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Letramento digital na área de vídeo e comunicação para o docente da escola pública de São Gonçalo/RJ

RC: 147558
352
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DOI: 10.32749/nucleodoconhecimento.com.br/educacao/area-de-video-e-comunicacao

CONTEÚDO

ARTIGO ORIGINAL

SOUZA, Neuza Siqueira de [1], CONRADO, Luciane Medeiros de Souza [2], FREITAS, Victor Gonçalves Gloria [3]

SOUZA, Neuza Siqueira de. CONRADO, Luciane Medeiros de Souza. FREITAS, Victor Gonçalves Gloria. Letramento digital na área de vídeo e comunicação para o docente da escola pública de São Gonçalo/RJ. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano. 08, Ed. 08, Vol. 03, pp. 143-159. Agosto de 2023. ISSN: 2448-0959, Link de acesso: https://www.nucleodoconhecimento.com.br/educacao/area-de-video-e-comunicacao, DOI: 10.32749/nucleodoconhecimento.com.br/educacao/area-de-video-e-comunicacao

RESUMO

A partir do avanço tecnológico digital e da inadequação de uma metodologia docente que enfrentasse os desafios apresentados pelas novas formas de comunicação por falta de letramento digital, notada principalmente no período pandêmico, fez-se necessário propiciar uma formação continuada que pudesse contribuir para promover segurança e habilitar os educadores das escolas públicas do município de São Gonçalo/RJ, quanto ao uso de ferramentas digitais na área de vídeo e comunicação. Nesse cenário, o objetivo deste estudo é apresentar os resultados obtidos através da aplicação de uma sequência didática, inserindo recursos digitais variados que propiciassem uma integração estratégica das novas tecnologias digitais para auxiliar os educadores na produção de conteúdo audiovisual como apoio às suas aulas. Para esse propósito, a metodologia do estudo foi quanti-qualitativa com a análise de um formulário de pesquisa aplicado aos participantes do curso de formação continuada. A partir da condução do processo de coleta de dados, foi possível chegar a uma conclusão positiva a respeito do que os educadores que participaram da formação continuada, pensam a respeito da possibilidade de inserção das tecnologias digitais no planejamento das aulas.

Palavras-chave: Letramento Digital, Formação Continuada, Tecnologia Digital na Educação.

1. INTRODUÇÃO

Diante do progresso tecnológico digital e da insuficiência de uma abordagem pedagógica que enfrentasse os desafios decorrentes das novas formas de comunicação devido à falta de competência em Letramento Digital (LD), especialmente evidenciada durante a pandemia, tornou-se imprescindível oferecer uma Formação Continuada (FC) que pudesse proporcionar segurança e capacitação aos educadores das escolas públicas do município de São Gonçalo/RJ, quanto ao uso de Tecnologias Digitais na Educação (TDE).

Este artigo tem como objetivo mostrar os resultados dessa formação com o recorte na área de vídeo e comunicação. Esse olhar específico se deu a partir de uma pesquisa exploratória realizada através de um questionário aplicado a um grupo de 123 profissionais da educação. A análise dessa pesquisa pode ser encontrada no capítulo 3 do E-book lançado pela revista Núcleo do Conhecimento, com o título “Desafios a serem vencidos pelo docente do século XXI” (https://www.nucleodoconhecimento.com.br/livros/ciencias-humanas/docente).

É importante ter domínio eficiente sobre recursos digitais, de acordo com Proença (2019), já que vive-se em uma época em que as TDE progridem com rapidez. Segundo a autora, ter competência em LD significa ter a capacidade de lidar de forma adequada com os recursos digitais que estão à mão, assim como buscar dados relevantes na internet e baixar imagens, vídeos e/ou músicas.

Freitas (2010) descreve o LD como a soma de habilidades importantes para que o sujeito esteja apto a compreender e a usar de forma crítica e com princípios, as informações obtidas e compartilhadas no ambiente digital. Infelizmente, essa adaptação ao uso das TDE não é fácil e cria conflitos nos docentes que têm anos de carreira, já que desperta medo e insegurança ao pensar na possibilidade de mudanças em sua práxis pedagógica (SOARES, 2013).

É importante ressaltar que não basta pensar apenas nos profissionais com anos dedicados ao magistério. Para Kenski (2015), é importante focar também nos que estão em formação, pois há a necessidade de se promover uma mudança na forma de ensinar das instituições de ensino superior, principalmente nas que formam professores, inserindo as demandas contemporâneas de desenvolvimento de competências quanto ao uso das TDE.

