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Revisão narrativa sobre a auriculoterapia no tratamento complementar da ansiedade em estudantes lésbicas, gays, bissexuais, transexuais, queer, intersexuais, assexuais e outras identidades

RC: 143081
312
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DOI: 10.32749/nucleodoconhecimento.com.br/saude/auriculoterapia

CONTEÚDO

ARTIGO DE REVISÃO

CUSTÓDIO, Wenderson Picanço [1], GOMES, Madson Ralide Fonseca [2]

CUSTÓDIO, Wenderson Picanço, GOMES, Madson Ralide Fonseca. Revisão narrativa sobre a auriculoterapia no tratamento complementar da ansiedade em estudantes lésbicas, gays, bissexuais, transexuais, queer, intersexuais, assexuais e outras identidades. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano. 08, Ed. 04, Vol. 02, pp. 138-154. Abril de 2023. ISSN: 2448-0959, Link de acesso: https://www.nucleodoconhecimento.com.br/saude/auriculoterapia, DOI: 10.32749/nucleodoconhecimento.com.br/saude/auriculoterapia

RESUMO

Esta pesquisa tem o objetivo de identificar a utilização de acupuntura auricular no tratamento complementar de transtornos de ansiedade no público de estudantes Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transexuais, Queer, Intersexuais, Assexuais e outras identidades (LGBTQIA+). Trata-se de uma revisão narrativa da literatura sobre o tema. Realizou-se busca por artigos publicados entre 2017 e 2022 nas bases de dados Scielo, Pubmed e Biblioteca Virtual em Saúde (BVS). Os critérios de inclusão foram artigos publicados em português e inglês nos últimos cinco anos. Em todos os artigos encontrados e selecionados de acordo com os critérios de inclusão e exclusão, a terapia com pontos auriculares foi reconhecida como uma prática não invasiva e eficaz para  reduzir a ansiedade em diferentes situações. Foram encontrados artigos relacionados à auriculoterapia em casos de ansiedade em estudantes LGBTQIA+. Conclui-se que a auriculoterapia é uma técnica de simples aplicação, baixo custo e com evidências de sua efetividade em 78,11% dos estudos analisados. Ainda é pouco explorada, mas tem grande potencial para desenvolver novas pesquisas no público LGBTQIA+.

Palavras-chave: PICS, Auriculoterapia, Transtorno de ansiedade, Minorias Sexuais e de gênero.

1. INTRODUÇÃO

Em uma sociedade onde há cada vez mais exigências para um bom desempenho no convívio social, são geradas grandes expectativas e pressões psicológicas que podem influenciar no desenvolvimento de um grau elevado de ansiedade nas pessoas. O Brasil é conhecido como um dos países com maior índice de transtornos de ansiedade, que afetam 9,3% das pessoas que vivem nesse país (OPAS; OMS, 2017), desencadeando, nesse sentido,  reações cognitivas, emocionais e comportamentais nos indivíduos. O transtorno de ansiedade é caracterizado por uma preocupação intensa e persistente que causa nervosismo, inquietação e dificuldade de concentração (ARAÚJO; NETO, 2014).Os transtornos mais comuns são o da ansiedade e depressão e destaca-se a prevalência em pessoas Lésbicas, Gays, Bissexuais e Travestis (LGBT) (CEARÁ; DALGALARRONDO, 2018).

Um estudo  realizado no Reino Unido para entender a prevalência de problemas de saúde mental entre pessoas Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transexuais, Queer, Intersexuais, Assexuais e outras identidades (LGBTQIA+) encontrou uma forte relação entre homossexualidade e infelicidade generalizada, transtorno de ansiedade generalizada, neurose, episódios depressivos, fobias e pensamentos e comportamentos suicidas. Outra pesquisa realizada com o mesmo público, no Ceará,  mostra que os principais problemas de saúde entre essas pessoas são a tristeza, baixa autoestima e ansiedade, seguidos de um quadro de depressão e insônia (ALBUQUERQUE, et al., 2016).

