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Resistência Masculina pela Atenção à Saúde

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CONTEÚDO

SOUSA, Joyce Caroline de Oliveira [1], SOUSA, Caíque Rodrigues de Carvalho [2]

SOUSA, Joyce Caroline de Oliveira; SOUSA, Caíque Rodrigues de Carvalho. Resistência Masculina pela Atenção à Saúde. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Edição 9. Ano 02, Vol. 07. pp 5-16, Dezembro de 2017. ISSN:2448-0959

RESUMO

A saúde do homem manifesta-se como questão a ser estudada a partir do comportamento de risco adotado pelos próprios sujeitos do sexo masculino. Percebe-se que o homem não possui hábitos de prevenção e eles próprios foram colocados à margem das políticas públicas de saúde. Objetivando-se reverter essa situação, o Ministério da Saúde lançou as Políticas Nacionais de Saúde do Homem e de Atenção Básica. Este trabalho teve por intento avaliar os motivos que levam o homem a não procurar os serviços de saúde. Foram identificados aspectos relevantes para a saúde masculina, como incentivo à melhoria dos serviços públicos.

Palavras-Chave: Atenção Primária, Gênero, Masculinidade, Saúde, Política Pública.

INTRODUÇÃO

Evidenciam-se, desde o princípio das sociedades, a diferenciação entre homens e mulheres que se adquirem no tocante de hábitos socioculturais previamente determinados pela cultura da sociedade vigente. A sociedade atual é alicerçada em valores de natureza patriarcal que exaltam comportamentos de superioridade, força, virilidade e invulnerabilidade ao homem e de delicadeza e sensibilidade à mulher. Nessa perspectiva, coube à mulher o cuidado afetivo do lar, e ao homem ser o arrimo da família (MARCIEL, 2009).

Estudos comparativos desenvolvidos entre homens e mulheres comprovam que os homens possuem maior vulnerabilidade às doenças, sobretudo as graves e crônicas, e que o óbito é mais frequente e ocorre mais precocemente do que nas mulheres, principalmente pelo retardo da busca do socorro médico no surgimento de sinais e sintomas, que resultam em implicações físicas, psicológicas e sociais, podendo levar à morte (MUSSI, 2009).

O padrão pré-estabelecido do ideal de homem (viril, forte, invulnerável e provedor), entretanto, vem sendo confrontado e colocado à prova a partir dos questionamentos dos movimentos feministas (anos 70) e de gays (anos 80). Tais questionamentos, que rechaçam e contrapõem as bases naturalistas da dominação masculina, possibilitaram abrir um imenso campo de pesquisas que abarcassem a discussão da masculinidade a partir de outro enfoque (WELZER-LANG, 2010).

Por volta dos anos 90, questionamentos acerca da saúde do homem começaram a ser abordados de forma e por uma ótica diferenciada. As questões levantadas em torno da temática relativa à saúde masculina englobavam principalmente a particularidade da concepção entre saúde e doença em pessoas do gênero masculino. As publicações da Organização Mundial de Saúde (OMS) direcionavam-se para as especificidades da saúde masculina nas diferentes fases da vida (GOMES; NASCIMENTO; ARAÚJO, 2007).

Na população masculina, dentre as principais causas de óbito, figuram-se doenças cardiovasculares, violências, acidentes automobilísticos, homicídios e neoplasias malignas, as quais poderiam ser prevenidas ou controladas por meio de intervenção, atitudes e práticas cotidianas que contribuem para ocorrências desses problemas (FIGUEIREDO; TONINI, 2010). Muitos destes agravos poderiam ser evitados, caso os homens realizassem, com regularidade, as medidas de cunho de prevenção primária (BRASIL, 2008).

Grande parte da população masculina não busca os serviços de atenção primária. Entretanto recorrem ao sistema de saúde através de atendimentos de cunho ambulatorial e hospitalar de média e alta complexidade, podendo resultar em um agravamento das prováveis enfermidades e em um maior ônus para o sistema de saúde (FIGUEIREDO, 2005).

O ato de adoecer é considerado como um sinal de fragilidade, entretanto os homens não reconhecem o adoecimento como inerentes à sua própria condição biológica. A grande maioria julga-se invulnerável, o que acaba por contribuir para que eles cuidem menos de si mesmos e se exponham mais às situações de risco (WELZER-LANG, 2010). Muitos agravos poderiam ser evitados na população masculina se a prevenção primária fosse exercida com regularidade.

