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O que dizem os estudos sobre competências socioemocionais: uma revisão de literatura

RC: 146886
943
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DOI: 10.32749/nucleodoconhecimento.com.br/educacao/estudos-sobre-competencias

CONTEÚDO

ARTIGO DE REVISÃO

BARBOSA, Marinalva de Sousa [1]

BARBOSA, Marinalva de Sousa. O que dizem os estudos sobre competências socioemocionais: uma revisão de literatura. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano. 08, Ed. 07, Vol. 04, pp. 141-169. Julho de 2023. ISSN: 2448-0959, Link de acesso: https://www.nucleodoconhecimento.com.br/educacao/estudos-sobre-competencias, DOI: 10.32749/nucleodoconhecimento.com.br/educacao/estudos-sobre-competencias

RESUMO

Este estudo é uma revisão de literatura realizada durante a realização do projeto de pesquisa para o doutorado da autora que tem como objetivo apresentar o que a literatura tem produzido sobre competências socioemocionais. Buscou-se os dados em três bases: LILACS, Periódicos da CAPES e Scielo utilizando os descritores “competências socioemocionais” ou “habilidades socioemocionais” e “desenvolvimento” e “estratégias”. Estabeleceu-se como critérios de inclusão literatura com o descritor principal “competências socioemocionais” com ou sem os descritores adjacentes; literatura produzida nos últimos cinco anos, texto completo disponível e como critério de exclusão figurou revisões de literatura. Inicialmente foram encontrados 89, todavia após remover os artigos duplicados e aplicar os critérios de inclusão e exclusão, restaram 45 artigos para análise no período de 2018 a 2022. As categorias utilizadas para análise foram Competências socioemocionais, desenvolvimento de competências socioemocionais e estratégias de desenvolvimento de competências socioemocionais. Os resultados apontam que para desenvolver competências socioemocionais é preciso conhecer o contexto para embasar o planejamento, conhecer o processo de desenvolvimento para escolher as estratégias eficazes e conhecer os instrumentos de avaliação. Em síntese, são necessários planejamento, execução e avaliação.

Palavras-chave: Competências socioemocionais, Estratégias de desenvolvimento, Instrumentos de avaliação.

1. INTRODUÇÃO

As competências socioemocionais têm recebido cada vez mais atenção e reconhecimento como um componente essencial da educação e do desenvolvimento humano. Ao longo do tempo e em diferentes espaços, essas competências têm sido valorizadas e consideradas fundamentais para o bem-estar individual, o sucesso acadêmico, as relações interpessoais saudáveis ​​e a preparação para os desafios da vida adulta.

Historicamente, a ênfase na educação esteve principalmente centrada no desenvolvimento cognitivo, com foco na aquisição de conhecimentos e habilidades acadêmicas. No entanto, nas últimas décadas, à medida que a compreensão sobre o funcionamento humano evoluiu, surgiu uma crescente consciência sobre a importância das competências socioemocionais que são definidas pela OCDE[2] (2015) por ser “um conjunto de habilidades fundamentais para o desenvolvimento global dos indivíduos que envolve aspectos socioafetivos, emocionais, comportamentais e morais”. O desenvolvimento das competências socioemocionais, segundo Oliveira e Muszkut (2021), possibilita:

[…] resultados favoráveis para a diminuição de comportamentos mal adaptativos, como agressão física, verbal e conflitos em sala de aula, bem como para o aumento de comportamento pró-social, autoconhecimento, atribuição de termos mentais e abertura para novas experiências. Também foram observadas melhoras nos índices de saúde mental, como diminuição de ansiedade. (OLIVEIRA & MUSZKUT, 2021, p.101).

Os autores também verificam resultados positivos no comportamento dos professores. Os benefícios concomitantes para alunos e professores se justificam porque o processo ensino aprendizagem ocorre na interação entre estes indivíduos. Oliveira e Muszkut (2021) apresentam alguns desses resultados positivos:

Além das alterações observadas no comportamento das crianças e dos adolescentes, também se notaram modificações positivas no comportamento dos professores que participaram das intervenções, como diminuição de ameaças e punições e aumento de comportamentos positivos e reforçadores, sugerindo que a promoção de habilidades socioemocionais, quando trabalhadas no contexto escolar, pode beneficiar não só os alunos, como todos que estão inseridos nele. (OLIVEIRA & MUSZKUT, 2021, p.101).

A obrigatoriedade das competências socioemocionais nas escolas tem sido impulsionada por uma série de fatores e tendências que refletem as necessidades educacionais e sociais. Ao longo das últimas décadas, as pesquisas científicas têm evoluído e fundamentado

essa tendência. Howard Gardner com as inteligências múltiplas em 1983, Salovey & Mayer com inteligência emocional em 1990, Daniel Goleman, o principal autor da inteligência emocional, em 1995 têm destacado a importância de aspectos emocionais e sociais associados ao cognitivo para reformular o conceito de inteligência. Nesse processo evolutivo, Souza (2022) localizou diferentes nomenclaturas associadas às competências socioemocionais:

[…] “aprendizagem socioemocional” (DURLAK et al., 2011); “competência social” (NARANJO-MELÉNDEZ, 2006); “competência emocional” (DE OLIVEIRA PAVÃO, 2003); “habilidades sociais” (DEL PRETTE et al., 2004); habilidades socioemocionais (ABED, 2016); “habilidades não-cognitivas” (BEUCHAMP & ANDERSON, 2010) e “regulação emocional” (LOPES et al., 2005). (DURLAK et al., 2011; NARANJO-MELÉNDEZ, 2006; DE OLIVEIRA PAVÃO, 2003; DEL PRETTE et al., 2004; ABED, 2016; BEUCHAMP & ANDERSON, 2010; LOPES et al., 2005 citados por SOUZA, 2022, p. 25)

O autor informa que as competências socioemocionais em estudo são identificadas também como “competências para o século XXI” ou “competências não cognitivas.  Estudos têm demonstrado que competências como autorregulação emocional, empatia, resolução de problemas e trabalho em equipe estão fortemente ligadas ao bem-estar geral dos estudantes e ao desempenho acadêmico. Essas evidências respaldam a necessidade de incluir o desenvolvimento socioemocional no currículo escolar. Para isso contribuíram organizações internacionais, como a OCDE (2015) e a UNESCO[3] (2015) que têm incentivado a inclusão das competências socioemocionais nos sistemas educacionais. Essas entidades reconhecem o impacto positivo que o desenvolvimento socioemocional pode ter na sociedade e no crescimento econômico.

A educação brasileira, influenciada pelo contexto e reconhecendo a importância da educação integral como princípio norteador, organiza o ensino para desenvolver competências que envolvem “a mobilização de conhecimentos (conceitos e procedimentos), habilidades (práticas, cognitivas e socioemocionais), atitudes e valores para resolver demandas complexas da vida cotidiana, do pleno exercício da cidadania e do mundo do trabalho.” (BRASIL, 2018, p. 8). Entretanto, a tarefa de promover educação integral não é fácil. Na história da educação brasileira ocorreram tentativas de desenvolvê-la até o momento sem sucesso.

A construção histórica da escola de tempo integral reforça que não é necessário mudar apenas o relógio, mas é, sobretudo ter condições de trabalho com pedagogias diferenciadas, processos de avaliação diferenciados, diferentes formas de organização e metodologias diferenciadas. (SANTOS & BARBOSA, 2023, p. 37)

Implementar o tempo integral nas escolas favorece, mas não garante a educação integral. As metodologias ou estratégias necessárias para desenvolver educação integral precisam ser implementadas em função da obrigatoriedade de desenvolvimento de competências socioemocionais. A tarefa do professor tornou-se mais desafiadora e complexa:

[…] uma tarefa mais complexa a qual envolve mediar, orientar e promover capacidades intelectuais e também socioemocionais dos alunos, para isso estabelecendo uma relação de confiança e uma melhora na comunicação entre professor e aluno, a fim de que aconteça não apenas a aprendizagem do conteúdo, mas também desenvolvimento geral dos estudantes. (JUNCKES, 2013 citado por MACEDO & MEDINA, 2017, p. 95).

