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Sala de aula invertida como ferramenta de aprendizagem nas escolas

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CONTEÚDO

ARTIGO ORIGINAL

CARDOZO, Evelyn Dias [1]

CARDOZO, Evelyn Dias. Sala de aula invertida como ferramenta de aprendizagem nas escolas. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano. 07, Ed. 09, Vol. 02, pp. 210-216. Setembro de 2022. ISSN: 2448-0959, Link de acesso: https://www.nucleodoconhecimento.com.br/educacao/sala-de-aula-invertida

RESUMO

Apesar de outrora o uso de tecnologias no ambiente escolar ser visto com resistência por parte dos educadores e das instituições, hoje, o cenário é diferente. Atualmente, o uso da tecnologia como ferramenta de aprendizagem nas escolas já é uma realidade. Nesse contexto, deve-se considerar que uma parcela considerável dos alunos já nasceu e cresceu em um ambiente digital, tendo, portanto, familiaridade com o uso de aparelhos como: computadores, celulares, tablets e navegação na internet. Ante ao exposto, surge o seguinte questionamento: de que modo a sala de aula invertida pode ser utilizada como ferramenta de aprendizagem? Sendo assim, tem-se como objetivo apresentar o “problema” da metodologia de ensino tradicional e propor o uso da sala de aula invertida ou flipped classroom como uma possível solução. Através de uma revisão bibliográfica exploratória, aborda-se o método de ensino ativo, mas com foco maior na sala de aula invertida. Como resultados, verifica-se a importância de trazer recursos tecnológicos ao cotidiano escolar, tornando o ensino mais dinâmico e atual, levando os educadores a pensarem em novas formas de ensino. Por fim, conclui-se que a aula invertida é mais adequada às tecnologias atuais do que a aula tradicional, sendo uma opção viável de ensino que corrobora diretamente no processo de aprendizagem nas escolas. 

Palavras-chave: Tecnologia na educação, Metodologia ativa, Sala de aula invertida.

INTRODUÇÃO

A utilização das tecnologias, na vida em sociedade, é tão antiga quanto a espécie humana, pois estas têm garantido ao homem criar recursos, produtos e diversas ferramentas a fim de facilitar a sua vida moderna. Nesse contexto Kenski (2007), afirma que, desde os primórdios da existência humana, “tecnologia é poder”, pois buscava-se ampliar o domínio e acumular riquezas por meio dos recursos tecnológicos utilizados em cada época.

Referente a aplicação da tecnologia no âmbito educacional, sabe-se que, por muito tempo, a educação a distância era vista como uma possibilidade distante, pois o método de ensino adotado era voltado a uma educação passiva, centrada no professor, onde os alunos entravam na sala e absorviam o que era dito, como se fosse uma verdade absoluta. Com o advento das metodologias ativas, o aluno passou a ter uma interação maior com o processo de conhecimento, visto que a intensa expansão do uso social das tecnologias digitais modificou a dinâmica das sociedades com a promoção da utilização de diferentes tipos de ensino, inclusive, a aprendizagem a distância.

Nesse sentido, considera-se necessário destacar, neste trabalho, que a educação e a aprendizagem não se restringem ao espaço físico escolar, mas sim compõem os diferentes momentos da vida do indivíduo em sociedade, o que possibilita transformar aulas em experiências de aprendizagem mais significativas para os estudantes e proporciona o emprego das tecnologias como ferramentas de aprendizagem.

Assim, este artigo traz uma possível resposta a questão: de que modo a sala de aula invertida pode ser utilizada como ferramenta de aprendizagem? Tendo como objetivo apresentar o “problema” da metodologia de ensino tradicional e propor o uso da sala de aula invertida ou flipped classroom como uma possível solução.

O trabalho que se apresenta, do ponto de vista metodológico, como um estudo bibliográfico, tendo como propósito reunir e sistematizar informações sobre o assunto. Nesse processo, utilizam-se como fontes: artigos, livros e materiais on-line (GIL, 2008).

