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Atuação do enfermeiro na assistência pré-hospitalar móvel

RC: 132910
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CONTEÚDO

REVISÃO INTEGRATIVA

CARVALHO, Marcela Barrozo de [1]

CARVALHO, Marcela Barrozo de. Atuação do enfermeiro na assistência pré-hospitalar móvel. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano. 07, Ed. 11, Vol. 11, pp. 37-48. Novembro de 2022. ISSN: 2448-0959, Link de acesso: https://www.nucleodoconhecimento.com.br/saude/pre-hospitalar-movel

RESUMO

A Assistência Pré-Hospitalar (APH) realizada pelo enfermeiro requer competências e condutas que condizem com suas habilidades técnicas/científicas, obedecendo às normas e resoluções que regem a atuação profissional no que tange os serviços de urgência e emergência. Tendo em vista a temática do estudo surgiu do questionamento: Quais competências devem ser desenvolvidas pelo enfermeiro que atua na APH?. Partindo desse pressuposto o estudo tem como objetivo realizar uma revisão integrativa de artigos e periódicos acerca da atuação do profissional enfermeiro na assistência pré-hospitalar móvel enfatizando as competências da atuação do enfermeiro assim como as dificuldades encontradas para prestar uma assistência de qualidade. Para tanto, fez-se uma revisão integrativa com cunho descritivo com abordagem qualitativa, por meio da qual foi possível constatar que o enfermeiro é um profissional essencial para supervisão e processo de trabalho, pois articula com a equipe de forma a manter o entrosamento e comunicação efetiva através do vínculo de confiança. Dessa forma, conclui-se que o enfermeiro de APH se destaca por ser líder da equipe, desde a organização do processo de trabalho até o gerenciamento de recursos. Todavia muitos são os desafios enfrentados, desde a desvalorização profissional e problemas relacionados aos recursos materiais, físicos e logísticos.

Palavras-chave: Enfermeiro, Emergência, Atendimento Pré-Hospitalar. 

1. INTRODUÇÃO

No Brasil o primeiro Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) foi inaugurado em São Paulo (1989), Belém do Pará (1994) e Porto Alegre (1995) (BERNARDES et al., 2014) e, esse serviço é estruturado em duas modalidades: Suporte Básico de Vida (SBV) e Suporte Avançado de Vida (SAV); sendo que o SBV pretende preservar a vida sem a necessidade de procedimentos invasivos, composta por equipe treinada em primeiros socorros e atuam sob supervisão médica através de apoio logístico; o SAV atua com a característica de utilização de manobras invasivas, de maior complexidade, a equipe ao qual realiza é exclusivamente médico e enfermeiro (BRASIL, 2006).

O Serviço de Atendimento Pré-Hospitalar Móvel foi normatizado pela Portaria GM/MS nº 2048, de 5 de novembro   de   2002 (BRASIL, 2006). Somente em 2003 a Política Nacional de Atenção às Urgências e da estratégia do serviço de atendimento móvel de Emergências foi planejada e desenvolvida (MACHADO et al., 2011). A Portaria nº 354 de 10 de março de 2014 discorre sobre a organização e funcionamento de serviços de Urgência e Emergência e, assim os descreve: Urgência como ocorrência imprevista com ou sem risco potencial a vida que necessite de atendimento imediato e Emergência como condição de agravo à saúde que impliquem sofrimento intenso ou risco iminente de morte (BRASIL, 2014).

O atendimento do Enfermeiro nas urgências e emergências é regulado pela resolução n° 375 de 22.03.2011 do COFEN, que determina a obrigatoriedade da presença do enfermeiro na assistência, em qualquer tipo de unidade móvel (terrestre, aéreo ou marítimo) destinada ao atendimento pré-hospitalar (COFEN, 2011). Nesse sentido, esse profissional tem competência exclusiva de triagem aos pacientes, objetivando a primeira avaliação a partir da classificação de risco priorizando os pacientes mais graves (SILVA E INVENÇÃO, 2018).