Com esta necessidade de educação integral e a obrigatoriedade de as escolas desenvolverem competências socioemocionais além das cognitivas com a instituição da Base Nacional Comum Curricular – BNCC em 2018 e considerando a dificuldade de o professor cumprir esta missão, levanta-se a seguinte questão: o que a literatura tem produzido sobre competências socioemocionais? O objetivo geral do levantamento é apresentar o que a literatura tem produzido sobre competências socioemocionais para subsidiar a prática e novas pesquisas.

2. MÉTODO

Elaborou-se esta revisão a partir do levantamento de dados em três bases: LILACS – Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde, Periódicos da CAPES – Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior e SciELO – Scientific Eletronic Library Online. A exemplo de Gonzaga e Monteiro (2011) estas bases foram escolhidas por conter trabalhos relevantes nas áreas da educação e saúde meio em que transita os estudos sobre o tema temática competências socioemocionais que é de interesse multidisciplinar.

Utilizou-se o descritor “competências socioemocionais” ou “habilidades socioemocionais” com ou sem “estratégias” e “desenvolvimento” para seleção da literatura. Os arquivos foram baixados no programa Rayyan[4] que possibilitou a eliminação de duplicatas, selecionando entre elas aquela com resumo e possibilidade de localização de texto completo e a utilização dos critérios de inclusão e de exclusão. Como critérios de inclusão utilizou-se o período de cinco anos de 2018 a 2022, literatura com o descritor principal “competências socioemocionais” com ou sem os descritores adjacentes, texto completo disponível e como

critério de exclusão figurou revisões de literatura, artigos que não respondam à pergunta de investigação “o que a literatura tem produzido sobre competências socioemocionais?”, artigos produzidos fora do período delimitado de cinco anos. O Rayyan possibilitou ainda a revisão às cegas por dois pares.

Após a seleção dos textos, foi realizada uma leitura mais aprofundada, extraiu-se os dados utilizados nas tabelas deste estudo com auxílio de software Excel que permite o gerenciamento dos dados por meio de planilhas. As categorias em que foram   agrupados os artigos surgiram da comparação dos temas, objetivos, metodologias e resultados, buscando semelhanças. A partir do processo de comparação foi possível organizar os estudos em quatro categorias: o contexto das competências socioemocionais, os estudos empíricos sobre competências socioemocionais, as estratégias de desenvolvimento das competências socioemocionais e os instrumentos de avaliação das competências socioemocionais. O processo metodológico forneceu dados sobre a pesquisa que serão apresentados nos resultados.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

A busca nas bases de dados resultou em 89 artigos. Foram localizados artigos de Psicologia, Sociologia, Comunicação Social, Administração, a Medicina, Biologia e Educação. O programa Rayyan apontou as possíveis duplicatas. Após análise do material disponível no programa pela autora e por dois pares às cegas, foram eliminados 23 artigos duplicados após solucionar 8 conflitos. Foram eliminados 8 artigos por estar fora do período delimitado, 8 artigos por ser revisão de literatura, 4 por não responderem à pergunta de investigação, 1 artigo foi excluído porque o texto completo não foi localizado. No total foram excluídos 44 artigos. Ao aplicar os critérios de inclusão e exclusão, na base de dados da Scielo de 12 achados foram incluídos 4 artigos, na base periódicos da Capes de 50 achados foram incluídos 31 artigos e na base Lilacs de 28 achados foram incluídos 10 artigos, totalizando 45 artigos incluídos. A Tabela 1 apresenta-se o autor, ano e base de dados e título dos artigos

Tabela 1 – Descrição dos artigos selecionados em função de identificação, autor, ano, título e bases de dados

Id do

artigo

Autores Ano /

Base

Título
A1 Accioly, I; Lamosa, R. de A. C.

 

 

2021

Periódicos da Capes

As Competências Socioemocionais na Formação da Juventude: Mecanismos de Coerção e Consenso frente às Transformações no Mundo do Trabalho e os Conflitos Sociais no Brasil
A2 Almeida, A; Pereira, A. P. P.; Zauza, G.; Batista, L. S.; Seabra, A. G.; Dias, N. M. 2018

Lilacs

Educação infantil e desempenho cognitivo e socioemocional
A3 Anunciação, L.; Chen, C.; Pereira, D. A.; Landeira-Fernandez, J. 2019

Scielo

Factor Structure of a Social-Emotional Screening Instrument for Preschool Children
A4 Azevedo, C. M. de; Balsanelli, A. P.; Tanaka, L. H. 2021

Lilacs

Teachers’ social and emotional competencies in nursing technical education
A5 Belli, A.; Manrique, A. L. 2018

Periódicos da Capes

Análise de uma situação-problema: competências socioemocionais e estimulação de funções executivas
A6 Caçador Anastácio, Z.; Antao, C.; Cramês, L. 2022

Periódicos da Capes

Adaptação ao ensino à distância e competências socioemocionais de professores/educadores portugueses em confinamento por Covid-19
A7 Carneiro, M. D. L.; Lopes, C. A. N. 2020

Periódicos da Capes

Desenvolvimento das Competências Socioemocionais em Sala de Aula
A8 Celume, M.; Zenasni, F. 2022

Lilacs

How perspective-taking underlies creative thinking and the socio-emotional competency in trainings of drama pedagogy
A9 Cerce, L. M. R.; Brito, R. de O. 2022

Periódicos da Capes

Competências Socioemocionais e o Currículo para o Século XXI
A10 Ciervo, T. J. R.; Silva, R. R. D. da 2019

Periódicos da Capes

A centralidade das competências socioemocionais nas políticas curriculares contemporâneas no brasil
A11 Coelho, V. A.; Sousa, V. 2020

Periódicos da Capes

Validação do questionário de avaliação de competências socioemocionais para alunos de 1º e 2º ciclo do ensino básico
A12 Cristóvão, A. M. 2022

Periódicos da Capes

Dinâmicas inovadoras e promotoras de ambientes de Aprendizagem para o Bem-Estar
A13 De Cassia Nakano, T.; Della Torre de Moraes, I.; De Oliveira, A. W. 2019

Periódicos da Capes

Relação entre inteligência e competências socioemocionais em crianças e adolescentes
A14 Fuza, A. F.; Campos, D. S. C. 2018

Periódicos da Capes

SER professor: mediação de competências socioemocionais no Estágio Supervisionado em Letras
A15 Heinen, M.; Sartoretto, C. R.; Ortigão, M. E. de S. R.; Caminha, R.; Oliveira, M. da S. 2022

Periódicos da Capes

Efeitos do Trabalho de Regulação Infantil nas Competências Socioemocionais de Crianças no Ambiente Escolar
A16 Irala, V. B.; Ferreira, R. G.; Blass, L. 2022

Periódicos da Capes

Competências socioemocionais no exercício da docência: uma análise quantitativa com professores em formação inicial
A17 Jesus, D. L. N. de; Gonçalves, D. F.; Silus, A. 2022

Periódicos da Capes

Competências socioemocionais do professor universitário na pandemia da covid-19: um estímulo ao “novo” normal?
A18 Justo, A. R.; Andretta, I. 2020

