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A importância do orientador pedagógico de área para a eficácia da escola plena

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CONTEÚDO

ARTIGO ORIGINAL

PAIVA, Neidiane Goulart Lima [1]

PAIVA, Neidiane Goulart Lima.  A importância do orientador pedagógico de área para a eficácia da escola plena. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano. 07, Ed. 10, Vol. 03, pp. 102-114. Outubro de 2022. ISSN: 2448-0959, Link de acesso: https://www.nucleodoconhecimento.com.br/educacao/orientador-pedagogico

RESUMO

Este artigo é parte de uma dissertação de Mestrado em Ensino desenvolvido no Programa de Pós-graduação Stricto Sensu da Saint Alcuin of York Anglican College, intitulada: “A  Importância do Orientador Pedagógico nas Escolas Plenas no Mato Grosso”. Tendo em vista as políticas públicas de educação em exercício no país, mediante implantação da Escola Plena nas unidades de ensino da rede estadual no estado, a questão norteadora para este artigo consiste em indagar: Qual a importância do papel do Orientador Pedagógico de Área para a eficácia e qualidade do ensino na proposta da Escola Plena?  O artigo em tela tem como objetivo refletir sobre a importância do trabalho orientador pedagógico de área no âmbito escolar, tendo em vista a dinâmica que perpassa suas ações, de forma a destacar suas contribuições para a eficácia da Escola Plena, assim como, apontar o caráter  formativo que esse personagem traz para o sistema educacional no projeto em questão, que diz respeito a materialização de uma política de Educação de Tempo Integral no estado do Mato Grosso-MT. A metodologia utilizada para o desenvolvimento da investigação bibliográfica e documental, possui como referencial teórico os estudos de autores como Grinspun (2003), Luck (2011) e Pimenta (2013). Percebe-se que o papel do orientador pedagógico se apresenta como uma dimensão de sustentação para a proposta, tendo em vista que a modalidade de ensino em tempo integral está em fase de adaptações, devido aos ajustes nas funções no quadro das equipes gestoras das escolas pilotos, o que requer por parte deste profissional, além de um planejamento consistente, conhecimento e capacidade de liderança e motivação. Como resultado, observa-se que os aspectos interativos relacionados à ação do Orientador Pedagógico de Área juntamente aos seus professores se traduzam em uma ação pedagógica formativa perpassada de êxito com capacidade para contribuir no ensino e aprendizagem quanto com as políticas públicas voltadas para uma educação inclusiva.

 Palavras-chave: Orientador, Escola, Tempo integral, Educação.

1. INTRODUÇÃO 

No Brasil a educação consiste em um direito social garantido por lei, ao longo do tempo muitas tem sido a formulação de políticas públicas educacionais de cunho inclusivo, com foco no acesso, permanência e êxito do discente no ensino público e a Escola de Tempo Integral se constitui em uma dessas políticas públicas de inclusão (CARVALHO, 2002).

A Educação é um direito de todos/as em “[…] igualdade de condições para o acesso e permanência na escola”, sendo esse, um princípio do ensino da educação brasileira, como é possível encontrar no artigo 206 da Constituição Federal (BRASIL, 1988), artigo 53 do Estatuto da Criança e do Adolescente (BRASIL, 1990) e artigo 3º da LDB (BRASIL, 1996). A educação consiste em um dos direitos sociais do cidadão “[…] a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição” (BRASIL, 1988, grifo nosso).

Diante do exposto, a Escola Plena[2] se apresenta como uma instituição de ensino cujo diferencial consiste em atender alunos do Ensino Fundamental e Médio em Tempo Integral. A mesma tem se destacado de forma positiva na perspectiva do modelo de ensino integral no Estado de Mato Grosso, tendo por objetivo garantir que os estudantes tenham acesso a uma educação integral e de excelência na rede pública de ensino, além de proporcionar aos profissionais da educação condições básicas de atuação satisfatória nessa modalidade de ensino.

