REVISTACIENTIFICAMULTIDISCIPLINARNUCLEODOCONHECIMENTO

Revista Científica Multidisciplinar

Pesquisar nos:
Filter by Categorias
Administração
Administração Naval
Agronomia
Arquitetura
Arte
Biologia
Ciência da Computação
Ciência da Religião
Ciências Aeronáuticas
Ciências Sociais
Comunicação
Contabilidade
Educação
Educação Física
Engenharia Agrícola
Engenharia Ambiental
Engenharia Civil
Engenharia da Computação
Engenharia de Produção
Engenharia Elétrica
Engenharia Mecânica
Engenharia Química
Ética
Filosofia
Física
Gastronomia
Geografia
História
Lei
Letras
Literatura
Marketing
Matemática
Meio Ambiente
Meteorologia
Nutrição
Odontologia
Pedagogia
Psicologia
Química
Saúde
Sem categoria
Sociologia
Tecnologia
Teologia
Turismo
Veterinária
Zootecnia
Pesquisar por:
Selecionar todos
Autores
Palavras-Chave
Comentários
Anexos / Arquivos

A influência do lúdico na matemática para alunos das séries iniciais do Ensino Público brasileiro

RC: 63507
1.894
2.5/5 - (2 votes)
DOI: ESTE ARTIGO AINDA NÃO POSSUI DOI
SOLICITAR AGORA!

CONTEÚDO

ARTIGO ORIGINAL

ANGELO, Jamisson da Silva [1]

ANGELO, Jamisson da Silva. A influência do lúdico na matemática para alunos das séries iniciais do Ensino Público brasileiro. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano 05, Ed. 10, Vol. 24, pp. 68-82. Outubro de 2020. ISSN: 2448-0959, Link de acesso: https://www.nucleodoconhecimento.com.br/educacao/influencia-do-ludico

RESUMO

O ensino da matemática nas escolas públicas é um dos grandes desafios, em especial nos anos iniciais, tendo em vista que é o período onde são fornecidas as bases para os anos sequenciais. A disciplina e o ensino da matemática pura demanda uma série de capacidades dos alunos, a começar pela concentração e atenção, que é um dos desafios dos professores ao ministrarem os seus conteúdos. Esses quesitos são condições essenciais para a aprendizagem, podendo esta ser facilitada ou não, depende do nível de envolvimento dos alunos nas atividades. No entanto, acredita-se que as dificuldades apresentadas pelos alunos em relação à disciplina, passa pela forma como é feita a abordagem do conteúdo e pela forma como chega ao aluno, geralmente em uma situação passiva na relação de ensino e aprendizagem. Dessa forma, vem sendo discutidas possibilidades que venham a estimular o aluno nas atividades voltadas para o ensino da matemática, e uma dessas possibilidades é o lúdico, onde por meio de jogos e brincadeiras, desafia o aluno e proporciona situações onde o mesmo precisa ser ativo para solucionar situações problemas, por meio do pensar e do agir. A proposta do estudo foi compreender de que maneira o lúdico pode ser estratégico no ensino da matemática nos anos iniciais do ensino público. Os resultados apontam uma gama importante de possibilidade do lúdico no ensino da matemática, onde potencializa tanto a aprendizagem em uma fase da vida onde existe uma propensão considerável em absorver informações e construir conhecimento, tendo o professor papel relevante na seleção das atividades e principalmente orientação para o objetivo.

Palavras-Chaves: Lúdico, Educação Pública, Ensino da Matemática.

1. INTRODUÇÃO

A escola pública vem buscando cada vez mais ampliar as possibilidades de ensino, no intuito de tornar a aprendizagem mais desafiadora e prazerosa para os alunos, principalmente aqueles que estão nas séries iniciais. Esse desafio, referente ao ensino, é uma questão que está presente em todas as disciplinas, em especial na matemática, que historicamente é uma das áreas de conhecimento nas quais os alunos possuem grandes dificuldades.

Sabe-se que a matemática possui grande relevância na vida dos indivíduos, e nos anos iniciais de ensino, é importante que a aprendizagem seja significativa e desafiadora, permitindo resolver problemas da vida cotidiana, onde futuramente terá aplicações mais abrangentes, como também na vida laboral, além de ser um relevante instrumento para a construção de conhecimentos em outras áreas.

Como forma de atingir a esse objetivo na educação, com um ensino e aprendizagem eficiente, o lúdico tem sido estudado como possibilidade de facilitar a aprendizagem, compreendendo que é por meio do lúdico que a criança aprende a agir numa esfera cognitiva. Nesse sentido, compreende-se que a ludicidade é uma necessidade humana, em qualquer idade, sendo vista para além da diversão, abarcando inúmeros desafios e possibilidades de aprendizagem.