A resistência masculina à atenção primária aumenta não somente a sobrecarga financeira da sociedade, mas também, e, sobretudo, o sofrimento físico e emocional do paciente e de sua família na luta pela conservação da saúde e da qualidade de vida dessas pessoas (BRASIL, 2008).

A não adesão da população masculina aos serviços de atenção primária tem sido previamente justificada por algumas pesquisas de natureza qualitativa em dois principais grupos de determinantes: 1 – as barreiras socioculturais e barreiras institucionais. As barreiras socioculturais relacionam-se à visão dos homens em torno da doença, atribuindo o adoecer como um sinal de fragilidade e rejeitando esta possibilidade; 2 – as barreiras institucionais, nas quais os serviços privilegiam ações voltadas para a saúde da criança, do adolescente, da mulher e dos idosos (SILVA et al., 2014).

O preceito difundido pelo modelo machista de sociedade ressalta que o homem não coloca em risco a sua vulnerabilidade ao buscar atendimento de saúde. Além disto, outras questões podem ser levantadas para argumentar a busca deficiente dos homens pelos serviços de saúde: a resistência dos homens em reconhecer suas necessidades, a priorização das ações de saúde para as demais faixas etárias, o horário de funcionamento dos serviços de saúde coincidentes com a carga de trabalho; e a dificuldade de acesso aos serviços de saúde (DANTAS et al., 2015). Diante disso, políticas voltadas para o homem devem considerar a heterogeneidade da classe para a elaboração de estratégias que propiciem o crescimento do acesso da população masculina aos serviços de saúde.

Apesar de apresentar um maior índice de morbimortalidade, os homens procuram os serviços de atenção primária à saúde em proporção menor que as mulheres (GOMES; NASCIMENTO; ARAÚJO, 2007). Por isto, o Ministério da Saúde instituiu a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem (PNAISH) por intermédio da portaria 1.944/2009.

A PNAISH busca e preconiza à redução da morbidade e mortalidade da população masculina do Brasil por meio da melhoria das condições de vida e enfrentamento racional dos fatores de risco à saúde (BRASIL, 2009). Desta forma, busca facilitar e estimular o acesso aos serviços de saúde em prol da equidade e integralidade.

Tomando por orientação uma revisão bibliográfica de cunho integrativo da literatura, este trabalho, partindo do questionamento por quais razões a população masculina não busca atendimento nos serviços de atenção básica, foi elaborado. O estudo é extremamente relevante pela temática em si e objetiva ressaltar as dificuldades que a população masculina possui ao buscar os serviços de atenção básica de saúde.

Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem (PNAISH)

A saúde do homem até pouco tempo não era vista como prioridade pelos serviços de saúde, sejam eles de natureza pública ou privada, pois não haviam políticas públicas de saúde voltadas para a população masculina. Em decorrência do aumento nos índices de morbimortalidade houve a necessidade da implantação de políticas para esta população e, com isso, o Ministério da Saúde elaborou a PNAISH, cuja meta é atingir todos os aspectos da saúde masculina nos seus ciclos de vida (JULIÃO; WEIGELT, 2011).

Com a edição em 2008, a PNAISH, em sintonia com a Política Nacional de Atenção Básica (PNAB), institucionaliza-se a porta de entrada dos usuários do gênero masculino aos serviços de saúde. Esta política tem como objetivos primordiais promover ações de saúde que colaboram significativamente para o atendimento da população masculina nos seus diversos contextos sociais, culturais, políticos e econômicos e, qualificar a saúde da população masculina, possibilitando o acréscimo da expectativa de vida e a diminuição dos índices de morbimortalidade de causas previamente conhecidas e evitáveis nesse grupo da população (BRASIL, 2009).

Política Nacional de Atenção Básica (PNAB)

A PNAB enfatiza a necessidade de mudanças de paradigmas no que concerne à percepção da população masculina em relação ao cuidado com a sua saúde e a de sua família. Considera-se essencial que, além dos aspectos educacionais, entre outras ações, os serviços públicos de saúde sejam organizados de modo a acolher e fazer com que o homem se sinta parte integrante deles. Os princípios seguidos por esta política englobam a humanização e a qualidade, e esses acabam implicando na promoção de saúde, no reconhecimento e respeito à ética e nos direitos dos homens (DANTAS et al., 2015; BRASIL, 2009).

