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Como validar o problema para realizar uma pesquisa científica?

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Quais são as características que definem um problema de pesquisa?

Olá, tudo bem? Em nosso post de hoje continuaremos com as nossas reflexões sobre o modus operandi de uma pesquisa científica, porém, como se trata de um universo bastante amplo, é preciso afunilar a discussão. Assim sendo, delimitamos como tema para hoje o problema de pesquisa. Essa etapa é de suma importância, pois, sem um problema de pesquisa, o estudo científico não pode ser validado. Além disso, se o problema de pesquisa for delimitado de forma errônea, todo o seu estudo pode ser comprometido, uma vez que é esse problema quem dita uma série de parâmetros científicos e metodológicos a serem adotados pela sua pesquisa. Diante desse cenário, temos, como intuito, auxiliar você e escolher um problema que seja coerente com os seus objetivos de pesquisa. Lembre-se que esse problema precisa ser sempre atual e relacionado com o contexto de um certo grupo, logo, com as suas demandas.

Como saber se eu tenho um problema de pesquisa?Como saber se eu tenho um problema de pesquisa?

Uma das dúvidas mais comuns relacionadas à delimitação do problema de pesquisa é se ele é, de fato, um problema. Como destacamos, a fim de que a pesquisa possa começar a ser desenvolvida, é preciso, antes de mais nada, ter esse problema bem definido. Diante de tal importância, você perceberá que o problema de pesquisa é fundamental em todo e qualquer tipo de estudo científico. Basicamente, ele irá justificar o porquê de seu trabalho ser necessário tanto para a comunidade acadêmica quanto para a sociedade, em geral. Apresenta os motivos que justificam a existência dessa pesquisa. Uma pesquisa que não possui um problema, nunca poderá ser aceita, logo, validada. Então, o primeiro passo de uma pesquisa, é delimitar o tema e o problema que conduzirá a investigação. Suponhamos que você queira saber como a criança cresce. Precisará partir de um problema real que valide tal inquietação.

As abordagens de pesquisaAs abordagens de pesquisa

No caso de nosso “problema”, temos uma questão óbvia, toda criança cresce. O que irá diferenciar uma pesquisa da outra é a forma a partir da qual esse crescimento será abordado de forma científica. Além de ter um problema de pesquisa real, esse estudo precisa apresentar algo novo à comunicação científica. O problema não pode nascer apenas por uma inquietação pessoal. Ele precisa ser concreto e afetar a sociedade de alguma forma, ou, ao menos, uma parte dela. Diante disso, ele precisará atender a certos requisitos para que seja caracterizado como um problema de pesquisa. Assim sendo, ao longo desse post, iremos apresentar algumas dicas para que você averigue se tem um problema de pesquisa que pode ser validado e aceito. O primeiro ponto que precisamos destacar é a investigação. Somos, enquanto pesquisadores, investigadores. É isso que garante a ciência de qualidade.

O pesquisador-investigador

A fim de que seja feita, de fato, uma investigação, o estudioso deve saber o que e como pesquisar. Esteja você em um curso de graduação, de mestrado, de doutorado e afins, precisará desenvolver essa característica. Se você é acadêmico, a pesquisa é uma atividade que fará parte da sua rotina. Diante desse cenário, recomendamos que, em um primeiro momento, você sistematize a sua busca a partir da elaboração do estado da arte. Se você não sabe o que é uma pesquisa sistematizada, não deixe de consultar os nossos posts anteriores. Nesse post, ensinamos como você pode fazer esse tipo de busca e sistematizar os dados por meio de um estado da arte. O estado da arte é crucial, pois, a partir dele, conhecemos o contexto que estamos pesquisando. Com essa ferramenta, você demonstra o que tem sido debatido nos últimos anos sobre o tema. Encontramos, ainda, lacunas com as quais podemos trabalhar.