O desenvolvimento do aspecto lúdico portanto facilita a aprendizagem, o desenvolvimento pessoal, social e cultural, ampliando também os processos de socialização, expressão e construção do conhecimento. Mediante essas colocações, o estudo teve como pretensão responder ao seguinte questionamento: Nas diversas formas de aprendizagem, como a prática da ludicidade na matemática pode contribuir para o ensino de crianças nos anos iniciais na unidade de ensino público?

Esse questionamento serviu para nortear a pesquisa, que buscou explorar de que maneira as brincadeiras, tão presentes e significativas nessa fase da vida, podem contribuir na facilitação da aprendizagem dos alunos. Dessa forma, o objetivo do estudo foi discutir a importância do lúdico como estratégia de ensino da matemática para alunos dos anos iniciais do ensino fundamental.

Para isso foram trazidos elementos teóricos diversos que contribuíram para reflexões diversas em relação ao problema, e consequentemente à aproximação com o objetivo do estudo. A pesquisa se deu por meio de levantamento bibliográfico, onde foram selecionados artigos acadêmicos, teses e dissertações, buscados em bases de dados diversos, como Scielo, Biblioteca Digital de Teses e Dissertações, Periódico Capes, entre outras.

O estudo justifica-se pelas lacunas observadas no ensino público, em especial no que diz respeito ao ensino e aprendizagem da matemática, que historicamente é uma das disciplinas que apresentam grandes dificuldades em relação à sua aprendizagem. Dessa forma, há a necessidade de discutir novos métodos e processos para o ensino da matemática, em especial nos anos iniciais. As crianças, nas suas especificidades físicas, sociais e cognitivas veem na brincadeira significados diversos, encontrando o prazer e a motivação em participarem.

Para muitas dessas crianças, a matemática em sua forma tradicional, acaba sendo um obstáculo para aqueles que possuem dificuldade em aprendê-la, sendo assim necessária uma visão diferenciada em relação ao ensino dessa disciplina, que possa contemplar as diferenças existentes no ambiente educacional, em especial nos espaços públicos, que são bastante heterogêneos. O lúdico pode ser uma importante estratégia de adequação da necessidade de ensino da matemática, como também da necessidade de aprendizagem do aluno, em vista a importância dessa área do conhecimento para a construção de saberes diversos que estão presentes inclusive em outras áreas do conhecimento, além de ser extremamente relevante na vida pessoal e profissional.

2. O LÚDICO COMO ESTRATÉGIA DE ENSINO DA MATEMÁTICA PARA ALUNOS DOS ANOS INICIAIS DA ESCOLA PÚBLICA

2.1 A ESCOLA PÚBLICA E OS DESAFIOS NO ENSINO DA MATEMÁTICA

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB, 1996) estabelece que a educação escolar é dever do Estado, que deve garantir a efetivação dos padrões mínimos da qualidade do ensino, os quais serão estabelecidos com a diversidade e a quantidade mínima, por aluno, dos recursos imprescindíveis ao desenvolvimento do processo de ensino e aprendizagem.

Mediante a isso, existem algumas reflexões importantes a serem consideradas, tendo em vista aquilo que está em lei e o que é presenciado no âmbito prático da educação. Existem muitos desafios em relação ao ensino público no Brasil, que perpassam pelas questões estruturais, referentes às condições de trabalho e de estudo, e também curriculares, que são referentes às diretrizes pedagógicas que norteiam o trabalho do docente no intuito de promover o ensino e possibilitar a aprendizagem.

No entanto ressalta-se que para haver qualidade, é importante existir esforços não somente do professor, mas também do poder público e da sociedade como um todo. De acordo com Tort (2007), atualmente os problemas da educação estão associados às frequentes mudanças sociais, implicando a escola de referenciais que sejam seguros.

Essas transformações podem trazer incertezas, assim como também apresentar possibilidades diversas. Segundo Mendes (2010), a educação é um movimento constante de busca, que leva o ser humano à capacidade de aprender, não só para adaptar-se ao mundo e a sua realidade, mas também para transformar a realidade, mediante as intervenções e também processos de recriação.

Sabe-se que esses desafios são ainda maiores na escola pública, em especial pelo caráter heterogêneo que possui, pela diversidade social, econômica e cultural.  Ainda segundo Mendes (2010, p. 65), ‘’[…] em suas diversas fases, o ensino tem como desafio situar a aprendizagem e as pessoas de forma ampla, partindo de sua própria história de vida, com a finalidade de aperfeiçoar suas habilidades’’.

Nesse sentido apresentado pela autora, entende-se que a educação e o ensino de uma forma geral, devem ser contextualizado, considerando a realidade dos alunos, que trazem muitos desafios e possibilidades. Considerar essa questão, é entender a escola pública brasileira, que possui muitas limitantes, em função do descumprimento do poder público.