Tal modelo de educação possibilita um tempo maior de permanência do aluno na escola mediante um currículo mais diversificado com a apropriação de saberes da comunidade que envolve diretamente a escola, o que permite a criação de subsídios para que o educando possa se integrar com a sociedade utilizando o que é o mais importante – seu capital intelectual, uma vez que o capital (ou ativo intangível) intelectual é composto e construído pelo desenvolvimento intelectual das pessoas, conceituado por Stewart (1998, p. 13), como: “[…] a soma dos conhecimentos de todos […] e que lhe proporciona vantagem competitiva … constituem a matéria intelectual: conhecimento, informação, propriedade intelectual, experiência, que pode ser utilizada para gerar riqueza”.

O objetivo deste artigo consiste em refletir sobre a importância do trabalho orientador pedagógico de área no âmbito escolar, tendo em vista a dinâmica que perpassa suas ações, de forma a destacar suas contribuições para a eficácia da Escola Plena, assim como, apontar o caráter  formativo que esse personagem traz para o sistema educacional no projeto em questão, que diz respeito a materialização de uma política de Educação de Tempo Integral no estado do Mato Grosso-MT.

Vale ressaltar que o projeto da Escola Plena em Mato Grosso acontece desde 2016, no primeiro ano um projeto piloto em três escolas, e seguindo-se de outras implantações somando atualmente um total de 39 unidades em um universo de 664 escolas (SEDUC/MT, 2018).

A fim de atender aos objetivos propostos para o estudo em tela, faremos uso da investigação de natureza qualitativa, mediante pesquisa bibliográfica e documental. O tema é relevante, pois ajuda a entender a função  e  a importância  do trabalho      do Orientador Pedagógico  de  Área  nas  escolas  plenas  do  Estado  de  Mato Grosso, internamente chamados de “Orientador Pedagógico de Área (OPA)” já que cada área do conhecimento possui o seu; assim como permite perceber  sua influência positiva em relação à escola, a   base curricular e a vida dos alunos.

No cotidiano escolar a presença do OPA agrega valores à uma gestão exitosa, bem como à própria natureza da Escola Plena, na perspectiva da escola de tempo integral. No estado de Mato Grosso, o OPA trabalha ao lado do Coordenador Pedagógico e do diretor, faz parte da gestão da escola, realizando algumas funções como apoiar as ações da coordenação pedagógica, oferecendo subsídios aos docentes da área promovendo articulação entre EMTI, BNCC e a Parte Diversificada do currículo da escola em tempo integral; deixando o processo de ensino-aprendizagem mais leve e engrenado. “A Orientação Educacional faz parte da construção coletiva desse projeto, participando dele, questionando, discutindo, refletindo e buscando soluções possíveis e adequadas à realidade existente”. (ROSA, 2018, p. 15)

A escola é, verdadeiramente, um espaço importante e necessário onde quer que haja pessoas, pois ela tem um papel social e formativo a desenvolver que nenhuma outra instituição é capaz de cumprir. É certo que a educação acontece nos mais variados lugares, situações e instituições, mas é na escola que o valor da aprendizagem está intimamente ligado à cultura e à ciência.

As Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio, em 2018, indicam que a concepção do Ensino Médio Integrado permanece centrada nas dimensões trabalho, ciência, cultura, bases da formação omnilateral e politécnica. Ciência e cultura interrelacionadas com o trabalho, no seu sentido ontológico, como princípio educativo e organizativo da base unitária do ensino médio:

[…] ciência: conhecimentos produzidos e legitimados socialmente ao longo da história, como resultados de um processo empreendido pela humanidade na busca da compreensão dos fenômenos naturais e sociais. […] A formação profissional, por sua vez, é o meio pelo qual o conhecimento científico adquire, para o trabalhador, o sentido de força produtiva, traduzindo-se em técnicas e procedimento, a partir da compreensão de conceitos científicos e tecnológicos básicos.