Lilacs

Competências socioemocionais de professores: avaliação de habilidades sociais educativas e regulação emocional
A19 Leal, M. de S.; Melo-Silva, L. L.; Taveira, M. do C. 2020

Scielo

Edu-Car for life and career: evaluation of a program
A20 Lima, T. O. 2022

Lilacs

O desenvolvimento da dimensão afetiva e das competências socioemocionais na formação do enfermeiro: um estudo sociopoético
A21 Luis Lima da Silva, J.; De Oliveira Celso Cardoso, S. 2022

Periódicos da Capes

Seminário temático: estratégia para desenvolver as competências socioemocionais nas aulas de linguagens
A22 Luz, F.; Fonseca, M. M.; Franco, D. 2022

Periódicos da Capes

Impactos do ensino remoto no ensino superior privado em Portugal: competências socioemocionais e digitais
A23 Macêdo, J. W. de L.; Silva, A. B. da 2020

Lilacs

Construção e Validação de uma Escala de Competências Socioemocionais no Brasil
A24 Manfré, A. H. 2021

 

Periódicos da Capes

O conceito de Competências Socioemocionais nas reformas educacionais brasileiras
A25 Marchante, M.; Coelho, V. A. 2021

Periódicos da Capes

O programa de aprendizagem socioemocional – atitude positiva 3º ciclo nas academias gulbenkian do conhecimento
A26 Marinho Duarte, P.; Ferreira de Araújo, U. 2022

Periódicos da Capes

As competências e habilidades socioemocionais: origens, conceitos, nomenclaturas e perspectivas teóricas
A27 Mueller, R. R.; Cechinel, A. 2020

Periódicos da Capes

A privatização da educação brasileira e a BNCC do Ensino Médio: parceria para as competências socioemocionais
A28 Nakano, T. de C.; Primi, R.; Alves, R. J. R. 2021

Scielo

Habilidades do século XXI: relações entre criatividade e competências socioemocionais em estudantes brasileiros
A29 Neto Dos Santos, A. B.; Cunha, M.; Novo, M.; Massano-Cardoso, I.; Galhardo, A. 2022

Periódicos da Capes

Validação da versão portuguesa da Social-Emotional Expertise Scale
A30 Nunes da Silva, E.; Nascimento Santos, A. do 2022

Periódicos da Capes

A janela de Johari e o desenvolvimento das competências socioemocionais: algumas notas analíticas
A31 Oliveira Lima, T.; Tavares, C. M. 2020

Periódicos da Capes

As competências socioemocionais na formação do enfermeiro: Um estudo sociopoético
A32 Panizza, M. E.; Cuevasanta, D.; Mels, C. 2020

Lilacs

Development and validation of a socio-emotional skills assessment instrument for sixth grade of Primary Education in Uruguay
A33 Prieto, M. D.; Ferrando, M.; Ferrándiz, C. 2021

Scielo

Creatividad. Inteligencia emocional. Implicaiones educativas
A34 Primi, R.; Santos, D. D. dos; Santos, N.; Fruyt, F. De; John, O. P. 2019

Lilacs

Mapping self-report questionnaires for socio-emotional characteristics: What do they measure?
A35 Magalhães, R. M. da C. 2022

Periódicos da Capes

O instituto Ayrton Senna e o aprender a aprender: o esvaziamento da educação a partir das competências socioemocionais
A36 Ramos Dantas, T.; Vieira-Souza, L. M.; Triani, F.; Getirana-Mota, M.; Lopes dos Santos, J.; Aidar, F. J.; Gomes Ribeiro da Costa, L. F. 2022

Periódicos da Capes

Atividades corporais de aventura na escola: a corrida de orientação como proposta no desenvolvimento das competências socioemocionais
A37 Rodrigues de Souza, R.; Faiad, C.; Marín Rueda, F. J. 2021

Periódicos da Capes

Construção e Evidências de Validade de uma Escala de Competências Socioemocionais para Universitários
A38 Rodrigues, F. A.; Carvalho, S. S de; Melo, A. S. A. de S. 2021

Periódicos da Capes

Alfabetização das Competências Socioemocionais na Educação Infantil: Habilidades para a Vida
A39 Rosendo, D.; Lapa, F. B. 2018

Periódicos da Capes

Educação e(m) direitos humanos e BNCC: competências socioemocionais e ética ambiental
A40 Santos, J. R. dos; Vieira, J. P.; Futata, M. D. de A. 2021

Periódicos da Capes

A formação de competências socioemocionais na política nacional de alfabetização: uma análise crítica
A41 Silva, M. M. da 2022

Periódicos da Capes

Crítica à formação de competências socioemocionais na escola
A42 Souza, R. R. de; Faiad, C. 2022

Lilacs

Construção, evidências de validade e normatização de uma escala de competências socioemocionais
A43 Souza, R. R. de; Faiad, C.; Rueda, F. J. M 2021

Lilacs

Construction and validity evidence of a Socioemotional Skills Scale for University Students
A44 Vitarelli, M. M.; Furlan, L. de M.; Demetrio, D. W.; Dalmau, M. B. L.; Tosta, K. C. B. T. 2021

Periódicos da Capes

A relação dos modelos teóricos da administração pública e as competências socioemocionais: um estudo de caso no comitê local de gestão de riscos do Instituto Federal Catarinense – Campus Camboriú
A45 Zortéa, V. G.; Perini, E.  R.; Bergmann, H. M. B. 2020

Periódicos da Capes

O desenvolvimento das competências socioemocionais na elaboração do documento curricular de ensino religioso do espírito santo

Fonte: Lilacs (1985), Periódicos da Capes (2000), Scielo (1998).

As pesquisas abrangem áreas como educação, psicologia, enfermagem, produzidos em português, inglês e espanhol, sendo seis escritos em 2018, oito em 2019, quinze em 2020, vinte e seis em 2021, vinte e cinco em 2022 demonstrando um interesse crescente pelo tema.

4. O CONTEXTO DAS COMPETÊNCIAS SOCIOEMOCIONAIS

O primeiro grupo de artigos é formado por onze estudos teóricos e documental. Este segmento representa 24,4% do total dos achados. Os artigos contextualizam o tema das competências socioemocionais no mundo do trabalho e no contexto escolar com a preocupação voltada para o currículo. Tratam da necessidade, importância e crítica às competências socioemocionais. Os documentos utilizados nos artigos foram a BNCC – Base Nacional Comum Curricular, Relatórios da OCDE – Organização para a Cooperação e desenvolvimento Econômico e do Banco Mundial, IAS – Instituto Airton Senna, CONSED – Conselho Nacional de Secretários de Educação e UNDIME – União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação, UNESCO – Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura. Na Tabela 2 apresenta-se o objetivo, características metodológicas e resultados dos artigos que contextualizam as competências socioemocionais.