Essa ineficiência que por muita das vezes é identificada, torna-se portanto uma limitante na aprendizagem do aluno, em todos os níveis de ensino, o que compromete a formação dos discentes. É nesse cenário que os desafios aumentam e surge a necessidade de adaptação e/ou transformação, onde se pensa em estratégias capazes de superar esses desafios.

Segundo Freire (1996), ensinar vai além da transferência de conhecimento, e compreende também, e principalmente, a criação de possibilidades para a sua própria produção ou a sua construção. Entende-se que essas considerações devem ser aplicadas à realidade pública escolar, buscando extrair o melhor dos alunos e também considerar a realidade nas quais os mesmos estão inseridos, e no âmbito da escola pública, heterogênea, é importante estratégias que possam incluir a todos no processo de aprendizagem e ensino.

Dentro desse ambiente que carrega múltiplas questões sociais, emocionais, econômicas e culturais de forma geral, o ensino das disciplinas é desafiador, e mais desafiador ainda é o estímulo ao aluno para a disposição em aprender determinados conteúdos e disciplinas. Quando trata-se por exemplo da matemática, sabe-se que a disciplina no âmbito escolar vem historicamente apresentando muitos desafios.

Geralmente as críticas são feitas em relação à distância existente dos conteúdos em relação à realidade do aluno. São muitos os professores que reclamam da não participação na escolha do material escolar como um todo, já que este, além de estar longe da realidade do aluno, não contempla as necessidades básicas do cotidiano da sala de aula (SOPELSA; GAZZÓLA e DETONI, 2014).

Ainda de acordo com os autores, as principais queixas são referentes à matemática, pois segundo eles, há muitas dificuldades para ensinar matemática, já que a disciplina exige grande grau de concentração e raciocínio lógico, quesitos em que os alunos encontram grandes dificuldades. No entendimento de Luria (2016), o processo de realização de operações matemáticas desenvolve-se por influência do efeito da escola e do ambiente cultural específico.

Ou seja, há a importância em considerar o contexto social do aluno e articulá-lo aos processos de ensino e aprendizagem.  Esse entendimento perpassa por Vigotski (2003), onde destaca que, o único educador capaz de formar novas relações no organismo é a própria experiência pessoal. Por essa razão, entende-se também que a experiência pessoal do educando transforma-se na principal base do trabalho pedagógico.

Dessa forma, alguns elementos são imprescindíveis para que haja êxito no processo de ensino e aprendizagem, e estes passam pela predisposição do aluno em aprender, que geralmente ocorre com base nos estímulos certos, provocados pelos professores, por meio de estratégias diversas de ensino. Entende-se que um ambiente onde ocorre a interação, trocas e socialização, permite avanços importantes no ensino (SOPELSA; GAZZÓLA e DETONI, 2014).

Ainda como sendo uma extensão desse entendimento, os autores consideram que não é possível afirmar que o aluno aprende sozinho a descobrir as suas respostas e que a aprendizagem é resultante de uma atividade individual. Destaca-se também que o professor não é o centro do processo, que ensina aos alunos em uma condição onde estes são passivos no processo.

O professor além de ser aquele que ensina, deve ter um papel ativo de mediação, propondo desafios aos alunos, ajudando-os a resolvê-los. Nesse sentido Vigotski (2003) diz que na base desse processo educativo deve estar a atividade pessoal do aluno, cabendo ao professor atuar na orientação e regulação das atividades.

No âmbito específico da matemática, Micotti (1999) considera que essa mediação do professor, possibilita a organização de situações de aprendizagem do aluno, sendo importante ao professor, em sua prática pedagógica, considerar o processo histórico da criança e também da própria matemática. Dessa forma, partindo da compreensão de que o envolvimento do aluno nas atividades depende de estratégias que o estimulem, tem-se no desafio uma possibilidade essencial para extrair a capacidade do aluno.

Assim, insere-se o lúdico como fundamental no processo de ensino e aprendizagem, em especial na escola pública, nos anos iniciais, onde as brincadeiras e desafios são repletos de sentidos e significados. O ensino da matemática de forma tradicional nas escolas não vem atendendo as necessidades dos alunos, sendo novos modos para fixar a atenção e maior envolvimento do aluno nas atividades.

2.2 A IMPORTÂNCIA DO ENSINO DA MATEMÁTICA

A matemática sempre esteve presente na vida do homem, desde os princípios da humanidade até os dias atuais. Dessa forma é inegável a presença da matemática no cotidiano das pessoas, tendo uma gama de aplicações. Nesse sentido, é importante reconhecer que tal ciência permite a resolução de situações problemas no dia a dia, com aplicações diversas no mundo do trabalho, sendo um instrumento fundamental para a construção de conhecimentos em diversas áreas (BRASIL, 1997).