Entre as funções assistenciais do enfermeiro no pré-hospitalar móvel estão: prestação de cuidados ao paciente; preparação e administração de medicações; realização de exames especiais; passagem de sonda nasogástrica, nasoenterais e vesicais; punção venosa com cateter; preparação de instrumentos para intubação; aspiração; monitoramento cardíaco e desfibrilação; controle de sinais vitais; evolução do paciente; anotações no prontuário; apoio ao médico diante da execução de diversos procedimentos; além de função administrativa (SILVA E INVENÇÃO, 2018).

Ao necessitar da utilização de um atendimento pré-hospitalar móvel o indivíduo precisa contar com uma equipe profissional que além de recursos materiais adequados, ofereça-lhe atendimento integrado e humanizado e, para isso é necessário um bom planejamento e avaliação do serviço ofertado de forma a observar as necessidades da comunidade, definir as prioridades, obedecer a protocolos, entre outros (SOUSA et al., 2017).

Assim, esse serviço requer competência dos profissionais, condutas rápidas, eficientes e que atendam de maneira adequada pertinente a cada caso (BERNARDES et al., 2014). Ainda no que tange o atendimento pré-hospitalar o enfermeiro deve estar apto para liderar com a equipe, organizando o atendimento, lidando com emoções e prestando assistência rápida e humanizada seguindo os protocolos assistências (SOUSA et al., 2017).

Diante do exposto, o estudo buscou pesquisar: Quais competências devem ser desenvolvidas pelo enfermeiro que atua na APH? Tendo como objetivo realizar uma revisão integrativa de artigos e periódicos acerca da atuação do profissional enfermeiro na assistência pré-hospitalar móvel enfatizando as competências da atuação do enfermeiro assim como as dificuldades encontradas para prestar uma assistência de qualidade.

Portanto a relevância dessa pesquisa se dá pela necessidade de se conhecer as atividades desenvolvidas pelo enfermeiro que atua na APH, buscando identificar quais são as competências que fazem com que esse profissional seja indispensável na equipe, além de identificar quais as principais dificuldades encontradas por ele durante sua rotina de trabalho.

2. METODOLOGIA

Trata-se de pesquisa de revisão integrativa com cunho descritivo com abordagem qualitativa.

A revisão integrativa inclui a análise de pesquisas relevantes que dão suporte para tomada de decisão e melhoria da prática clínica, possibilitando a síntese do estado do conhecimento de um determinado assunto, além de apontar lacunas do conhecimento que precisam ser preenchidas com a realização de novos estudos, além de gerar fontes de conhecimento atual sobre determinado problema e, determinar se o conhecimento é válido para ser transferido à prática (MENDES, SILVEIRA E GALVÃO, 2008; MARCONI E LAKATOS, 1992; BOTELHO, CUNHA E MACEDO, 2011).

A busca dos artigos foi realizada nos meses de dezembro de 2020 a março de 2021. Foi selecionado aporte teórico inerente ao tema proposto, a partir de artigos e publicações nos bancos de dados da Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), nas bases de dados Scielo, Bireme e LILACS, utilizando-se dos seguintes descritores: Enfermeiro and Urgência, Enfermeiro and Emergência, atendimento pré-hospitalar. Além da utilização das legislações brasileiras referente à urgência e emergência e resoluções do COFEN relacionados à atuação do enfermeiro.

Os critérios de inclusão foram: artigos na íntegra, nos últimos 10 anos (2009-2019) que atendiam ao objetivo do proposto artigo a ser elaborado. Os critérios de exclusão foram: artigos não relacionados ao tema, artigos duplicados e os que não condiziam ao idioma português.

