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Surdez Súbita – Tratamento com corticoide intratimpânico e oxigenação hiperbárica

RC: 7305
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CONTEÚDO

FARIA, Mariana Bastos [1], LOSS, Thais Baratela [2], ESPÓSITO, Mário Pinheiro [3], BOTTI, Anderson Santos [4]

FARIA, Mariana Bastos; et.al. Surdez Súbita – Tratamento com corticoide intratimpânico e oxigenação hiperbárica. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano 2, Vol. 16. pp. 393-405. Março de 2017. ISSN: 2448-0959

RESUMO

O presente trabalho teve como objetivo realizar uma revisão bibliográfica acerca da indicação e eficácia do tratamento da surdez súbita com corticoterapia intratimpânica e oxigenação hiperbárica, tendo em vista que, esta, é uma patologia idiopática com teorias apresentando comprometimento vascular e autoimune. A partir de tal revisão pode-se apontar que as publicações encontradas indicam, em sua maioria, um bom resultado no tratamento da surdez súbita tanto com oxigenação hiperbárica quanto com corticoide intratimpânico, principalmente nos casos em que há perda auditiva profunda e quando houve falha no tratamento convencional.

Palavras-chave: Perda Auditiva Súbita, Corticosteroides, Tímpano, Oxigenação Hiperbárica.

1. INTRODUÇÃO

A surdez súbita é definida pela perda auditiva em tom puro a partir de 30db em, pelo menos, três frequências contiguas ocorridas em até 72 horas de evolução.  Etiologicamente, a surdez súbita é idiopática, porém as teorias mais aceitas são as virais, comprometimento vascular e doenças imunológicas1.

Apresenta uma incidência de 5-20 por 100.000 pessoas por ano nos Estados Unidos e a remissão espontânea foi relatada em 45-65%2.

De Kleyn, em 1944, realizou a primeira descrição dessa patologia, relacionando-a ao tronco cerebral devido à deficiência de alguma vitamina3.

Vasama realizou um estudo com peças anatômicas do osso temporal e chegou à conclusão que indivíduos com surdez súbita apresentam uma maior degeneração das células ciliadas, dendritos, gânglio espiral apical, ligamento espiral e estria vascular quando comparados com pacientes que possuem presbiacusia4.

Rauch, em 2004, demonstrou que a utilização sistêmica de esteroides é contraindicada em certas patologias e está associada a efeitos adversos5.

A terapia com corticoide intratimpânico foi, primeiramente, utilizada em casos de surdez súbita refratária que se caracteriza pela falha na resposta ao primeiro tratamento com esteroides6,7.

De acordo com Light, 2004 o tratamento com corticoide intratimpânico pode ser usado, na primeira linha, para surdez súbita, principalmente nos casos em que há perda de severa a profunda8.

A Surdez Súbita parece ter relação com hipóxia perilinfática, incluindo, portanto, o Órgão de Corti, contudo, o tratamento com oxigenação hiperbárica é explicado devido ao alto metabolismo e pobre vascularização da cóclea e a grande necessidade de oxigênio7-10.

Os pacientes com essa patologia apresentam melhora espontânea parcial ou completa do quadro em cerda de 25 a 65% dos casos. Devido à etiologia incerta, várias são as classes medicamentosas usadas para tratamento, como: vasodilatadores, astivirais e expansores plasmáticos11; 12.

Outra opção terapêutica é a inalação de carbogenio devido ao aumento da concentração de oxigênio no interior da orelha interna e o comprovado aumento de pressão de O2 nos tecidos periféricos após a inalação11.

Os expansores plasmáticos são explicados pela falta de oxigenação nos tecidos também, e, um muito utilizado, é o dextrano 40, 10mL/kg/dia ou 500mL infundido 2 vezes ao dia. A pentoxifilina e o AAS podem, também, ser utilizados12, 13.

Os achados histopatológicos de infecções virais são semelhantes aos encontrados na surdez súbita, além do mais, o herpesvírus já foi associado a perdas neuro-sensoriais, e, por esta razão, utiliza-se, também, antivirais, tais como: aciclovir e velaciclovir14.

Além destes medicamentos há a possibilidade do uso do corticoide sistêmico, muito utilizado por sua ação anti-inflamatória e nos efeitos de distúrbios circulatórios ou auto-imunes2.

Trabalhos associam a relevância do tratamento com terapia hiperbárica associada ao tratamento convencional tendo bom resultado15,16

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

O presente artigo teve como objetivo revisar o tema em questão através de publicações, nacionais e internacionais, que avaliaram a indicação e eficácia do tratamento da surdez súbita com corticoterapia intratimpânica e oxigenação hiperbárica.   Os estudos foram   encontrados   nas   bases   de   dados PubMed, LILACS, SciELO, Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) e Biblioteca Digital Brasileira de Teses   e   Dissertações (BDTD).   Incluíram-se, aqui, as publicações entre os anos de 2004 e 2016 que foram priorizadas a fim de caracterizar esse estudo como uma exploração das recentes pesquisas e resultados acerca do tema escolhido; excluíram-se publicações que não estavam em língua inglesa, portuguesa ou espanhola, aquelas não disponíveis online, bem como, as não disponíveis para download em pdf.