Os homens, na grande maioria, ao buscar ajuda pelo Sistema Único de Saúde (SUS), por meio de atenção especializada, relatam atraso no atendimento, o que corrobora no aumento da morbidade, propiciando mais custos ao sistema público de saúde, sendo necessário fortalecer a qualidade da atenção primária para garantir a promoção, prevenção de agravantes que podem ser evitados (JULIÃO; WEIGELT, 2011).

Um dos maiores desafios enfrentados pela PNAB é despertar a população masculina a lutar pela garantia de seu direito social à saúde, desejando movimentar esses homens para uma apreciação e expressão das suas condições de saúde e sociais, para que eles sejam as principais peças dessas ações, fortalecendo seu exercício e gozo dos direitos de cidadão (BRASIL, 2008).

METODOLOGIA

O estudo elaborado trata-se de uma revisão bibliográfica e de abordagem metodológica como uma revisão integrativa da literatura que permite busca, avaliação e síntese das evidências disponíveis para contribuir com o desenvolvimento do conhecimento na temática, podendo incluir estudos experimentais e não experimentais para uma compreensão completa do fenômeno analisado.

Estratégia de busca

A procura de material bibliográfico para a formação do referencial a ser utilizado nesta pesquisa se deu no período de junho a julho de 2016, nas bases de dados da Biblioteca Virtual de Saúde (BVS), Centro Latino-Americano e do Caribe de Informação em Ciências da Saúde (BIREME), Scientific Electronic Library Online (SCIELO) e Medical Literature Analysis and Retrieval System Online (MEDLINE – PubMed). Admitiram-se estudos publicados a partir do ano de 2004 até 2015.

À estratégia de busca, utilizaram-se os seguintes termos: “Atenção primária”, “Gênero”, “Masculinidade”, “Saúde”, “Política pública”. As combinações entre as palavras-chaves foram realizadas em cada base de dados utilizando os operadores booleanos or, and e not and. A pesquisa incluiu artigos em português e espanhol.

Critérios de elegibilidade

Foram excluídos deste estudo: estudos de caso e/ou estudos em que a temática era tratada de forma parcial e não propiciava contribuições significativas ao estudo.

Seleção dos estudos

O material bibliográfico foi selecionado para a constituição da amostra conforme conteúdo do título e do resumo. Foram incluídos na revisão de literatura os artigos que estavam de acordo com os seguintes critérios: artigos de revisão, estudos publicados em eventos científicos da temática em estudo, relatos de experiência e pesquisa de campo.

Extração dos dados

À extração dos dados, selecionou-se, como desenlace principal, as razões da não procura dos serviços de atenção básica de saúde por parte dos homens e, como desfecho secundário, os medos e temores da população.

Dos artigos analisados foram excluídos aqueles que não atendiam aos objetivos da pesquisa bem como repetições. Restaram-se 10 publicações de interesse, das quais foram extraídas informações importantes. Após leituras sucessivas, uma última análise dos dados obtidos foi realizada, com o suplemento de aporte teórico, permitindo assim, a redação final deste trabalho.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A saúde do homem e os estudos científicos

A Tabela 1 sumariza as intenções científicas a respeito da saúde do homem.

Tabela 1 – Abordagens científicas a respeito da saúde do homem. Próprios autores, 2016.