Para Chiossi e Costa (2018), muitos docentes não foram preparados adequadamente para fazerem uso das TDE em sua prática pedagógica. Por essa razão, faz-se necessário oferecer cursos de formação continuada para que estes não apenas aprendam a teoria, mas que também tenham a oportunidade de colocar a mão na massa realizando experimentos, com o objetivo de promover em seus alunos o interesse pela aprendizagem.

Salienta-se que não adianta promover cursos de FC se o docente não se dispuser a participar deles. Para Soares (2013), cabe ao educador buscar conhecer novas formas de ensinar incluindo o uso das TDE em sua metodologia de ensino, abrindo, assim, o caminho para o novo em seu percurso pedagógico, promovendo segurança quanto à inclusão digital em suas aulas.

Dessa forma, o momento de desenvolvimento de competências deve contemplar tanto a teoria quanto a prática, possibilitando que os professores em formação não se limitem apenas a consumir conteúdos audiovisuais, mas que também sejam capazes de produzi-los e compartilhá-los usando os recursos disponíveis, como o smartphone, por exemplo (PROENÇA, 2019).

Na próxima seção, será esclarecido o processo metodológico percorrido e como se deu a coleta dos dados realizada através da aplicação de um formulário, após a realização da FC.

2. METODOLOGIA

Como foi dito anteriormente, a partir de uma pesquisa exploratória aplicada a 123 educadores, com a finalidade de descobrir suas principais necessidades de aprendizado relacionadas ao uso das TDE, foi elaborada uma FC para os docentes da rede pública de São Gonçalo/RJ.

Para divulgar a FC, foram elaborados panfletos no Canva com as informações para a inscrição no curso híbrido ofertado de forma gratuita. Esses panfletos foram postados nas redes sociais da formadora, assim como nas redes sociais do Centro Municipal de Referência em Formação Continuada “Prefeito Hairson Monteiro dos Santos” – CREFCON, onde trabalha. O CREFCON também enviou e-mail para todas as escolas da rede municipal, convidando os docentes para participarem da FC.

Ao finalizar o período de divulgação, obteve-se o total de 13 inscritos no curso, onde apenas 7 participaram de fato. Esses participantes foram convidados a responderem um questionário de pesquisa com abordagem quanti-qualitativa, contendo vinte perguntas, sendo treze fechadas e sete abertas.

Vale ressaltar que, para garantir a obtenção do consentimento voluntário dos respondentes, constava no formulário de pesquisa o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE).

A opção em utilizar um questionário de pesquisa para conhecer a opinião dos cursistas sobre a FC, deu-se por ser uma fonte importante de coleta de opiniões variadas. É relevante ressaltar que para a verificação das questões abertas foi utilizada a técnica de análise de conteúdo, de acordo com as ideias de Bardin (2021), utilizando a indução para a categorização das mesmas.

A avaliação do resultado da pesquisa científica foi essencial para identificar a eficácia da FC oferecida aos educadores. Na próxima seção, as etapas da FC são apresentadas de forma que possam ser acessadas, modeladas e adaptadas de acordo com a realidade escolar de cada região.

3. A FORMAÇÃO CONTINUADA

No 2º semestre de 2022, uma Sequência Didática (SD) foi elaborada especificamente para a FC, onde foram apresentadas algumas ferramentas digitais que conduzissem os cursistas à produção e compartilhamento de conteúdo audiovisual. O framework da SD pode ser visto no link https://acrobat.adobe.com/id/urn:aaid:sc:US:a794c40c-8eaa-4b67-9758-b93600513f5c.

O curso com o nome Ferramentas digitais na educação: produção de conteúdo para YouTube/Instagram, foi ofertado aos educadores da rede pública de São Gonçalo/RJ, com o objetivo de desenvolver competências e habilidades quanto ao uso das TDE para produzirem e compartilharem conteúdos audiovisuais, com convergência midiática. Como ferramenta de apoio, utilizou-se o smartphone que é acessível tanto aos docentes quanto aos discentes.

Para a implementação desse curso, foi adotada uma abordagem metodológica híbrida, com as aulas divididas em dez etapas. Uma aula foi conduzida presencialmente, enquanto outras três foram realizadas em tempo real, com a participação dos alunos. As demais atividades ocorreram em momentos assíncronos, ou seja, em horários flexíveis.

