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Uma análise reflexiva do avanço para educação 5.0: desafios e possibilidades de uma nova versão

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CONTEÚDO

ARTIGO ORIGINAL

BRASIL, Magda Schmidt [1]

BRASIL, Magda Schmidt. Uma análise reflexiva do avanço para educação 5.0: desafios e possibilidades de uma nova versão. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano. 07, Ed. 10, Vol. 05, pp. 16-27. Outubro de 2022. ISSN: 2448-0959, Link de acesso: https://www.nucleodoconhecimento.com.br/educacao/avanco-para-educacao

RESUMO

No ensejo de compreender as transformações globais em razão da evolução tecnológica, esse estudo aponta desafios e possibilidades com a chegada da Educação 5.0. A necessidade de superação do professor Imigrante Digital quanto ao uso das Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) é um fator que implica formação e inclusão digital, ao passo que os estudantes Nativos Digitais, são naturalmente predispostos à realidade virtual, dominando o ciberespaço. Como superar o descompasso em razão do conflito geracional entre educadores e educandos para adesão da Educação 5.0? O propósito deste estudo, visa analisar os desafios e possibilidades do avanço para Educação 5.0, pautando Tecnologias Educacionais emergentes, estratégias e soluções que aproxime educadores e educandos por um caminho de aprendizagem criativa e colaborativa. Esse estudo se fundamenta numa revisão de literatura descritiva, pautando alguns conceitos e características da Educação 5.0 a partir de análise na legislação brasileira, trabalhos acadêmicos em formato de artigo/dissertação e algumas obras clássicas; os autores Mello; Almeida Neto e Petrillo (2020) e Prensky (2001) são os que mais se destacam. Os apontamentos buscam compreender a necessidade de superação quanto aos entraves e desafios da Educação 5.0, com propósito de explorar as possibilidades mediante o diálogo para o desenvolvimento holístico, competências socioemocionais e interdisciplinaridade numa abordagem que combina aprendizagem colaborativa e customizada.

Palavras-chave: Educação 5.0, Conflito Geracional, Competências Socioemocionais, Humanização, Interdisciplinaridade.

1. INTRODUÇÃO 

O profissional da educação enfrenta muitos desafios na contemporaneidade, entre os temas mais debatidos e pesquisados pela comunidade científica, encontramos o avanço da web e seus impactos no sistema educacional. A escolha assertiva de Metodologias Emergentes e Tecnologias Educacionais na promoção da qualidade do ensino é uma pauta infinita. Na fase 4.0 da web, a educação já passou por uma ruptura significativa, transformando o sistema arcaico de ensino em novas possibilidades, contudo, a fase 5.0 conceituada como uma nova versão, definitivamente não admite métodos tradicionais. A Educação 5.0 aborda uma visão horizontal muito além da utilização de ferramentas digitais, assumindo um compromisso com o bem-estar humano e social (SANTOS; OLIVEIRA; CARVALHO, 2019).

O objetivo deste estudo delimita-se com a finalidade de analisar os desafios e possibilidades da Educação 5.0 respondendo a seguinte inquietação: Como superar o descompasso em razão do conflito geracional entre educadores e educandos para adesão da Educação 5.0? A cibercultura perpassa todo contexto educacional evidenciando a complexidade educacional e a fragilidade da formação docente, precisando assim, buscar novos saberes.

A concepção para formação integral do estudante numa perspectiva holística deve ser dialogada, no intuito de tornar a educação mais humanizada e democrática. O desenvolvimento holístico abrange múltiplas dimensões do ser humano: aspectos físicos, psicológicos, sociais e culturais (SANTOS; OLIVEIRA; CARVALHO, 2019).

Nessa linha, o pensamento vygotskiano afirma, que cognição e emoção são indissociáveis no processo de construção do conhecimento. Paralelo a teoria de Vygotsky, os estudos da Neurociência Cognitiva também já vêm fazendo apontamentos para construção do conhecimento, inteligência emocional e a importância do pleno desenvolvimento humano. O método de estudo apresenta enfoque na revisão bibliográfica descritiva, com marco teórico em alguns autores clássicos como: Piaget; Vygotsky; Goleman; Zabala; e artigos científicos contemporâneos recentes, entre os anos de 2019 a 2021 encontrados em indexadores acadêmicos.