[…] cultura que embasa a síntese entre formação geral e formação específica e compreende como as diferentes formas de criação da sociedade, de tal forma que o conhecimento característico de um tempo histórico e de um grupo social traz a marca das razões, dos problemas e das dúvidas que motivaram o avanço do conhecimento numa sociedade (RAMOS, 2004, p. 20).

Neste sentido, o saber escolar não pode acontecer de qualquer jeito, devendo estar pautado numa organização que possibilite atingir os objetivos propostos. Tendo em vista que o papel do OPA é de fundamental importância para a articulação entre a dimensão pedagógica, de gestão e administrativa da escola, assim como para o sucesso da prática pedagógica docente, faz-se necessário compreender: “Qual a importância do papel do Orientador Pedagógico de Área para a eficácia e qualidade do ensino na proposta da Escola Plena?

2. METODOLOGIA 

A fim de atender aos objetivos propostos para este artigo elegemos um caminho investigativo a partir da metodologia de natureza qualitativa via pesquisa bibliográfica, mediante premissas defendidas por Bogdan e Biklen (1994). A percepção dos autores é a de que a preocupação do pesquisador deve centrar- se na trajetória de levantamento dos dados, primando pelo significado da construção das percepções dos sujeitos e não somente com os resultados e o produto final.

A percepção dos estudiosos é a de que:

os levantamentos sociais têm uma importância particular para a compreensão da história da investigação qualitativa em educação, dada a sua relação imediata com os problemas sociais e a sua posição particular a meio caminho entre a narrativa e o estudo científico (BOGDAN e BIKLEN, 1994, p. 23).

Tal fundamentação encontra respaldo nas características básicas propostas por Bogdan e Biklen (1994). Conforme esses autores, para realização de pesquisa com uma abordagem qualitativa os dados são coletados em seu ambiente natural, sem nenhum tipo de manipulação intencional; todos os dados são considerados importantes e apresentados de forma descritiva; o pesquisador tem sua atenção mais voltada ao processo do que ao resultado; o pesquisador se preocupa com o significado que o participante dá às coisas e à sua própria vida e, a análise dos dados coletados parte de uma visão mais ampla para uma mais focada. A natureza da pesquisa proporcionará à pesquisadora interagir com os

sujeitos pesquisados e por meio do diálogo, esclarecer dúvidas, num processo dialético de interação e reflexão, uma vez que “os dados recolhidos são designados por qualitativos, o que significa ricos em pormenores descritivos relativamente a pessoas, locais e conversas, e de complexo tratamento estatístico” (BOGDAN e BIKLEN, 1994, p. 16).

A pesquisa bibliográfica por sua vez se configura como sendo o exame de materiais de natureza diversa que ainda não receberam um tratamento analítico ou que podem ser reexaminados criando novas ou interpretações complementares, atividade de localização de fontes, para coletar dados gerais ou específicos a respeito de determinado tema. É um componente obrigatório para qualquer pesquisa (LAKATOS 1992).

A característica principal da pesquisa bibliográfica, é a de possibilitar ao pesquisador uma bagagem teórica variada, contribuindo para ampliar o conhecimento, de forma a fazer da pesquisa um material rico sobre o assunto, fundamentando do ponto de vista teórico o material a ser analisado.

Na visão de Lakatos,

A pesquisa bibliográfica permite compreender que, se de um lado a resolução de um problema pode ser obtida através dela, por outro lado, tanto a pesquisa de laboratório quanto a de campo (documentação direta) exigem, como premissa, o levantamento do estudo da questão que se propõe a analisar e solucionar. A pesquisa bibliográfica pode, portanto, ser considerada também como o primeiro passo de toda pesquisa científica. (LAKATOS, 1992, p. 44).

