultura Digital e Formação de Professores: uma análise a partir da perspectiva dos discentes da Licenciatura em Pedagogia. Educar em Revista, Curitiba, v.36, e75857, 2020, pp.1-19.

HÍBRIDO. Disponível em: https://www.significados.com.br/hibrido/>. Acesso: 26/11/2022.

KANT, Immanuel. Sobre a Pedagogia. Lisboa: Edições 70, 2019.

LÉVY, Pierre. Cibercultura. São Paulo: Editora 34, 1999.

__________. A inteligência coletiva. São Paulo: Folha de S. Paulo, 2015. (Coleção Folha: Grandes nomes do pensamento; v. 16).

PASSMORE, John. O Conceito de Ensino. Tradução de Olga Pombo. São Paulo: Ed: s/ed, 1995.

PATTO, Maria Helena Souza. Psicologia e Ideologia: uma introdução crítica à Psicologia Escolar. São Paulo: T.A. Queiroz, 1984.

PISCHETOLA, Magda. Inclusão Digital e Educação: a nova cultura da sala de aula. Petrópolis: Vozes; Rio de Janeiro: Editora PUC-Rio, 2016.

QUAIS OS IMPACTOS DO CHATGPT E DA INTELIGÊNCIA ARTIFICAL NA EDUCAÇÃO? (Disponível em: https://www.ifsc.edu.br/web/ifsc-verifica/w/quais-os-impactos-do-chatgpt-e-da-inteligencia-artificial-na-educacao-#:~:text=Ela%20est%C3%A1%20ajudando%20a%20personalizar,nas%20necessidades%20individuais%20dos%20alunos>. Acesso: 30 de abril de 2023

SANTAELLA, Lucia. Culturas e Artes do pós-humano: da cultura das mídias à cibercultura. São Paulo: Paulus, 2003.

SCHEFFLER, Israel. A Linguagem da Educação. São Paulo: Saraiva; São Paulo: Universidade de São Paulo, 1974.

APÉNDICE – NOTA AL PIE

3. Desde hace tiempo se sabe que las metáforas forman parte del proceso de construcción del campo académico educativo. El profesor Israel Scheffler, ya citado en este trabajo, lo mostró claramente. El concepto “híbrido” que se utilizó para clasificar la modalidad de enseñanza a distancia trae consigo algo que quizás no fue percibido inicialmente por los educadores, que es su naturaleza estéril. Según una definición específica de híbrido, se puede decir que: “Híbrido puede usarse para designar un tipo de animal o planta, un tipo de servicio o un tipo de motor de vehículo. Los híbridos animales o vegetales son los procreados por dos especies diferentes, pero pertenecientes al mismo género. Es el resultado del cruce entre dos especies diferentes, o entre dos cepas puras de la misma especie. Un ejemplo de animal híbrido es el cruce de una yegua con un burro, que da como resultado un burro o mulo, teniendo la esterilidad como principal característica. Según la biología, cuanto más distantes genéticamente sean los progenitores, mayor será la probabilidad de que el híbrido resultante sea estéril. La esterilidad ocurre cuando ocurren errores de emparejamiento de cromosomas durante la meiosis”. Disponible en: https://www.significados.com.br/hibrido/>. Acceso: 26/11/2022.

4. “La expresión ‘brecha digital’ se relaciona con las disparidades económicas y sociales, a escala mundial, que existen entre los países industrializados y los países en desarrollo. Generalmente, el concepto se refiere a las desigualdades en el acceso y uso de las tecnologías digitales, pero la aparente simpleza de esta definición esconde cuestiones conceptuales que son difíciles de resolver, incluso de explicar. ¿La brecha digital es consecuencia de las diferencias existentes entre el Primer y el Tercer Mundo o es una causa adicional? ¿Es una expresión de la desigualdad socioeconómica en el sistema de mercado contemporáneo o una manifestación de una nueva y más profunda desigualdad? ¿La expresión se refiere a la posesión de tecnología oa su uso? ¿Y de qué tecnologías estamos hablando? (PISCHETOLA, 2016, p.21). Las preguntas planteadas por el investigador son pertinentes y merecen una seria reflexión para llegar a las respuestas, pero en este trabajo, a pesar de reconocer su vigencia, no se abordará este tema.

5. “La inteligencia colectiva es aquella que se distribuye entre todos los individuos, que no se restringe a unos pocos privilegiados. El conocimiento está en la humanidad y todos los individuos pueden ofrecer conocimiento; no hay nadie que sea nulo en este contexto. Por ello, el autor afirma que la inteligencia colectiva debe ser incesantemente valorada. Se debe tratar de encontrar el contexto en el que el conocimiento del individuo pueda ser considerado valioso e importante para el desarrollo de un determinado grupo” (BEMBEM; SANTOS, 2013, p. 142).

[1] Tutor. Doctor en Filosofía por la UNICAMP, Doctor en Ciencias Religiosas por la PUCSP. Magíster en Filosofía de la PUCCAMP. Licenciado en Teología por la Universidade Presbiteriana Mackenzie; Licenciado y Licenciado en Filosofía por la USP; Licenciado en Historia por la UNAR. ORCID: 0000-0002-8464-983X. Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/5010089030033594.

[2] Magíster en Educación, Arte e Historia Cultural de la Universidade Presbiteriana Mackenzie. Graduada en Pedagogía por la Universidade Presbiteriana Mackenzie. ORCID: 0009-0002-4911-2890. Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/1960144486548745.

Enviado: 1 de mayo de 2023.

Aprobado: 24 de mayo de 2023.

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Gerson Leite de Moraes

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