Tabela 2 – Principais características dos estudos pesquisados

Id do artigo Objetivo Características metodológicas Resultados
A1 Compreender as competências socioemocionais nas políticas para a formação da juventude frente às transformações no mundo do trabalho e os conflitos sociais no Brasil. levantamento bibliográfico; análise de documentos OCDE Banco Mundial O fomento das competências socioemocionais apresenta tendência de caráter repressivo/coercitivo que não deve ser ignorada, especialmente no cenário de aprofundamento da crise e acirramento dos conflitos sociais.
A9 Conhecer os estudos do desenvolvimento das competências socioemocionais na escola, a fim de buscar um currículo que atenda às necessidades do século XXI. Pesquisa bibliográfica e documental. confronta dados e registros de instituições, como a OCDE e IAS. Por meio do levantamento de dados é possível afirmar a importância do desenvolvimento das competências socioemocionais na escola, a fim de formar um aluno em sua integralidade.
A10 Mapear as contribuições teóricas sociais contemporâneas dos estudos sobre neoliberalismo e capitalismo emocional para o entendimento das políticas curriculares, especificamente no que se refere à ênfase nas competências socioemocionais. Análise documental Em linhas gerais, pode se afirmar que os debates acerca da seleção dos conhecimentos escolares são reposicionados no interior desta gramática formativa.
A24 Refletir sobre os limites da chamada Pedagogia das Competências propostas pelas reformas educacionais atuais. Estudo teórico a partir de uma visão crítica e de resistência. Concluindo, a partir da perspectiva filosófico-crítica sobre formação cultural (Bildung), apresentou-se como o imperativo econômico na Educação se traduz no que Adorno conceituou de Semiformação (Halbbildung).
A26 Compreender os constructos teóricos que os sustentam e que deram origem ao uso dos termos competências e habilidades como prefixos acrescidos dos sufixos “não cognitivas”, “socioemocionais”, “para a vida” e “para o século XXI”. Enfoque teórico Podemos encontrar um ponto de intersecção comum às três nomenclaturas: consideram os valores, atitudes e a capacidade de articulação e de abstração de diversas competências e habilidades nos mais diversos contextos, como é o caso dos 4 C’s
A27 Discutir as consequências da parceria entre o Ministério da Educação (MEC) e órgãos nacionais e internacionais que assumiram o papel de reguladores transnacionais de políticas de educação em diversos países, especialmente os chamados países “em desenvolvimento”. Estudo teórico e documental (BNCC Ensino Médio) O tratamento empresarial recebido pela educação brasileira por meio das políticas públicas supracitadas e de seus vínculos com agentes como OCDE e IAS produz como resultado diferentes formas de marginalização e exclusão.
A35 Analisar a atuação do Instituto Ayrton Senna (IAS) no estabelecimento do programa “Volta ao Novo – Programa de Desenvolvimento de Competências Socioemocionais”, Estudo teórico e documental materializado na relação com o CONSED e UNDIME em meio a pandemia do COVID-19. o programa atua enquanto uma estratégia para orientar os indivíduos a desenvolver as competências socioemocionais produzindo um fetiche no processo de aprendizagem e no contexto de crise.
A38 verificar a possibilidade de os professores da modalidade de educação infantil trabalharem competências socioemocionais em sala de aula com a faixa etária de 3 a 6 anos. pesquisa bibliográfica sistemática de caráter exploratório e cunho qualitativo As competências socioemocionais são de grande relevância e devem ser inseridas no contexto escolar começando desde a modalidade de educação infantil, pois comprova-se que tais competências causam um grande impacto benéfico no desempenho acadêmico da criança.
A39 Compreender a relação entre a ética ambiental e as competências socioemocionais previstas na Base Nacional Comum Curricular (BNCC), alinhadas com a Educação em Direitos Humanos (EDH), a Educação para a Cidadania Global (ECG) e a Educação Ambiental. Estudo teórico e documental  É preciso estabelecer os valores morais e éticos que devem orientar essa educação, de modo que rompa com o antropocentrismo e não incorra em nenhuma forma de opressão, seja em relação aos humanos, aos animais ou à natureza.
A40 Apresentar a concepção de alfabetização difundida pelo IAS e como esta representa a manutenção da precarização do processo de alfabetização no Brasil, ao trazer elementos secundários do processo de ensino e aprendizagem, como primários, neutralizando e dissolvendo a função da escola pública. Estudo teórico amparado no materialismo histórico-dialético. Pesquisa documental e bibliográfica de análise de documentos. Está em curso um processo de reconfiguração do que entendemos ser alfabetização, direcionado pelo IAS, para o qual alfabetizar é mais do que ler e escrever textos, mas deter capacidades de leitura e regulação de emoções, pontuada como competência socioemocional. Há um processo de reconfiguração do conceito de alfabetização, que em nosso entendimento deve ser refutado.
A41 Analisar o conceito de competências socioemocionais e as propostas de formação dessas competências na escola com base na psicologia histórico-cultural e seu fundamento materialista histórico-dialético. análise de algumas propostas de formação de competências socioemocionais na escola produzidas pelo Instituto Ayrton Senna, BID, OCDE e presentes na reforma do ensino médio e na BNCC. Como resultado, constata-se a artificialidade da cisão estabelecida entre as funções cognitivas e afetivas do psiquismo humano que se expressa na dicotomia entre competências cognitivas e socioemocionais, e que a formação de competências socioemocionais é apresentada como solução para os problemas decorrentes da alienação inerente à sociedade capitalista, […]

Fonte: Periódicos da Capes (2000).

Os estudos teóricos e documentais presentes nesta categoria apontam para os resultados positivos do desenvolvimento de competências socioemocionais, confirmam a preocupação do governo brasileiro com a “formação humana integral” definida na Lei nº 9394/96 (Brasil, 1996) que levou a elaboração da BNCC, documento de caráter normativo a que as Redes de ensino deve se adequar, porque ele define “o conjunto orgânico e progressivo de aprendizagens essenciais que todos os alunos devem desenvolver ao longo das etapas e modalidades da Educação Básica” (BRASIL, 2018, p. 7). Os currículos deveriam ser os primeiros a ser impactados pela BNCC, com reformulação obrigatória para se alinharem à Base, mas os efeitos devem ir além:

[…] a formulação dos currículos dos sistemas e das redes escolares dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios e das propostas pedagógicas das instituições escolares, a BNCC integra a política nacional da Educação Básica e vai contribuir para o alinhamento de outras políticas e ações, em âmbito federal, estadual e municipal, referentes à formação de professores, à avaliação, à elaboração de conteúdos educacionais e aos critérios para a oferta de infraestrutura adequada para o pleno desenvolvimento da educação. (BRASIL, 2018, p. 8)

A adequação implica colocar em prática as orientações legais nos currículos, nas propostas pedagógicas, nas atividades em sala de aula. Esta categoria de artigos, por ser teórica revela a importância das competências socioemocionais para a educação integral, a necessidade apresentada pelo contexto de adoecimento mental, as vantagens pessoais, sociais e para mundo do trabalho, mas não dá conta “se” ou “como” esta política pública está sendo implementada.

5. ESTUDOS EMPÍRICOS SOBRE COMPETÊNCIAS SOCIOEMOCIONAIS

Na categoria de estudos empíricos foram relacionados nove artigos, que representam 20% do total e que pesquisaram populações de crianças do 1º ano, estudantes de 6 a 12 anos, estudantes do 3º e 5º ano com idades entre 8 e 15 anos, estudantes universitários, professores do curso técnico em enfermagem, professores universitários e servidores atuantes no Comitê Local de Gestão de Riscos do Instituto Federal. Os temas abordaram o tempo de escolaridade e desenvolvimento cognitivo e socioemocional, identificação de competências socioemocionais em professores, a relação entre inteligência e competências socioemocionais, a interferência das competências socioemocionais no estágio supervisionado, a situação socioemocional dos professores no ensino remoto, a relação entre criatividade e inteligência emocional, impacto do ensino remoto nas competências socioemocionais e digitais e a relação entre os modelos teóricos da administração pública e as competências socioemocionais. Foram aplicados questionários, entrevistas, grupos focais, estudo de caso em pesquisas com enfoque quantitativo e qualitativo com predomínio deste último. Entretanto, os estudos desta categoria não contemplam estratégias de desenvolvimento como se pode constatar na Tabela 3.