Adicionalmente, para complementar essa estrutura, os alunos tiveram a opção de agendar outros encontros presenciais e/ou síncronos de acordo com acordos prévios, a fim de esclarecer dúvidas ou questões específicas.

A aula em formato presencial ocorreu no CREFCON, onde foram disponibilizados recursos como Smart TV, smartphone, tripé, notebook e acesso à internet. Para as aulas síncronas, a plataforma de videoconferências Google Meet foi adotada, enquanto para as aulas assíncronas, foram criadas duas salas no ambiente virtual de aprendizagem Google Classroom, uma para o turno da manhã e outra para o turno da tarde.

Também foram criados dois grupos no aplicativo Telegram, selecionado devido à sua capacidade de trocar mensagens e arquivos, facilitando o envio de arquivos grandes de até 2 GB, enquanto no WhatsApp o limite é de no máximo 16 MB, até o momento da escrita deste artigo. Além dessa vantagem, o Telegram armazena os arquivos na nuvem, evitando sobrecarregar o dispositivo do usuário (a menos que opte por fazer o download).

É importante ressaltar que a escolha das ferramentas digitais e plataformas on-line utilizadas no curso (Canva, Mentimeter, Kahoot, Padlet, KineMaster) considerou critérios como inovação, gratuidade, praticidade e facilidade de uso.

O curso foi estruturado da seguinte forma: a Introdução compreendendo as diretrizes do curso, apresentação e o link para o grupo do Telegram. A Unidade 1 é intitulada “Designeando o conhecimento”, tinha como foco a produção de um carrossel no Canva, abordando o assunto a ser trabalhado na disciplina ministrada, com o objetivo de compartilhá-lo no Instagram. Na Unidade 2, intitulada “Luz, câmera, ação! Redes Sociais e Educação”, os participantes tinham a missão de elaborar um roteiro a partir do carrossel produzido na Unidade 1, visando a gravação de um vídeo que motivasse a turma a buscar o conhecimento.

Nessa fase, as participantes do curso adquiriram habilidades para realizar edições básicas de vídeo através de um aplicativo de celular chamado KineMaster, que podia ser utilizado gratuitamente (com algumas limitações nos recursos) ou por meio de uma versão paga. Posteriormente, o vídeo foi compartilhado no YouTube (Shorts) e/ou Instagram (Stories/Reels). Além disso, durante a formação, foram introduzidos recursos como o Linktree, o Padlet, o Mentimeter e o Kahoot, com o intuito de familiarizar às participantes com essas ferramentas digitais.

Todas as etapas da SD, que foi o norte para a FC oferecida aos docentes de São Gonçalo/RJ e que pode ser aplicada em qualquer região do Brasil, podem ser acompanhadas passo a passo no Framework disponibilizado no início desta seção.

A seguir, será apresentada a opinião dos sete educadores que se inscreveram e participaram de todas as atividades da FC, que foi oferecida na modalidade híbrida. Como foi dito na seção anterior, no questionário constavam vinte perguntas, sendo treze fechadas e sete abertas.

Porém, foram escolhidas para serem apresentadas na próxima seção, apenas duas questões fechadas e três abertas. Dessas últimas, duas foram exploradas usando a técnica de análise de conteúdo, de acordo com as ideias de Bardin (2021), utilizando a indução para a categorização das mesmas.

4. A VISÃO DO PROFESSOR-APRENDIZ QUANTO À FC

É fundamental compreender que a integração das TDE na prática pedagógica vai além de utilizá-las apenas como mais uma ferramenta de suporte para as aulas, já que precisam ser vistas como um meio para construir conhecimento. Nessa seção, será exposto se a FC realmente alcançou esse propósito, de acordo com a visão do professor-aprendiz.

Para saber se a utilização das TDE na criação e compartilhamento de conteúdo audiovisual pelo docente poderia promover uma aula que possibilitasse um envolvimento mais ativo de seus alunos no ensino-aprendizagem, todos responderam que sim na pesquisa disponibilizada por meio de formulário elaborado no Google Forms.

Essa afirmação corrobora o pensamento de Dedoné (2022) sobre a interconexão entre as mídias e a Educomunicação. O autor defende que é viável dinamizar as práticas educativas em comunicação ao incorporar as TDE, desde que os envolvidos nesse processo se apropriem dos mecanismos de comunicação, produzindo mídias e fortalecendo a dimensão comunicativa nos ambientes escolares.

