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Educação, educador e a educação comparada: numa abordagem de futuro

RC: 151953
374
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DOI: 10.32749/nucleodoconhecimento.com.br/educacao-fisica/educacao-comparada

CONTEÚDO

ARTIGO ORIGINAL

SANTOS, Genivaldo dos [1]

SANTOS, Genivaldo dos. Educação, educador e a educação comparada: numa abordagem de futuro. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano 09, Ed. 02, Vol. 02, pp. 174-190. Fevereiro de 2024. ISSN: 2448-0959, Link de acesso: https://www.nucleodoconhecimento.com.br/educacao-fisica/educacao-comparada, DOI: 10.32749/nucleodoconhecimento.com.br/educacao-fisica/educacao-comparada

RESUMO

O presente trabalho tem como intenção abordar sobre a educação, educador e a educação comparada: numa abordagem de futuro, possibilitando uma maior discursão sobre a educação comparada, uma vez que a função da educação e do educador deve ser compreendida não só como meios e procedimentos que facilitam a construção do conhecimento, mas também como realidades que preparam sujeitos que possam desenvolver habilidades e competências que assegurem a inserção dos mesmos no universo laboral global, tornando-os capazes de, na grande corrida competitiva, alcançar seus ideais e, profissionalmente, assumirem o seu lugar na sociedade. Neste sentido, tanto o ato de educar como as ações do educador têm suscitado grandes interesses de análises por serem também responsáveis na condução dos educandos, fazendo com que os mesmos alcancem uma visão não somente da realidade em que estão inseridos, mas sim um olhar amplo e global das problemáticas e oportunidades que cada vez mais vão surgindo no cenário social nacional e internacional. Nesta pesquisa objetiva-se despertar uma maior reflexão a respeito do conceito da educação comparada e a função do educador, como realidades facilitadoras ou mediadoras na construção do saber, no processo de ensino e aprendizagem, para uma educação de qualidade. Para tanto, adotou-se uma abordagem metodológica qualitativa, mediante análise de documental de diversos artigos e livros, que discutem e aprimoram a temática, contribuindo significativamente para esta reflexão. Portanto, este trabalho servirá como contributo, em meio a tantos outros que já foram apresentados no âmbito educacional, para pensar sobre a educação e educador que sejam facilitadores para a construção de conhecimentos capazes que abram novos horizontes locais e globais, e, ao mesmo tempo, colaborando na produção de indicadores para um educar e de qualidade.

Palavras-chave: Educação, Educador, Educação Comparada, Hbilidades.

1. INTRODUÇÃO

Na atual conjuntura educacional onde a educação e o educador necessitam assumir uma postura crítica e cada vez mais livre de um sistema de ensino tradicional e que leve em consideração a figura do educando como sujeito do seu próprio processo formativo e transformador da sociedade e não como um simples receptor de conteúdo, faz-se necessário refletir cada vez mais sobre a fundamental importância desse processo formativo, que deve ser compreendido como um espaço que favoreça a todos os sujeitos sociais envolvidos neste universo educacional, meios que favoreçam o desenvolvimento de habilidades e competências para a sociedade atual. Sendo assim, refletir sobre a educação e o papel do educador com enfoque  num processo de ensino e aprendizagem que vise as relações entre a educação e sociedade, com o desejo de questionar e compreender as problemáticas da sociedade nacional e internacional, levando a uma maior compreensão dos fenômenos sociais, uma vez que a função tanto da educação quanto do educador facilitar ou mediar a construção de conhecimentos e, ao mesmo tempo, prepara pessoas com disposições e aptidões que as insiram no universo laboral global, tornando-as capazes de, na grande corrida competitiva, alcançar seus ideais e, profissionalmente, assumirem o seu lugar no universo global.

Nesta pesquisa objetiva-se despertar uma maior reflexão a respeito da função da educação, o papel do educador e a educação comparada como impulso para um educar que prepara para a sociedade e para vida, esclarecendo alguns conceitos na linha de investigação hora discutida, pois pensar sobre a função da educação, o papel do educador numa abordagem de futuro na busca de uma maior compreensão de educação de qualidade se torna fundamental, uma vez que essa temática vem sendo trabalhada e perpassando longas décadas.