Neste sentido, destaca-se a importância da Medicina Tradicional Chinesa (MTC) no tratamento desses transtornos. A MTC  é constituída por diferentes práticas complementares de saúde orientais existentes há milênios de anos e que atualmente fazem parte do quadro de terapias da Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC) (BRASIL, 2018). A PNPIC foi publicada,  em 2006, no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS) na Atenção Primária à Saúde (APS). A auriculoterapia é uma de suas práticas e se baseia na aplicação de agulhas, esferas de aço, sementes de ouro, prata, plástico ou mostarda em pontos energéticos localizados no pavilhão auricular. A colocação desses materiais produz estímulos envolvendo neurotransmissores, citocinas, sistema imunológico, inflamação e reflexos nervosos (OLIVEIRA et al., 2021).

A técnica pode ser utilizada em diversos casos físicos e emocionais/psicológicos, é de simples aplicação, baixo custo, não invasiva e apresenta pouco ou nenhum efeito adverso (ALBUQUERQUE et al., 2016). Em algumas situações clínicas, um protocolo específico pode ser usado para determinar quais pontos de acupuntura usar, como um protocolo de ponto auricular para reduzir ansiedade ou dor (The Auricular Protocol for Pain & Anxiety – APPA). Porém, seu efeito pode ser  ainda maior quando realizado de forma individualizada  por profissionais com conhecimento da teoria e prática diagnóstica (KUREBAYASHI et al., 2017).

O objetivo deste trabalho é identificar a utilização de  acupuntura auricular no tratamento complementar de transtornos de ansiedade em estudantes LGBTQIA+.

2. METODOLOGIA

O trabalho foi realizado por meio de revisão bibliográfica da literatura sobre o tema.  Foram realizadas buscas por artigos científicos nas seguintes bases de dados: Scielo, Pubmed, Biblioteca Virtual em Saúde (BVS). Essa última é  a plataforma operacional de cooperação técnica da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) para gestão da informação e do conhecimento em saúde na América Latina, foco deste artigo.

A busca foi realizada durante o mês de novembro de 2022. A pergunta norteadora foi: “Como a auriculoterapia pode ser utilizada no tratamento complementar da ansiedade na comunidade LGBTQIA+?”.

As buscas dos artigos foram realizadas usando descritores “auriculoterapia”, “PICS”, “transtorno de ansiedade”  e “minorias sexuais e de gênero”.

Como critérios de inclusão, foram considerados artigos completos em português e inglês,  de acesso gratuito e publicados nos últimos 5 anos, buscando uma visão mais próxima do cenário atual da questão norteadora. Foram excluídos os resultados replicados e os artigos que não abordavam diretamente o tratamento do transtorno de ansiedade com o procedimento complementar da auriculoterapia.

3. REVISÃO DE LITERATURA E DISCUSSÃO

3.1 A ANSIEDADE EM ESTUDANTES LGBTQIA+

Estudantes da comunidade LGBTQIA+ correm maior risco de desenvolver transtornos mentais, incluindo transtornos de ansiedade. O aparecimento de sintomas e sinais de ansiedade estão associados ao sofrimento causado pela declaração da identidade de gênero/orientação sexual, que leva o indivíduo a um isolamento por falta de suporte social e familiar (MUNHOZ et al., 2022).

Ao afirmarem fazer parte do grupo, estudantes LGBTQIA+ também destacam suas diferenças (PASSOS; PEREIRA, 2022). A heteronormatividade, o preconceito e a falta de representação nas estruturas sociais, muitas vezes, impactam negativamente na construção da identidade e na autoestima dessa população.

Outro agravante diz respeito ao fato de que a afeição homossexual continua ilegal em 78 países e acarreta pena de morte em cinco deles. No Brasil, segundo a Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, em 2012, ocorreram, por dia, cerca de 27 denúncias relacionadas à discriminação sexual, destacando que os números podem ser ainda mais preocupantes devido à subnotificação e a não existência de um orgão público destinado a criar politicas públicas a esta comunidade (SILVA et al., 2021).

Embora tenha havido um pequeno progresso nas discussões sobre a comunidade LGBT, inclusive na comunidade científica, a situação atual está longe de ser ideal. O Brasil tem registros de dados muito trágicos relacionados à população LGBTQIA+. Uma pesquisa de 2021 da Transgender Europe (TGEU) afirma que, pelo 13º ano consecutivo, o país tem o maior número de assassinatos de transexuais no mundo. Quatro em cada dez pessoas trans mortas no mundo são brasileiras, segundo o jornal Correio Braziliense (PASSOS; PEREIRA, 2022).