No que diz respeito à inserção na metodologia de ensino de conteúdo audiovisual produzido pelo docente, a pergunta foi aberta e as respostas foram agrupadas por categorias, com destaque em negrito (feito pela autora) para facilitar a compreensão. Note que os respondentes estão representados na segunda coluna pela letra P (Participante) + número de um a sete (Quadro 1).

Quadro 1 – Quanto ao conteúdo audiovisual produzido pelo docente

Categoria Respostas
P1: “Pois modifica o formato tradicional e aproxima os alunos a uma realidade que geralmente estão acostumados a usar em momentos de lazer, como as redes sociais e YouTube.”

P5: “No dia a dia os alunos já utilizam muitas das tecnologias digitais, o que despertaria a atenção deles para a aprendizagem.”

P6: “Há ferramentas que proporcionam o compartilhamento do conhecimento, onde o professor, irá mostrar em sala de aula presencial ou no sistema híbrido.”

P7: “Os alunos serão protagonistas do seu aprendizado, uma estratégia poderosa de ensino aprendizagem.”

Gera aproximação (professor/aluno/conteúdo) P1: “Pois modifica o formato tradicional e aproxima os alunos a uma realidade que geralmente estão acostumados a usar em momentos de lazer, como as redes sociais e YouTube.”

P2: “Gerando mais aproximação com os alunos, utilizando o que muitas vezes é uma distração nas aulas, a favor.”

P4: “28 anos de magistério e os alunos só aprendem e apreendem o que eles acham interessante! o mundo atual dos Adolescentes! Eles curtem muito!”

Envolvimento P3: “O aluno pode se enxergar como agente no processo ensino-aprendizagem a partir do uso das TDE.”

P7: “Os alunos serão protagonistas do seu aprendizado, uma estratégia poderosa de ensino aprendizagem.”

  Fonte: Autora, 2023.

O processo de codificação adotado para criar o quadro acima foi de natureza indutiva, de acordo com as ideias de Bardin (2021), não havendo códigos estipulados previamente. O tema e a frequência foram utilizados como unidade de registro e enumeração, respectivamente.

As categorias em que os argumentos dos participantes foram agrupados no quesito inserção na metodologia de ensino de conteúdo audiovisual produzido pelo docente, foram: Estratégia de ensino, Gera aproximação (professor/aluno/conteúdo) e Envolvimento.

Para a categoria Estratégia de ensino, os respondentes acreditam que ela modifica o formato tradicional (P1), despertando a atenção do aluno para a aprendizagem (P5), sendo portanto, uma estratégia poderosa (P7), umas vez que o mesmo está acostumado a usar essas ferramentas que proporcionam o compartilhamento do conhecimento (P6).

Para Ota e Trindade (2021) o aprendizado ultrapassa os muros da escola, podendo acontecer também no espaço virtual, sendo dessa forma ubíquo, existindo em toda a parte e a qualquer hora, por meio de ferramentas como computadores ou dispositivos móveis conectados à internet.

Na segunda categoria, nomeada como Gera aproximação, os respondentes afirmaram que esse método de ensino modifica o formato tradicional da aula, aproximando os alunos a uma realidade que estão acostumados (P1 e P2), transformando o vilão, conhecido como smartphone por muitos educadores, em mocinho. Foi ressaltado também que os alunos tendem a aprender o que acham interessante (P4).

Para a última categoria, nomeada Envolvimento, os respondentes entendem que essa abordagem faz com que o aluno se torne protagonista no processo de ensino-aprendizagem (P3 e P7).  Segundo Dedoné (2019), a produção de conteúdo audiovisual estimula a criatividade, assim como promove a interação social, através das curtidas e comentários que são feitos nas redes sociais.

Embora esse artigo tenha como foco a produção e compartilhamento de conteúdo audiovisual pelo docente como estratégia de ensino, deve-se pensar que essa dinâmica pode e deve ser estendida também ao discente.

O próximo passo foi perguntar sobre os aspectos positivos e negativos quanto à inserção das TDE na prática pedagógica. Começando pelos pontos positivos, foi verificado que todos afirmam que Melhora a comunicação (Gráfico 1).

Gráfico 1 – Pontos positivos quanto a utilização das TDE

Fonte: Autora, 2023.