As discursões, aqui apresentadas, são realidades que requerem maiores ponderações, por suscitarem tantos questionamentos nos debates voltados para um educar que prepare as pessoas para que cada vez mais elas adquiram novos conhecimentos e ocupem os espaços sociais laborais com maior competência e eficiência.

É de fundamental importância resgatar o que se entende sobre o papel que a educação e o educador exercem não somente no âmbito educacional, mas social, e, ao mesmo tempo, suas funções numa sociedade pós-moderna, onde o conhecimento muda de maneira muito rápida, necessitando uma maior qualificação das pessoas para que estejam habilitadas a ocuparem os espaços ofertados no mercado do trabalho, com competência.

Nesta perspectiva, tanto a educação quanto o educador assumem um papel de grande relevância, pois buscam trilhar e alicerçar suas bases em uma educação comparatista dos mais variados contextos sociais nacionais e internacionais. Hoje já não se pensa um sistema educacional e um quadro de docentes compreendidos como meros transmissores de conteúdos distantes e alienados das realidades que os cercam, mas sim, mediadores que conjuntamente com os sujeitos envolvidos tenham uma visão de que educar é promover possibilidades para reflexionar e debater os problemas existentes nas sociedades locais e universais, que surgem com o grande advento da globalização e do domínio das novas tecnologias que têm invadido todos os espaços, inclusive o educacional.

Neste trabalho, abre-se uma discursão em primeiro lugar sobre a função da educação, num constante diálogo com pensadores que têm contribuído para a solidificação sobre a temática. Num segundo momento será apresentada uma reflexão sobre o papel do educador numa abordagem de futuro, visto que tanto educação como educadores são considerados os promotores de conhecimentos para o desenvolvimento de habilidades e competências. Já no terceiro ponto abrir-se-á uma discursão a respeito do conceito de educação comparada como um caminho que aponta para uma visão de educação mais abrangente e global, que traz pontos fundamentais sobre a preparação para a aquisição de habilidades e competências.

Para tanto, este estudo pretende despertar um maior interesse sobre a temática discutida e para um pensar a educação, o papel do educador e a educação comparada como facilitadores e promotores da ação de ensinar e aprender, para uma educação onde os educandos aprendam e estabeleçam relações que os levem a alcançar seus objetivos e os postos laborais oferecidos pelas sociedades nacionais e internacionais.

2. EDUCAÇÃO DE FUTURO

A educação como procedimento facilitador na construção do conhecimento no processo de ensino e aprendizagem é, segundo a Declaração do Centenário da OIT para o Futuro do Trabalho, aquela está voltada para o desenvolvimento de habilidades, competências, valores, crenças e hábitos que, como um suporte, possam dá aos agentes envolvidos no âmbito educacional a capacidade de inserção no universo laboral global, tornando-os capazes de, na grande corrida competitiva alcançar seus objetivos (OIT, 2019, p. 7).

Nisto se compreende que para uma educação de qualidade é de fundamental importância a implementação de uma ação com base em metodologias que tenham como fundamento o ensino, o cuidado ético, o treinamento, a narração de histórias, a discussão e a pesquisa direcionada baseada em uma visão cosmopolita (Cortina, 2021). Neste sentido, se percebe a necessidade de se buscar um maior significado de tudo aquilo que está sendo transmitido, planejado e organizado como meios e recursos didáticos, para uma melhor capacidade de absorção do conhecimento e um o processo de ensino e aprendizagem, que para Ausubel (1982), é um processo que envolve a interação de novas informações que devem ser abordadas com a estrutura cognitiva do aluno.

Daí a educação encontra o seu fundamento nas concepções problematizadoras e conflitantes, onde o conhecimento, resultado das análises crítico-reflexivas, deve estar voltado e em boa sintonia com o fazer, respondendo às urgências e necessidades que o mundo global e digital necessita. A educação, nesse sentido, é compreendida como “um sistema eficaz de aprendizagem ao longo da vida e educação de qualidade para todos” (OIT, 2019, p. 7). Tanto a educação quanto os educadores exercem uma fundamental importância ao compreenderem que muito mais do que ensinar fórmulas e conceitos, são eles que devem garantir a inclusão, equidade e qualidade, gerando uma maior promoção e incentivando as oportunidades na aprendizagem de todos, sem exceção.