Tabela 3 – Principais características dos estudos pesquisados

Id do artigo Objetivo Características metodológicas Resultados
A2 Investigar a relação entre tempo de escolarização, entendido como tempo total que a criança esteve exposta/frequentou a EI, em meses, e desempenho em medidas cognitivas (especificamente raciocínio não verbal, vocabulário, atenção e funções executivas) e de habilidades socioemocionais. Participaram 125 crianças (M=5,57; DP=0,53), 55 de Pré-II e 70 de 1º ano de escolas públicas, avaliadas em raciocínio não verbal, vocabulário, atenção e funções executivas. Houve grande variabilidade no tempo de escolarização. Houve efeito do nível escolar, porém não de variáveis socioeconômicas, sobre o desempenho das crianças. Apenas três correlações foram evidenciadas entre tempo de escolarização e desempenho, sendo que duas apontaram que crianças com maior tempo de escolarização possuem piores resultados.
A4 Identificar as competências socioemocionais com professores que atuam num curso técnico em Enfermagem. estudo qualitativo na modalidade da pesquisa-ação. Bardin, Grupo focal com professores de um curso técnico em Enfermagem. Foram elencadas cinco competências socioemocionais para a prática docente: autocontrole, criatividade, empatia, respeito e saber ouvir. Houve forte conscientização do professorado sobre a temática, com impacto na sua prática docente.
A13 Investigar a relação entre os construtos. (inteligência e competências socioemocionais) Participaram do estudo 362 estudantes brasileiros do 3o ano (n=168) e 5o ano (n=194) do Ensino Fundamental, com idades entre 8 e 15 anos. Os resultados mostraram correlações significativas entre os seis fatores que compõem as competências socioemocionais e a pontuação total na medida de inteligência, de modo a confirmar a importância de que ambas sejam estimuladas nos diferentes contextos.
A14 Compreender a interferência dos aspectos socioemocionais dos alunos no enfrentamento das regências no Estágio Supervisionado II do curso de Letras de uma universidade pública, a fim de verificar se a reflexão e a partilha desses aspectos auxiliam na construção de uma identidade docente. Configurando-se como um estudo de caso. Foi desenvolvido projeto de extensão, envolvendo duas disciplinas: Estágio Supervisionado II e Psicologia, elaborando-se e aplicando-se instrumentos de coleta de dados, como questionário. O estudo situa-se no campo da Linguística Aplicada, por articular campos do saber Os resultados apontam a interferência dos aspectos socioemocionais no enfrentamento do percurso do Estágio II, que se inicia antes da realização das regências. A contribuição para a construção da identidade docente pôde ser verificada tanto no que diz respeito ao reconhecimento de competências socioemocionais na descrição de suas próprias identidades profissionais, quanto no despertar do desejo de alguns alunos pela profissão durante o Estágio. Reforça-se, assim, a importância de tratar a temática na formação inicial dos professores.
A17 Apresentar alguns discursos socioemocionais a partir dos olhares dos professores universitários brasileiros durante a realização do Ensino Remoto Emergencial (ERE) Como metodologia, teve abordagem qualitativa, descritiva, bibliográfica, documental e exploratória. Entrevista com 510 professores universitários com a utilização de um recurso virtual denominado “nuvem de palavras”. Os resultados apontam o perfil comportamental, os níveis de estresse e de adaptabilidade das competências socioemocionais dos professores universitários, nativos do ensino presencial, que enfrentam os desafios impostos ao uso excessivo das tecnologias educacionais para fomentar discussões e alternativas de ensino e aprendizagem, a fim de lidar com esse “novo normal” no contexto educacional.

 

A22 Captar e comparar as perceções de estudantes do ensino superior privado (universitário e politécnico) sobre o ensino remoto nas aprendizagens e analisar o impacto desta modalidade de ensino nas competências socioemocionais e digitais. Investigação, de carácter exploratório. Questionário online aplicado a estudantes do ensino superior. Mostram que as medidas de confinamento impostas afetaram a forma de estar, de aprender e de ensinar. E que os estudantes inquiridos apresentam uma similaridade em termos de competências socioemocionais, mas divergente no respeitante a competências digitais. Defendem, na sua grande maioria, uma aposta inequívoca no ensino híbrido.
A28 investigar a relação entre os dois construtos (os construtos de criatividade e competências socioemocionais, foco do estudo) Uso de testes para avaliar os construtos-alvo aplicados em 368 estudantes 8 a 15 anos. apontaram para a existência de correlações positivas significativas entre a criatividade figural e quatro das competências socioemocionais (conscienciosidade, amabilidade, abertura a experiências e lócus de controle externo) e da criatividade verbal com duas dimensões socioemocionais (conscienciosidade e amabilidade).
A33 Estudar a relação entre criatividade e Inteligência Emocional (IE). Estudo empírico. Se utilizó la prueba de expresión figurativa para evaluar el nivel de imaginación demostrado dibujando imágenes. 228 estudantes de 6 a 12 anos. Al comparar a los estudiantes con la alta capacidad y sus compañeros, se encontraron diferencias estadísticamente significativas para el estado de ánimo general y la adaptabilidad (capacidad para manejar el cambio, incluye la resolución de problemas y la flexibilidad, ambos son rasgos de creatividad). Finalmente, se extraen algunas implicaciones educativas sobre cómo fomentar el potencial creativo a través de las emociones.

 

A44 Apresentar o resultado da análise da relação entre os modelos teóricos da administração pública e as competências socioemocionais requeridas dos servidores atuantes no Comitê Local de Gestão de Riscos do Instituto Federal Catarinense – Campus Camboriú. pesquisa classifica-se como descritiva, do tipo estudo de caso e análise pelo método quantitativo e qualitativo. Quanto às competências, o fator Conscienciosidade e Amabilidade destacam-se como os mais relevantes para o exercício da função. Importante destacar que nos modelos teóricos da administração pública e nas competências socioemocionais não há relação de melhor ou pior classificação, sendo estes modelos abstratos e teóricos que apoiam uma observação das principais características de gestão.

Fonte: Lilacs (1985), Periódicos da Capes (2000), Scielo (1998).

Nota-se que aos poucos os estudos sobre competências socioemocionais estão se voltando para a educação em que, primeiramente, utilizaram a educação como campo de estudo da Psicologia, mas já aparecem estudos realizados por pesquisadores da área da educação. Destaca-se que não apareceram estudos focados nos professores da educação básica, considerando que o período de investigação coincide com a obrigatoriedade de as escolas e Redes de ensino se adequarem a BNCC e desenvolverem as habilidades e as competências presentes no documento, que incluem as competências socioemocionais. Tempo de escolaridade e aprendizagem, incluindo competências socioemocionais; as competências socioemocionais nos professores e em estudantes universitários; no modelo de administração pública; relação entre criatividade e inteligência emocional e entre inteligência e competências socioemocionais.

6. AS ESTRATÉGIAS DE DESENVOLVIMENTO DAS COMPETÊNCIAS SOCIOEMOCIONAIS

Nesta categoria foram selecionados artigos que de alguma forma apontam para estratégias de desenvolvimento socioemocional. Os achados apontam onze artigos, representando 24,4% do total de achados que tratam das estratégias de desenvolvimento das competências socioemocionais atreladas à resolução de situação problema no componente curricular Matemática, o treinamento de Pedagogia Teatral que pode ser associada ao componente Arte, criação de dinâmicas inovados e promotoras de ambientes de aprendizagem para o bem-estar, desenvolvimento da resiliência através do relato de experiência, implementação de seminários temáticos nas aulas de Linguagens à luz do desenvolvimento das competências socioemocionais, replicações de programas de Aprendizagem SocioEmocional, desenvolvimento das capacidades ou competências socioemocionais com o auxílio da Janela de Johari nos processos de ensino e aprendizagem, conteúdos e estratégias de ensino-aprendizagem relacionados às competências socioemocionais, uma intervenção de corrida de orientação relacionada ao componente Educação Física e o desenvolvimento de competências socioemocionais no componente Ensino Religioso. A Tabela 4 apresenta objetivo, características metodológicas e resultados encontrados nos artigos que se enquadram na categoria voltada para artigos que tratam de estratégias de desenvolvimento das competências socioemocionais.