Logo a seguir, também como ponto positivo, destacam-se os tópicos Gera interesse dos estudantes, Potencia a criatividade e Elimina barreiras de espaço/tempo, com seis votos cada. O tópico Aumenta o nível de cooperação  ganhou quatro votos e o tópico Não verifiquei nenhum ponto positivo não teve votos.

O que valida as afirmações de Santos e Rudnik (2022) que dizem que as TDE promovem a integração das pessoas que têm objetivos comuns, fazendo com que haja maior sociabilidade e aprimoramento no processo de aprendizagem, a fim de que ela se torne menos entediante e mais significativa.

Não foram detectados pontos negativos pela maioria dos respondentes, como pode ser visto no Gráfico 2.

Gráfico 2 – Pontos negativos quanto à utilização das TDE

Fonte: Autora, 2023.

O gráfico acima mostra que um respondente apontou o item Aumenta o risco de Cyberbullying. Esse fato deve ser levado em consideração já que é um problema que pode levar à depressão, chegando a desenvolver pensamentos suicidas. Vieira (2018) diz que as vítimas de Cyberbullying apresentam baixa autoestima e têm a probabilidade de tentar contra a própria vida duas vezes mais em comparação com os que não sofrem esse tipo de violência no ambiente virtual.

Para evitar ou minimizar esse problema é necessário adotar medidas como palestras com especialistas no assunto, promovendo a discussão sobre o tema com toda a comunidade escolar. O incentivo à produção de conteúdo audiovisual e a promoção de rodas de conversa também podem ser estratégias eficazes para tratar esse tema.

A seguir serão apontados dados, divididos nas categorias Segurança e Inovação, referentes ao que o respondente mais gostou do curso (Quadro 2).

Quadro 2 – O que mais gostou no curso FDE

Categoria Respostas
Segurança P1: “Me instigou a produzir e me mostrou que sou capaz de produzir além do que imaginava.”

P3: “A conscientização da capacidade que temos de usar ferramentas que antes pareciam inacessíveis.”

P4: “Em Saber que eu posso melhorar as minhas aulas utilizando as ferramentas digitais! Pois elas apresentam Recursos que eu Não conhecia! Me proporcionou ser e ficar mais Criativa.

 

P2: “Difícil escolher apenas uma coisa, todas as aprendizagens foram incríveis. Mas o que eu mais gostei foi de usar o Canva, pois é um aplicativo que nos dar muitas possibilidades para criar diferentes recursos.”

P4: “Em Saber que eu posso melhorar as minhas aulas utilizando as ferramentas digitais! Pois elas apresentam Recursos que eu Não conhecia! Me proporcionou ser e ficar mais Criativa.”

P5: “Da maneira didática e esclarecedora como a professora Neuza nos fez conhecer algumas das tecnologias digitais e suas funcionalidades.

P6: “De gravar o vídeo.”

P7: “Mural interativo e uso do Canva.”

  Fonte: Autora, 2023.

Pôde-se observar que na categoria Segurança, que os cursistas se sentiram confiantes para produzir além do que imaginavam (P1), fato que promoveu a conscientização de habilidades que antes não tinham (P3). O curso também permitiu perceberem que podem melhorar suas aulas a partir da inserção das TDE na metodologia de ensino, aumentando sua criatividade (P4).

Quanto à categoria Inovação, os respondentes afirmaram que foram apresentados a ferramentas digitais que não conheciam anteriormente, como o Padlet e o Canva (P2, P4, P5 e P7). O P6 afirmou que a gravação de vídeo, que inicialmente era uma dificuldade para muitos, tornou-se uma inovação.

Para Dedoné (2022), um grande obstáculo enfrentado pelos docentes é a alfabetização midiática. O autor afirma que é imprescindível que o docente se aproprie das TDE como uma alternativa pedagógica dialógica, a fim de potencializar o processo ensino-aprendizagem com a utilização de conteúdo audiovisual autoral.

No Quadro 3, os respondentes deixaram um recado à formadora,  que poderia ser apenas um comentário sobre o curso e/ou uma sugestão de melhoria para próximos cursos.