Além disso, em um breve levantamento sobre os temas dos jornais digitais, observou-se que os crimes de ódio contra essa população são frequentes, e não é incomum que esses casos sejam subnotificados ou mesmo não processados pelas autoridades policiais.

Dessa forma, a consciência da ligação entre os sujeitos de interesse levou a uma motivação  para estudar as consequências de seu relacionamento, considerando que o ambiente de medo, preconceito e estigma que passou a fazer parte do indivíduo após a revelação de sua sexualidade não heterossexual constituiu uma fonte de estresse e possíveis causas de transtornos mentais (SILVA, et al., 2021).

Para Silva et al. (2022), a maioria dos jovens tende a falar sobre suas dores sexuais com seus amigos antes de se revelar para suas famílias. Os efeitos negativos desse processo podem estar diretamente ligados à rede de apoio na qual o indivíduo está inserido e ao fato de muitas famílias ainda não aceitarem seus filhos, demonstrando reações de preconceito, nojo, e esses tendem a absorver estes sentimentos, que podem levar ao desenvolvimento de um quadro grave de ansiedade e outros transtornos psíquicos.

Outrora, para abordar as questões específicas de saúde mental da população LGBTQIA+, é importante reforçar o caráter heterossexual da sociedade. A heterossexualidade, aliada a uma forte doutrina religiosa, alimenta, em algumas pessoas, a homofobia e o desrespeito pelas diferentes formas de expressão sexual.

E ao se avaliar as diversas situações que os estudantes LGBTQIA+ enfrentam no dia a dia, pode-se considerar esse contexto social como um agravante que faz parte dos fatores de risco  que podem levar os indivíduos a apresentarem sintomas de ansiedade e depressão. E em casos mais graves, pode se tornar um fator agravante para o suicídio.

3.2 A EFETIVIDADE DA AURICULOTERAPIA NO TRATAMENTO DA  ANSIEDADE

A ansiedade é uma condição inata do ser humano que o leva a realizar atividades cotidianas. No entanto, se intenso, pode se tornar mórbido. Os sintomas do transtorno de ansiedade podem variar de leve a grave, são considerados crônicos e não episódicos e são considerados a segunda principal causa de deficiência mental no mundo (CORRÊA et al., 2020).

Os transtornos de ansiedade são tratados com medicamentos e recursos não farmacológicos. Dentre as alternativas não medicamentosas, destacam-se as Práticas Integrativas e Complementares de Saúde (PICS) (SILVA et al., 2022). A pesquisa em acupuntura baseada nos preceitos da Medicina Tradicional Chinesa (MTC) se destaca na pesquisa PICS para transtornos de ansiedade, e a auriculoterapia se destaca nessa abordagem da prática.

Ao estimular pontos específicos no ouvido, o fluxo de energia é restabelecido terapeuticamente para equilibrar o organismo, ajudando, assim, a controlar a ansiedade. Por  ser uma técnica de aplicação simples, menos invasiva e com menos efeitos colaterais, possibilita um bem estar maior ao indivíduo, e, consequentemente, um aceite da técnica terapêutica (CORRÊA et al., 2020).

Um estudo com o objetivo de avaliar o efeito da terapia de ponto auricular em transtornos de ansiedade e identificar opções de tratamento mostrou que a intervenção foi eficaz no tratamento de transtornos de ansiedade em 78,11% dos estudos analisados, reduzindo significativamente outras condições clínicas, como emergências, cirurgiões, procedimentos odontológicos  e o uso de substâncias ilegais (MENDANHA; BERNARDES, 2018).

Da mesma forma, outro estudo que avaliou o efeito da terapia auricular na redução da ansiedade durante o parto constatou que 34 das 102 mulheres participantes do grupo de intervenção experimentaram 120 minutos de tratamento a menos que as dos grupos controle e placebo  e apresentaram 100% de ansiedade em comparação com o grupo de controle (FRANCISCO et al., 2020).