Tabela 4 – Principais características dos estudos pesquisados

Id do artigo Objetivo Características metodológicas Resultados
A5 Analisar a vivência de uma situação-problema em aulas de Matemática nos anos iniciais do Ensino Fundamental de uma escola pública da cidade de São Paulo, atrelada às competências socioemocionais e à resolução de problemas A pesquisa foi organizada em três partes com três professores: a discussão de uma situação-problema, o seu desenvolvimento em sala de aula, e explicitação das percepções sobre a experiência vivida. Apontam que a prática pedagógica adotada oportunizou a aprendizagem socioemocional e a habilitação e estimulação de funções executivas, tais como o controle inibitório, a flexibilidade cognitiva e a memória de trabalho.
A7 Observar um Treinamento de Pedagogia Teatral para crianças do ensino fundamental, avaliando no pensamento criativo e teoria da mente das crianças. Uma pesquisa qualitativa, exploratória e de campo. A análise dos resultados da pesquisa possibilitou ratificar a necessidade de se implantar as competências socioemocionais em sala de aula na educação básica brasileira.
A8 Explicar a relação do pensamento criativo com o desenvolvimento de competências socioemocionais. Método da abordagem mista: Projeto de pré-teste quase experimental. Análise de testes padronizados mais análise temática a partir da observação de 240 minutos de registro do Treinamento da Pedagogia Teatral. Os resultados demonstraram aumento do pensamento criativo com um forte efeito do Treinamento da Pedagogia Teatral sobre o pensamento divergente. As análises temáticas mostraram que as atividades do Treinamento da Pedagogia Teatral se concentram principalmente na competência socioemocional.
A12 Conhecer as perceções dos professores de Portugal sobre os impactos deste projeto que procurou criar ambientes de aprendizagem para o bem-estar. Foram realizadas entrevista aos professores participantes. Os resultados permitiram elencar dinâmicas inovadoras e promotoras de ambientes de aprendizagem necessários para o bem-estar.
A20 Compreender o desenvolvimento da dimensão afetiva no cuidar e das competências socioemocionais no ensino de Enfermagem, através de experimentações estéticas sociopoéticas realizadas com estudantes de Enfermagem O tratamento e a análise dos dados se deram a partir da análise de conteúdo de Bardin e dos estudos filosóficos da sociopoética. Nas categorias reveladas e analisadas, […], revelam o enfermeiro que gostariam de se tornar – dentro de perspectivas mais humanizadas – e fazem da experiência do vínculo terapêutico espaço para o desenvolvimento da resiliência.
A21 Construir uma análise da implementação de seminários temáticos nas aulas de Linguagens à luz do desenvolvimento das competências socioemocionais preconizadas pela Base Nacional Comum Curricular. Trata-se de uma pesquisa-ação desenvolvida em uma instituição de ensino particular. o seminário temático possibilita o aluno a aprender habilidades de comunicação, questionar, apresentar, debater, utilizando-se das competências socioemocionais para trabalhar o dinamismo, gestão do tempo e flexibilidade.
A25 Analisar o processo de formação das academias e o modelo demonitorização desenvolvido no âmbito da replicação do programa de Aprendizagem SocioEmocional para o 3° ciclo – Atitude Positiva Aplicaram questionário de Avaliação de Competências Socioemocionais e Questionário de Auto-Descrição-II para aos alunos e uma versão reduzida aos professores. Os autores não encontraram diferenças significativas nos resultados, pela experiencia dos aplicadores, o modelo de formação e monitorização gana destaque para o sucesso das replicações de programas de Aprendizagem SocioEmocional
A30 Descrever, interpretar e analisar as relações entre o desenvolvimento das capacidades ou competências socioemocionais com o auxílio da Janela de Johari nos processos de ensino e aprendizagem. Assumem-se o referencial do conceito denominado Janela de Johari e os pressupostos da teoria psicogenética do desenvolvimento humano formulada por Henri Wallon. Permitem afirmar que a presença dos estudos sobre a janela de Johari é restrita, convocando os pesquisadores do campo à uma reflexão mais sistemática e estruturada a respeito de seus pressupostos e de seu potencial […].
A31 Identificar os conteúdos e estratégias de ensino-aprendizagem relacionados às competências socio emocionais em cursos de graduação em enfermagem, verificando sua presença efetiva nos currículos académicos. Estudo de abordagem qualitativa, na perspetiva sociopoética. 13 alunos, dos 2 últimos períodos do curso de graduação em enfermagem, […]. Revelaram-se inexistentes as orientações sobre emoções na graduação, pois não há, no currículo, um conteúdo, disciplina ou atividade que aponte para este tema e nem mesmo uma perspetiva docente/académica que considere essa abordagem de forma transversal e contínua.
A36 Analisar o comportamento socioemocional dos alunos diante de uma intervenção de corrida de orientação. Estudo de caso com analise descritiva dos dados. Foi aplicado o questionário Big Five Inventory (BFI) a 72 alunos, 39 escolares do ensino médio. Foi constado que as maiores médias entre os perfis foram: Abertura (34,59), amabilidade (30,44), conscienciosidade (28,23). A corrida de orientação, se mostra eficaz no desempenho emocional dos escolares […].
A45

 

 

 

 

Explanar como as competências socioemocionais foram contempladas no Currículo do Espírito Santo, na área de conhecimento Ensino Religioso. Estudo teórico Foi possível compreender que o Ensino Religioso, quando trabalhado atrelado às competências socioemocionais, pode contribuir com a formação do caráter dos alunos, […].

Fonte: Lilacs (1985), Periódicos da Capes (2000).

A pesquisa aponta estudos esparsos com resultados positivos em relação às estratégias de desenvolvimento que indicam a possibilidade de desenvolver competências socioemocionais diversas, a necessidade de se implantar as competências socioemocionais em sala de aula, o aumento do pensamento criativo, a existência de dinâmicas inovadoras e de dinâmica que desenvolve a resiliência em enfermagem. Por outro lado, demonstram ausência de orientação no currículo para esta finalidade, confirmando o que diz o relatório da OCDE (2015) sobre o fato de as pesquisas apontarem que:

Os pais e os professores sabem da importância de as crianças desenvolverem outras habilidades para além das cognitivas, no entanto, ainda é pouco o movimento em prol desse desenvolvimento. Também levantam como hipótese explicativa para tal realidade que o conhecimento sobre as formas de promoção dessas competências seja limitado, prejudicando, assim, um trabalho efetivo nesse sentido.” (OCDE, 2015 citado por OLIVEIRA; MUSZKUT, 2021, p. 93)

Os resultados indicam a necessidade de ampliar os estudos sobre as estratégias porque na área da educação os gestores e professores precisem dominá-las para possam desenvolver as competências socioemocionais e a tão necessária educação integral.