Quadro 3 – Recado à formadora

Respondente Avaliação do curso
Achei muito dinâmico e a formadora sempre foi muito gentil, compreensiva e incentivadora.
P2 Professora Neuza, muito obrigada por sua paciência, competência, persistência e dedicação. Ter acreditado em nós, fez muita diferença nessa trajetória rumo às FDE. Você nos abriu a porta de um mundo antes pouco conhecido.
P3 1000! Todas as aulas foram maravilhosas,! Uma organização ímpar dos conteúdos! O Conhecimento da Professora sobre os temas e a paciência me encantaram muito!
P4 Adorei as aulas e hoje sou capaz de produzir conteúdos digitais sem maiores dificuldades.
P5 Gostaria de agradecer imensamente a Professora Neuza, por todo o conhecimento compartilhado. Fico muito feliz em ter feito o curso que agregou muito a minha prática, saio com a minha cabeça fervilhando de ideias e aguardando as próximas formações. Grade beijo!
P6 Gratidão por compartilhar os saberes das TDE, e parabéns pela sua dedicação.
P7 Foi tudo elaborado com muito profissionalismo e elegância. Algo que só poderia vir de um apaixonado pelo que faz e acredita na educação.

Neuza, vc foi uma das melhores professoras que já tive, vc pega na mão, incentiva e mostra o caminho.

Gratidão ☺️

Fonte: Autora, 2023.

Para facilitar o entendimento, as respostas foram inseridas no quadro acima, sendo a primeira coluna representada pela letra P de participante, seguida dos números de um a sete, e a segunda coluna intitulada Avaliação do curso.

Constatou-se que a FC teve resultados positivos, já que abriu portas para um mundo desconhecido anteriormente (P2), fato que despertou encantamento (P3) em relação ao uso das ferramentas digitais. Estar com a cabeça fervilhando de ideias (P5) também chamou a atenção, somando ao fato de que os educadores afirmaram que após a formação se sentiram aptos a produzirem conteúdos audiovisuais sem maiores problemas (P4).

Esses resultados estão em acordo com o que diz a Competência Geral 5 da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), que aborda as competências e habilidades relacionadas ao uso crítico e responsável das TDE.

Compreender, utilizar e criar tecnologias digitais de informação e comunicação de forma crítica, significativa, reflexiva e ética nas diversas prática sociais (incluindo as escolares) para se comunicar, acessar e disseminar informações, produzir conhecimentos, resolver problemas e exercer protagonismo e autoria na vida pessoal e coletiva (BNCC, 2018, p. 9).

Compreende-se que quando o educador assume o papel de protagonista na produção de conteúdo audiovisual, trazendo as TDE para sua metodologia de ensino, pode desenvolver a criatividade e a criticidade de forma a provocar um impacto significativo no processo de ensino-aprendizagem.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Muitos são os desafios enfrentados pelos docentes deste século, no que diz respeito ao letramento digital. Como diz, Parente (2013), vivemos em uma época de crescente interatividade, tornando-se fundamental incentivar a leitura, a vivência e o envolvimento com essas informações.

Sendo assim, o presente artigo teve como objetivo principal verificar se as contribuições oferecidas por uma formação continuada focada na produção e compartilhamento de conteúdo audiovisual nas redes sociais, poderiam desempenhar um papel significativo na atuação dos professores em sala de aula.

Como observado através da análise da pesquisa, a FC teve resultados satisfatórios, mostrando que um curso que apresente tanto a teoria quanto a prática na utilização das TDE, pode promover segurança e habilitar o docente na utilização de ferramentas digitais. Podendo, então, transformar aulas monótonas em aulas dinâmicas e interessantes, desde que se faça uso consciente das mesmas.

Para próximos estudos, pretendo investigar se há diferença no que diz respeito ao aprendizado e à motivação dos alunos na realização das atividades propostas, entre uma turma onde o professor utiliza as TDE comparado a outra, com o mesmo professor, mas sem o uso das TDE em suas aulas.

REFERÊNCIAS

BARDIN, L. Análise de conteúdo. Edição revista e atualizada. Lisboa – Portugal: Edições 70, uma chancela de Edições Almedina, S.A., 2021.

BRASIL. Base Nacional Comum Curricular (BNCC), p. 9, 2018. Disponível em: http:// basenacionalcomum.mec.gov.br/images/BNCC_EI_EF_110518_versaofinal_site.pdf. Acesso em: 04 mar. 2023.

CHIOSSI, R. R.; COSTA, C. S. Novas formas de aprender e ensinar: a integração das tecnologias de informação e comunicação (TIC) na formação de professores da educação básica. Texto Livre: Linguagem e Tecnologia, v. 11, n. 2, p. 160-176, 2018.