Objetivando perceber os principais conceitos e implicações do texto da lei nº 10.622, de 24 de outubro de 2017  que institui o Projeto Escola Plena, vinculado ao programa Pró-Escolas, no âmbito do Estado de Mato Grosso, será utilizada a análise documental, que enquanto possibilidade no que se refere à pesquisa qualitativa, consiste em uma ação a ser realizada a partir de documentos que não receberam tratamento analítico contemporâneos ou retrospectivos, considerados cientificamente autênticos, constituindo uma técnica importante na pesquisa qualitativa.  “[…] A análise documental pode se constituir numa técnica valiosa de abordagem de dados qualitativos, seja complementando as informações obtidas por outras técnicas, seja desvelando aspectos novos de um tema ou problema.” (LUDKE, 1986: 38).

Trata-se de uma técnica decisiva para a pesquisa em ciências sociais e humanas, sendo indispensável porque a maior parte das fontes escritas ou não, são quase sempre a base do trabalho de investigação, razão pela qual a LDB, Lei nº 9394/96, é utilizada como fonte de análise, tendo em vista sua abrangência para a educação no Brasil, além da Lei nº 10.622, de 24 de outubro de 2017, que institui o Projeto Escola Plena, vinculado ao Programa Pró-Escolas no âmbito do Estado de Mato Grosso.

3. O DESENVOLVIMENTO DA FUNÇÃO DO ORIENTADOR PEDAGÓGICO DE ÁREA NA ESCOLA PLENA 

A Escola Plena em Mato Grosso desenvolve os componentes curriculares da Base Nacional Comum Curricular – BNCC (2018) e a parte diversificada, de forma a contemplar a dimensão da arte dos esportes. As disciplinas que compõem a Base Comum e a Base Diversificada, são:

Base Comum: Português, Matemática, Inglês, Geografia, História, Ciências, Arte, Ensino Religioso, Filosofia, Sociologia, Biologia, Física e Química.

Base Diversificada: Protagonismo Estudantil, Projeto de Vida, Iniciação Científica, Prática Experimental, Estudo Aplicado de Matemática, Estudo Aplicado de Português, Estudo Orientado, Avaliação Semanal e Eletivas.

A escola atende em período integral com entrada dos alunos às 07:00 h no período matutino e a saída é às 18:30h no período vespertino. Os alunos recebem três refeições diárias, sendo um lanche no período matutino, um almoço e um lanche no período vespertino.

No que tange à estrutura, a Escola Plena conta com um diretor, um coordenador pedagógico, quatro orientadores de áreas, a saber: área de Humanas, Linguagem, Exatas e Prática Esportiva, além de professores de diferentes modalidades artísticas e esportivas,  professores da Base Comum, técnico administrativo, auxiliares administrativos, bibliotecária e técnicos em infraestrutura e alimentação escolar ,sendo que o OPA consiste na pessoa responsável pelo desenvolvimento de todas as ações pedagógicas relativas à sua área de atuação, assim como na articulação com as demais áreas.

Detentora de um modelo pedagógico diferenciado, a Escola Plena que tem como ponto de partida para o desenvolvimento do seu processo formativo o projeto de vida dos alunos. Este projeto, além de ser um modelo pedagógico, é também uma disciplina curricular da base diversificada. Neste sentido, todas as ações educativas desenvolvidas pela escola referem-se ao processo de construção do projeto de vida dos alunos, uma vez que todos os funcionários possuem mecanismos de acesso aos projetos, assim, o professor de qualquer componente curricular pode desenvolver aulas que mostrem para os alunos como o conteúdo pode auxiliar no êxito de seus projetos de vida, sendo que o mesmo acontece com as demais disciplinas, tanto da base comum quanto da diversificada.

A fim de que o processo formativo aconteça de maneira articulada, o OPA assume papel de significativa importância, ao promover formas de trocas de experiências e saberes entre os pares e os estudantes.

