ARTIGO ORIGINAL
SEBASTIÃO, Laiane Monteiro [1]
SEBASTIÃO, Laiane Monteiro. A contribuição do estágio supervisionado: teoria-prática na formação do pedagogo. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano. 07, Ed. 09, Vol. 06, pp. 161-167. Setembro de 2022. ISSN: 2448-0959, Link de acesso: https://www.nucleodoconhecimento.com.br/educacao/formacao-do-pedagogo
RESUMO
O estágio supervisionado é considerado o início das experiências e o desenvolvimento do saber das teorias aprendidas no decorrer do curso, onde os futuros educadores têm a oportunidade de integrar seu conhecimento na prática. Sendo gratificante valorizar as habilidades, competência e o conhecimento diante dos desafios que apresenta no âmbito educacional. A pergunta norteadora desta pesquisa é apresentar qual a importância do estágio supervisionado na formação do futuro pedagogo integrando a teoria-prática? Com principal objetivo de articular ambas, um alicerce do aprendizado para uma excelente formação do mesmo com inovação e estratégias para o ensino aprendizado. O estágio supervisionado é um fator essencial na vida acadêmica, tendo presente as observações e participações das aulas, vivenciando e compreendendo a realidade escolar, exercendo um comprometimento para enfrentar os desafios, procurando solucionar as dificuldades. Sendo assim, busca-se superar a ideia de fragmentação existente entre teoria-prática.
Palavras-chave: Estágio supervisionado, Teoria-prática, Contexto escolar.
1. INTRODUÇÃO
Este artigo busca a compreensão do estágio supervisionado diante das práticas educativas com a problemática em questão: qual a importância do estágio supervisionado na formação do pedagogo integrando a teoria com a prática? Tornando-se um articulador da mesma de forma reflexiva.
Objetivando a importância do estágio supervisionado na formação acadêmica do futuro professor, adquirindo a primeira experiência no ambiente educacional.
Compreendendo, analisando e articulando a teoria-prática no contexto escolar. Possibilitando uma visão ampla da vivência do campo que irá atuar, interagindo com o corpo docente e equipe pedagógica. Distinguir as dificuldades e refletir nas estratégias para solucionar quando atuante.
Segundo Nóvoa (2009, p. 182), “O registro escrito, tanto das vivências pessoais como das práticas profissionais, é essencial para que cada um adquira uma maior consciência de seu trabalho e da sua identidade como professor.”
Na formação do professor, o estágio supervisionado é o ambiente de realizar atividades que requerem intervenção pedagógica no ambiente educacional, adquirindo experiências, habilidades e conhecimentos. É o momento de investigar e observar, possibilitando que o estagiário/aluno vivencie situações reais do seu futuro trabalho integrando a teoria e a prática.
Nesse momento, o estagiário confronta-se com um contexto inteiramente novo, com diversos saberes, novidades, desafios e dilemas. Situações que ocorrem de forma sistematizada e circunstâncias reais do ensino-aprendizagem articulando o conhecimento teórico adquirido durante o processo de formação.
No demais, o texto visa trazer abordagens da importância do estágio supervisionado na formação do futuro educador, analisando a prática no processo escolar.
2. TEORIA-PRÁTICA NO CONTEXTO ESCOLAR
O momento do estágio possibilita aos acadêmicos a oportunidade de adquirir experiências, o contato direto com as reflexões reais na educação que inclui diversas atividades no âmbito escolar.
Kulcsar (1991, p. 63) considera os “estágios supervisionados uma parte importante da relação trabalho-escola, teoria-prática, e eles podem representar, em certa medida, o elo de articulação orgânica com a própria realidade”, ou seja, no decorrer do estágio supervisionado ocorre a interação da teoria-prática, contribuindo para a formação do docente. Realizando a observação em sala de aula o aluno adquire orientações e compreensão, sendo indispensável para o ensino-aprendizado.
A grande importância do estágio supervisionado, enquanto um meio de ensino e aprendizagem, possibilita o desenvolvimento no ambiente profissional. A formação de docentes pressupõe sólida formação básica e associação entre teorias e práticas, conforme o artigo 61 da Lei de Diretrizes e Bases nº 9.394/96, que exige a realização de estudos teóricos atrelados às vivências empíricas no campo de atuação por meio de estágios supervisionados (BRASIL, 1996). O estágio curricular pode ser compreendido como uma didática pedagógica que contribui para o desenvolvimento do processo educativo.