Após a leitura do resumo os artigos foram categorizados de acordo com seus resultados de forma que contemplasse o objetivo proposto que é a atuação do profissional enfermeiro na assistência pré-hospitalar móvel enfatizando as competências da atuação do enfermeiro assim como as dificuldades encontradas para prestar uma assistência de qualidade.

3. RESULTADOS

Foram selecionados 34 artigos, dos quais, após critérios de inclusão, exclusão e retirada de duplicados, restaram 12 estudos que conduziam com o objetivo proposto para revisão integrativa. Esses artigos foram classificados em duas categorias: (1) Competências realizadas no APH pelo enfermeiro; (2) Dificuldades encontradas na atuação de enfermagem no APH. Dessa forma, o diagrama apresenta a síntese do processo de inclusão dos artigos.

Figura 1: Diagrama do processo de inclusão de artigos

Diagrama do processo de inclusão de artigos
Fonte: Própria.

Após a leitura do material selecionado cada um foi classificado conforme as duas categorias distintas proposta para a revisão integrativa. A seguir, a síntese desses artigos é apresentada:

Tabela 1: Apresentação dos resultados

Título da obra, Autor e Ano  

Objetivo

 

Metodologia

 

Resultado

 

1.       Supervisão do enfermeiro no atendimento pré-hospitalar móvel.

Bernardes et al. 2014.

 

Analisar como ocorre a supervisão no Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU).

 

Estudo descritivo com abordagem qualitativa.

 

Revelaram que a supervisão é primordial, contudo, é caracterizada como processo de fiscalização. Por o enfermeiro não estar fisicamente presente prejudica a qualificação dos profissionais, não atendendo assim às expectativas dos trabalhadores, favorecendo o risco de erros comprometendo a segurança do paciente e da equipe.

 

2.       Autonomia e trabalho do enfermeiro.

Kraemer et al. 2011.

 

Descrever as percepções de enfermeiros sobre a autonomia que detém no exercício profissional onde trabalham.

 

Estudo qualitativo, exploratório e descritivo.

 

O estudo concluiu que o enfermeiro tem autonomia profissional onde atuam e relata fatores que contribuem para tal como as condições de trabalho. Além disso, reconhecem a autonomia profissional baseada no agir, credibilidade, respeito e confiança.

 

3.       O enfermeiro no APH e método Start: uma abordagem de autonomia e excelência. Intrieri et al., 2017.

 

Enfatizar o papel do enfermeiro no método START.

 

Revisão bibliográfica narrativa.

 

O enfermeiro é essencial na tomada de decisões e priorização dos cuidados, entrosamento, comunicação, articulação e integração da equipe.

 

4.       Papel do enfermeiro no atendimento pré-hospitalar ao paciente politraumatizado: revisão de literatura.

Sousa et al.2017.

 

Identificar atuais ações descritas na literatura realizada pela equipe de enfermagem no APH e propor ações para melhorar a qualidade no atendimento às urgências

 

Bibliográfico, exploratório, descritivo com análise integrativa e com abordagem qualitativa, obedecendo aos protocolos de emergência.

 

A enfermagem enfrenta situações específicas e estão vulneráveis por lidar com o sofrimento humano e na luta contra o tempo para salvar vidas. O enfermeiro deve ser norteador de sua equipe para que o cuidado seja eficaz e rápido.

 

5.       Vivências do enfermeiro no serviço de atendimento móvel de urgência: detalhes de um grande desafio. Rocha, 2013.

 

Analisar situações particulares que envolvem o cotidiano de trabalho do enfermeiro do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência a partir de suas vivências.

 

Estudo de caso descritivo e qualitativo.

 

Relação profissional com a equipe multiprofissional de confiança, visando atender a vítima de maneira rápida e resolutiva. Os desafios são evidenciados pelo trabalho desgastante, variação climática e diversos tipos de risco ao qual o profissional está exposto.

 

6.       Dificuldades vivenciadas em um serviço de atendimento móvel de urgência: percepções da equipe de enfermagem. Silva et al. 2014.