Categoria de Estudo Título Objetivo Principal Aspectos relevantes
Revisão de Literatura Baixa procura dos homens ao serviço de saúde: uma revisão de literatura (OLIVEIRA et al., 2014). Conhecer a opinião dos homens acerca dos fatores que dificultam na busca pelos serviços de saúde. A baixa procura pelo homem e a masculinidade interferem em qualquer ação de saúde.
Pesquisa descritiva, exploratória e qualitativa A Compreensão dos homens jovens sobre os cuidados com sua saúde no interior paulista (GASPARINO; RAMOS, 2015). Contribuir com ações que promovam a saúde para a população masculina. Necessidade de mais incentivo para pesquisas voltadas à saúde do homem.
Pesquisa qualitativa A atenção primária e a saúde do homem (CAMPANUCCI; LANZA, 2011). Mostrar a realidade do PNAISH nas Unidades Básicas de Saúde de Londrina. É extremamente relevante para a abertura das portas da atenção básica à população masculina.
Estudo exploratório de abordagem qualitativa Saúde do Homem: Dificuldades enfrentadas pelos homens na adesão ao atendimento em uma Unidade Básica de Saúde de Imperatriz-MA (RIBEIRO, 2012). Investigar as dificuldades enfrentadas pelos homens na adesão ao atendimento na Unidade Básica de Saúde. Necessidade da ocorrência de mudanças tanto no comportamento dos homens como dos profissionais de saúde.
Pesquisa descritiva e abordagem quantitativa Perfil de Homens a partir dos 40 Anos atendidos no Programa Saúde do Homem (DANTAS et al., 2015). Conhecer acerca dos argumentos utilizados pelos homens pela menor frequentação dos serviços de saúde. O fortalecimento e a qualificação da atenção primária devem ser reforçados em ações de educação em saúde do homem.
Documentação direta, indutiva, descritiva e quantitativa Barreiras em relação aos exames de rastreamento do câncer de próstata (PAIVA; MOTTA; GRIEP, 2011). Descrever as barreiras sobre o rastreamento do câncer de próstata. Disseminar conhecimentos adequados sobre o exame pode se constituir em estratégia fundamental para a formação de atitude positiva em relação à detecção precoce.
Revisão Bibliográfica Homem Invisível: A Análise da Saúde do Homem a partir do estudo de uma Unidade Básica de Saúde do Município de Florianópolis (SANTOS, 2014). Analisar como a Atenção Primária à Saúde (APS) do município de Florianópolis se preocupa com a saúde do homem. A invisibilidade da saúde do homem ocorre devido a aspectos culturais e deficiências no sistema de saúde brasileiro.
Pesquisa Qualitativa A Política Nacional de Saúde do Homem: necessidade ou ilusão? (MENDONÇA; ANDRADE, 2010). Avaliar o que pensam os homens a respeito da criação de uma Política Nacional voltada para a saúde masculina. Os benefícios que os homens percebem para si se dão com a implantação de uma política de saúde específica para o homem.
Estudo de caráter transversal, descritivo e analítico, com abordagem quantiqualitativa Gênero e saúde:

o cuidar do homem em debate (ALVES et al., 2011).

Analisar a percepção dos homens sobre os cuidados com a própria saúde. A prevenção ao câncer de próstata foi o aspecto mais apontado quando a preocupação é a saúde.
Estudo descritivo de natureza qualitativa Como os homens adultos utilizam e avaliam os serviços de saúde? (FONTES et al., 2011). Conhecer em quais situações homens adultos procuram os serviços de saúde e como avaliam o atendimento recebido. Falta de atenção, compreensão e comunicação por parte dos profissionais da saúde são características de falhas na assistência recebida pelos pacientes.

 

A procura do homem aos serviços de saúde é muito precária e de muita resistência, ligados historicamente por diferentes aspectos, entre os quais se destacam os socioculturais ligados ao gênero e as questões vinculadas aos serviços de saúde. Ampliando as considerações dos autores, os estudos pesquisados reforçam a ideia da baixa procura pelos homens aos serviços de saúde devido a um modelo hegemônico da masculinidade que interfere, negativamente, nas questões de atenção à saúde primária. O homem carrega consigo a ideia de invulnerabilidade e força e, por isso, cria barreiras de atenção à saúde (OLIVEIRA et al., 2014; FONTES et al., 2011).

As práticas de autocuidado do homem são dificultadas por barreiras culturais ligadas à virilidade, invulnerabilidade e força, pois adjetivos como fraqueza, medo e insegurança estão ligados ao gênero feminino. Sendo assim, atitudes diferentes poderiam colocar em dúvida a masculinidade conquistada (GOMES; NASCIMENTO; ARAÚJO, 2007).

Os homens vivem menos que as mulheres em consequência de fatores graves e crônicos devido a uma construção histórico-cultural da masculinidade. Há uma visão relacional com o gênero. A masculinidade, tomada pela sociedade como fator natural, pode também ser considerada de risco. Ao homem está ligado ao provimento da família (GOMES; NASCIMENTO; ARAÚJO, 2007).

A baixa procura pelos homens aos serviços de saúde se deve ao não incentivo reforçado pelo fato de a saúde e o autocuidado não desempenharem função primordial na construção da identidade masculina. A noção de invulnerabilidade, a ideia de um ser forte e dos valores culturais, reforçado pelos meios de comunicação de massa são empecilhos no binômio universo masculino-saúde (KEIJZER, 2006).