O universo dos estudos

Todo tema de pesquisa faz parte de um universo bastante amplo. Para que uma pequena parte dele seja demonstrada, o estado da arte é uma poderosa estratégia. Com essa investigação, você perceberá que alguns eixos temáticos até são debatidos, mas não são aplicados ao contexto brasileiro, o que faz com que a sua pesquisa seja moderna e essencial. O estado da arte fará com que diversas pessoas envolvidas no processo de produção da pesquisa – você, o seu orientador, a banca e demais acadêmicos – saibam o que têm sido debatido e quais são as lacunas. Você consegue demonstrar, também, todo o seu percurso de pesquisa que fez com que chegasse a esses resultados. É importante, também, dizer de onde esses materiais estão sendo retirados, quais as palavras-chave consideradas, se estão disponíveis online, o idioma e o recorte temporal.

Justificando com o estado da arte

Para apresentar os materiais existentes ou para justificar uma possível ausência, o estado da arte é benéfico. É uma forma de conhecer o panorama da sua pesquisa e quais são as variáveis inevitáveis relacionadas a esse contexto. A busca sistematizada irá lhe ajudar a entender se essa questão é um problema de pesquisa e se esse problema já não foi respondido uma ou mais vezes, pois essa recorrência faz com que a pesquisa possa perder a sua originalidade. Um mesmo tema pode ser debatido milhares de vezes, porém, as lacunas de pesquisa podem lhe ajudar a verificar se não há uma vertente nesta linha de raciocínio que ainda não foi debatida. É preciso que esse problema seja inédito e que tenha relevância. Sem atender a esses requisitos, o problema não poderá ser aprovado. Interligado a essa questão, temos as variáveis relacionadas ao contexto a ser investigado.

 O contexto de pesquisa O contexto de pesquisa

O contexto é de suma importância no processo de definição de um problema de pesquisa. Diante desse cenário, torna-se elementar a compreensão do contexto geral do assunto a ser investigado. A palavra-chave que irá lhe nortear nesse processo é a obtenção de uma visão global acerca do que tem sido debatido em um dado recorte temporal. Compreender como o assunto tem sido abordado e quais são os métodos empregados também é crucial. Saber se essa metodologia será replicada ou se você deseja criar algo que ainda não foi criado é importante. Ter uma visão ampla sobre como as ferramentas e técnicas de pesquisa são empregadas é crucial para saber se a pesquisa pode ser validada ou se enfrentará alguma resistência. Quando pegamos um trabalho científico, em geral, as pessoas citadas por esse pesquisador trabalham a partir de uma mesma temática e linha de raciocínio.

A relevância social e como comprová-la

A relevância social é um dos critérios que validam a pesquisa científica. Entender se esse problema é relevante é essencial. Cada vez mais os órgãos reguladores da ciência brasileira em nível de graduação (MEC) e pós-graduação (CAPES) têm exigido a comprovação da relevância social dos estudos científicos que têm sido realizados em nosso país, cujo intuito é a garantia da qualidade de nossa ciência. Além dos acadêmicos, cada vez mais, a sociedade civil deseja saber o que tem sido desenvolvido nas universidades e como ela pode ser beneficiada. No caso da pós-graduação, temos, hoje, mais de sete mil cursos autorizados e regulamentados pela CAPES. Temos muita gente pesquisando e muitos cursos que podem admitir novos alunos todos os anos. Formamos muitos mestres e doutores a cada ano e temos outros inúmeros em processo de formação. A sociedade se questiona: onde estão essas pesquisas que tanto falam.

As cobranças sociais

Em razão das cobranças constantes da própria sociedade, cada vez mais, a relevância social precisa ser justificada de forma concreta e profunda. Diante disso, todo e qualquer estudo científico desenvolvido em solo brasileiro precisa, de alguma forma, contribuir para com a sociedade brasileira. Especialmente no caso de pesquisas na área da saúde (mas não só), essa relevância precisa beneficiar a sociedade à nível mundial. Todas as áreas de pesquisa e as suas linhas de pesquisa precisam contribuir para com a sociedade real. Todo tema é passível de investigação, desde que você apresente os motivos que justifiquem e validem a relevância social do seu estudo. Assim, é natural que os pesquisadores se questionem se toda pesquisa precisa ter relevância. A resposta é: deveriam. Felizmente, essa é uma demanda fortemente abraçada por aqueles que organizam o funcionamento da ciência brasileira.

Como reagem as agências nacionais e internacionais?