Tal relevância é verificada pelo fato de que a matemática compõe o quadro de disciplinas na educação básica, já que a aquisição de seus saberes é fundamental para o aluno, onde desenvolve a capacidade de raciocínio lógico (ROCHA, 2013). Outros autores complementam que o raciocínio lógico traz contribuições relevantes para o aluno, onde o mesmo ganha capacidade de pensar de maneira crítica em relação à opiniões, inferências e argumentos, dando sentido ao pensamento (BERNARDI; CORDENONSI e SCOLARI, 2012).

Os autores complementam ainda que ao longo da vida do indivíduo, o raciocínio colabora para que o aluno tenha preparo para vivenciar situações em que necessitam agir de maneira lógica e também organizada. Rocha (2013, p.12) considera o conhecimento matemático como sendo um referencial importante para que o discente possa ter condições de compreender criticamente os fatos sociais, ‘’[…] identificando que o raciocínio lógico é determinante para que possa ter um senso crítico burilado’’.

Apesar de ter inúmeros benefícios da matemática para os indivíduos, existe a problemática em relação à forma como os conteúdos dessa área de conhecimento chega ao aluno, em especial aos alunos de escola pública, tendo em vista o caráter heterogêneo. No entendimento de Hoffmann (2011) os professores sabem que a classe não responde de forma homogênea ao que lhes é ensinado, e da mesma maneira nem todos compreendem usando as mesmas estratégias cognitivas.

Dessa forma, é importante que o docente tenha fundamentado em seu trabalho, as necessidades de cada aluno, onde considere não somente aspectos prévios, mas também questões emocionais, levando em consideração os interesses e as limitações que permeiam a vida dos alunos, no sentido de que muitos não recebem de forma adequada, os estímulos para a aprendizagem.

Dessa forma, é relevante que um planejamento contemple essa pluralidade encontrada no espaço escolar, sendo necessário proporcionar um ambiente de motivação nas aulas, que venha a estimular o aprendizado adequado. Bzuneck (2000) considera que a motivação, ou o motivo, é aquilo que move uma pessoa ou que a põe em ação ou a faz mudar de curso.

Ou seja, considera-se que os estímulos são essenciais para que haja motivação e predisposição para aprendizagem. No ensino da matemática é ainda mais relevante, tendo em vista que demanda atenção elevada para a abstração do conhecimento, requisições que os alunos possuem muitas dificuldades. Segundo Sanchez (2004), destaca-se ainda que os atrasos cognitivos generalizados ou específicos podem ser decorrentes de problemas linguísticos que se manifestam na matemática, problemas de atenção e memória, além de dificuldades originadas no ensino inadequado e insuficiente, que se configuram em agravantes para essa problemática.

Dessa forma, além de considerar aspectos referentes ao contexto no qual os alunos estão inseridos, é importante também considerar as especificidades pertinentes à idade do aluno, e quando se trata dos anos iniciais, os desafios de ensino são ainda maiores.

2.3 O ENSINO DA MATEMÁTICA NOS ANOS INICIAIS

Os primeiros anos de escolaridade tem importância significativa para a criança, já que em tese possuem acesso à uma base para as demais séries, em especial no que diz respeito aos conceitos e relações em matemática. É importante que, quando a criança chega à escola, seja respeitado o desenvolvimento dela, visto que ela traz consigo toda uma vivência, desenvolvida por meio de suas experiências diárias, por meio de brincadeiras e também do envolvimento com o meio em que vive.

Segundo Nascimento (2007), considerar a infância é o grande desafio para o ensino fundamental, pressupõe considerar o universo lúdico, os jogos e as brincadeiras como prioridade, além da definição dos caminhos pedagógicos nos tempos e espaços da sala de aula que possam favorecer o encontro da cultura juvenil, valorizando assim a troca entre todos os alunos que estão inseridos no processo.

Os Parâmetros Curriculares Nacionais (1997) trazem a importância da matemática na formação intelectual, na estruturação do pensamento, na agilização do raciocínio dedutivo do aluno, na sua aplicação de problemas, situações da vida cotidiana e atividades do mundo do trabalho e no apoio à construção de conhecimentos em outras áreas curriculares.

Uma das questões defendidas em relação ao ensino da matemática nos anos iniciais, está na aproximação entre os alunos e a disciplina, por meio da contextualização daquilo que se aprende. No entanto, apesar da importância, o ensino da matemática nos anos iniciais não vem recebendo o devido trato, pois no entendimento de Borchardt (2015) há de certa forma maior atenção nos processos de alfabetização, além de que a maioria dos profissionais que ministram aulas não são licenciados em matemática.