Os serviços de saúde têm uma deficiência em mediar a demanda apresentada pelos homens, devido à organização dos serviços de saúde em não incentivar o acesso destes aos atendimentos primários e porque as próprias campanhas de saúde pública não objetivam a população masculina. Dessa forma, os desafios são: ampliar as estratégias dos serviços de saúde e focar na questão do gênero masculino (OLIVEIRA et al., 2014; CAMPANUCCI; LANZA, 2011; SANTOS, 2014).

A posição de provedor que os homens relatam ocupar na sociedade é uma preocupação de muito destaque, pois ressaltam que, historicamente, são os responsáveis pelo sustento familiar, como se vê nas famílias de classes mais baixas, e que os horários de atendimento nas unidades de saúde são os mesmos de seus trabalhos, impossibilitando-os de buscar por ajuda médica (BRASIL, 2008).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

As análises propostas demonstram que é imprescindível a intensificação de ações educativas no campo da saúde do homem, de modo que estas sejam aplicadas com mais efetividade pelo Estado. O objetivo é que a população masculina busque atendimento nos serviços de atenção básica. Este estudo é extremamente relevante, pois ressalta as dificuldades que os homens apresentam ao buscar os serviços de atenção básica de saúde.

A falta de informação, aliada à não aplicação das políticas públicas como PNAISH e PNAB, é um fator importante a ser considerado na criação de novos caminhos que objetivem sua divulgação. Embora haja relação entre o grau de instrução e as medidas preventivas, esta ainda se mostra insuficiente, visto que o percentual de homens que buscam atendimento médico de forma preventiva ainda é muito deficiente.

Algumas propostas para mudar esse quadro seriam a criação de grupos educativos, com a finalidade de prevenção, parceria da Estratégia de Saúde da Família (ESF) e ampliação dos horários de atendimento nas unidades de saúde, além de práticas educativas em áreas de concentração do público masculino que visem à conscientização dessa classe.

REFERÊNCIAS

ALVES, R. F. et al. Gênero e saúde: o cuidar do homem em debate. Psicologia: Teoria e Prática, v. 13, n. 3, p. 152-166, 2011. Disponível em: <http://pepsic.bvsalud.org/pdf/ptp/v13n3/v13n3a12.pdf>. Acesso em: 22 jun. 2016.

BRASIL. Ministério da Saúde. Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem Princípios e Diretrizes – Série B. Textos Básicos de Saúde. Brasília: Ministério da Saúde, 2009.

BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria n° 1.944, de 27 de agosto de 2009. Institui no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS), a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem. Diário Oficial da União, Brasília, DF, p. 61, 28 ago. 2009. Seção 1.

BRASIL. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem: princípios e diretrizes. Brasília: Ministério da Saúde, 2008.

CAMPANUCCI, F. S.; LANZA, L. M. B. A atenção primária e a saúde do homem. In: SIMPÓSIO GÊNERO E POLÍTICAS PÚBLICAS, 2., 2011, Londrina. Anais… Londrina: Universidade Estadual de Londrina, 2011. Disponível em: <http://www.uel.br/eventos/gpp/pages/arquivos/Fabricio%20Campanucci.pdf>. Acesso em: 16 jun. 2016.

DANTAS, A. E. A. et al. Perfil de homens a partir dos 40 anos atendidos no programa Saúde do Homem. Rev. Ciênc. Saúde Nova Esperança, João Pessoa, v. 13, n. 1, p. 21-33, 2015. Disponível em: <http://www.facene.com.br/wp-content/uploads/2010/11/Perfil-de-homens-PRONTO.pdf>. Acesso em: 07 jun. 2016.

FIGUEIREDO, N. M. A.; TONINI, T. SUS E PSF para enfermagem: práticas para o cuidado em saúde coletiva. São Caetano do Sul: Yendis, 2010.

FIGUEIREDO, W. Assistência à saúde dos homens: um desafio para os serviços de atenção primária. Ciência & Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 10, n. 1, p. 105-109, 2005. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/csc/v10n1/a11v10n1.pdf>. Acesso em: 12 jul. 2016.

FONTES, W. D. et al. Atenção à saúde do homem: interlocução entre ensino e serviço. Acta Paulista de Enfermagem, São Paulo, v. 24, n. 3, p. 430-433, 2011. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/ape/v24n3/20.pdf>. Acesso em: 24 jun. 2016.