A presente pesquisa enfatiza o enfrentamento dos desafios em benefício das possibilidades inovadoras, como: formação continuada de professores; e estratégias de aproximação entre Imigrantes Digitais e Nativos Digitais. O percurso de análise sobre o avanço da web e a chegada da Educação 5.0 provocaram um confronto com o problema do conflito geracional, que insiste em manter um paradigma conservador ignorando as mudanças da sociedade moderna. Sabendo que a evolução tecnológica é exponencial, em todas as esferas da sociedade, principalmente no contexto educacional, faz-se necessário ressignificar os pressupostos, a fim de aperfeiçoar as práticas pedagógicas para uma concepção mais humanizada e colaborativa.

O pedagogo educador precisa ter um olhar sensível para a diversidade, uma visão dimensional focada no desenvolvimento cognitivo e socioemocional ao mesmo tempo em que constrói parceria com os alunos para o uso das Tecnologias Educacionais. Gerenciar uma abordagem protagonista e engajada exige empenho de ambas às partes, professor e estudante, ademais, o educador do século XXI deve observar as tendências emergentes com a finalidade de atender aos interesses e necessidades atuais. A Educação 5.0 é uma abordagem inovadora que atende as expectativas do presente e do futuro convergindo com o perfil dos estudantes Nativos Digitais.

2. DESAFIOS DA EDUCAÇÃO 5.0: CONFLITO GERACIONAL; FORMAÇÃO DOCENTE; E ALFABETIZAÇÃO DIGITAL

O principal desafio para implementação da abordagem 5.0 no cotidiano escolar se concentra no objetivo dessa pesquisa, que busca descobrir estratégias para solucionar o conflito geracional entre Imigrante Digital e Nativo Digital, entretanto, se realizará uma breve análise apontando alguns entraves que também são considerados desafiadores como: a fragilidade da formação docente; e a necessidade de alfabetização digital para os estudantes. Parafraseando Prensky (2001), Imigrante Digital conceitua gerações anteriores nascidas em um contexto analógico, que tinha pouco acesso às Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC), enquanto Nativo Digital se concentra em um público nascido a partir de 1980 durante a expansão da internet. Conforme os estudos desse autor, a desconexão entre Imigrante Digital e Nativo Digital é um fator bem delicado no contexto educacional.

Naturalmente, os educadores demonstram insegurança para o uso das Tecnologias Digitais, por isso, propor parcerias com os alunos Nativos Digitais é essencial para inovar e recriar a dinâmica em sala de aula, por exemplo, a criação de um jogo no Kahoot para estudar um determinado conteúdo de maneira lúdica (individual ou coletivamente).

A evolução de cada fase da web teve início no século XIX com a web 1.0, avançando lentamente para web 2.0 e web 3.0. A partir da Revolução Industrial a web avança um pouco mais e surge, consequentemente, a Educação 4.0 (SOARES JUNIOR; BOTELHO, 2021). Atualmente estamos evoluindo fluidamente para Educação 5.0, que expandiu com maior velocidade a partir do ano de 2022, após a pandemia da Covid-19. A pandemia, sem dúvida acelerou a indústria tecnológica, influenciando fortemente nas atividades educacionais e o uso das TIC.

Ademais, a velocidade que as fases foram evoluindo acabou definindo gerações distintas que convivem juntas no século XXI. O convívio entre essas duas gerações pode parecer um problema, contudo, percebe-se que as diferenças enriquecem ainda mais um contexto de aprendizagens, compartilhar saberes de maneira colaborativa, na verdade, é uma grande possibilidade. As gerações podem ser classificadas da seguinte forma: X nascidos em (1965-1981); geração Y (anos 80 e 90); geração Z (anos 90 até 2010) com estudos recentes sobre a geração alpha (2010 até 2025).