Nesse sentido alguns autores consideram que deve haver maior investimento na formação dos professores, em especial para aqueles que ministram matemática nos anos iniciais. Para um ensino adequado aos anos iniciais de escolarização, considera-se relevante que o professor tenha o domínio conceitual, pois é uma condição para ensinar algo a alguém (NACARATO et al., 2009; BARRETO, 2011).

Em relação ao conceito de alfabetização matemática, refere-se aos atos de aprender a ler e a escrever a linguagem matemática nos anos iniciais da escola. Danyluk (1998) considera que ser alfabetizado em matemática é entender o que se lê e escrever o que se entende a respeito as primeiras noções de aritmética, de geometria e da lógica.

Essa importante aproximação da matemática com as práticas de alfabetização já foi discutida por outros autores, como Machado (1990), onde diz que os elementos constituintes dos dois sistemas fundamentais para a representação da realidade (o alfabeto e os números) são apreendidos em conjunto pelas pessoas em geral, mesmo antes de adentrarem à escola, sem distinções rígidas de fronteiras entre disciplinas ou entre outros aspectos.

Dessa forma é evidenciado uma aproximação importante, além da contextualização do ensino com a realidade dos alunos e/ou com o universo em que as mesmas vivenciam ou tem como experiências. É nesse entendimento também que se faz importante repensar as estratégias de ensino, tendo o lúdico como uma ferramenta de grande valor nesse processo, onde pode trazer contribuições relevantes para o ensino da matemática nos anos iniciais da educação formal.

Um dos elementos importantes, e que será explorado mais adiante, perpassa pelas brincadeiras e desafios diversos que as crianças possuem como vivência. Considera-se que por meio do brincar a criança é desafiada e estimulada a aprender uma série de situações que estão introduzidas nas brincadeiras, que são meios pelos quais os professores ganham atenção dos alunos, algo que é tido como importante para a aprendizagem.

2.4 A LUDICIDADE NO ENSINO DA MATEMÁTICA

Nos anos iniciais do ensino fundamental a prática do professor deve oportunizar ao aluno situações contextualizadas ao conhecimento científico das disciplinas com temáticas que estejam próximas à sua realidade, facilitando assim a assimilação dos saberes abordados, possibilitando também maiores incentivos à participação no processo de ensino e aprendizagem, identificando que sua formação educativa depende deste postura (ROCHA, 2013).

Como estratégia de aproximação do aluno em relação às suas experiências, o lúdico torna-se uma importante maneira para se alcançar ao objetivo, principalmente nos anos iniciais da educação básica. Entende-se o lúdico como sendo relacionado às atividades que envolvem os alunos, de forma a propiciar prazer e aprendizado com o que for trabalhado, visto como importante suporte ao ensino.

Almeida (1995) complementa que a educação lúdica contribui e influencia na formação da criança, possibilitando um crescimento sadio. A sua prática exige a participação franca, criativa, livre, crítica e com promoção da interação social. Segundo Alves (2016), o lúdico tem grande significância na formação dos alunos, pois quando aplicada, considera a vivência das crianças, além daquilo que pode vir a contribuir para a melhora na aprendizagem deles.

Ainda de acordo com a autora, as vivências que as crianças trazem, é um fato de grande relevância para que haja aprendizagem, já que são trazidos elementos da realidade prática dos alunos, solicitadas e aplicadas em jogos e brincadeiras, que ajudam na formação do conhecimento.

Smole et al (2007, n/p) considera que:

[…] o jogar pode ser visto como uma das bases sobre a qual desenvolve o espírito construtivo, a imaginação, a capacidade de sistematizar e abstrair e a capacidade de interagir socialmente. Entendemos que a dimensão lúdica envolve desafio, surpresa, possibilidade de fazer novo, de querer superar os obstáculos iniciais e o incômodo por não controlar todos os resultados. Esse aspecto lúdico faz o jogo um contexto natural para o surgimento de situações problema cuja superação exige do jogador alguma aprendizagem e certo esforço na busca para sua solução.

Entende que por meios dos jogos e brincadeiras, é possível que a criança se depare com uma série de desafios, que aparecem nas mais variadas situações, demandando ações que superem determinada situação problema, exigindo capacidade de criação e ao mesmo tempo aprendizagem. O professor portanto pode usufruir dessa estratégia, em especial nos anos iniciais de ensino, já que ele faz a mediação entre o conhecimento e o discente.

Com a utilização dos jogos o aluno vivencia inúmeras situações, aprendendo conceitos matemáticos. Cunha e Silva (2012) frisam que a ludicidade quando bem trabalhada, proporciona ao professor maior produtividade nas aulas, proporcionando também maior desenvolvimento de habilidades no aluno. Os autores também consideram que são inúmeros os benefícios conquistados em relação à interação dos alunos com o professor, criando um clima afetivo na sala de aula, além é claro, de desenvolver no aluno maior capacidade de concentração, intuição e criatividade frente aos desafios dos jogos que devem ser muito bem pensados para que estimulem todas essas habilidades.