É nesse processo que o futuro educador tem o privilégio da reflexão crítica do ambiente escolar, integrando a teoria que aprendeu ao longo do curso com as críticas, reflexões da prática do aprender e ensinar. Destacamos as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formação de Professores da Educação Básica (BRASIL, 2002), aprovadas em 2001 e regulamentadas em 2002, pelas Resoluções nº 1 e nº 2 do Conselho Nacional de Educação (CNE). A Resolução nº 1 trata das diretrizes para os cursos de formação de professores da educação básica, em nível superior, curso de licenciatura, de graduação plena; já a Resolução nº 2, no Art. 1º, específica a carga horária dos cursos de formação de professores da educação básica, estabelecendo 2.800 horas, com 400 horas destinadas ao estágio curricular supervisionado, na segunda metade do curso.
De acordo com Pimenta (2012), “essa resolução vai à contramão de uma formação que evidencia a teoria e a prática como dimensões indissociáveis, ao estabelecer carga horária para cada dimensão, ou seja, uma proposta fragmentada do currículo”.
As instituições escolares possibilitam ao futuro educador a troca de experiências e benefícios mútuos, enfatizando a averiguação legal do estágio supervisionado. De acordo com o Conselho Nacional de Educação:
O estágio curricular supervisionado deverá ser um componente obrigatório da organização curricular das licenciaturas, sendo uma atividade intrinsecamente articulada com a prática e com as atividades de trabalho acadêmico. Ao mesmo tempo, os sistemas de ensino devem propiciar às instituições formadoras a abertura de suas escolas de Educação Básica para o estágio curricular supervisionado. Esta abertura, considerado o regime de colaboração prescrito no Art. 211 da Constituição Federal, pode se dar por meio de um acordo entre instituição formadora, órgão executivo do sistema e unidade escolar acolhedora da presença de estagiários. Em contrapartida, os docentes em atuação nesta escola poderão receber alguma modalidade de formação continuada a partir da instituição formadora (BRASIL, 2002, p. 11).
É indispensável esse componente curricular na formação do docente principiante, propicia refletir sobre a teoria com a prática, tendo uma visão ampla da compreensão e dimensão dele. Não sendo construído de forma banal, mas a partir da vivência colocada em prática, com novas diretrizes e regulamentações para a formação de qualidade do docente.
Para o futuro educador, é imprescindível a reflexão da prática aplicada, sendo um instrumento para a transformação profissional do estagiário, para ter alunos protagonistas, ativos, críticos do conhecimento e aprendizado.
Os futuros professores precisam desenvolver a capacidade de compreender as ações diante da realidade, adquirindo o saber ideológico, político, cultural e ético como pedagogos. De acordo com Pimenta (2012, p. 49):
[…] nota-se a introdução de teorias até então pouco apropriadas por essas áreas, como a psicanálise, o culturalismo e as teorias da comunicação, e a introdução de pesquisas sobre ensino com a utilização dos novos recursos e linguagens virtuais, vinculados a preocupações emancipatórias, ou seja, considerados na medida em que podem contribuir para um processo de democratização do acesso ao conhecimento pela população. Também é forte a presença das teorias construtivistas sendo experimentadas e/ou ampliando a compreensão dos processos de aprender, consequentemente, propondo novas abordagens metodológicas em sala de aula.
Realizando de maneira crítica e reflexiva no ambiente escolar, o processo de investigação e observação do planejamento de ensino é gratificante no momento da atuação. Tendo autonomia profissional: nos desafios, inovações, interesse, comprometimento, interação, diálogo com os alunos e equipe escolar. Barreiro e Gebran (2002, p. 22) afirmam que:
A articulação da relação teoria e prática é um processo definidor da qualidade da formação inicial e continuada do professor, como sujeito autônomo na construção de sua profissionalização docente, porque lhe permite uma permanente investigação e a busca de respostas aos fenômenos e às contradições vivenciadas.
As ações inovadoras e criativas ressaltam que a práxis exerce papel fundamental no decorrer da vivência do professor. O estágio supervisionado é valioso, visto que há uma grande reelaboração e transformação da realidade, que será aplicada e vivenciada pelo educador.
A dissociação entre teoria-prática é muito intrigante em relação à opinião dos estudantes/ professores, sendo uma experiência prática do curso em formação. O estágio é a teoria-prática, não apenas um ou outro.
É indissociável no contexto da formação acadêmica e profissional do estudante, traz para si próprio o conhecimento dos relatórios teóricos sobre a prática. Como exemplo, os portfólios, relatórios e questionários são instrumentos sistematizados que fazem parte de novos saberes, possibilitando refletir sobre o fazer pedagógico. Segundo Vasquez (1968, p. 206), “A teoria pode contribuir para a transformação do mundo, mas para isso tem que sair de si mesmo e, em primeiro lugar, tem que ser assimilada pelos que vão ocasionar, com atos reais, efetivos, tal transformação.”