Analisando a fase da web 1.0 e 2.0, pode-se descrever uma educação que era destinada a poucos alunos, uma abordagem tradicional com base nas doutrinas dos padres jesuítas, o professor controlava o conhecimento para uma aprendizagem padronizada e mecânica. Na fase da web 3.0, com o avanço das TIC, os processos educativos passaram a ter uma roupagem mais interativa,       colaborativa e  informacional favorecendo a participação e autonomia do sujeito aprendente. A Educação 4.0 evoluindo para 5.0 pode ser considerada um “start” no século XXI, qualificando ainda mais os processos educacionais quando bem selecionados e planejados de forma intencionalmente pedagógica.

Parafraseando Mello; Almeida Neto e Petrillo (2020), nas fases da web 1.0 e 2.0 as metodologias de ensino apresentavam uma abordagem passiva, promovendo maior autonomia e criatividade a partir da web 3.0 e 4.0 com o uso de novas tecnologias digitais e metodologias emergentes. A internet tornou-se um recurso ilimitado, com mais interação e interatividade, promovendo intercâmbios e compartilhamentos   pelo   uso   das   ferramentas   digitais   como:   redes   sociais; comunidades virtuais; aprendizagens em rede; entre outros. O Ambiente Virtual de Ensino e Aprendizagem ficou diverso, as plataformas e aplicativos mais modernos, possibilitando inovações como: Jogos Educativos (gamificação); Realidade Aumentada; Realidade Virtual; Simuladores; Impressora 3D; e Robótica.

A Educação 5.0 não pode ser compreendida como transição, visto que, a mesma não chega para substituir a Educação 4.0, pelo contrário, complementa as práticas pedagógicas no ensino formal e amplia a construção do conhecimento dos estudantes na aprendizagem informal (MELLO; ALMEIDA NETO; PETRILLO, 2020). O sucesso no contexto educacional depende de capacitação profissional e apoio psicológico, a fim de preparar o educador do presente e do futuro. A educação do futuro, que na verdade já está acontecendo na atualidade, perpassa “Recursos Humanos”: alunos; professores; gestão escolar; e “Recursos Tecnológicos”: infraestrutura; conectividade; e formação profissional.

Segundo Felcher e Folmer (2021, p. 5), Educação 5.0 é:

[…] um conceito oriundo do Japão e que promete uma revolução positiva na vida das pessoas, de maneira que a tecnologia esteja a favor do ser humano. Nesse sentido, a Educação 5.0 privilegia a concepção de que os conhecimentos digitais e tecnológicos são importantes, mas é preciso considerar também, as competências socioemocionais.

Essa nova fase de evolução da Educação 4.0 para Educação 5.0, representa muitos desafios relacionados à Alfabetização Digital, manuseio de novas ferramentas, identidade digital, netiqueta, cyberbullying e fake news, portanto, não devemos ignorar o foco na curadoria do conhecimento. A Alfabetização Digital implica pensamento crítico sobre o uso dos recursos midiáticos, bem como desenvolvimento de habilidades criativas, engajamento, colaboração, empatia e personalização.

Parafraseando Cortella e Dimenstein (2015): A curadoria do conhecimento compreende que a qualidade é mais importante que a quantidade de informações recebidas, para essa finalidade, o docente precisa posicionar-se numa postura crítica e mediadora, orientando os estudantes na seleção do que realmente é relevante, pois informação e comunicação não são sinônimas de conhecimento. A postura crítica e seletiva evita a ansiedade e as distrações exageradas na internet, que podem prejudicar a aprendizagem (GOLEMAN, 1996).

3. A EDUCAÇÃO 5.0 E AS POSSIBILIDADES PARA HUMANIZAÇÃO DO CONHECIMENTO E COMPETÊNCIAS SOCIOEMOCIONAIS 

A Era do Conhecimento marcada pela cultura digital se renova a todo o momento, aperfeiçoando os mecanismos e estratégias de ensino-aprendizagem. Essa realidade favorece as práticas pedagógicas e o planejamento docente apontando abordagens modernas que vão ao encontro dos estudantes nativos digitais. Esse panorama impactante caminha para a chegada da Educação 5.0.