 

Conhecer as principais dificuldades vivenciadas pela equipe de enfermagem que atua em um serviço de atendimento móvel de urgência na percepção da equipe de enfermagem.

 

Pesquisa exploratório-descritiva de abordagem qualitativa.

 

Aponta a dificuldade relacionada à falta de conhecimento da população que aciona o serviço de urgência sem a real necessidade; dificuldade de comunicação com a central de Regulação; desvalorização salarial; condição inadequada do alojamento da equipe; ausência de materiais; desgaste físico; falta de reconhecimento profissional; estresse; falta de recursos humanos. Propõe estratégias para melhoria da qualidade do atendimento, como exemplo a mídia para orientar a população, Regulação própria e melhor estruturação dos serviços.

 

7.       Situações enfrentadas pelos enfermeiros no serviço de atendimento pré- hospitalar. Alves e Mesquita, 2014.

 

Descrever os desafios enfrentados pelos enfermeiros no atendimento pré-hospitalar.

 

Descritivo com

Abordagem quantitativa.

 

Aponta como dificuldade a escassez de recursos materiais, congestionamento no trânsito, aglomeração de populares e motoristas curiosos. Como soluções apontam aumento na frota de ambulâncias, e faixa exclusiva para ambulâncias.

 

8.       Enfermagem pré-hospitalar no suporte básico de vida: postulados ético-legais da profissão. Ribeiro e Silva, 2016.

 

Discutir a forma de organização do trabalho de enfermagem na assistência pré-hospitalar, considerando a caracterização das ocorrências atendidas por uma Unidade de Suporte Básico, à luz da legislação que regulamenta e disciplina o exercício profissional da categoria no Brasil.

 

Estudo descritivo, retrospectivo.

 

Ressalta que os cuidados no pré-hospitalar no suporte básico de vida infringem postulados ético-legais da profissão uma vez que os agravos quanto as ações de enfermagem se configuram majoritariamente como situações complexas, demandando competências técnicas e legais para a tomada de decisão, o que remete à necessidade da presença do enfermeiro.

 

9.       Enfermeiros do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência: perfil e atividades desenvolvidas. Luchtemberg e Pires, 2016.

 

Caracterizar o perfil e identificar as atividades desenvolvidas por enfermeiros do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência de um estado da região sul do Brasil.

 

Estudo exploratório descritivo.

 

Relata que as atividades desenvolvidas foram organizadas nas dimensões do cuidar, gerenciar e educar. As ações de cuidado envolveram múltiplos procedimentos, mas não houve menção ao uso da Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE).

 

10.    Percepção da equipe de enfermagem de um serviço de atendimento pré-hospitalar móvel sobre o gerenciamento de enfermagem. Bueno e Bernardes, 2010.

 

Caracterizar o gerenciamento do enfermeiro neste serviço de acordo com a visão dos profissionais da equipe de enfermagem.

 

Estudo exploratório, qualitativo.

 

O estudo evidenciou que entre os aspectos técnicos destacaram-se dentre os temas, associando o gerenciamento ao controle/ fiscalização das atividades. Evidenciou-se uma relação à distância entre equipe e supervisor, bem como a carência de educação em serviço.

 

11.    O trabalho em equipe no atendimento pré-hospitalar à vítima de acidente de trânsito.

Pereira e Lima, 2009.

 

Caracterizar o trabalho em equipe no APH à vítima de acidente de trânsito, identificando as atividades dos atores, o trabalho em equipe e as relações com atores de outras áreas.

 

Pesquisa qualitativa.

 

Constatou que o trabalho do APH está alicerçado no trabalho em equipe, sendo necessário o entendimento entre os profissionais em relação a essa. Ressalta a valorização do campo de conhecimento ampliado técnico-científico pelos profissionais.

 

12.    Implementação da Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) no Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU).

Nicolau et al., 2019.