Sendo assim, primeiro se apresenta um breve relato sobre o modelo de ensino tradicional. Em um segundo momento, descreve-se o método de sala de aula invertida – flipped classroom e, por fim, relata-se os impactos positivos e as formas de se utilizar essa metodologia na educação como ferramenta de aprendizagem. 

MODELO TRADICIONAL 

O modelo de educação tradicional de ensino em sala de aula sempre esteve baseado na hegemonia da aula expositiva, sendo esta uma barreira que ainda está sendo vencida no âmbito do contexto educacional brasileiro. Diante disso, as metodologias ativas de aprendizagem têm se tornado crescentes nas escolas, com o objetivo de tornar o aluno protagonista do seu processo de aprendizagem, e não mais um indivíduo passivo na recepção das informações, como era nas aulas expositivas, que hoje são vistas como um dos grandes problemas/desafios da educação (CAMARGO; DAROS, 2018).

Ao retornar o olhar para o papel da escola em um modelo tradicional de educação, temos o destaque para a sua atuação focada na preparação intelectual e moral dos alunos de forma que estes estivessem aptos para assumir uma posição na sociedade.

Nesse cenário, segundo Luckesi (2011), esses métodos de ensino se baseiam na exposição verbal da matéria, de maneira que a ênfase se permeia na repetição de conceitos, nos exercícios prontos e, principalmente, em um foco maior na memorização. Observa-se que o predomínio da relação professor-aluno, neste contexto, era o da autoridade do professor, sendo ele visto como um detentor do saber, onde os alunos ficavam, de forma passiva, recebendo a transmissão do professor como se fosse uma verdade absoluta. Entretanto, verifica-se que este quadro vem se modificando atualmente com as novas metodologias de ensino, principalmente com o emprego da sala de aula invertida.

Ainda no que se refere à aprendizagem no modelo tradicional, percebe-se que os programas não levavam em conta as características individuais de cada aluno e, para que ocorresse assimilação da matéria, o aluno era obrigado a reter o máximo de conteúdo de forma passiva, sem participar do processo, o que torna a aprendizagem meramente receptiva e mecânica (LUCKESI, 2011).

Esta problemática, recorrente na metodologia do ensino tradicional, possui outro fator que merece destaque, sendo esta o fato de que o professor, por muitas vezes, desconsidera que os alunos podem nunca ter tido contato com tal conteúdo ou que muitos estudantes também são trabalhadores e chegam à sala de aula cansados, o que dificulta o processo de aprendizagem e faz com que o discente se veja obrigado a relembrar os conceitos que foram expostos em aula de forma meramente expositiva, tendo que aprender o conteúdo, muitas vezes, sozinho.

Freire (2016), chamou esse modelo de “educação bancária”, baseando-se, conforme dito anteriormente, em um estilo centrado na memorização e reprodução do que se é ensinado, no qual o aluno assume um caráter passivo e, o professor, é o protagonista da ação, sendo o educando considerado como uma “tábua rasa”, que recebe o conhecimento depositado pelo professor, sem questionamentos. Freire, ainda, afirma que:

Saber ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua própria produção ou a sua construção. Quando entro em uma sala de aula devo estar sendo um ser aberto a indagações, à curiosidade, às perguntas dos alunos, a suas inibições, um ser crítico e inquiridor, inquieto em face da tarefa que tenho a ele ensinar e não a de transferir conhecimento (FREIRE, 2016, p. 27).

Portanto, fica evidente que o ato de ensinar não se trata mais de transferir conhecimento, como era na perspectiva tradicional, ou seja, uma educação bancária, mas sim em um ato de possibilitar ao indivíduo criar o seu processo de ensino, ou seja, ser indivíduo ativo desse processo. Logo, estar aberto a críticas, perguntas, troca de experiências e, até mesmo, aprender com o aluno, reverte essa visão de uma educação passiva. 