Não obstante, desenvolver um pensamento crítico sobre as tendências educacionais, pressupondo os benefícios da inovação é indispensável para não aderir a modismos ou fetiches. Logo, cabe ao docente, identificar o nível de encantamento dos estudantes e os resultados significativos na construção do conhecimento, sempre refletindo sobre a melhor escolha no uso de Tecnologias Educacionais. No que concerne às atividades em sala de aula (virtual ou presencial), é fundamental realizar avaliação durante o processo, a fim de observar se o desenvolvimento cognitivo e socioemocional realmente acontece satisfatoriamente para o sujeito aprendente.

No cotidiano escolar, o bem-estar do aluno se encontra em primeiro lugar e o professor também é um sujeito humano no processo, precisando de auxílio, suporte e orientação. Cuidar do cuidador se faz necessário, para um convívio harmonioso no qual todos possam evoluir desenvolvendo-se numa perspectiva holística.

Portanto, é função da gestão escolar promover momentos de formação e acolhimento ao corpo docente, percebendo o desenvolvimento humano a partir das interações sociais, intrapessoal e interpessoal. Parafraseando Rua (2019), a educação 5.0 pode ser compreendida como inclusiva e humanizada. Nesse enfoque, vale abordar o conceito de soft skills que são habilidades voltadas para aspectos subjetivos determinando comportamentos, o saber técnico isoladamente não é o suficiente para formar um profissional da educação ou um estudante, é preciso habilidades como: empatia; colaboração; flexibilidade; resiliência; entre outros, que identificamos nos conteúdos atitudinais de acordo com o estudo de Zabala (1998).

A teoria da Inteligência Emocional, estudo de Goleman (1996), se alinha as competências socioemocionais em destaque na Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e passou a ser implementada a partir do ano de 2017, focando na importância do autoconhecimento e autocuidado. Essa demanda passou a se expandir na sociedade moderna exigindo plena formação do ser humano para exercer cidadania ativa e responsável.

O cenário atual nos impulsiona a refletir sobre o desenvolvimento integral dos estudantes, abrangendo aspectos cognitivos/intelectuais e competências socioemocionais. Independente da disciplina ou conteúdo a ser trabalhado, o educador tem a responsabilidade de observar atentamente o desenvolvimento pessoal do aluno quanto à saúde física e emocional. Parafraseando a BNCC (BRASIL, 2017), as práticas pedagógicas devem abranger mudanças físicas, psíquicas e químicas a partir do diálogo sincero e aberto.

[…] é na convivência amorosa com seus alunos e na postura curiosa e aberta que assume e, ao mesmo tempo, provoca-os a se assumirem enquanto sujeitos sócio-histórico-culturais do ato de conhecer, é que ele pode falar do respeito à dignidade e autonomia do educando. Pressupõe romper com concepções e práticas que negam a compreensão da educação como uma situação gnosiológica (FREIRE, 1996, p. 11).

A BNCC (BRASIL, 2017) aponta a Empatia e Colaboração como uma das competências com foco no respeito à diversidade, empatia pela capacidade de sentir a dor ou dificuldade dos seus pares e colaboração pelo compartilhando de saberes e trabalho em equipe, para uma convivência que dispensa competição ou comportamento tóxico.

Antigamente, os estudos negavam a ideia de equilíbrio entre razão e emoção, no entanto, os estudos da neurociência cognitiva afirmam que ambas caminham de mãos dadas, uma perturbação emocional pode prejudicar o desenvolvimento cognitivo.