7. OS INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO DAS COMPETÊNCIAS SOCIOEMOCIONAIS

A preocupação dos autores com a avaliação das competências socioemocionais apareceu em quatorze artigos, representando o maior número de achados, 31,2%.  Os instrumentos de avaliação ASQ:SE Ages & Stages Questionnaires: Social-Emotional, escala Wong and Law Emotional Intelligence Scale, Questionário de Avaliação de Competências Socio Emocionais QACSE (Coelho, Marchante e Sousa, 2014), Social Skills Rating System, Emotional Regulation Checklist, Social Skills Rating System, Screen for Child Anxiety Related Emotional Disorders e Children Depression Inventory, Teste de Regulação e Compreensão de Situações Sociais no Ensino (TRUST), questionário de dados sociodemográficos, a escala de dificuldades de regulação emocional (DERS) e o inventário de habilidades sociais educativas (IHSE-Prof), Social and Emotional or Non-cognitive Nationwide Assessment, denominado Senna 1.0, e o Questionário de Educação à Carreira, Social-Emotional Expertise (SEE), construção de escala nova, processo de desenvolvimento e validação de escala. Os instrumentos foram destinados a crianças de 5 anos matriculados na pré-escola, professores, alunos de 9 a 12 anos como se pode verificar na Tabela 5 que apresenta objetivo, características metodológicas e resultados dos artigos desta categoria.

Tabela 5 – Principais características dos estudos

Id do artigo Objetivo Características metodológicas Resultados
A3 Investigar aspectos de validade e fidedignidade desse instrumento.

(ASQ:SE Ages & Stages Questionnaires: Social-Emotional)

Análise Fatorial Exploratória e Confirmatória. Dados de 23.334 crianças (50.6% meninos), com idade média de 5 anos de idade (DP: 3 meses) e matriculadas em 625 pré-escolas foram analisados Os resultados foram favoráveis ao modelo com um fator emocional e outro social. Indicadores de fidedignidade foram adequados. Os resultados evidenciaram aspectos de validade do ASQ:SE e possibilitam seu uso em crianças com 5 anos de idade.
A6 Caraterizar a capacidade de adaptação ao ensino à distância e competências socioemocionais de professores e educadores-de-infância no primeiro período de confinamento devido à COVID-19, bem como averiguar a influência de fatores individuais e socioprofissionais nessas competências pessoais. Tratou-se de um estudo transversal, descritivo e correlacional, com uma metodología mista de análise de dados. A escala Wong and Law Emotional Intelligence Scale previamente validada para a população adulta Portuguesa, assim como várias questões de caracterização sociodemográfica e outras relacionadas com a percepção de adaptação dos professores ao ensino à distância. 302 professores. A dimensão de competência emocional em que os professores/educadores registaram média mais baixa foi regulação das emoções (M=3.21). Para trabalhar à distância salientaram-se dificuldades relacionadas com o domínio das tecnologias, os alunos e os métodos de ensino. Sem diferenças significativas em função do nível de ensino, notou-se dificuldade de regulação de emoções em todos os grupos, concluindo-se que esta problemática tendeu a afetar globalmente todos os professores / educadores.
A11 Apresentar a validação de um instrumento (que já apresentava qualidades psicométricas junto de uma faixa etária mais alta), o Questionário de Avaliação de Competências Socio Emocionais (Coelho, Marchante e Sousa, 2014) O instrumento foi aplicado a 765 alunos de 9 a 12 anos do 4º e 6º ano de escolaridade. Foi conduzida uma Análise Fatorial Confirmatória e análises de consistência interna e de validade concorrente, bem como análises dos efeitos de género e desenvolvimentistas. O QACSE se mostrou um instrumento válido, fiável e de preenchimento rápido, adequado para avaliar as competências socioemocionais e as dificuldades socioemocionais de alunos dos nove aos 12 anos, na sua multidimensionalidade.
A15 Avaliar os efeitos do Trabalho de Regulação Infantil nas competências socioemocionais e problemas de comportamento, assim como nos escores da sintomatologia ansiosa e depressiva em crianças com idade entre 7 e 9 anos. Trata-se de um estudo quasi-experimental em que os responsáveis preencheram o Social Skills Rating System e a Emotional Regulation Checklist. As crianças preencheram a Social Skills Rating System, Screen for Child Anxiety Related Emotional Disorders e Children Depression Inventory. Foram identificados resultados significativos no aumento das habilidades sociais e regulação emocional, assim como diminuição nos escores de problemas de comportamento e nos sintomas de ansiedade e depressão, no grupo experimental. A diferença entre grupos ocorreu apenas nos níveis de habilidades sociais e regulação emocional.
A16 Descrever a percepção de professores em formação inicial de uma universidade pública brasileira frente a determinadas situações sociais de ensino, à luz das competências socioemocionais, com foco na gestão de relacionamento e regulação das emoções. O delineamento metodológico é quantitativo, sendo utilizado um teste intitulado Teste de Regulação e Compreensão de Situações Sociais no Ensino (TRUST), formulado por Aldrup et al. (2020), traduzido e adaptado ao contexto brasileiro. Professores em formação inicial Observou-se que a grande maioria das estratégias mais bem avaliadas pelos licenciandos foram as que se consideram mais efetivas no contexto do teste. No software Jamovi, a única diferença identificada foi em relação ao gênero, no que tange à regulação das emoções.
A18 Avaliar as competências socioemocionais de professores, por meio da investigação das associações entre habilidades sociais educativas e regulação emocional. Os instrumentos utilizados foram um questionário de dados sociodemográficos, a escala de dificuldades de regulação emocional (DERS) e o inventário de habilidades sociais educativas (IHSE-Prof). Participaram 69 professores de Ensino Fundamental, do 1º ao 6º ano, da rede pública de ensino. Quanto às dificuldades em regulação emocional, os professores apresentaram escores similares a outros estudos com populações não clínicas.
A19 avaliar a eficácia do Programa Edu-Car, visando o desenvolvimento de competências socioemocionais e de carreira. Foram utilizados como medidas pré- e pós-teste o Social and Emotional or Non-cognitive Nationwide Assessment, denominado Senna 1.0, e o questionário de Educação à Carreira, o Teste-T em 116 alunos do 1º ano do ensino médio regular de duas escolas públicas Os resultados mostram que a intervenção apresentou efeitos significativos na exploração de carreira, com maior busca de ajuda e/ou informação de diferentes pessoas e fontes.
A23 Construir e validar uma escala de Competências Socioemocionais no Brasil. Primeira fase qualitativa grupo focal e segunda fase quantitativa. Uma amostra de 424 indivíduos (220 mulheres e 204 homens). A Escala de Competências Socioemocionais representa uma contribuição teórica nos campos da administração, da psicologia da educação e do trabalho.
A29 Traduzir e validar a escala Social-Emotional Expertise (SEE). Duas amostras independentes de participantes (N = 466), entre os 18 e os 64 anos (27,33 ± 11,52) foram utilizadas para validar a SEE. A SEE revelou uma boa consistência interna para o total e respetivos fatores e uma adequada fidedignidade teste-reteste.
A32 Descrever o processo de desenvolvimento e validação de um instrumento de avaliação em larga escala das habilidades socioemocionais – incluindo habilidades inter e intrapessoais, bem como aspectos relevantes da motivação e autorregulação – no sexto ciclo do Ensino Básico no Uruguai. To obtain inputs for the linguistic and contextual adaptation of the items, the item proposal was submitted to experts, teachers and sixth-year students from primary school. O instrumento final demonstra ter características psicométricas satisfatórias e validade convergente; no entanto, reconhece-se que o desenvolvimento instrumental deste tipo requer uma abordagem de melhoria contínua após uma revisão longitudinal e iterativa.
A34 Especificar os principais domínios de conteúdo de múltiplos instrumentos socioemocionais (autoestima, garra, autoeficácia, forças e dificuldades e os cinco grandes fatores) usados em pesquisas nos Estados unidos da América e na Europa Investigada a estrutura fatorial em uma grande amostra de estudantes escolares (N = 3,023). Os fatores extraídos para representar os domínios socioemocionais dos instrumentos testados se mostraram bastante coerentes com as dimensões do modelo dos cinco grandes fatores
A37 Construir e buscar evidências de validade de uma medida de competências socioemocionais para estudantes universitários. análise fatorial exploratória a partir da aplicação do instrumento a 712 estudantes universitários. Revelou seis fatores que apresentaram agrupamentos de itens teoricamente consistentes com as definições do modelo hipotético proposto. A estrutura final foi capaz de explicar 45,16% da variância total, a partir de 35 itens.
A42 Construir, buscar evidências de validade e produção de normas para uma escala de competências socioemocionais. Foram realizados dois estudos com um total de 696 participantes. Revelou cinco fatores que apresentaram agrupamentos de itens teoricamente consistentes com as definições do modelo hipotético utilizado.
A43 Construir e buscar evidências de validade de uma medida de competências socioemocionais para estudantes universitários. Aplicação do instrumento em 365 estudantes universitários. A análise revelou seis fatores que apresentaram agrupamentos de itens teoricamente consistentes com as definições do modelo hipotético proposto.