Para a educação de futuro e para o futuro se faz necessário, como defende Paulo Freire (1996, p. 12) ter um viés e visão transformadores, que leve professor, aluno e todos os que estão envolvidos no sistema educacional a aprenderem a dinâmica de (des)aprendizagem. O dinamismo de construir e descontruir, produz consciência de que todos os envolvidos nesta ação devem estar cientes de serem eles mesmos necessitados de construção e desconstrução para uma melhor preparação que os habilitem para o mundo digital e além-fronteiriço.

Com a rapidez e a velocidade em que a sociedade global vai mudando, vai se afirmando mais e mais a certeza de que o pensamento sobre a educação e às práticas metodológicas do professor precisa adequar-se ao clamor social e que tanto o sistema educacional quanto o educador devem ter a consciência de que em contextos diferentes e que mudam com rapidez se requer diferentes posturas e práticas inovadoras. Com essas mudanças vale ressaltar que é urgente o incentivo, por parte do sistema de educação e o interesse, da parte do docente, que se promova uma cultura pela busca e construção do conhecimento. Cultura esta onde os que criam e programam as políticas públicas educacionais e todos os sujeitos sociais envolvidos no universo educacional incentivem, promovam e capacitem profissionais cada vez mais competentes e hábeis e que em um contínuo processo conectivo de ideias e técnicas que ultrapassam as fronteiras, ajudem a diminuir as desigualdades e injustiças, geradas na sociedade por falta de oportunidades e capacitações, e que sejam dissipadas da sociedade as mentalidades e ações que ao invés de libertarem, escravizam e tiram do ser humano os direitos e oportunidades de crescimento na vida profissional (OIT, 2019, p. 7).

Nisto corrobora Morin (2000, p. 31), quando afirma que é preciso conhecer o próprio conhecimento e que haja uma maior integração dos geradores de conhecimentos com a produção que eles mesmos foram capazes de realizarem para que na educação existam princípios, necessariamente, permanentes. É notável que muitas vezes o ser humano, em todos os setores da sociedade, tem medo e dificuldade de emitir seu pensamento e de aceitar as novas realidades. Tudo o que é novo causa assombro e espanto. Com isso se torna muito mais fácil e cômodo a permanência naquela realidade já conhecida ou no que já está determinado e consagrado, fazendo com que muitas pessoas fiquem à mercê da sociedade e muito aquém dos avanços e dos novos conhecimentos e tecnologias do que um despertar para uma mentalidade do ir mais além e ver que o que ainda não se conhece possa ser conhecido.

É nessa dinâmica de estar com um olhar voltado e atento às novidades para conhecer bem e melhor o ainda não conhecido, que Freire (1996, p. 24), dirigindo-se aos professores vai conclamar os mesmo a não se fixarem em realidades e coisas determinadas ou já aprendidas e nem tão pouco a se prenderem no que prontamente foram transmitidas como verdades intocáveis e invioláveis. Ao mesmo tempo ele afirma que o sistema educacional, o educador e mais precisamente o aluno, devem, no itinerário do aprendizado e da prática, criar não somente ações transformadoras, mas despertar a curiosidade que conduza a um processo mais crítico e que os capacitem e os habilitem para toda e qualquer tarefa de trabalho em todo o contexto nacional e internacional.

Nisto se percebe a importância e o poder da educação, pois a arte de ensinar não pode ser ferramenta de escravidão e exclusão, mas de inclusão, transformação e ponte que une a pessoa ao mundo. Educar para uma realidade futurista é fazer com que todos envolvidos nesse processo atinjam e ocupem as ofertas de emprego gerados nestes tempos pós-modernos e não um simples “ato de depositar, de transferir, de transmitir valores e conhecimentos” (Freire, 2017, p. 82), pois se assim fosse nem educação e nem professores estaria exercendo a sua finalidade, pois ao invés de promover a libertação do homem estaria escravizando-o e excluindo-o.