Verifica-se que o Projeto de Vida consiste no “centro” do projeto escolar. Ou seja, trata-se da questão fundante que perpassa a totalidade do currículo e que requer a união de todos os esforços da equipe escolar, uma vez que o seu desenvolvimento leva à materialização do currículo e da prática pedagógica que lhe atribui sentido, tanto no aspecto formativo quanto contributivo, na vida do jovem no Ensino Médio. ICE (2015).

É possível constatar que a visão hodierna que se tem da orientação educacional aponta para o estudante como centro da ação pedagógica, tocando ao Orientador atender aos requisitos e expectativas dos alunos; e, sua tarefa não é apenas com os alunos, mas em todo o processo do ensino-aprendizagem .

Neste sentido,

A orientação, hoje, está mobilizada com outros fatores que não apenas e unicamente cuidar e ajudar os ‘alunos com problemas’. Há, portanto, necessidade de nos inserirmos em uma nova abordagem de Orientação, voltada para a ‘construção’ de um cidadão que esteja mais comprometido com seu tempo e sua gente. Desloca-se, significativamente, o ‘aonde chegar’, neste momento da Orientação Educacional, em termos do trabalho com os alunos. Pretende-se trabalhar com o aluno no desenvolvimento do seu processo de cidadania, trabalhando a subjetividade e a intersubjetividade, obtidas através do diálogo nas relações estabelecidas. (GRINSPUN, 2003 p. 13)

Por isso, o OPA na Escola Plena em Mato Grosso-MT, no uso de suas atribuições, media o processo de ensino com o docente através das preocupações pedagógicas do CP em cumprimento com o plano de ação da escola e também é o mediador entre professor e aluno no contexto aprendizagem, como facilitador para entender as políticas públicas do estado e subsidiar com materiais, roda de conversas nas reuniões de área para alinhamento do contexto escolar.

Rosa assevera que:

O papel da Orientação Educacional na organização escolar é extremamente necessária, pois ela se apresenta como uma prática inserida no projeto político- pedagógico da escola, e também como uma prática preocupada com a organização de uma nova escola, que chamamos de escola de qualidade (ROSA, 2018, p. 16).

Uma das atividades do OPA, consiste na formação continuada em serviço, que em cada estado este projeto ganha um nome, no Mato Grosso é o Projeto Sala do Educador, oportunidade em que este profissional contribui muito com essa atividade, pois organiza um horário para que seu grupo se reúna para estudarem a temática da semana e fazer suas contribuições com as outras áreas do conhecimento. É enriquecedor ver que as intervenções pedagógicas, pensada pelo docente para serem aplicadas nas dificuldades do aluno, ela será efetivada em sala de aula porque o OPA facilitará o processo (estudos, diagnóstico, realização e execução do plano de intervenção)

A Orientação Educacional é uma das funções mais importantes na área de atuação do pedagogo. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional 9.394/96 em seu art. 64 estabelece que a formação dos Orientadores Educacionais deva acontecer em Cursos de Especialização, Pós-Graduação na área da Educação:

Art. 64. A formação de profissionais de educação para administração, planejamento, inspeção, supervisão e orientação educacional para a educação básica, será feita em cursos de graduação em pedagogia ou em nível de pós-graduação, a critério da instituição de ensino, garantida, nesta formação, a base comum nacional. (LDB, 9394/96)

Na escola, o OPA é um dos membros da equipe gestora, ao lado do diretor e do coordenador pedagógico, ele dará suporte para construção de projetos interventivos ao processo da aprendizagem e ao lado do professor, é evidente que esse profissional zelará pela manutenção do processo de ensinagem, tendo em vista que  o objetivo do papel do OPA está em “garantir que os estudantes possam ter acesso à uma educação integral e de excelência, mesmo na rede pública, além de garantir aos profissionais uma segurança para atuar nessa modalidade de ensino” (CASTRO e MONTEIRO 2021, p. 335).