Outro estudo avaliou o efeito da auriculoterapia na redução da ansiedade e no controle da dor durante a extração dentária e constatou que o uso de sementes de mostarda, uma sessão e estimulação por cinco dias, resultou em redução da ansiedade comparável ao midazolam,  mas os sem  efeitos adversos da classe benzodiazepínicos (MENDANHA; BERNARDES, 2018).

A esse respeito, uma revisão sistemática concluiu que não há consenso sobre o número de sessões de auriculoterapia para transtornos de ansiedade. Em média, foram apresentadas 11 sessões, variando de 1 a 24, entretanto, analisando a literatura existente, ainda é impossível explicar com precisão o número e a frequência dos programas de terapia de pontos auriculares para o tratamento da ansiedade, portanto, recomenda-se mais pesquisas a fim de definir um protocolo que possa garantir a eficácia dessa técnica com um número mínimo de intervenções (CORRÊA et al., 2020).

3.3 A AURICULOTERAPIA NO TRATAMENTO COMPLEMENTAR DA  ANSIEDADE EM ESTUDANTES LGBTQIA+

Conforme mencionado anteriormente, Corrêa et al. (2020) afirma que a elevada demanda por atendimento psicoterapêutico é condizente com a exposição diária dos estudantes LGBT a diversas formas de violência social (LGBTfobia).

Para pensar a saúde mental dos discentes LGBTQIA+, é importante analisar o panorama histórico do Brasil de forma reflexiva e, sendo assim, destacar as intervenções necessárias hoje levando em consideração esse passado (MENDANHA; BERNARDES, 2018). O país foi colonizado por um padrão patriarcal extremamente religioso, o que impactou na forma como as pessoas percebem e tratam as outras. Esse contexto ainda afeta a saúde mental da população, principalmente das pessoas LGBTQIA+, até os dias de hoje.

Como resultado da pressão social atual, algumas pessoas podem desenvolver emoções, comportamentos e pensamentos negativos sobre a sua orientação sexual, negando-a em algumas situações, e é sobre essa hipótese que este artigo se debruçará.

Nesse contexto social, as necessidades dos estudantes LGBTs contribuem para melhorar sua saúde mental, bem-estar e qualidade de vida. Albuquerque, Botelho e Rodrigues (2019) identificaram uma elevada demanda por serviços de psicoterapia entre minorias sociais, com foco em pessoas queer.

Como justificativa para a busca, apontam a enorme quantidade de discriminação e LGBTfobia que essa população vivencia diariamente. Mais recentemente, em 2020, o Ministério da Saúde  divulgou uma pesquisa em que houve um aumento de aproximadamente de 30% no número de pessoas que procuraram psicoterapia no Brasil (MOREIRA; FROIS; ORNELAS, 2022).

O tratamento para ansiedade, estresse ou burnout está usualmente relacionado a medicamentos ansiolíticos, calmantes e antidepressivos, que podem ser associados a abordagens psicológicas, como psicoterapias comportamentais e interpessoais. Os medicamentos geram efeitos colaterais, requerem adesão no uso e predispõem o indivíduo a recaídas (MUNHOZ et al., 2022), portanto, é fundamental a utilização de estratégias de intervenção não farmacológicas complementares que visem minimizar os danos e seu impacto na saúde dos indivíduos. Nesse contexto, Oliveira et al. (2021) afirmam em seu estudo que a auriculoterapia empregada de forma integrativa e complementar tem se mostrado eficaz no tratamento de distúrbios físicos, mentais e emocionais na população LBGTQIA+.

Desde a Grécia, a auriculoterapia inclui técnicas complementares de tratamento preventivo e curativo para a saúde, atuando no sistema nervoso central por meio de pontos reflexos na orelha. A estimulação mecânica da orelha na área inervada, principalmente através do ramo auricular do nervo vago, pode efetivamente aliviar os sintomas patológicos. Dessa forma, é capaz de tratar diversas doenças do corpo por meio de estímulos digitais de pressão, sementes, microesferas, cristais ou agulhas. (MOREIRA; FROIS; ORNELAS, 2022).

Sendo assim, a auriculoterapia pode ser vista como tratamento complementar de estudantes LGBTQIA+ que já fazem o acompanhamento psicoterapêutico, principalmente pelos pacientes que procuram procedimentos não invasivos no tratamento da ansiedade, pois apresenta resultados positivos em outros estudos e tem efetividade comprovada.