Fonte: Lilacs (1985), Periódicos da Capes (2000), Scielo (1998).

Validar instrumentos de avaliação de competências socioemocionais é uma ação necessária. Os instrumentos em estudo revelaram correlações positivas com a inteligência emocional e com a felicidade subjetiva, e associações negativas com a ansiedade de interação social, revelaram competências denominadas de consciência emocional, regulação emocional, consciência social, autocontrole emocional e criatividade emocional e outras competências denominadas de autogerenciamento das emoções, consciência social, tomada de decisão responsável, perseverança, autoconsciência emocional e habilidades de Relacionamento. A contribuição valiosa da psicologia com os instrumentos em educação é apenas um elemento do processo educativo que ocorre em ciclos de planejamento, execução, controle e avaliação, sendo esta última o princípio e o fim do processo. Entretanto, é durante a execução que o processo de ensino aprendizagem ocorre e para desenvolvê-lo deve-se utilizar de estratégias eficazes.

8. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Esta revisão de literatura objetivou apresentar o que a literatura tem produzido sobre competências socioemocionais com limite temporal de cinco anos que inicia após a promulgação da BNCC em 2018. Os achados apontaram para quatro categorias de pesquisa que receberam uma denominação reveladora do conteúdo e que apontou para mais uma área do conhecimento, a Administração. As categorias se organizaram em uma sequência lógica que seguem a linha apresentada por Chiavenato (2000) “A Administração trata do planejamento, da organização (estruturação), da direção e do controle de todas as atividades diferenciadas pela divisão de trabalho que ocorram dentro de uma organização”. (p. 1). A investigação, portanto, identificou categorias de estudo que se fixaram em momentos diferentes do processo de Administração.

A primeira categoria composta de artigos sobre contexto das competências socioemocionais, porque apresenta os fundamentos, documentos norteadores e ficam no âmbito dos estudos teóricos e a segunda categoria de estudos empíricos sobre competências socioemocionais composta de artigos formado por estudos que pesquisaram a relação das competências socioemocionais com outra variável como o tempo de estudo, a inteligência, a criatividade, ensino remoto, gestão. Essas duas categorias se alinham com conhecimentos estudos importantes e necessários para as redes planejarem a implementação do desenvolvimento das competências socioemocionais nas escolas.

O que Chiavenato (2000) chama de estruturação quando se trata de competências socioemocionais depende das estratégias de desenvolvimento. A terceira categoria estratégias de desenvolvimento de competências socioemocionais apresenta nos artigos formas de desenvolver, promover dessas estratégias, mesmo que em alguns casos a preocupação parecia maior com a avaliação. Esta categoria trata da prática, de como executar nas aulas a teoria e as exigências sobre as competências socioemocionais. Verificou-se, entretanto, pela quantidade, abrangência dos artigos que pouco se tem estudado se as competências estão sendo desenvolvidas. Urge saber que estratégias as Redes de ensino, escolas e professores estão utilizando para desenvolver as competências socioemocionais, porque a determinação legal não é garantia de aplicação prática.

A quarta categoria trata da avaliação das competências socioemocionais que se alinha ao que Chiavenato (2000) denomina “controle”. Esta categoria apresenta instrumentos de avaliação das competências socioemocionais, discorre basicamente sobre a verificação do desenvolvimento destas competências e sobre a validação de instrumentos. A psicologia é a área que mais contribui neste segmento e é dela que vem os instrumentos atualmente utilizados na educação na verificação do desenvolvimento das competências socioemocionais. Neste ponto a Psicologia, Administração e Educação andam juntas e se complementam, porém deve-se investir na execução para melhorar os resultados na avaliação, assim como os resultados das avaliações apontam onde investir esforços no planejamento e execução.

Espera-se que o presente trabalho colabore com o meio acadêmico chamando atenção para a necessidade de ampliar os estudos sobre as competências socioemocionais em aspectos mais práticos, voltados para as estratégias, ou seja, para o como desenvolver as competências socioemocionais. Quarenta e cinco achados, em três bases de dados é pouco para a necessidade que os professores e as escolas têm de desenvolver as competências socioemocionais, principalmente com a obrigatoriedade da BNCC.

Portanto, para desenvolver competências socioemocionais é preciso conhecer o contexto que te diz a importância, a necessidade e a finalidade para embasar o planejamento, conhecer o processo de desenvolvimento para escolher a forma de execução eficaz e conhecer os instrumentos de avaliação para fundamentar o planejamento e direcionar os rumos do processo. As palavras-chave para se desenvolver competências socioemocionais são planejamento, execução e avaliação, em consonância com a sequência cíclica da Administração.

AGRADECIMENTOS

Pela colaboração neste artigo como revisor no Rayyan, agradeço a: Aldenor Soares dos Santos, mestre em Ciências da Educação pela Universidade Tecnológica Intercontinental-UTIC, graduado em História pela Universidade Estadual de Alagoas – UNEAL, docente da Rede Estadual de Ensino do Amazonas; Carmelita Torres de Lacerda Silva, doutora e mestre em Ciências da Educação pela Universidade Tecnológica Intercontinental-UTIC, docente da rede municipal de Ensino de Teresina- PI.

REFERÊNCIAS

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SOUZA, Rodrigo Rodrigues de. Construção, evidências de validade e normatização de uma escala de competências socioemocionais para estudantes universitários. 2022. 160 f. Tese (Doutorado em Psicologia Social, do Trabalho e das Organizações) Universidade de Brasília, Brasília, 2022. Disponível em: https://repositorio.unb.br/handle/10482/44963. Acesso em: 12 de mar. 2023.

SCIELO – Scientific Eletronic Library Online. São Paulo, 1998. Disponível em: https://www.scielo.org/. Acesso em: 01 de março de 2023.

UNESCO – Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura. Educação para cidadania global: preparando alunos para os desafios do século XXI. Unesco, Brasília, 2015. Disponível em: https://unesdoc.unesco.org/ark:/48223/pf0000234311 Acesso em: 02 de mar. 2023.

APÊNDICE – NOTA DE RODAPÉ

2. OCDE – Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico.

3. UNESCO – Organização das Nações Unidas para a educação, a ciência e a cultura.

4. Rayyan – ferramenta tecnológica que torna as revisões sistemáticas colaborativas mais rápidas, fáceis e convenientes.

[1] Doutoranda em Ciências da Educação, Mestre em Ciências da Educação, Especialista em Gestão Escolar, Graduada em Letras e Graduada em Pedagogia. Professora, Diretora Escolar. ORCID: https://orcid.org/0009-0000-4351-5432. Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/6275494412888464.

Enviado: 30 de maio, 2023.

Aprovado: 20 de junho, 2023.

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Marinalva de Sousa Barbosa

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