Dessa forma, o orientador educacional vai dividir a responsabilidade com todos os eixos da escola. Com união e parceria nesse trabalho cotidiano, se torna possível a construção de uma escola mais humana e justa. De acordo com Luck (2007):

A democratização dos processos de gestão da escola, estabelecida na constituição nacional, na lei de diretrizes e bases da educação nacional (lei nº 9394/96) e no plano nacional de educação, acentua a necessidade de ação coletiva compartilhada. A descentralização dos processos de organização e tomada de decisões em educação e a consequente construção da autonomia da escola demandam o desenvolvimento de espírito de equipe e noção de gestão compartilhada nas instituições de ensino, em todos os níveis”. (LUCK, 2007, p. 96).

Tendo em vista que a Lei Nº 10.622 de 24 de outubro de 2017 que institui o Projeto Escola Plena, vinculado ao Programa Pró-Escolas no âmbito da Secretaria de Estado de Educação, Esporte e Lazer – SEDUC em seu artigo 2º menciona que:

Art. 2º O Projeto Escola Plena possui as seguintes diretrizes:

I- Desenvolver ações inovadoras relativas ao currículo e à gestão escolar, direcionadas à melhoria da qualidade do ensino na rede estadual de educação;

II- Sistematizar, implementar e difundir o modelo de educação integral na rede estadual de ensino;

III- Oferecer atividades que influenciem práticas inovadoras ao processo de ensino- aprendizagem, a fim de melhorar a sua qualidade; IV – estimular a participação da comunidade escolar na elaboração do projeto político- pedagógico da escola;

IV- Ampliar a jornada escolar, a fim de promover a formação integral e integrada do estudante;

VI- Integrar o ensino médio à educação profissional;

VII- Viabilizar parcerias com o Governo Federal, instituições de ensino e pesquisa e instituições públicas ou privadas com vistas a colaborar com a expansão da educação integral no âmbito do Estado de Mato Grosso (MATO GROSSO, 2017).

Ainda o parágrafo 1º do artigo 6º desta que:

§ 1º A Comissão de Implantação prevista no caput deste artigo é única e atenderá todas as unidades escolares selecionadas para o Projeto Escola Plena, sendo composta pelos seguintes membros:

I- Coordenador-geral;

II – Especialista pedagógico;

III – especialista em gestão; e

IV – Especialista em infraestrutura. (MATO GROSSO, 2017).

O OPA atua na perspectiva de um mediador na escola entre coordenador/professor e professor/aluno, de forma a fazer a conexão entre os diferentes atores sociais pertencentes ao cenário educativo em uma gestão democrática. Dele parte a reflexão sobre a escola e o crescimento coletivo numa missão pautada no diálogo e na cooperação.

Noal (2004), destaca que:

[…] Ser orientador é uma opção, mas atuar como orientador significa enfrentar constantes desafios, buscando atitudes cotidianas que promovam a união e integração. O orientador atua promovendo uma prática que inclui, combatendo a discriminação, compreendendo e auxiliando o aluno em seu desenvolvimento pleno, sem preconceitos, com muito respeito, independentemente de sua condição econômica, da aparência física ou opção sexual de todos os sujeitos da educação. Se desenvolver orientador é uma função na qual a intenção de solidariedade é o maior valor. (NOAL, 2004, p. 14).

Portanto, o orientador pedagógico consiste naquele profissional que vai auxiliar no desenvolvimento de uma escola de autoria em todos os sentidos. Com relação aos alunos, busca incentivar a explorar e buscar soluções aos desafios encontrados com relação ao professor, valorizando seu potencial, acreditando que de sua capacidade e incentivando sempre ir além e com relação a coordenação e direção dar um suporte necessário para que tudo vá bem dentro da instituição.

Médola (2009) aponta que um dos principais desafios da escola e por decorrência do orientador pedagógico consiste em estabelecer um diálogo entre duas realidades distintas: a aula onde o professor é o organizador e o mediador do conteúdo e o local onde este conhecimento é gestado, uma vez que conforme Brandão (2006), a educação acontece também para além dos muros da escola.