Inserindo no contexto de ensino e aprendizagem, Grando (1995) diz que o jogo assume um papel cujo objetivo transcende a simples ação lúdica do jogo pelo jogo, para se tornar um jogo pedagógico, com um fim na aprendizagem matemática. Outros autores, como Miorim e Fiorentini (1990) consideram que os jogos podem vir no início de um novo conteúdo, com a finalidade de despertar o interesse da criança ou no final com o intuito de fixar a aprendizagem e reforçar o desenvolvimento de atitudes e habilidades.

Assim, o jogo pode ser aplicado com o intuito de facilitar a aprendizagem, com possibilidades diversas, como a construção de conceitos e a memorização de processos, já que a sua repetição pode ser mais agradável do que a própria resolução de uma lista de exercícios, por exemplo. Grando (2000, p.17) considera que ‘’as posturas, atitudes e emoções demonstradas pelas crianças, enquanto se joga, são as mesmas desejadas na aquisição do conhecimento escolar.’’

Na participação e envolvimento do aluno com os jogos, espera-se que o mesmo esteja concentrado ou exercitando a sua capacidade de contração, atenção e elaboração de hipóteses sobre o que interage, buscando estabelecer também soluções alternativas e variadas, que se organize segundo algumas normas e regras e, finalmente, que saiba comunicar o que pensa, as estratégias de solução de seus problemas.

Portanto os jogos vão se constituir em uma forma interessante de propor problemas, já que permitem que estes sejam apresentados de modo atrativo, além de favorecer a criatividade na elaboração de estratégias de resolução e busca de soluções. Proporcionam a simulação de situação problema que exigem soluções vivas e imediatas, o que estimula o planejamento das ações (BRASIL, 1998).

No jogo a resolução de problemas é envolvida pelas próprias necessidades de sua execução, onde é necessário elaborar e testar estratégias, levando hipóteses e refletindo sobre as ações do jogador e do seu oponente e, como processo de aprendizagem, que pode ocorrer a mediação do professor, há também o registro e análise das etapas do jogo.

Considera-se que esses princípios são os mesmos da resolução de problema, ou seja, o jogo representa uma situação problema determinada por regras, em que o indivíduo busca a todo momento elaborar estratégias, procedimentos, vencer o jogo, ou seja, resolver o problema. Portanto, são inúmeras vantagens que os jogos podem proporcionar, sendo indicada por diversos autores como metodologia de ensino (FIORENTINI, 1990; KISHIMOTO, 2001; GRANDO, 2015).

No entanto, Grando (2000) considera que para haver vantagens, é importante que exista intencionalidade pedagógica no processo, pois quando mal utilizados, há o risco de dar ao jogo um caráter puramente aleatório, assim sendo, os alunos jogam sem saber exatamente o que está sendo desenvolvido no jogo. Pontua também que a coerção do professor, exigindo que o aluno jogue, mesmo que ele não queria, pode ser prejudicial, já que vai contra a natureza do jogo.

Assim, de uma forma geral, compreende-se que o planejamento é essencial no ensino da matemática, e o jogo torna-se um importante meio para se alcançar objetivos, por meio de atividades que sejam lúdicas e prazerosas, proporcionando estímulos adequados para que os alunos possam superar os seus desafios, com experiências positivas e aprendizado importante para o seu desenvolvimento. Dessa forma é possível romper com um ambiente monótono, em que os alunos são passivos na relação ensino e aprendizagem.

O jogo proporciona maior envolvimento e participação, possibilitando também uma aprendizagem mútua.

2.5 OS BENEFÍCIOS DAS ATIVIDADES LÚDICAS E A SUA ORIGEM

Quando um professor encontra a necessidade de apresentar a matemática como uma disciplina em construção, deve entender também que não basta somente propor alguns exercícios diferentes daqueles que os estudantes já estão acostumados, mas buscar justificar o estabelecimento destes novos conhecimentos, aproximando-o também do conceito matemático.

Uma convicção, cada vez mais forte, de que seja impossível ensinar matemática, posto que matemática é a ciência, o conhecimento, que se ocupa das relações de grandeza, que por si também, na sua essência, são conceitos abstratos, me faz acreditar que matemática seja um conhecimento que tenha que ser construído pelo próprio indivíduo, através do crescimento, construção e acomodação de seus esquemas de raciocínio, resultantes de experiências de sua mente, quando em tentativas de resolver desafios de ordem lógico-matemática. (RIZZO, 1996, p.19).

