ARTIGO ORIGINAL
MONTEIRO, Tiago José Ribeiro [1], OLIVEIRA, Ronnier Victor Medeiros de [2], ALMEIDA, Ana Rita Chaves de [3], ROBERTO, José Carlos Alves [4], PINTO JUNIOR, José Roberto lira [5]
MONTEIRO, Tiago José Ribeiro. Et al. Sistema de franquias: vantagens e desvantagens ao franqueador. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano. 07, Ed. 11, Vol. 03, pp. 67-75. Novembro de 2022. ISSN: 2448-0959, Link de acesso: https://www.nucleodoconhecimento.com.br/administracao/sistema-de-franquias, DOI: 10.32749/nucleodoconhecimento.com.br/administracao/sistema-de-franquias
RESUMO
O presente artigo buscou demonstrar a importância de aderir o franchising como estratégia de crescimento e expansão de negócio. Portanto, estabeleceu-se como questão norteadora: quais as vantagens e desvantagens do sistema de franquias para o franqueador que deseja expandir o seu negócio? Nesse aspecto, adotou-se como objetivo geral demonstrar as vantagens e desvantagens da implementação desse modelo de negócio ao franqueador, segundo as suas áreas funcionais. Para tanto, quanto à metodologia, este artigo valeu-se da pesquisa bibliográfica, com base na natureza qualitativa e no caráter exploratório e descritivo. E, como conclusão, constatou que esse modelo de negócio mostrou-se como uma estratégia eficaz que, se bem gerenciada, tornará o franqueador mais competitivo. No entanto, é fundamental todo o conhecimento sobre administração, uma vez que suas teorias e ferramentas ajudarão no crescimento organizacional.
Palavras-chave: Franchising, Franqueador, Administração.
1. INTRODUÇÃO
De acordo com os dados da Associação Brasileira de Franchising (ABF), há em média 2.800 franquias no Brasil. Diante disso, reconhece-se que esse sistema consiste em uma estratégia para as empresas expandirem o seu negócio e, consequentemente, obterem lucratividade e visibilidade de forma mais rápida.
Nesse aspecto, o presente artigo se propôs a analisar: quais as vantagens e desvantagens do sistema de franquias para o franqueador que deseja expandir o seu negócio? Assim, adotou-se como objetivo geral demonstrar as vantagens e desvantagens da implementação desse modelo de negócio ao franqueador, segundo as suas áreas funcionais.
Para tanto, definiu-se como objetivos específicos: elucidar brevemente a respeito do sistema franchising e seu desenvolvimento no Brasil; e apresentar as vantagens e desvantagens relacionadas à implementação desse sistema pelo franqueador, segundo as áreas funcionais da empresa.
Sendo assim, quanto à metodologia, este artigo valeu-se da pesquisa bibliográfica, com base na natureza qualitativa e no caráter exploratório e descritivo.
2. FRANCHISING
De acordo com a Lei nº 8.955/1994, franquia é um sistema em que um franqueador disponibiliza para o franqueado a autorização para o uso de sua marca ou patente, junto do direito de distribuir, exclusiva ou semi exclusivamente, seus produtos ou serviços. Assim sendo, o termo franquia pode ser usado tanto para o sistema quanto para a pessoa jurídica que faz parte de uma rede franqueada. Enquanto o termo franchising comumente é utilizado para nomear a estratégia de distribuição e comercialização de produtos e serviços.
Isto posto, destaca-se que o Franchising teve sua origem em 1850 nos Estados Unidos, chegando no Brasil apenas no final do século XX. Em 1970, várias franquias passaram a se estruturar no Brasil, de modo que as empresas passaram a ver esse sistema como uma estratégia de expansão de mercado. As escolas de idiomas CCAA e Yázigi foram as primeiras a adotar essa estratégia no país, seguido das lojas do ramo de varejo, como Boticário, Ellus e Águas de cheiro (MOURA, 2013).
Após isso, esse sistema de franquias teve um grande salto no Brasil em varejos, cosméticos, confecções, acessórios e etc., visando maiores oportunidades de expansão nos negócios.
Diante disso, observa-se que o sistema de franquia é um dos ramos que mais crescem no mundo. Conforme a Associação Brasileira de Franchising (s.d), em 2018, o setor de franchising teve um faturamento de 174,843 bilhões de reais, registrando um aumento de 7% quando comparado ao ano anterior, seguindo, assim, uma tendência de crescimento contínuo ao longo dos anos.