Ninguém escapa da educação. Em casa, na rua, na igreja ou na escola, de um modo ou de muitos, todos nós envolvemos pedaços da vida com ela: para aprender, para ensinar, para aprender-e-ensinar. Para saber, para fazer, para ser ou para conviver, todos os dias misturamos a vida com a educação. Com uma ou com várias: educação? Educações (BRANDÃO, 2006, p. 7).

A escola Plena mediante projetos específicos com foco na inclusão, se alinha à concepção de uma sociedade dinâmica e de construção de conhecimento condizente com ações igualmente dinâmicas cujo objetivo maior que é preparar o cidadão para um mundo melhor

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao refletirmos sobre a importância do trabalho orientador pedagógico de área no âmbito escolar, de forma a destacar a importância do seu papel para a eficácia da Escola Plena, na perspectiva de uma política pública de educação, assim como, apontar as contribuições que esse personagem traz para o sistema educacional no projeto em questão, que diz respeito a uma política de Educação de Tempo Integral no estado do Mato Grosso-MT, é possível constatar que o projeto educacional de escola em tempo integral, a Escola Plena, consiste em uma resposta que o estado de Mato Grosso apresenta para uma condição social que evidencia a fragmentação da família tanto estruturalmente (pais separados) como financeiramente (pais que trabalham fora para manter um padrão de consumo exigido por esta mesma sociedade) que é perpassada por diferentes tipos de diversidade.

Em um contexto macro, os países que já perceberam esta mudança social já desenvolvem o projeto de Escola Plena há bastante tempo, incorporando-o à sua cultura educacional.

Nesta direção, no que diz respeito a função do OPA, em alguns estados brasileiros, na rede escolar estadual, faz parte da equipe de gestão escolar, onde subordinado à direção e à coordenação pedagógica da escola, o orientador emprega métodos pedagógicos onde desempenha atividades como proposição de estratégias comuns entre os professores, coordenação e orientação; analisa junto a coordenação planejamentos das diversas disciplinas; realização de atendimentos individuais e/ou grupo nas reuniões de área para receber ou fornecer informações necessárias dos alunos; análise e avaliação dos resultados quantitativos e qualitativos dos alunos, das classes junto à coordenação para posterior encaminhamentos; participação nos eventos da escola; organização e participação junto à coordenação das atividades extracurriculares e intervenções pedagógicas.

Na perspectiva da Escola Plena, o OPA, atua como um elo entre todas as demais pessoas e dimensões da escola e da prática pedagógica, pois o mesmo assiste da melhor maneira possível todos os atores da escola (alunos/professores/gestores) é sua responsabilidade guiar e motivar os professores, inclusive indicando condições para que os educadores prossigam em formação e realizem processos de atualização de suas práticas docentes, que atendam a necessidade da demanda de alunado.

Diante do exposto, é possível afirmar que o trabalho do OPA se apresenta como uma das dimensões importantes para a qualidade e cumprimento do papel social da Escola Plena na sociedade mato-grossense, tendo em vista que para que a Escola Plena, na perspectiva de uma política pública de educação seja eficaz, carece fazer com que o projeto de vida seja construído pelos estudantes. E para que tal intento se concretize o papel do OPA carece ser desenvolvido de forma coerente com as prerrogativas instituídas pela Lei nº 10.622, de 24 de outubro de 2017 que institui o Projeto Escola Plena, vinculado ao programa Pró-Escolas, no âmbito do Estado de Mato Grosso no ano de 2017.

REFERÊNCIAS

BOGDAN, Robert; BIKLEN, Sari. Investigação Qualitativa em educação: uma introdução à teoria e aos métodos. Porto, Portugal: Porto Ed., Coleção Ciências da Educação, 1994.