Os quadros abaixo relacionam os achados nas publicações encontradas e analisadas:

2.1 QUADRO HIPERBÁRICO

Quadro Hiperbárico
Quadro Hiperbárico
Quadro Hiperbárico
Quadro Hiperbárico

2.2 QUADRO CORTICÓIDE INTRATIMPÂNICO

quadro corticóide intratimpânico
Quadro corticóide intratimpânico
Quadro corticóide intratimpânico
Quadro corticóide intratimpânico
Quadro corticóide intratimpânico
Quadro corticóide intratimpânico

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os achados dessa revisão incluem:

  • O tratamento com corticoides intratimpânico com dexametasona ou metilprednisolona são relatados como benéficos e eficazes no tratamento da surdez súbita;
  • Resultados medianos ou ineficazes foram menos relatados;
  • O uso combinado de corticoide intratimpânico com corticoide endovenoso mostrou-se bastante positivo;
  • Sobre o tratamento com oxigenação hiperbárica, a maioria dos autores a considerou benéfica – trazendo melhoras ao paciente;
  • Uma minoria considera os resultados mediano ou pouco eficaz;
  • O numero de sessões utilizadas variou de 10, 15 sessões ou 20 sessões com pressão que varia de 2,0 a 2,5 atm; e
  • Nos resultados positivos o ganho auditivo variou de 51% a 86%.

REFERÊNCIA

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3. KLEYN, A. de. “Sudden complete or partial loss of function of the octavus-system in apparently normal persons.” Acta Oto-Laryngologica 32.5-6 (1944): 407-429.

4. VASAMA, J.P. & LINTHICUM Jr, F.H. Idiopathic sudden sensório-neural hearing loss: temporal bone histopathologic study. Ann Otol Rhinol Laryngol 2000;109:527-32.

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9. CAVALLAZZI, G.M. Relations between O2 and hearing function. Eds: Marroni A, Oriani G, Wattel F. Proceedings of International Joint Meeting on Hyperbaric and Underwater Medicine. Milano, Italy. 1996 Sept 4-8; 663-645.

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13-ALMEIDA, C. I. R. SURDEZ SÚBITA (Capítulo 33 – Parte II / Otologia). In: Carlos Alberto Herrerias de Campos; Henrique Olavo de Olival Costa. (Org.). Tratado de Otorrinolaringologia. 1ed.São Paulo: Editora Roca Ltda, 2002, v. 2, p. 338-345.

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22. DALLAN, I. et al. “Transtympanic steroids in refractory sudden hearing loss. Personal experience.” Acta Otorhinolaryngologica Italica 26.1 (2006): 14.

23. YILDIRIM E. et. al. Prognostic effect of hyperbaric oxygen therapy starting time for sudden sen- sorineural hearing loss. Eur Arch Otorhinolaryngol 2013; 10:1007.

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26. LIU, S‐C. et al. “Comparison of therapeutic results in sudden sensorineural hearing loss with/without additional hyperbaric oxygen therapy: a retrospective review of 465 audiologically controlled cases.” Clinical Otolaryngology 36.2 (2011): 121-128.

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28. OHNO, K. et al. “Secondary hyperbaric oxygen therapy for idiopathic sudden sensorineural hearing loss in the subacute and chronic phases.” J Med Dent Sci 57.2 (2010): 127-132.

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41. BENNETT, M.  et al. “Hyperbaric oxygen for idiopathic sudden sensorineural hearing loss and tinnitus.” Cochrane Database Syst Rev 1 (2007).

42. MÜHLMEIER, G. et al. “Intratympanale Injektionstherapie bei therapierefraktärem Hörsturz.” HNO 63.10 (2015): 698-706.

43. ERDUR, O. “Effectiveness of intratympanic dexamethasone for refractory sudden sensorineural hearing loss.” European Archives of Oto-Rhino-Laryngology 271.6 (2014): 1431-1436.

[1] Médica pela Faculdade Atenas de Paracatu/MG e R2 em Otorrinolaringologia no Hospital Otorrino de Cuiabá.

[2] Médica pela Faculdades Integradas Aparício Carvalho e R1 em Otorrinolaringologia no Hospital Otorrino de Cuiabá.

[3] Orientador. Coordenador da Residência Médica em Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial do Hospital Otorrino de Cuiabá/MT.

[4] Orientador. Mestre em Otorrinolaringologia pela UFRJ. Doutor em Otorrinolaringologia pela Santa Casa de São Paulo. Médico pela Universidade Federal do Mato Grosso. Médico Otorrinolaringologista pela PUC de São Paulo. Mestre em Otorrinolaringologia pela USP de Ribeirão Preto.

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Mariana Bastos Faria

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