MODELO ATIVO: SALA DE AULA INVERTIDA 

O avanço tecnológico somado a maior acessibilidade dessas ferramentas, têm surgido como uma grande oportunidade de disseminação do ensino de forma mais ativa e participativa para o aluno, em oposição ao modelo passivo tradicional já discutido anteriormente. Essa forma ativa propõe ao aluno aprender o conteúdo por meio da resolução de problemas, desenvolvimento de projetos, ambientes de aprendizagens e plataformas interativas.

Um dos desafios da prática de um ensino ativo é a formação do indivíduo crítico, reflexivo e que seja capaz de solucionar problemas reais utilizando a tecnologia, o que possibilita estabelecer relações significativas entre os diferentes saberes.

Segundo Mazur (2015), na aprendizagem ativa, as atividades que necessitam de um maior envolvimento dos alunos geram um maior desempenho acadêmico, pois ao invés de se apenas transmitir o conteúdo teórico, os alunos compartilhavam seus conhecimentos em sala de aula de forma prática. Essa experiência ficou conhecida como flipped classroom ou sala de aula invertida.

Nesse modelo, o professor prepara o conteúdo e as instruções que devem ser estudados on-line pelos discentes, ou seja, antes de o aluno frequentar a sala de aula, pois a escola passa a ser o lugar onde o que já foi estudado é exercitado por meio de atividades práticas para a resolução de desafios (BACICH; MORAN, 2018).

O autor supracitado, ainda, retrata que esse processo de inversão da sala de aula possibilita que o aluno adquira o conhecimento de forma ativa e que o espaço físico da escola se torne um local para perguntas, atividades práticas e discussões, onde o professor pode trabalhar as dificuldades dos educandos, pois essa forma de educação oferece ao estudante um ambiente flexível que estimula o seu protagonismo e a sua autonomia.

Cabe ressaltar, também, que a sala de aula invertida é uma alternativa ao modelo tradicional, porque inverte os processos que acontecem dentro e fora de sala, procurando, desta forma, aproximar o aluno e o professor, mediante a um processo colaborativo de ensino e aprendizagem (BACICH; MORAN, 2018)

A flipped classroom ou sala de aula invertida, possui algumas regras básicas para a sua aplicação, sendo elas: atividades que envolvam questionamentos significativos e que, principalmente, façam com que o aluno amplie o seu conhecimento sobre o material que foi disponibilizado on-line; após as atividades realizadas em sala, os alunos devem receber o retorno de seu desempenho nas atividades; as tarefas, realizadas de forma presencial ou on-line, devem ser parte da avaliação formal da disciplina; os ambientes virtuais e os materiais a serem utilizados devem ser devidamente planejados e estruturados (BACICH; MORAN, 2018).

Este processo é facilitado pelo uso da tecnologia, pois o material preparado, seja: slides, vídeo aulas, apostilas, entre outros, é compartilhado pelo professor aos alunos via e-mail ou através de algum serviço de nuvem.

Além disso, destaca-se que o uso de tecnologia permite uma maior interação entre os alunos fora do ambiente escolar, fomentando a discussão de conteúdos e a formação de grupos de estudos. Além de, também, possibilitar contato com o professor para sanar eventuais dúvidas. Nesse contexto, segundo Rodrigues (2015), um dos benefícios de inverter a sala de aula é que os professores e alunos possuem mais tempo para discutir temas interessantes em sala que antes seriam deixados para serem refletidos de forma individual, fazendo com que o foco, em sala de aula, seja voltado para o aluno e não mais no professor como era no ensino tradicional (RODRIGUES, 2015, p. 45).

Outro benefício de se utilizar a tecnologia da sala de aula invertida, como ferramenta de aprendizagem, é que os alunos podem revisar o conteúdo expositivo em casa e, na sala de aula, os professores conseguem auxiliar seus alunos nas suas dificuldades de forma mais efetiva.