BRASIL. Lei nº 9394 de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional.

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado Federal: Centro Gráfico, 1988.

BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília, 2018.

CARVALHO, José Murilo de. Cidadania no Brasil. O longo Caminho. 3ª ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2002.

CASTRO, Flavio Marcelo Bueno e MONTEIRO, Edenar Souza. Concepções e Estratégias Pedagógicas Inovadoras: um Modelo de Ensino na Escola Plena Arena da Educação em Mato Grosso.  Ensino, v.22, n3, 2021, p.335-339. Cuiabá. 2021.

GRINSPUN, Mirian P. S. Zippin. A prática dos orientadores educacionais. 5. ed. – São Paulo: Cortez, 2003.P. 149 -154.

LAKATOS, Maria Eva. MARCONI, Maria de Andrade. Metodologia do Trabalho Científico. 4 ed/. São Paulo. Revista e Ampliada. Atlas, 1992.

LÜDKE, M., ANDRÉ, M. E. C. A. Pesquisa em educação: abordagens qualitativas. São Paulo: EPU, 1986.

LÜCK, Heloísa. FREITAS. S. Kátia; GIRLING. Robert. e KEITH. Sherry. A Escola Participativa: o trabalho do gestor escolar. 4. ed. Petrópolis, RJ:Vozes, 2007.

LÜCK, H. Gestão da cultura e do clima organizacional da escola. 2. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2011. Vol. V, série cadernos de gestão.

MATO GROSSO. Lei nº 10.622, de 24 de outubro de 2017. Institui o Projeto Escola Plena, vinculado ao programa Pró-Escolas, no âmbito do Estado de Mato Grosso, 2017.

NOAL, I.K. Contextualização Do Serviço De Orientação Educacional Na Escola: Trajetórias, Expectativas E Desafios. Prospectiva. Revista De Orientação Educacional, Associação Dos Orientadores Educacionais Do Rio Grande Do Sul, Porto Alegre, v. 3, n. 28, p. 14-17, 2004.

PIMENTA, S. G. Didática e formação de professores: percursos e perspectivas no Brasil e em Portugal. Cadernos de Pesquisa, (103), 190. 2013. Disponível em:<  https://publicacoes.fcc.org.br/cp/article/view/1889>. Acesso em 05 de jun. 2022.

RAMOS, Marise N. O projeto unitário de ensino médio sob os princípios do trabalho, da ciência e da cultura. FRIGOTTO, G. e CIAVATTA, M. Ensino Médio: ciência, cultura e trabalho. Brasília: MEC/SEMTEC, 2004.

STEWART, T. A. Capital Intelectual: a nova vantagem competitiva nas empresas. 8ª ed. Tradução de Ana Beatriz Rodrigues, Priscilla Martins Celeste. Rio de Janeiro: Campus, 1998. 237 p.

SEDUC/MT. (01 de 03 de 2018). Escola Plena. Acesso em 27 de 01 de 2022. Disponível em <seduc.mt.gov.br: http://www3.seduc.mt.gov.br/pro-escolas/escola-plena>. Acesso em: 01 de mar. de 2018.

APÊNDICE – REFERÊNCIA NOTA DE RODAPÉ

2. A Escola Plena é um projeto de escola em tempo integral no estado do Mato Grosso que conta com a função de Orientador pedagógico, cargo esse ocupado por um professor de área que orienta suas áreas, auxiliando o coordenador pedagógico no desempenho da escola para êxito do projeto (MATO GROSSO, 2017).

[1] Pós-graduação: Gestão e Educação Ambiental, UNIC 2009. Pós-graduação: CoordenaçãoPedagógica, UFMT 2015. Graduação: Ciências Biológicas, UNIC 2008. ORCID: 0000-0002-0830-6149.

Enviado: Fevereiro, 2022.

Aprovado: Outubro, 2022.

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Neidiane Goulart Lima Paiva

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