 

Identificar as limitações na implementação da Sistematização da Assistência de Enfermagem no Serviço de Atendimento Móvel de Urgência em Recife.

 

Estudo descritivo, quantitativo, transversal, observacional.

 

Evidenciou alto índice de profissionais experientes, mas que desconhecem a Resolução 358/2009 do COFEN. Os profissionais entendem a importância da SAE, mas 42% afirmaram que não se aplica ao serviço, necessitando uma mudança de paradigma a respeito desse assunto.

Fonte: Autora.

Mediante os resultados encontrados, nota-se que a presença do enfermeiro na APH é de suma importância, uma vez que esse além de realizar serviço assistencial, realiza supervisão e articula com a equipe de forma a manter o entrosamento e comunicação efetiva através do vínculo de confiança. Vale ressaltar, o papel de gerenciador dos recursos físicos, logísticos e materiais. Todavia muitos são os desafios enfrentados, desde a desvalorização profissional, carência de educação em saúde para a equipe, falta de reconhecimento, entre outros.

4. DISCUSSÃO

No que tange a categoria 1 para revisão integrativa os autores Bernardes et al. (2014); Intrieri et al. (2017) e Rocha (2013) expõem que o enfermeiro é essencial para a supervisão e o processo de trabalho de forma que, é esse profissional que articulará a equipe de forma a manter o entrosamento e comunicação efetiva através de vínculo de confiança para que os cuidados sejam priorizados, a fim de que o paciente seja removido do local e encaminhado ao serviço de urgência mais próximo e precocemente possível. Nota-se que os estudos apontam que o enfermeiro tem a competência de administrador e gerenciador dos serviços prestados no APH e, essa competência faz com que seja visto como um líder.

Kraemer et al. (2011) e Luchtemberg e Pires (2016) corroboram que atuação do enfermeiro deve ser baseada na confiança e, este tem autonomia profissional para agir junto com sua equipe o tornando peça fundamental durante o atendimento ao paciente. Esse profissional organiza o cuidar através de múltiplos procedimentos que realiza, gerencia as ações da equipe e participa de ações educativas que visam à prevenção e promoção da saúde.

Contribuindo com o exposto, os artigos Bernardes et al. (2014), Intrieri et al. (2017), Rocha (2013) e Luchtemberg e Pires (2016) relatam sobre competência da gerência do enfermeiro no APH, sendo esse o responsável pela equipe, organização e motivador das relações multiprofissionais, além de prestar assistência de enfermagem e registros das atividades desenvolvidas pela equipe.

Os autores Intrieri et al. (2017) e Pereira e Lima (2009) constataram que o APH está alicerçado no trabalho em equipe através da utilização da comunicação de forma a articular e integrar a equipe. Ainda discorre sobre a necessidade e o entendimento entre os profissionais em relação à hierarquia para que o cuidar flua de forma eficaz e eficiente.

Na categoria 2 para a revisão integrativa os autores Bernardes et al. (2014), Ribeiro e Silva (2016) e Bueno e Bernardes (2010) destacam que o enfermeiro é visto como um fiscalizador que de certa forma distancia a equipe e o supervisor. No que tange o SBV o enfermeiro supervisor além de ser visto como fiscalizador a equipe relata que a falta da presença física dificulta a qualificação profissional, esfria a relação interpessoal, dificultando o vínculo e confiança e favorece os erros, além de, infringirem postulados ético-legais da profissão uma vez que os agravos quanto às ações de enfermagem se configuram majoritariamente como situações complexas, demandando competências técnicas e legais para a tomada de decisão, o que remete à necessidade da presença do enfermeiro.