A abordagem inclusiva e humanizada da Educação 5.0 depende da intencionalidade pedagógica, podendo oferecer muitos recursos e metodologias para uma dinâmica colaborativa e dialógica, desconstruindo o paradigma centrado unicamente no professor. Professores e alunos devem compartilhar saberes e gerenciar um relacionamento de igual para igual focado no respeito mútuo para romper barreiras existentes entre as gerações, construindo assim, um elo de engajamento, maturidade, confiança e afetividade na ascensão evolutiva.

4. A  EDUCAÇÃO 5.0 E POSSIBILIDADES PARA CUSTOMIZAÇÃO E INTERDISCIPLINARIDADE 

A Educação 5.0 continua dialogando com habilidades para aprendizagem colaborativa e engajada para trabalhos em equipe, no entanto, desperta um olhar mais sensível para as necessidades individuais dos estudantes. A customização não segue um padrão para todos, pelo contrário, permite uma experiência adaptável e flexível respeitando o ritmo e os estilos de aprendizagem de cada estudante.

A customização possibilita a valorização da heterogeneidade ou diversidade muito presente na escola do século XXI, contribuindo, assim, com a inclusão do aluno mediante sua necessidade individual. Nesse viés, o professor pode ser criativo planejando aulas que estimulem o protagonismo em equipe ou individual, algumas ferramentas digitais permitem a criação de uma trilha de aprendizagem, no qual o estudante pode ter autonomia para escolher o que deseja aprender.

A Escola da Ponte em Portugal é um exemplo sobre abordagem personalizada de ensino, eliminando do currículo a aprendizagem fragmentada e despertando nos estudantes um encantamento pelo aprender. Investir em uma aprendizagem customizada é uma possibilidade significativa da Educação 5.0, pois respeita cada sujeito como um ser único que possui personalidade e identidade singular.

De acordo com a FUNIBER (2020, p. 8):

No humanismo a aprendizagem concentra-se no estudante e é personalizada. Neste contexto, o papel do educador é de facilitar a aprendizagem. As necessidades afetivas e cognitivas são chave e, como indicava Carl Rogers, o objetivo é potencializar pessoas auto atualizadas em um ambiente cooperativo e de apoio.

A formação de professores deve estar alinhada à teoria humanista que compreende o aluno em todas as dimensões, sobretudo, nos fatores psicológicos que interferem no desenvolvimento intelectual. É preciso aproximar novos paradigmas e tendências da geração Y e Z, gerações nascidas e imersas nas tecnologias digitais. A geração X que se encontra atualmente em sala de aula se desenvolveu em um contexto analógico, para um mercado de trabalho que ignorava o desenvolvimento holístico, enquanto os estudantes Nativos Digitais nasceram em

um contexto disruptivo definido como ‘Era do Conhecimento’, repleto de informações pelo uso da TIC.

A Inteligência Artificial, os Algoritmos e o Big Data são sistemas que podem auxiliar alunos e professores numa trilha de aprendizagem mais autônoma, escolhendo métodos, técnicas e recursos, no qual se identificam melhor, ou seja, estratégias e estilos de aprendizagem de acordo com preferências para autorregular o processo de construção do conhecimento. Na perspectiva de Piaget (1974, p. 353): “[…] o ideal da educação não é aprender ao máximo, maximizar os resultados, mas é antes de tudo aprender a aprender, é aprender a se desenvolver e aprender a continuar a se desenvolver depois da escola”.

Assim, constata-se que o quadro-negro ou o PowerPoint com foco na aula expositiva perde o lugar de destaque, abrindo espaço para recursos digitais e métodos ativos disponíveis para professores e alunos, atualmente, é possível a criação de um blog da turma, um Fórum ou até mesmo a construção de um ebook para estimular a criatividade dos estudantes. São estratégias para aproximar a linguagem dos Imigrantes e Nativos Digitais, valorizando os diferentes saberes pela construção do conhecimento pleno e interdisciplinar.