GASPARINO, R. F.; RAMOS, C. R. A Compreensão dos homens jovens sobre os cuidados com sua saúde no interior paulista. Saúde em Foco, São Paulo, n. 7, p. 151-160, 2015. Disponível em: <http://www.unifia.edu.br/revista_eletronica/revistas/saude_foco/artigos/ano2015/compreensao_homens_jovens.pdf>. Acesso em: 15 jun. 2016.

GOMES R.; NASCIMENTO, E. F.; ARAÚJO, F. C. Por que os homens buscam menos os serviços de saúde do que as mulheres? As explicações de homens com baixa escolaridade e homens com ensino superior. Cad. de Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 23, n. 3, p. 565-574, 2007. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/csp/v23n3/15.pdf>. Acesso em: 05 jul. 2016.

JULIÃO, G. G.; WEIGELT, L. D. Atenção à saúde do homem em unidades de Estratégia de Saúde da Família. R. Enferm, Santa Maria, v. 1, n. 2, p. 144-152, 2011. Disponível em: <https://periodicos.ufsm.br/reufsm/article/view/2400/1743>. Acesso em: 08 jul. 2016.

KEIJZER, B. Hasta donde el cuerpo aguante: género, cuerpo y salud masculina. Revista la Manzana, Lima, v. 1, n. 1, 2006. Disponível em: <http://www.estudiosmasculinidades.buap.mx/paginas/reporteBenodekeijzer.htm>. Acesso em: 15 jul. 2016.

MARCIEL, P. S. O. O Homem na Estratégia de Saúde da Família. 2009. 81 f. Dissertação (Mestrado de Enfermagem) – Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2009.

MENDONÇA, V. S.; ANDRADE, A. N. A Política Nacional de Saúde do Homem: necessidade ou ilusão? Psicologia Política, v. 10, n. 20, p. 215-226, 2010. Disponível em: <http://pepsic.bvsalud.org/pdf/rpp/v10n20/v10n20a03.pdf>. Acesso em: 22 jun. 2016.

MUSSI, F. C. O Infarto e a Ruptura com o Cotidiano: possível atuação da Enfermagem na prevenção. Rev Latino-am Enfermagem, São Paulo, v. 5, n. 12, p. 751-759, 2009. Disponível em: < http://www.scielo.br/pdf/rlae/v12n5/v12n5a08.pdf>. Acesso em: 02 jul. 2016.

OLIVEIRA, R. S. et al. Baixa procura dos homens ao serviço de saúde: uma revisão de literatura. Revista Digital, Buenos Aires, n. 188, 2014. Disponível em: <http://www.efdeportes.com/efd188/baixa-procura-dos-homens-ao-servico-de-saude.htm>. Acesso em: 11 jun. 2016.

PAIVA, E. P. MOTTA, M. C. S. GRIEP, R. H. Barreiras em relação aos exames de rastreamento do câncer de próstata. Rev. Latino-Am. Enfermagem, São Paulo, v. 19, n. 1, p. 1-8, 2011. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rlae/v19n1/pt_11.pdf>. Acesso em: 14 jun. 2016.

RIBEIRO, D. V. Saúde do Homem: dificuldades enfrentadas pelos homens na adesão ao atendimento em uma Unidade Básica de Saúde de Imperatriz-MA. 2012. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Enfermagem) – Universidade Federal do Maranhão, Imperatriz, 2012.

SANTOS, P. B. Homem invisível: a análise da saúde do homem a partir do estudo de uma unidade básica de saúde do município de Florianópolis. 2014. 93 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Serviço Social) – Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2014.

SILVA, A. N. et al. Promoção da saúde do homem nos serviços de atenção primária à saúde. Em Extensão, Uberlândia, v. 13, n. 1, p. 82-88, 2014. Disponível em: <http://www.seer.ufu.br/index.php/revextensao/article/view/23996/14683>. Acesso em: 05 jul. 2016.

WELZER-LANG, D. Os homens e o masculino numa perspectiva de relações sociais de sexo. In: SCHPUN, M. R (Org.). Masculinidades. Santa Cruz do Sul: EDUNISC, 2010. p. 107-128.

[1] Tecnologia em Radiologia – IFPI.

[2] Licenciatura em Ciências Biológicas – IFPI.

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