Desta forma, ao adotar o sistema de franquias, o franqueado atua como consumidor do franqueador ao adquirir seu modelo de negócios (VALÉRIA et al., 2018), ambos visando objetivos em comum, a saber: a expansão dos seus negócios e o retorno financeiro.
3. VANTAGENS E DESVANTAGENS PARA O FRANQUEADOR
No atual mundo globalizado, a criação de novos negócios é cada vez mais recorrente e a necessidade de se obter conhecimento a respeito do empreendedorismo está se tornando essencial e o diferencial para qualquer gestor que deseja ter sucesso com o seu negócio. Para Dornelas, Spinelli e Adams (2013, p. 75), o empreendedorismo permite criar novos negócios, melhorar produtos ou serviços e realizar objetivos e renovação de valor, não apenas para o proprietário, mas para a organização como um todo.
Nesse aspecto, observa-se que a Franquia é uma modalidade de empreendimento utilizada pela administração, que envolve dois agentes, sendo eles: o franqueador e o franqueado. Assim, segundo Tajra (2014, p. 111), o franqueador é o proprietário do negócio que detém a marca e todo o know-how, ao passo que o franqueado é o agente que deseja usufruir do direito de uso da marca, que pode ser adquirido através de uma negociação com o franqueador, ambos buscando melhores estratégias.
Isto posto, observa-se que ao adotar esse modelo de negócio, o franqueador precisa estar apto para iniciar sua operação neste segmento, devendo seguir três passos, quais sejam: 1) a análise de franqueabilidade e elaboração do plano de negócio; 2) a elaboração dos instrumentos jurídicos; 3) e a manualização.
O franchising está em constante crescimento, sendo benéfico para os franqueadores no sentido de possibilitar a expansão mais rápida dos negócios. Porém, é preciso atentar-se, também, aos desafios que surgirão. É nessa linhagem que será abordado a respeito das vantagens e desvantagens que o proprietário, ou seja, o franqueador poderá encontrar durante a adoção desse modelo, conforme as áreas funcionais da administração.
3.1 ÁREA FINANCEIRA
A administração financeira é importante para toda empresa, pois o correto manejo do dinheiro é essencial para garantir a sobrevivência das empresas em seu funcionamento (CHIAVENATO, 2014, p. 1).
Para Sobral e Peci (2013, p.557), a saúde financeira da empresa deve estar sempre estável e controlada, cabendo ao franqueador atentar-se ao planejamento e ao controle financeiro, visando garantir condições básicas para o bom funcionamento da organização e de suas atividades.
Isso posto, nesta área, identificam-se como vantagens ao franqueador as seguintes:
- Expansão de negócio com baixo investimento próprio: a partir do momento em que um franqueado se torna parte de uma empresa, ele é responsável financeiramente pela sua franquia. Assim, a expansão se propaga devido ao investimento do franqueado, poupando recursos financeiros para outras finalidades;
- Economia de escala: com a expansão dos negócios, o custo médio de produção e do preço pago a matéria prima reduzirá, uma vez que quanto maior for o volume de compras maior será o poder de negociação junto aos principais fornecedores da rede, devendo o franqueador ter desenvoltura para obter os melhores valores com seus fornecedores;
- Redução de riscos trabalhistas: por não existir vínculo empregatício entre a franqueadora e os franqueados e seus funcionários, nessa vantagem o franqueador será apenas responsável pelas finanças e folhas salariais de sua franquia sede, correndo, assim, menos riscos trabalhistas; e
- Recebimento de royalties e taxas das unidades franqueadas pela cessão do direito de uso da marca: esse é o meio de recebimento que o franqueador possui pelo uso da sua marca e por proporcionar todo o seu know-how, sendo fundamental para cobrir gastos e manter o funcionamento da sua rede em busca de resultados.
Por outro lado, as desvantagens na área financeira surgem devido o franqueador precisar acompanhar o desempenho dos franqueados, uma vez que o mau desempenho poderá comprometer negativamente e pôr em risco a saúde financeira da franquia. Além do mais, observa-se gastos com treinamento, em vista da inexperiência dos franqueados e de seus colaboradores, e com processos logísticos, considerando as distâncias entre as unidades franqueadas que, por sua vez, geralmente se localizam em locais diferentes.