Nesse sentido, observa-se a relevância do emprego de tecnologias que possam renovar os métodos de ensino, assim como cumprir as regras que estabelecem um bom uso das ferramentas, sendo as metodologias ativas uma alternativa pedagógica para auxiliar o aluno na busca pelo conhecimento e capazes de resolver problemas diante das demandas e desafios da educação do século XXI. Nessa abordagem, foi observado que tanto o professor quanto o aluno podem utilizar a sala de aula invertida como ferramenta de aprendizagem, pois o estudante deixa de ser apenas expectador e passa a atuar ativamente, se tornando protagonista do seu aprendizado.

Para finalizar, destaca-se que a sala de aula invertida, em detrimento do modelo tradicional, desperta o maior interesse do educando pelo conteúdo e promove maior participação em aula, além de proporcionar o estímulo das habilidades cognitivas e socioemocionais (MAZUR, 2015).

CONSIDERAÇÕES FINAIS 

O uso de metodologias ativas, em contraponto às metodologias passivas, têm sido amplamente estudado, principalmente, devido ao fato de que o avanço tecnológico possibilita, cada vez mais, a aplicabilidade de métodos de ensino ativos. Nesse contexto, cumpre relembrar que a busca por novos métodos de ensino, que sejam mais dinâmicos e atraentes aos alunos, é antiga, e as novas tecnologias ampliam essa discussão, acrescentando um novo fator: o uso de ferramentas tecnológicas no ambiente escolar.

Nesse cenário, o presente artigo visou responder:  de que modo a sala de aula invertida pode ser utilizada como ferramenta de aprendizagem? Sendo possível constar que o modelo de sala de aula invertida ou flipped classroom, é uma possível alternativa para o enfrentamento dos problemas existentes no modelo tradicional, sendo ela uma metodologia de ensino ativa que viabiliza o emprego das tecnologias atuais. Nela, o professor prepara o material de estudo e compartilha com os alunos que, por sua vez, estudam em casa. Desta forma, a sala de aula para a ser utilizada para resolução de exercícios, debates, seminários, laboratórios, entre outros métodos, que tornam o estudante protagonista de seu processo de ensino.

Por fim, vale ressaltar que as metodologias ativas e passivas são apenas abordagens diferentes, não existindo um modelo superior; e que as investigações sobre esse tema são múltiplas e não se esgotam por aqui, sendo necessário o desenvolvimento de mais estudos referente ao emprego das tecnologias na educação, bem como do uso sala de aula invertida. 

REFERÊNCIAS 

BACICH, Lilian; MORAN, José. Metodologias Ativas para uma Educação Inovadora. Porto Alegre: Penso, 2018.

CAMARGO, Fausto; DAROS, Thuinie. A sala de aula inovadora: estratégias pedagógicas para fomentar o aprendizado ativo. Porto Alegre: Penso Editora, 2018.

FREIRE, Paulo, Pedagogia da Autonomia. Saberes necessários à prática educativa. 53ª edição, Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2016.

GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. São Paulo: Atlas, 1991.

KENSKI, Vani Moreira. Educação e tecnologias: O novo ritmo da informação. Coleção Papirus Educação. Campinas, SP:  Papirus, 2007.

LUCKESI, Cipriano Carlos. Filosofia da Educação. 3. ed. São Paulo: Cortez, 2011.

MAZUR, Eric. Peer instruction: a revolução da aprendizagem ativa. Porto Alegre: Penso, 2015.

RODRIGUES, Carolina Stancati, Sala de Aula Invertida: desafios apontados por professores em uma instituição de ensino médio, Dissertação (Mestrado em Educação) – Pontifícia Universidade Católica do Paraná- PUC-PR. Curitiba, 2015.

[1] Pós-graduação em Pedagogia Empresarial; Pós-graduação em Tecnologias e Educação a Distância; Pós-graduação em Gestão, Orientação e Supervisão Escolar; MBA em Aperfeiçoamento de Processos Pedagógicos; Graduada em Pedagogia pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro. ORCID: 0000-0002-1016-9147.

Enviado: Janeiro, 2022.

Aprovado: Setembro, 2022.

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Evelyn Dias Cardozo

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