É papel da educação e do professor centrarem-se em um agir pedagógico com base em princípios éticos e que educar para o futuro é, conforme Morin (2000, p. 31), levar em consideração uma maior compreensão da realidade do próprio homem, do mundo e do processo de ensino e aprendizagem. É enxergar a necessidade de compreender a existência das condições e necessidades tanto do universo quanto do ser humano, e saber que com o exercitar das aptidões do cérebro, numa verdadeira abertura ao diálogo com o diferente, com as novas culturas e com as teorias que estão abertas e que permitem interrogações verdadeiras e fundamentais a respeito do mundo, do homem e do próprio conhecimento que a educação vai atingindo os fins de uma educação futura.

Também é dever da educação e dos formadores de consciência, entenderem, no pensar de Freire (1996, pg. 41), que a arte de ensinar e de aprender para o futuro vai requer que tanto educação como educador desenvolvam habilidades e competências e que, desse modo, os tornem generosos e abertos ao novo, a tudo aquilo que ainda não foi aprendido. Que se comprometam e compreendam a educação como uma forma de intervenção no mundo que leva as pessoas a se verem dentro de uma realidade pensante que evolui e que, como seres históricos-sociais possam mudar toda a realidade com suas importantes mudanças e avanços. É preciso despertar a capacidade de uma reflexão crítica sobre a prática, e reconhecerem a assunção da identidade cultural e trabalhista, partindo de uma organização baseada nos pilares da educação, que segundo a UNESCO (2010), é não somente, mas saber ser, saber fazer e o que fazer. Também o sistema deve favorecer aos protagonistas educacionais que eles necessitam saber conviver com situações inerentes ao conhecimento e ao mundo do trabalho e, portanto, saber aprender com a realidade. Esses pilares são básicos e fundamentais em meio a um panorama que velozmente vai mudando a compreensão do conhecimento e que tipo de conhecimento é necessário para o tempo moderno.

Segundo Rama (2015, p. 17), o conhecimento é a capacidade que os seres humanos têm de não só entender, mas de aprender, compreender e ser compreendido. É também um ato que tem como finalidade o reconhecimento de todas as realidades que o cerca e ocupa um lugar central no contexto social e no mundo do trabalho, sendo o motor que move as novas esferas não só do sistema educacional, mas, também, de todas as novas economias e sociedades contemporâneas. O conhecimento transforma não somente vidas, fazendo com que as pessoas atinjam uma maior ascensão social e econômica, mais é ele que movimenta e prepara os docentes e discentes para que desenvolva capacidades e capacidades exigidas para os novos mercados de trabalhos.

Já para Palomo (2017, p. 16), o conhecimento, que nasce e é impulsionado a cada instante pelas novas tecnologias, é uma realidade que promove, estimula, incentiva e geram as maiores e fundamentais transformações não somente da história, mas, com certeza, das atividades socioeducativas, como o trabalho, as formas como se organizam e vivem as pessoas e também o dinamismo que está ligado ao desenvolvimento global dos saberes. Nisso, Santos (2003), diz que a eficácia do conhecimento está no compartilhamento e difusão das ideias e não no fechamento em si mesmo ou que seja uma componente como mecanismo profissionalizante.

Hoje é necessário entender que, com o auxílio da informação midiática, o conhecimento está sendo difundido com maior agilidade. Autores como Piscitelli chegam a afirmar que “A custos muito baixos e sem a necessidade de licença alguma (…) hoje é o meio de geração e distribuição de conteúdos mais económicos e acessíveis da história” (Piscitelli, 2005, p. 82). Sabe-se que mesmo com dificuldades, em algumas realidades, a acessibilidade às informações tem chegado aos mais variados cantos e, dessa maneira, não pode centrar-se em si mesmo ou em técnicas e fundamentos filosóficos, sem levar em consideração as experiências vividas de um povo, sua cultura e saberes popular.