A partir desta visão, é possível encontrar formas concretas de ensino que podem ser caracterizadas principalmente como lúdicas, porém nem tudo o que se considera lúdico são os jogos, mas tudo aquilo que é um divertimento ou uma brincadeira, usando material concreto ou não. Uma atividade lúdica construída em uma escola, mas que eles poderão realizar de forma espontânea.

Os jogos que mantém seu caráter lúdico garantem assim que a criança possa interagir de forma espontânea, e o professor tem condições de realmente avaliar o crescimento do seu aluno. Com o emprego desses jogos, e de outros criados a partir desses, possam ser realizados também de forma lúdica, garantindo e mantendo a espontaneidade da criança, o que considero indispensável a uma aferição verdadeira e honesta do seu desenvolvimento. (LIEBERMAN apud ROSAMILHA, 1979).

As atividades lúdicas começaram a ser utilizadas como recursos didáticos principalmente na antiguidade, tanto os Gregos como os Romanos, valorizavam as brincadeiras como formas de interação que podiam trazer muitos benefícios, desenvolvendo as crianças para prepará-las para a sua fase adulta, era uma forma eficiente de identificar as habilidades naturais que poderiam ser construídas pelas pessoas através deles. Porém, na Idade Média eles foram sendo reprimidos pelos educadores, devido aos valores morais da época, crianças eram adultos em miniatura nestes momentos, sua formação era apenas baseada na racionalidade, voltando a ter um destaque mais concreto na época do Renascimento, um movimento intelectual onde as emoções, o prazer, a alegria passaram a ser mais valorizados, sendo consideradas algumas atividades como saudáveis e muito eficientes para os pequeninos.

A partir do século XVII, com o surgimento do Romantismo e com as contribuições das ideias de Russeau, a infância passou a ser considerada uma etapa especial na formação do ser humano, sendo que necessidades e especificidades próprias foram admitidas. No decorrer do século XIX é que a construção do conhecimento passou a ser estudada com mais atenção, destacando-se a aprendizagem prazerosa e a idéia de aprender brincando. (DOHME, 2003 p.26).

Froebel foi um dos primeiros pedagogos que colocou os jogos em seu sistema educativo, acreditando que a personalidade de uma criança, poderia ser aperfeiçoada e enriquecida, sendo que a principal função do professor seria fornecer os materiais necessários para que essas atividades pudessem acontecer.

3. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A criança ao longo de todo o seu desenvolvimento tem contato com a matemática, com formas geométricas, números, entre muitos outros elementos dessa área do conhecimento. Em se tratando de uma fase importante do desenvolvimento, onde existe maior propensão em aprender, é importante que as estratégias de ensino possam respeitar as especificidades dessa faixa de idade. Nesse sentido, o jogo é um meio importante para a consecução de objetivos, que vai além de uma atividade de diversão, podendo ser um método relevante de auxílio no processo de ensino e aprendizagem.

O jogo traz consigo uma série de elementos fundamentais para o processo de aprendizagem da criança, que para estar predisposta à aprendizagem, necessita ter o prazer em realizar as atividades propostas, sendo esta uma condição importante para a aprendizagem. Além de ser desafiante, o jogo traz outros desafios importantes para a solução de problemas, tanto de maneira individual como também, e principalmente, de forma coletiva, estimulando assim a socialização entre as crianças.

Dessa forma, é possível concluir que o lúdico no ensino da matemática tem grande relevância para o êxito das práticas educativas, no entanto, é fundamental que os professores tenham clareza em relação às seleções e organizações dos conteúdos que serão trabalhados em sala de aula, sempre com objetivos bem definidos.

REFERÊNCIAS

ALMEIDA, P. N. de. Educação lúdica: técnicas e jogos pedagógicos. São Paulo: Loyola, 1995.

ALVES, L. L. A importância da matemática nos anos iniciais. Encontro Regional de Estudantes de Matemática do Sul. Centro Universitário Campos de Andrade – Curitiba, Paraná, 2016.  

BARRETO, M. G. B. A formação continuada de matemática dos professores dos anos iniciais do ensino fundamental e seu impacto na prática de sala de aula. 2011. Dissertação (Mestrado em Educação Matemática) – Universidade Bandeirante de São Paulo.

BZUNECK, J. A. As crenças de auto-eficácia dos professores. Petrópolis, Rio de Janeiro: Vozes, 2000.

BORCHARDT. T. T. A Sociedade Educativa e a Subjetivação de Professores que Ensinam Matemática nos Anos Iniciais da Educação Básica. 2015. Dissertação (Mestrado Profissional em Ensino de Ciências e Matemática). FaE/UFPel.

BRASIL. Lei n. 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Brasília: Diário Oficial, 1996.

BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais: Matemática: terceiro e quarto ciclos do ensino fundamental: introdução aos parâmetros curriculares nacionais. Brasília: MEC/SEF, 1998.