A interdisciplinaridade não é um assunto novo, surgiu no Brasil na década de 70 e ganhou maior visibilidade a partir do surgimento das metodologias e tecnologias inovadoras, as diferentes estratégias e estilos de aprendizagem podem ser adaptadas de acordo com o tipo de ferramenta ou metodologia selecionada. Os novos paradigmas educacionais não comportam mais o ensino fragmentado e descontextualizado da realidade. A teoria do pensamento complexo de Edgar Morin (2011) corrobora com esse pensamento, que defende o conhecimento pleno e dispensa fragmentação dos saberes.

Entre outras metodologias, o Design Thinking e a Aprendizagem Baseada em Projetos são muito indicadas para trabalhar no modelo interdisciplinar. A aproximação e encontros entre docentes, também conjectura com planejamento interdisciplinar para o uso dessas metodologias, o engajamento de professores para dialogar diferentes áreas do conhecimento em um único projeto elimina a aprendizagem descontextualizada. Nos dois métodos, é perfeitamente possível utilizar as TIC a serviço do ensino interdisciplinar, favorecendo encontros virtuais por meio de um blog, fórum para diálogos, Google Meet, videoconferência entre outros.

Integração e engajamento de educadores num trabalho conjunto, de interação das disciplinas do currículo escolar entre si e com a realidade de modo a superar a fragmentação do ensino, objetivando a formação integral dos alunos, a fim de que possam exercer criticamente a cidadania mediante uma visão global de mundo e serem capazes de enfrentar os problemas complexos, amplos e globais da realidade atual (LÜCK, 1995, p. 64).

A estratégia de globalização do conhecimento pode e deve promover engajamento em todos os segmentos: alunos e seus pares; professores e seus pares; equipe pedagógica; e direção escolar. Essa abordagem educacional interdisciplinar prepara estudantes para atuar no seu contexto com soluções reais capazes de articular diferentes saberes diante de uma situação problema.

Partindo do enfoque dos diferentes saberes, também é pertinente mencionar um olhar transdisciplinar, um conceito que envolve a subjetividade no processo de construção do conhecimento. A aprendizagem transversal se responsabiliza pelo estudo de um determinado assunto atravessando todas as disciplinas ou componentes. Essa abordagem pedagógica desenvolve a maturidade emocional e autoconhecimento motivando o respeito pelas diferenças e favorecendo a inclusão.

Nessa perspectiva, destacam-se as Tecnologias da Informação e de Comunicação (TIC), que além de ser um elemento muito presente na realidade social dos alunos, é capaz de proporcionar a inter-relação entre as diferentes áreas de conhecimento, fomentando uma aprendizagem relacionada com temas cotidianos (FUNIBER, 2020, p. 63).

As tecnologias educacionais advindas do avanço da web, principalmente da web 5.0, passaram a contribuir com a integração interdisciplinar, possibilitando uma aprendizagem mais abrangente e completa com foco na autonomia, transformando a realidade para o progresso social e econômico. Um exemplo que podemos citar de contribuição e progresso social é o índice de trabalhadores nômades e empreendedores que vem aumentando, com vistas a diminuir o desemprego na sociedade contemporânea.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS 

A Educação 5.0 é uma nova abordagem educativa que surge em consequência do avanço da web, a mesma apresenta desafios e oferece muitas possibilidades despertando a curiosidade dos estudantes e facilitando a didática do professor com metodologias inovadoras.

A problemática do descompasso entre educadores e educandos para o uso dos ciberespaços é reflexo de uma crise geracional e anomalias paradigmáticas revelando a ausência de alinhamento entre o avanço da web e as práticas docentes. Não obstante, as rupturas no contexto social e educacional tendem a favorecer a construção do conhecimento para formação holística e interdisciplinar atendendo as demandas para o século XXI.

Enquanto o conflito geracional, a fragilidade de formação docente e a ausência da alfabetização digital são desafios passíveis de superação para implantação da Educação 5.0, as possibilidades são infinitas como: o protagonismo; a colaboração; o engajamento; a customização; e a interdisciplinaridade numa perspectiva que abrange principalmente as competências socioemocionais.