Segundo Joan Ferrés e Alejandro Piscitelli (2012, p.76): “a competência midiática deve contribuir para desenvolver a autonomia pessoal dos cidadãos e cidadãs, assim como seu compromisso social e cultural”. Nesta perspectiva o conhecimento a ser produzido deve produzir mudanças plausíveis e eficazes.

3. O PAPEL DO EDUCADOR

Diante do que vem sendo discutido sobre a educação comparada e o papel do educador pra uma educação de futuro, se faz necessário repensar a figura dos professores que o futuro espera e necessita, pois conforme a UNESCO (2015), os educadores do futuro precisam centrar-se em um processo de ensino e aprendizagem que esteja voltado para a cidadania global. Uma educação cidadã que seja facilitadora, mediadora de um saber que vá equipando os agentes da educação com valores, conhecimentos, habilidades e competências, que preparem para o cultivo do respeito global, e que sejam capazes de gerar um sentimento de pertença universal, fazendo na construção e promoção dos direitos humanos, da defesa da justiça social, da aceitação da diversidade, da busca pela igualdade de gênero e, dessa maneira, do cultivo de uma ecologia sustentável, independentemente de idade, raça, cor, cultura e condição social.

Desse modo o educador, como peça fundamental para uma educação que desenvolva competências necessárias que preencham os requisitos da sociedade que espera homens e mulheres preparados e capacitados para as novas realidades do trabalho, necessita assumir uma postura crítica e cada vez mais livre de um sistema de ensino tradicional estagnado em conceitos onde a figura do educando, como sujeito do seu próprio processo formativo, seja protagonista na busca das aptidões e capacidades para o mercado do trabalho.

Para a UNESCO (2015), há uma necessidade de uma maior compreensão e prática de ações que sejam planejadas, articuladas de modo não individual, mas social e global, para o exercício da cidadania e que estejam imbuídas de sentimentos de pertença, de vivência comunitária na sua amplitude, tendo em vista todos os benefícios, e atuações que rompam fronteiras e individualismos e, ao mesmo tempo, que tenham objetivos claros como o bem comum globalizados, no qual levem os sujeitos sociais e as sociedades a pensarem um mundo de igual para igual sem causar prejuízo a nenhuma sociedade e a nenhum ser humano.

Diante do acima exposto, tanto o sistema de educação, quanto todos os que nele estão envolvidos necessitam buscar e promover a cidadania mundial. A ação cidadã na lógica da globalização tem ganhado muito espaço e a cada momento vem se solidificando mediante a elaborações de metas e objetivos que estão voltados para resultados da aprendizagem e mundo do trabalho, levando em consideração a implementação das dimensões, identificadas pela UNESCO (2015), como: 1) habilidades conceituais, que geram oportunidades e a uma melhor e maior aquisição de conhecimentos, compreensões e raciocínios críticos sobre questões globais; 2) habilidades socioemocionais, que devam levar os seres humanos a desenvolverem e fomentarem um sentimento de pertença à humanidade comum, buscando e compartilhando valores e, ao mesmo tempo, sendo responsáveis pela busca de seus direitos e, por fim, habilidades comportamentais, onde os sujeitos da educação pensem e atuem de maneira eficaz e responsável nos contextos locais, nacionais e globais, sendo eles mesmos os promotores da vivência e convivência pacífica e sustentável que o mundo necessita.

Tais habilidades geram oportunidades para a formação de cidadãos globais e promotores de uma sociedade justa que buscam a trabalharem em conjunto com tantas outras áreas do saber interligados com o bem comum e global e também com tudo que diz respeito aos direitos humanos que promovem a paz, a compreensão internacional e o desenvolvimento sustentável.

Com a nova ideia de educação e professores na abordagem do futuro, a UNESCO (2015), tem criado um ambiente de debates, possibilitando uma maior abertura para novos horizontes e de modo consistente tem favorecido salutares discursões e planejamento de elaborações de políticas públicas e ações voltadas para uma gestão de educação democrática com base na visão de formar seres humanos com desejos e práxis para a transformação mundial. É dever e compromisso da educação ancorar e construir uma cultura de paz e de amplitude sentimental onde não somente queiram a paz como ausência de violência, que promovam a paz como realidade duradoura, permanente e sem munições para mais conflitos e guerra, “uma vez que as guerras se iniciam nas mentes dos homens, é nas mentes dos homens que devem ser construídas a defesa da paz” UNESCO (2015, p. 3).