3.2 ÁREA DE RECURSOS HUMANOS
Segundo Noe (2015, p. 4), a gestão de recursos humanos abrange as políticas, as práticas e os sistemas que se relacionam e influenciam diretamente a atitude, o desempenho e o comportamento dos funcionários na organização.
Para Sobral e Peci (2013, p. 508), as pessoas são elementos importantíssimos dentro das organizações, representando uma das fontes fundamentais para se ter vantagem competitiva, visto que a união dos colaboradores permite juntar forças com o propósito de exercer atividades para o alcance dos objetivos.
Diante disso, constata-se como vantagens nesta área:
- Equipe reduzida: com a descentralização da gestão, o franqueador acaba ficando responsável apenas por manter e gerenciar a sua própria equipe;
- Expectativa de maior eficiência na gestão: isso, por conta da motivação e da liderança em concretizar o plano de ação da franqueadora em prol do seu negócio; e
- Poder de decisão: o franqueado só poderá seguir as ordens do franqueador em respeito às decisões gerenciais, que são de responsabilidade exclusiva do franqueador.
Em contrapartida, observa-se como desvantagens a divisão de poderes, uma vez que o franqueado desejará participar diretamente das decisões da franquia; e o relacionamento entre o franqueador e o franqueado, tendo em vista a possibilidade de haver alguns conflitos quanto a rede, que exigirão atenção e liderança do franqueador para que possam ser minimizados.
3.3 ÁREA DE MARKETING
Para Rocha et al. (2015, p. 6), o marketing é utilizado pelas empresas para identificar um problema que influencia negativamente na decisão do cliente em comprar algo ou não. Também é utilizado para identificar soluções e transformá-las em produtos que melhore ou possa suprir uma necessidade do cliente.
Assim sendo, de forma suscita, porém de grande valor, as vantagens no marketing são o aumento de tempo para ações de marketing e o fortalecimento da marca e penetração no mercado. Enquanto as desvantagens nesta área dizem respeito à necessidade de acompanhar o desempenho dos franqueados para que o mau desempenho não ponha em risco a imagem da marca.
3.4 ÁREA OPERACIONAL
A administração das operações é a área funcional responsável por gerenciar recursos que criam e entregam serviços e produtos, com o objetivo de satisfazer as solicitações dos clientes (SLACK, BRANDON-JONES e JOHNSTON, 2015, p. 5).
Nesse aspecto, Sobral e Peci (2013, p. 409) ressaltam a sua importância pelos seguintes motivos: todo negócio precisa produzir ou prestar algo, dessa forma, para que se tenha sucesso, é necessário gerenciar o processo de transformação com maestria; além disso, a administração de operações assume o papel central de todas as atividades organizacionais.
Diante disso, nesta área, percebe-se como vantagens:
- Aumento de demanda: isso, devido a abertura de unidades;
- Lealdade no canal de distribuição: uma vez que é um compromisso firmado entre franqueador e franqueado, apesar do franqueador ser o maior responsável, é importante para a rede o bom relacionamento entre o franqueado e o fornecedor; e
- Escolha de fornecedores: uma vez que é de responsabilidade exclusiva do franqueador.
Em compensação, verifica-se como desvantagens a necessidade de manutenção dos padrões operacionais, em função das mudanças que acontecem devido a constante evolução do mercado, a fim de se evitar descumprimentos do padrão da franquia, seja por falta de treinamento ou descaso; e o aumento da demanda sem controle, que se não administrado corretamente poderá causar atrasos no processo logístico.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este artigo teve como objeto de estudo o sistema de franquia na perspectiva do franqueador que, por deter a marca e conter todo um know-how, oferece aos franqueados parcerias.
Assim, com base na questão norteadora: quais as vantagens e desvantagens do sistema de franquias para o franqueador que deseja expandir o seu negócio? Percebeu-se que as vantagens destacam-se por proporcionar fluidez e rápido resultado por se tratar de um negócio já lucrativo e que deseja ser ainda mais com a adoção do franchising. Todavia, as desvantagens surgem no lado estrutural e de suporte necessário ao franqueado.