DEDONÉ, T. S. A Educomunicação e o processo de formação dos professores: ressignificando saberes. SCIAS – Educação, Comunicação e Tecnologia, [S. l.], v. 1, n. 1, p. 115–126, 2019. Disponível em: https://revista.uemg.br/index.php/sciasedcomtec/article/view/3645. Acesso em: 25 jan. 2023.

DEDONÉ, T. S. Intersecções entre a comunicação e a educação: tecendo reflexões sobre a Educomunicação. In: DENDASCK, Carla; DIAS, Cláudio Alberto Gellis de Mattos; NASSIRI, Reza (Orgs.). Reflexões, proposições e desafios na construção do conhecimento acadêmico e científico no Brasil: 2022. São Paulo: CPDT, 1ª ed, 2022, p. 58. Disponível em:https://www.nucleodoconhecimento.com.br/livros/multidisciplinar/reflexoes/comunicacao-e-a-educacao. Acesso em: 23 jan. 2023.

FREITAS, Maria Teresa. Letramento digital e formação de professores. Educação em Revista. Belo Horizonte, v. 26, n. 3, p. 335-352, dez. 2010.

KENSKI, V. M. A urgência de propostas inovadoras para a formação de professores para todos os níveis de ensino. Revista Diálogo Educacional, v. 15, n. 45, p. 423-441, 2015. Disponível em: https://periodicos.pucpr.br/dialogoeducacional/article/view/1963/1864. Acesso em: 27 abr. 2023.

OTA, M. A.; TRINDADE, S. D. Competências digitais docentes para curadoria de conteúdo. In: ROCHA, Daiana Garibaldi da; OTA, Marcos Andrei; HOFFMANN, Gustavo (Orgs.). Aprendizagem digital: curadoria, metodologias e ferramentas para o novo contexto educacional. Porto Alegre: Penso, 2021, p. 81 – 94.

PARENTE, C. O jornal na formação e ensino-aprendizagem de leitores-autores. In: PAVANI, Cecília; PARENTE, Cristiane; ORMANEZE, Fabiano (Orgs.). Educomunicação, redes sociais e interatividade. Campinas, SP: Edições Leitura Crítica, 2013, p. 59 – 73).

PROENÇA, A. R. C. Celular, sala de aula e produção de vídeos: MOOC para formação audiovisual de professores. 2019. Disponível em: http://repositorio.utfpr.edu.br/jspui/handle/1/19656. Acesso em: 07 jun. 2023.

SANTOS, R. O.; RUDNIK, R. M. L. Instagram e a educação: algumas considerações. Revista Brasileira de Educação, v. 27, 2022.

SOARES, S. G. Educação e comunicação na internet. In: PAVANI, Cecília; PARENTE, Cristiane; ORMANEZE, Fabiano (Orgs.). Educomunicação, redes sociais e interatividade. Campinas, SP: Edições Leitura Crítica, p. 41 – 58, 2013.

VIEIRA, A. M. Violências nas escolas: reflexos e enfrentamento do cyberbullying no cotidiano das instituições de ensino fundamental e médio. 2018. Disponível em: 2018_AiltonMeloVieira_tcc.pdf. Acesso em: 21 mar. 2023.

[1] Mestra em Novas Tecnologias Digitais na Educação, pela UniCarioca (2023); Especialista em Língua Inglesa, pelo ISAT – Instituto Superior Anísio Teixeira (2008); Especialista em Informática Educativa, pela UNIPLI – Universidade Plínio Leite (2003); Graduada em Letras – Português/Inglês, pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro – UERJ (1991). ORCID: https://orcid.org/0000-0002-7240-849X. Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/3743128864156196.

[2] Orientadora. Doutora em Letras pela Universidade Federal Fluminense, Mestra em Ciências da Arte pela Universidade Federal Fluminense e Graduada em Ciências Sociais pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. ORCID: 0000-0002-1487-5401. Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/2676763015856260.

[3] Coorientador. Doutor em Engenharia Nuclear pela COPPE/UFRJ, Mestre em Ciências Nucleares pelo IEN/CNEN e Graduado em Física pela UFF/RJ. ORCID: 0000-0002-0154-606X. Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/4571544548251124.

Enviado: 19 de julho, 2023.

Aprovado: 10 de agosto, 2023.

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Neuza Siqueira de Souza

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