Diante disso, nota-se que é fundamental à educação a promoção e desenvolvimento dos quatros pilares para um educar de qualidade e com qualidade como: aprender a conhecer não somente o que está em torno a si, mas aprender com as realidades que estão além do seu horizonte, ou seja, um aprendizado global e midiático. O segundo pilar é aprender a fazer, que implica dizer que não basta a junção de conhecimento sem a sua aplicabilidade. Esse é pilar onde a instrução deva está ligada intimamente agir e agir com competência e qualidade. Em terceiro lugar, se torna necessário aprender a ser, pois um processo que conduz o ser humano, a saber, de fato, quem ele é um processo que lhe dá a capacidade de aprender e conhecer os seus semelhantes, e a respeitá-los em suas diferenças. Contudo, o último pilar que é aprender a conviver, faz com que se chegue à concepção de viver em sociedade universal que, segundo UNESCO (2015), é “Desenvolver uma compreensão de outras pessoas e um apreço pela interdependência – realizando projetos conjuntos e aprendendo a gerir conflitos – em um espírito de respeito pelos valores de pluralismo, compreensão mútua […] paz” (UNESCO, 2015, P.3).

4. EDUCAÇÃO COMPARADA

Refletir sobre a educação hoje é se debruçar em um processo de ensino e aprendizado que esteja voltado para o desenvolvimento de habilidades e competências que deve ter como meta a preparação de pessoas para a sociedade que está em constante evolução do conhecimento e que, ao mesmo tempo, estejam preparadas e assumam as novas ofertas de trabalhos requeridos pelos avanços tecnológicos. Daí educar de modo comparativo continua a ser uma tarefa de fundamental importância, onde, segundo Lourenço Filho (2004, p. 19), a Educação Comparada, iniciada nos primórdios do século XVIII e, mais precisamente, no século XIX com Marc-Antoine Jullien, considerado o pai de um novo método que se tornou um fator principal para o acesso ao saber e que ganhou destaque (Saviani, 2012).

Neste sentido, Bonitatibus (1989, p. 3) afirma que “a Educação Comparada é uma área interdisciplinar que se propõe investigar sistemas educacionais […] abarcando uma dimensão intra ou internacional num tempo histórico fixo ou em movimento”, e que chegou ao Brasil, conforme (Cowen; Kazimias; Unterhalter, 2012), mediante uma gama de produções de importantíssimos trabalhos nesta mesma linha pensamento que foram surgindo, escritos por autores tais como Rui Barbosa, Anísio Teixeira e, especialmente, Lourenço Filho. Este novo modelo educacional foi ganhando cada vez mais espaço por ser considerada uma nova forma de educar ao confrontar e estruturar os processos de maneira sistemática, mediante a intercepção de conceitos e interpretações dos mesmos, centrada na busca de inovadas interpretações e explicações, como também das categorias de causa e efeito nos universos educacionais nos diferentes países e continentes (Cowen; Kazimias; Unterhalter, 2012).

Sendo parte integrante das ciências humanas, ela tem como finalidade estudar as inter-relações existentes entre educação e sociedade, como também os fenômenos e as mudanças que a cada época vão surgindo, como fatores essenciais de interpretação e compreensão tanto dos problemas que transformam todo um cenário histórico e cultural não só nacionais, locais, como também dos internacionais, universais, possibilitando, assim, por meio de comparações entre os avanços e retrocessos, de tensões e conflitos que vão surgindo, mudanças que impulsionam na busca de novos métodos para bons resultados. (Diego & Marquez apud Bonitatibus, 1989, p. 19).