Assim sendo, na área financeira pode-se perceber que as finanças ficarão mais livres para investimentos com o intuito de impulsionar o marketing e negociações com fornecedores, além do valor recebido pelo uso da marca. Porém, a inexperiência do franqueado, no início, poderá comprometer a saúde financeira da rede de franquia.
A experiência no mercado e todo o know-how e poder de decisão do franqueador são as peças-chave nos recursos humanos. Em contrapartida, poderão surgir conflitos nesta relação que deverão ser amenizados.
No marketing, notou-se que o franqueador pode inserir a sua marca no mercado e atingir muitas pessoas devido ao poder de investimento. Porém, a imagem organizacional da franquia pode ser arranhada caso o franqueado não siga as orientações da rede.
E, por fim, na área de operações, o franqueador terá um aumento de demanda e tempo para criar novos produtos ou serviços, o que consequentemente aumentará os esforços e a dedicação da franquia e dos seus franqueados para fazerem dar certo. Todavia, será preciso se ater a manutenção dos padrões operacionais para se evitar descumprimentos do padrão da franquia.
Dessa forma, perante o que foi apresentado, esse modelo de negócio mostrou-se como uma estratégia eficaz que, se bem gerenciada, tornará o franqueador mais competitivo. No entanto, é fundamental todo o conhecimento sobre administração, uma vez que suas teorias e ferramentas ajudarão no crescimento organizacional.
REFERÊNCIAS
ABF. Associação Brasileira de Franchising. Balanço consolidado da ABF em 2018 aponta os segmentos que mais cresceram. ABF, s.d. Disponível em: https://www.abf.com.br/balanco-consolidado-abf-aponta-segmentos-mais-cresceram/. Acesso em: 03 nov. 2022.
BRASIL. Lei no 8.955, de 15 de dezembro de 1994. Dispõe sobre o contrato de franquia empresarial (franchising) e dá outras providências. Brasília, DF: Presidência da República, 1994.
CHIAVENATO, Idalberto. Gestão financeira: uma abordagem introdutória. Barueri, SP: Manole, 2014.
DORNELAS, José; SPINELLI, Stephen; ADAMS, Robert. Criação de novos negócios: empreendedorismo para o século 21. 9. Ed. Rio de Janeiro: Campus, 2013.
MOURA, Ana Karla Silveira de. Franquias: uma opção de empreendimento. Monografia (Bacharel em Administração), Universidade Federal do Maranhão, Centro de Ciências, Curso de administração, São Luís, 2013. Disponível em: https://monografias.ufma.br/jspui/bitstream/123456789/969/1/AnaKarlaSilveiraMoura.pdf. Acesso em: 03 nov. 2022.
NOE, Reymond A. Treinamento e desenvolvimento de pessoas: teoria e prática. Porto Alegre: AMGH, 2015.
ROCHA, Marcos et al. Marketing estratégico. São Paulo: Saraiva, 2015.
SLACK, Nigel; BRANDON-JONES, Alistair; JOHNSTON, Robert. Administração da produção. São Paulo: Atlas, 2015.
SOBRAL, Felipe; PECI, Alketa. Administração: teoria e prática no contexto brasileiro. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2013.
TAJRA, Sanmya Feitosa. Empreendedorismo: Conceitos e Práticas Inovadoras. São Paulo: Érica, 2014.
VALÉRIA, Telma et al. A marca na internacionalização das Franquias Brasileiras. São Paulo: ESPM ABF, 2018.
[1] Graduando do curso de Administração. ORCID: 0000-0002-8001-7085
[2] Graduando do curso de Administração. ORCID: 0000-0002-2761-7911.
[3] Graduando do curso de Administração. ORCID: 0000-0002-5967-2149.
[4] Orientador. Mestre em Engenharia de Produção. Especialista em Logística empresarial. Graduado em Administração com Ênfase em Marketing.
[5] Co-orientador. Graduação em Tecnologia em Sistemas Eletrônica pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas. Bacharel em Administração, Especialista em Engenharia da Produção pela Universidade Estácio de Sá (RJ), Especialista em Engenharia da Qualidade pela Universidade Estácio de Sá (RJ); Especialista em Gestão Industrial (PE), Especialista em Didática do Ensino Superior (AM); Supply Chain e Logística Empresarial; Mestrado em Engenharia Industrial pela Universidade do Minho (Portugal). Revalidado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Enviado: Outubro, 2022.
Aprovado: Novembro, 2022.