Como a relevância social é uma demanda internacional, as agências de fomento e órgãos reguladores exigem que os estudos justifiquem a sua relevância. Existe um motivo para que a pós-graduação e os seus cursos possam existir. O motivo é o desenvolvimento de estudos que sejam socialmente relevantes, que contribuem, efetivamente, para com o mundo em que vivemos. É preciso que a nossa pesquisa traga novas discussões e contribuições para uma certa área do conhecimento/contexto de pesquisa. É preciso que digamos de onde estamos partindo e qual o legado que desejamos deixar com essa pesquisa em específico. Tomar cuidado com atitudes egoístas é fundamental. Há pessoas, inclusive, que querem estudar as suas próprias obras, isto é, querem analisar a sua própria evolução a partir de um conjunto de obras. Investimento para falarmos sobre nós mesmos não é uma contribuição social.

O que evitar em uma pesquisa científicaO que evitar em uma pesquisa científica

Há pessoas que buscam pela autopromoção a todo o custo. Não se esqueça, para que estejamos, de fato, produzindo ciência, é de vital importância que você contribua de forma real com um dado contexto. O exemplo que mencionamos parece surreal, mas realmente existem pessoas que desejam pesquisar a si próprias. Há inúmeros sujeitos que querem discorrer sobre a sua própria vida, sobre os seus ganhos e ambições em uma pesquisa científica. Ou, ainda, há aqueles indivíduos que querem falar sobre a sua família e sobre os filhos. É preciso tomar cuidado, pois não se trata de um problema ou fenômeno social, logo, a relevância não poderá ser comprovada em nenhuma hipótese. Quando nos referimos às pesquisas científicas, automaticamente, precisam ser justificadas a fim de que não sejam contestadas. É o problema de pesquisa que irá comprovar e demonstrar essa relevância aqui tão reiterada.

A exequibilidade nos estudos científicosA exequibilidade nos estudos científicos

Além dos aspectos sobre os quais já conversamos, a fim de que o estudo possa ser validado, ele deve, também, ser exequível. Como esse problema será tratado ao longo do estudo é um aspecto que, certamente, será questionado. Está intimamente ligado com os objetivos de pesquisa e com os métodos, técnicas e instrumentos de pesquisa a serem empregados. Os objetivos e a metodologia devem ser passíveis a serem executados, pois, ao contrário, a pesquisa perderá a sua validade. Suponhamos que você deseje investigar o problema da fome mundial. Sim, é possível, mas com certeza você será questionado quanto à abordagem. A metodologia que você irá empregar, as técnicas e ferramentas imbricadas nesse processo e de qual perspectiva partirá são elementos-chave que você deve considerar. O contexto temporal e geográfico também deverá ficar muito claro ao seu leitor. É preciso trabalhar com fatos.

A clareza e transparência na pesquisa científica

Tudo precisa ser justificado e ser de fácil visualização em seu estudo, pois, ao contrário, a pesquisa abrirá brechas para uma série de questionamentos. Todo tema de pesquisa é bastante amplo. Um eixo desse tema já abre portas para uma série de debates. O tema da violência contra a mulher, por exemplo, está ligado a uma série de discussões profundas e que admitem perspectivas diversas. Como esse tema será abordado e de qual ótica está partindo são questões que devem ficar muito claras em seu texto. Além da contribuição social, há outros aspectos decisivos que irão definir se o seu estudo é ou não pertinente, como a metodologia e a perspectiva teórica da qual está partindo.

Mesmo que seja uma contribuição pequena, ela deve existir para que o trabalho que está se submetendo possa ser aprovado. Pode ser uma proposta efetiva, uma solução, ou uma nova forma de enxergar um certo problema ou fenômeno social. Por fim, gostaríamos de mencionar uma última dica. Tenha, de forma escrita, diversas opções (organizações). Ler e reler para aferir se o texto faz sentido e/ou se não possui duplo sentido é essencial. Pode ser que ao abordar os conceitos que perpassam pelo seu tema, o texto fique com duplo sentido, o que prejudica a qualidade da argumentação. O termo discurso e análise do discurso é um exemplo dessa imensidão de possibilidades. Conheça a linha de raciocínio que está considerando.

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