É uma oportunidade de integrar a teoria com a prática, com pensamento dialético e reflexivo no momento em que está lecionando, ou seja, as experiências adquiridas no estágio supervisionado é o momento de compreender o processo da didática e metodologias aplicadas, que vem acompanhada com desafios, preparando o docente a solucioná-los e construir uma base da identidade docente, “formar um educador como profissional competente técnico, científico, pedagógico e politicamente, cujo compromisso é com os interesses da maioria da população” (PIMENTA, 2012, p. 73).
A importância do estágio supervisionado é o senso crítico e reflexivo que leva para vida pessoal, preparando profissionais comprometidos em sempre ter uma formação continuada e inovações na metodologia, contribuindo para o ensino-aprendizado no processo educacional.
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A partir das breves reflexões, concluímos que o estágio supervisionado é essencial na formação do profissional. É visto como um momento de oportunidades e efetivação dos saberes adquiridos no decorrer do curso, proporciona a fundamentação teórica e possibilita o docente a compreender como é o trabalho e funcionamento no âmbito escolar.
Na prática se constrói a base da reflexão sobre o ato de ensinar e aprender, adquirindo experiência, conscientização, fundamental para o processo de transformação profissional, por meio da interação entre teoria e prática.
É importante ressaltar que o estágio supervisionado é apenas no decorrer do curso em formação, mas é indispensável na formação continuada diante das inovações que ocorrem na sociedade e na educação. Um professor não se forma apenas com teorias, mas com interação da prática onde requer uma teoria-prática fundamentada. Sendo aprimorada com ação, reflexão, mediação e diálogo, na busca de desenvolver o conhecimento teórico e prático.
O estágio supervisionado parte do princípio de experiência e preparação para assumir a sala de aula, com responsabilidade; conhecimento científico; compreensão; motivação e criatividade, saindo dos trilhos da metodologia tradicional. Tendo uma visão ampla que o estágio supervisionado alcançou o seu objetivo em preparar o futuro educador a ser reflexivo, crítico e autônomo para a profissão escolhida.
REFERÊNCIAS
BARREIRO, I. M. F.; GEBRAN, R. A. Prática de ensino: elemento articulador da formação do professor. São Paulo: Avercamp, 2006. Disponível em: https://webcache.googleusercontent.com/search?q=cache:nGPLqpoNB64J:https://www.anais.ueg.br/index.php/ce. Acesso em: 3 ago. 2022.
BRASIL. Conselho Nacional de Educação. Parecer CNE/CP nº 28 de 02 de outubro de 2001. Dá nova redação ao Parecer CNE/CP 21/2001, que estabelece a duração e a carga horária dos cursos de Formação de Professores da Educação Básica, em nível superior, curso de licenciatura, de graduação plena. Disponível em: https://www.gov.br/mec/pt-br. Acesso em: 2 ago. 2022.
BRASIL. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm. Acesso em: 2 ago. 2022.
BRASIL. Resolução CNE/CP nº 1, de 18 de fevereiro de 2002. Institui Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formação de Professores da Educação Básica, em nível superior, curso de licenciatura, de graduação plena. Brasília, Diário Oficial da União, 4 mar. 2002. Seção 1, p. 8.
BRASIL. Resolução CNE/CP nº 2, de 19 de fevereiro de 2002. Duração e carga horária dos cursos de licenciatura, de graduação plena, de formação de professores para Educação Básica, em nível superior. Diário Oficial da União, Brasília, 4 mar. 2002. Seção 1, p. 9.
KULCSAR, R. O estágio supervisionado como atividade integradora. In: FAZENDA, I. C. A. et al; PICONEZ, S. C. B. (coord.). A prática de ensino e o estágio supervisionado. Campinas: Papirus, 1991. p. 63- 74.
NÓVOA, A. Os professores e a sua formação. Lisboa: Dom Quixote, 1992.
PIMENTA, S. G. O estágio na formação de professores: unidade teoria e prática. São Paulo: Cortez, 2012.
VASQUEZ, A. S. Filosofia da Práxis. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1968.
[1] Mestrado em Educação. Formação de Professores. Fundação Universitária Iberoamericana Funiber. Pós Graduada em Psicopedagogia Clínica e Institucional, Universidade Rhema. Pós Graduada em Educação Especial e Múltiplas Deficiência, Universidade Dom Bosco Dimensão. Pós Graduada em Educação Infantil com Ênfase em Psicopedagogia, Universidade Dom Bosco Dimensão. Graduada em Licenciatura em Pedagogia, Universidade Unicesumar. ORCID: 000-0002-24273455.
Enviado: Abril, 2022.
Aprovado: Setembro, 2022.
Uma resposta
Amei o texto me ajudou muito a ter mais uma reflexao positiva construtiva e objetiva sobre a importância do estagio na vida do acadêmico.
Muito Obrigada
Parabéns