CUNHA, J. S; SILVA, J. A. V. A importância das atividades lúdicas no ensino da matemática. 2012. Disponível em: http://w3.ufsm.br/ceem/eiemat/Anais/arquivos/RE/RE_Cunha_Jussileno.pdf. Acesso em: Setembro/2020.

DANYLUK, O. Alfabetização matemática: as primeiras manifestações da escrita infantil. Porto Alegre: Sulina, 1998.

DOHME, Vania. Jogando: o valor educacional dos jogos. São Paulo: Informal Editora, 2003.

GRANDO, R. C. O Conhecimento Matemático e o Uso de Jogos na Sala de Aula. 2000. 239 f. Tese (Doutorado), Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2000.

GRANDO, R. C. O jogo suas Possibilidades Metodológicas no Processo Ensino Aprendizagem na Matemática. 1995. 194 f. Dissertação (Mestrado), Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 1995.

GRANDO, R. C. Recursos didáticos na Educação Matemática: jogos e materiais manipulativos. Revista Eletrônica Debates em Educação Científica e Tecnológica, Vitória, v. 5, n. 2, p.393-416, out. 2015.

HOFFMANN, J. M. L. Avaliar para promover: as setas do caminho. Porto Alegre: Mediação, 2001. INSTITUTO PAULO MONTENEGRO. São Paulo, 2008. Disponível em. Acesso em: 07 Nov. 2012.

KISHIMOTO, T. M. O jogo e a educação infantil. In:KISHIMOTO, T.M. (Org.). Jogo, brinquedo, brincadeira e a educação.5. ed. São Paulo: Cortez, 2001. p.13-43.

MACHADO, N. J. Matemática e língua materna. São Paulo: Cortez, 1990.

MENDES, M. S. S. Qualidade de ensino na escola pública: desafios e (im)possibilidades. Psicologia: Ensino e Formação, 2010, v.1, nº 2: 61-71.

MICOTTI, M. C. de O. O Ensino e as propostas pedagógicas. In: BICUDO, M. A. V. Pesquisa em educação matemática: concepções e perspectivas. São Paulo: Ed. Unesp, 1999.

MIORIM, M. A; FIORENTINI, D. Uma reflexão sobre o uso de materiais concretos e jogos no Ensino da Matemática. Boletim da SBEM-SP, São Paulo, v. 4, n. 7, p. 5-10, 1990.

NACARATO, A. M; MENGALI, B. L. da S; PASSOS, C. L. B. A matemática nos anos iniciais do ensino fundamental: Tecendo fios do ensinar e do aprender. Belo Horizonte: Autêntica, 2009.

NASCIMENTO, A. M do. A infância na escola e na vida: uma relação fundamental. In: Ministério da Educação Secretaria de Educação Básica- Ensino Fundamental de Nove Anos. Orientações para a inclusão da criança de seis anos de idade. 2.ed. Brasília – 2007. Leograf – Gráfica e Editora ltda.

FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 24. ed. São Paulo: Paz e Terra (Coleção Leitura), 1996.

ROCHA, M. R. O Trabalho Interdisciplinar nos Anos Iniciais – Uma Estratégia de Ensino. 2013. 94f. Dissertação de Mestrado em Ensino de Ciência e Tecnologia, do Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciência e Tecnologia da Universidade Federal do Paraná, campus Ponta Grossa, 2013.

RIZZO, Gilda. Jogos Inteligentes: a construção do raciocínio na escola natural. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1996.

ROSAMILHA, Nelson. Psicologia do jogo e da aprendizagem infantil. São Paulo: Pioneira, 1979.

SANCHEZ, J. N. G. Dificuldades de Aprendizagem e Intervenção Psicopedagógica. Porto Alegre: Artmed, 2004.

SMOLE, K. S; DINIZ, M. I; CÂNDIDO, P. Jogos de matemática. Caderno do Mathema. Porto Alegre, Editora: Arpned. 2007.

SOPELSA, O; LUCIVANI, GAZZÓLA; DETONI, M. Z. Os desafios do ensino e da aprendizagem na matemática no contexto histórico-cultural e a constituição dos saberes docentes. X ANPED SUL, Florianópolis, outubro de 2014.

[1] Pós Graduado em proeja pelo IFMT. Pedagogo – formado pela UFMT, também graduado em História – pela Universidade UNIDERP.

Enviado: Outubro, 2020.

Aprovado: Outubro, 2020.

2.5/5 - (2 votes)
Jamisson Da Silva Ângelo

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

POXA QUE TRISTE!😥

Este Artigo ainda não possui registro DOI, sem ele não podemos calcular as Citações!

SOLICITAR REGISTRO
Pesquisar por categoria…
Este anúncio ajuda a manter a Educação gratuita