Portanto, pode-se inferir que existem muitas estratégias para superação do conflito geracional entre Imigrantes e Nativos Digitais: a formação continuada; a busca por alfabetização digital; e a parceria entre educadores e educandos. Ademais, a abordagem da Educação 5.0 atenta para uma formação plena valorizando aprendizagem coletiva e principalmente individual, para competências cognitivas e socioemocionais em benefício da inclusão com suporte de artefatos e serviços inovadores.

REFERÊNCIAS 

BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. 2017. Portal do MEC. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/conselho-nacional-de-educacao/ba se-nacional-comum-curricular-bncc#:~:text=E%20no%20dia%2022%20de,no%2 0% C3%A2mbito%20da%20Educa%C3%A7%C3%A3o%20B%C3%A1sica>. Acesso em: 24 set. 2022.

CORTELLA, Mário Sergio; DIMENSTEIN, Gilberto. A era da curadoria: o que importa é saber o que importa! Campinas: Papirus Editora, 2015.

FELCHER, Carla Denize Ott; FOLMER, Vanderlei. Educação 5.0: reflexões e perspectivas para sua implementação. Revista Tecnologias Educacionais em Rede (ReTER), [S.l.], v. 2, n. 2, p. 01-15, 2021. Disponível em: https://periodi cos.ufsm.br/reter/ article/view/67227. Acesso em: 24 set. 2022.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996.

FUNDAÇÃO       UNIVERSITÁRIA     IBEROAMERICANA.      Aprendizagem: tipos, características e teorias. Barcelona – Espanha: FUNIBER, 2020.

GOLEMAN, Daniel. Inteligência emocional. Rio de Janeiro: Objetiva, 1996.

LÜCK, Heloísa. Pedagogia interdisciplinar: fundamentos teórico-metodológicos. Petrópolis: Vozes, 1995. 1

MELLO, Cleison de Moraes; ALMEIDA NETO, José Rogério, Moura; PETRILLO, Regina Pentagna. Educação 5.0: educação para o futuro. Rio de Janeiro: Freitas Bastos Editora, 2020.

MORIN, Edgar. Introdução ao pensamento complexo. Porto Alegre: Sulina, 2011.

PIAGET, Jean. A tomada de consciência. São Paulo: Melhoramentos/EDUSP, 1974.

PRENSKY, Marc. Digital Natives, Digital Immigrants. On the Horizon, Bradford, v. 9, n. 5, p. 2-6, Oct. 2001.

RUA, Fábio. Educação 5.0. 2019. YouTube. Disponível em: <https://www.youtube. com/watch?v=hwp1lYwH7ss>. Acesso em: 24 set. 2022.

SANTOS, Amarildo Enes; OLIVEIRA, Carlos Antônio de; CARVALHO, Elma Nunes de. Educação 5.0: uma nova abordagem de ensino-aprendizagem no contexto educacional. 2019. 08f. Trabalho de Conclusão de Curso, (Especialização em Gestão, Supervisão e Orientação Escolar) – Pós-Graduação em Gestão, Supervisão e Orientação Escolar, Faculdades IDAAM, Manaus, 2019.

SOARES JUNIOR, Nivaldo; BOTELHO, Royna. O pedagogo e suas multifunções na Educação 5.0: uma abordagem teórica. Educação Básica Revista, [S.l.], v. 7, n. 1, 181-202, jul. 2021. Disponível em: http://www.educacaobasicarevista.com.br/inde x.php/ebr/article/view/45. Acesso em: 24 set. 2022.

ZABALA, Antoni. A prática educativa: como ensinar. Porto Alegre: Artmed, 1998.

[1] Mestranda em Formação de Professores – TIC na Educação, pela UNIB. Graduada em Pedagogia – Supervisão Escolar pela ULBRA. Especialização: Pós-graduada em Neuropsicopedagogia Clínica pela FAVENI. Pós-graduada em Metodologias Ativas pela UNINASSAU. ORCID: 0000-0003-0659-843X.

Enviado: Julho, 2022.

Aprovado: Outubro, 2022.

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Magda Schmidt Brasil

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