Segundo Sousa et al. (2017), Rocha (2013), Silva et al. (2014) e Alves e Mesquita (2014) entre os desafios da profissão de enfermagem relacionada ao APH estão: o trabalho desgastante por lidar com o sofrimento humano, a luta contra o tempo, variação climática, escassez de recursos humanos, materiais e logístico (para minimizar o tempo de resgate como o trânsito, dificuldade de comunicação com a Central de Regulação), além da desvalorização salarial, falta de reconhecimento profissional e de conhecimento da população acerca dos objetivos do serviço móvel que aciona sem a real necessidade gerando gastos desnecessários ao sistema público.

Outros fatores citados por Silva et al. (2014), Luchtemberg e Pires (2016), Bueno e Bernardes (2010), Pereira e Lima (2009) e Nicolau et al. (2019), enfatizam como dificuldade encontrada nos profissionais de APH: a falta de conhecimento profissional por parte da equipe, que não valorizam o campo de conhecimento técnico-científico desconhecendo até mesmo as leis e resoluções que regulamentam sua profissão neste serviço e a importância da SAE. Entre outros fatores acrescem em relação à falta de investimento em educação em saúde para equipe profissional nos serviços de APH.

5. CONCLUSÃO

O estudo evidencia que a atuação do enfermeiro no serviço de APH é complexa, exigindo dos profissionais versatilidade através de habilidades técnicas-científicas e relação interpessoal para lidar com os problemas do cotidiano de forma a ofertar um atendimento de qualidade. Esse profissional pode oferecer aporte técnico e gerencial no SBV e no SAV e é essencial para realização dos procedimentos que visam salvar a vida e minimizar as sequelas, além de ser gerenciador da equipe e dos recursos.

O profissional enfermeiro é o que se destaca nessa modalidade por possuir competências relacionadas à liderança e ser considerado muitas vezes como a pessoa de confiança da equipe para escolha dos procedimentos e articulação durante um atendimento. Dessa maneira, o enfermeiro que atua na APH deve ser dotado de embasamento teórico e científico, capacidade de articulação e integração com a equipe, conhecer e saber gerenciar os recursos, realizar atividades relacionadas à educação em saúde, entre outras atribuições

Muitos fatores contribuem para dificultar a eficiência e eficácia do cuidado realizado pelo enfermeiro no APH como: a falta de recursos humanos, materiais e logísticos. No SBV sua presença é vista como insatisfatória por não conseguir manter vínculo de confiança, fazendo com que o serviço se torne fragmentado pela ausência física que muitas vezes é necessária para os procedimentos que por sua vez são realizados por outros atores não capacitados técnico-cientificamente para realizá-los, infringindo os postulados éticos e legais da profissão de enfermagem.

Entre os fatores que chamou a atenção destaca-se a falta de conhecimento dos profissionais de enfermagem acerca das leis e resoluções para atuação no serviço de APH, falta de valorização do campo de conhecimento nas urgências e emergências e utilização da SAE.

Assim, se pode concluir que o serviço de APH exige enfermeiros capacitados e qualificados desde físico a psicologicamente para atuar de forma ética e legal, prestando um serviço de qualidade, eficiência e rapidez ao qual essa modalidade exige. Porém sugerem-se mais estudos acerca dessa temática para melhor acrescer o aporte teórico para que possam surgir modelos gerenciais mais contemporâneos onde o enfermeiro desempenhe uma gerência inovadora, melhorando a assistência de enfermagem com maior satisfação da equipe e alcance dos objetivos organizacionais.

REFERÊNCIAS

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[1] Enfermeira pela Faculdade dos Carajás. Pós Graduada em Saúde Mental e Atenção Psicossocial; Saúde Pública com Ênfase em Saúde da Família. Pós Graduada em Enfermagem Ginecológica e Obstétrica e Urgência e Emergência. Enfermeira do Hospital Municipal Maria Cecília de Oliveira (Jacundá-PA). Docente da Universidade do Norte do Paraná – Unopar. ORCID: 0000-0002-6724-9682.

Enviado: Março, 2022.

Aprovado: Novembro, 2022.

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Marcela Barrozo de Carvalho

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