A educação comparada, conforme Weller (2017), não deve ser compreendida como uma busca simplificada comparatistas por meio de paralelismos ou equiparação, mas, acima de tudo, como aquisição de novos conhecimentos que se extrai das múltiplas relações e experiência e, como disse Imbert (2001), sem a perda do sentido ético e da própria alteridade no itinerário educacional a seguir. Rama (2015) define como um sistema educacional que vem exercendo grande influência, pois tem feito uma movimentação nos processos de internalização entre os mercados educativos, que demandam novos saberes, possibilidades de ofertas e desenvolvendo habilidades e competências na prestação de serviços, dando a oportunidade de uma ressignificação nas demandas e, consequentemente, gerando novas oportunidades educacionais aos mercados de trabalho.

Rama (2015), apresenta variados conceitos de diferentes autores sobre essa nova era, ao dizer que a sociedade do conhecimento surge tão atrelada às novas tecnologias, ao universo da microeletrônica, do mundo digital e engenharias computacionais que modificam o funcionamento do mercado que se adeque ao campo educacional com qualidade e em seus currículos, seus processos econômicos, possibilitando novas habilidades e competências.

Neste sentido, para os estudos da Educação Comparada, se torna preciso compreender algumas classificações, tendo em vista as terminologias como: Estados – Nações, Sistema – Mundo. Somente se compreende uma verdadeira comparação e investigação se, de fato, existem territórios e pessoas. Para que se destinem as investigações que tenham sentido se faz preciso um território ou uma sociedade onde, de modo representativo e estruturado, se tenha a participação e convivência social dos indivíduos de forma homogênea. Com relação ao termo Sistema – Mundo vale dizer que essa terminologia é parte fundante para que a unidade de análise do estudo do social dos fenômenos da internacionalização e globalização aconteça.

A relação entre o mundo global e a educação comparada, parte dos mais variados pontos e ideias que necessitam convergir para um alinhamento dos de propósitos que estejam dentro de uma abordagem das políticas educacionais, presentes de modo significativo em cada país ou sociedade de forma divergente, mas que possam convergir para interesses de bens comuns. Isso vale dizer que não deva ser somente um simples encontro entre convergência e divergência das políticas, entre semelhança ou diferenças no modo de pensar e agir, mas que possam trazer sentido e transformações para os processos no sistema educacional.

Para Rama (2015), o impulso dessas transformações acontece mediante o conhecimento alcançado e construído pela educação. Quanto mais houver a expansão do conhecimento, mais e mais se torna perceptível o seu reflexo nos mais variados modelos de sociedade, principalmente no mercado de trabalho, que cada vez mais vai se tornando exigente, e se expande em termos nos ditames econômicos e sociais e, por meio de inovações que derivam tanto conhecimento para a produção, quanto dos novos modelos de desenvolvimento e acumulo de capital, baseados na inovação tecnologia, vão aumentando a produtividade por causa das amplas oportunidades de habilidades e competências de trabalho.

Assim sendo, afirma-se que é a partir das transformações em suas políticas, estratégias e metodologias que preparem novos cidadãos que atendam às demandas sociais e é dever da sociedade do conhecimento, que vem apresentando transformações em todos os contextos de vida humana, promover uma formação que esteja à altura do que necessita a sociedade, pois a educação está diretamente atrelada a essas mudanças.

Assim sendo, é perceptível o grande impacto causado e sentido no âmbito educacional Isso é devido à internacionalização do conhecimento que surge a partir das novas tecnologias de comunicação e informação, como as novas demandas para a acessibilidade das populações, inclusive dos setores que são deixados à margem da sociedade como grupos indígenas, quilombolas, ribeirinhos, os grupos vulneráveis por não terem uma condição de vida economicamente equilibrada, pessoas portadora de deficiências e os migrantes. Neste sentido se faz necessário uma crescente presença de sociedades de conhecimentos que incentivem e promovam uma educação que socialize o saber, ao longo da vida, e promova a mercantilização e a renovação permanente dos conhecimentos (Rama, 2016).

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A grande importância de realizar um estudo investigativo e analítico das discursões apresentadas a respeito das temáticas em torno da educação, do educador e da educação comparada como promotores de conhecimentos tem contribuído de maneira significativa, pois todas as questões que estão intrinsecamente ligadas a um processo de ensinar e educar que promovam meios para que sejam desenvolvidas, nos sujeitos envolvidos na educação, habilidades, exigidas na atualidade, que os preparem para as necessidades específicas e requeridas pela sociedade hodierna.

Neste sentido, a busca da construção do conhecimento e da aprendizagem de qualidade se torna necessárias, quando essas construções contribuem efetivamente na indução do ser humano para que por meio de estratégias e ações adequadas promovam o bem social e acelerem o desenvolvimento cognitivo e os tornam competentes na construção de uma visão de mundo globalizado.

Para uma boa aprendizagem que traga bons resultados é preciso criar uma mentalidade tanto no aluno quanto no professor, que vise à qualidade, conduzindo-os em um caminho de aquisição de habilidades e competências, preparando-os para as exigências sociais e a motivação é necessária para uma aprendizagem eficaz, pois aprendizagem não é somente a assimilação de informações senão também e, fundamentalmente, a possibilidade de utilizá-la, alcançando bons resultados, que influenciarão positivamente tanto no comportamento, quanto no ambiente em que vive o indivíduo, e torna-o mais e mais comprometido com a conservação daquilo que deu certo e a transformação de realidades que precisam mudar.

Percebe-se que mesmo em meio a tantos avanços e passos dados no universo educacional, ainda se faz necessário ir mais além, pois ainda hoje se encontra realidades e autores sociais da educação que estão presos a um modo ultrapassado de ensinar, vendo as grandes transformações sociais, trabalhistas e das inovações trazidas pelas novas tecnologias são reflexões que exigem ações e hábitos eficazes para a construção do pensar para o bem comum. Tais ações não são ideais utópicos e nem simplesmente estão baseados em dados e indícios apenas teóricos, mas realidades que se desenvolvidas democraticamente e com praticidade, podem mudar a atual e real conjuntura universal. As concepções trazidas neste documento contribuem e ajudam no que diz respeito ao pensar a educação, pensar o papel do educador e do educando e de todo sistema educacional e social para o futuro é visar o futuro da educação como libertadora, igualitária, democrática, ética, cidadã e defensora da alteridade.

O papel da educação e do educador de futuro e para o futuro, no pensar de Adela Cortina (2021), é aquele que preparar para promover um educar para a ética cosmopolita, na qual não se abra espaço para a promoção da exclusão, mas sim de inclusão. Uma educação que esteja alicerçada no cuidado para com todos os seres, realidades sociais não só nacionais mais globais. Educar para um agir cidadão e Global é incentivar a promoção de um processo de ensino aprendizado que esteja conectado com todas as áreas do saber, inclusive o cibernético, que levem a bom termo uma ampla visão do ser humano, da sociedade, do mundo e do mercado atual do trabalho.

Contudo, se torna necessário, na contemporaneidade, um modelo educacional e a figura de educadores que busquem e promovam a busca do conhecimento que transformem vidas e contribua para o desenvolvimento tanto pessoal quanto social.

REFERÊNCIAS

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[1] Doutorando em educação pela Universidade Nacional de Rosário – UNR, Mestrando em educação pela UDE-UY, Pocitos, pós-graduado em ética e filosofia (2011), pelo Instituto de Ciências Humanas João Paulo II, Caratinga/MG, pós-graduado em docência do ensino superior (2018), pela Faculdade do Planalto Central, Formosa/GO licenciado em filosofia, pelo Seminário Maior Nossa Senhora da Conceição, (2003) Aracaju/SE, convalidado (2012) pela Faculdade Batista Brasileira, Salvador/BA. Licenciado em teologia pelo Seminário Maria Mater Ecclesiae do Brasil (2007), Itapecerica da Serra/SP, convalidada (2017) pela Universidade Católica do Salvador, Salvador/BA. ORCID: 0009-0005-3525-8567. Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/4325284014947450.

Material recebido: 10 de outubro de 2023.

Material aprovado pelos pares: 30 de novembro de 2023.

Material editado aprovado pelos autores: 21 de fevereiro de 2024.

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Genivaldo dos Santos

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