Potencialmente, a auriculoterapia pode ser utilizada como tratamento complementar da ansiedade nos estudantes LGBTQIA+, pois enfrentam diversas situações que podem desencadear sintomas ansiosos. Portanto, sugere-se a realização de ensaios clínicos com alto rigor metodológico para avaliar o uso da auriculoterapia no tratamento da ansiedade na população mencionada, visto que abordar a ansiedade pode trazer benefícios para essa população, como melhorar os resultados de convívio familiar, social e profissional, reduzir as taxas de depressão e suicídios e criar um ambiente que promova a saúde mental.

4. RESULTADOS

Figura 1 – Fluxograma de artigos

Fonte: próprio autor.

Tabela 1 – Principais resultados dos artigos selecionados para pesquisa

Título Método Autores,        ano     de

publicação e país

Principais resultados
ARTIGO I Eficácia da auriculoterapia na redução da ansiedade em estudantes de enfermagem. Ensaio

clínico randomizado

Prado, Kurebayashi e  Silva, 2012, Brasil Este ensaio clínico randomizado simples-cego verificou níveis de ansiedade dos estudantes de enfermagem de nível médio da Escola de Enfermagem São Joaquim, do Hospital Beneficência Portuguesa, e a eficácia da auriculoterapia na redução desses níveis. Foi aplicado o inventário de ansiedade traço-estado no início, após 8 e 12 sessões e no follow-up (quinze dias).
ARTIGO II Auriculoterapia para tratamento da ansiedade em estudantes universitários: revisão sistemática Revisão sistemática  Silva et al., 2021, Brasil. O objetivo desse trabalho foi sintetizar as evidências disponíveis na literatura científica sobre o uso da auriculoterapia no tratamento da ansiedade em estudantes universitários.
ARTIGO III  O ensino de auriculoterapia para estudantes de medicina da Universidade Federal do Acre Revisão narrativa Silva-Nunes, Dantas e Dib, 2020, Brasil. Este presente estudo objetivou descrever e discutir a experiência que foi implementar o ensino de auriculoterapia para os alunos de medicina participantes da Liga Acadêmica de Práticas Integrativas e Tradicionais em Saúde – LAPITS da Universidade Federal do Acre

Tabela 1 – Principais resultados dos artigos selecionados para pesquisa

(continuação)

Título Método Autores, ano  de

publicação e país

Principais resultados
ARTIGO IV A utilização da auriculoterapia no tratamento da ansiedade: revisão integrativa em múltiplos casos. Revisão integrativa Passos e Pereira (2022), Brasil. Este estudo objetivou analisar os registros acadêmicos que buscaram relacionar a auriculoterapia ao tratamento da ansiedade em caráter experimental.
ARTIGO V Transtorno de ansiedade social e a  não aceitação da  homossexualidade: revisão narrativa. Revisão narrativa Mendanha e Bernardes, (2018), Brasil. Esta pesquisa é uma revisão  bibliográfica narrativa que busca compreender uma  possível amplificação dos prejuízos dos sintomas do transtorno de ansiedade  social (TAS) em relação a  não aceitação da homossexualidade masculina por parte de

pacientes homossexuais masculinos

ARTIGO VI Ansiedade em minorias sexuais e de gênero: uma revisão integrativa. Revisão integrativa Francisco et al. (2020), Brasil. Este estudo objetivou evidenciar os fatores predisponentes relativos à ansiedade em minorias sexuais e de gênero

na literatura.

ARTIGO VII AMARÉ: um app

de psicoterapia para pessoas  LGBTs.

Revisão narrativa Silva et al. (2022b), Brasil. Este trabalho relata um projeto de design que teve como objetivo

desenvolver o protótipo de um aplicativo                   de  psicoterapia para pessoas LGBT.

ARTIGO VIII Atenção integral à saúde da

população LGBT: experiência de educação em saúde com agentes comunitários na atenção básica

Relato de experiência Albuquerque, Botelho e

Rodrigues (2019),  Brasil.

O motivo deste trabalho foi de relatar uma experiência de educação em saúde com agentes comunitários de saúde acerca da saúde da população LGBT na atenção básica

Tabela 1 – Principais resultados dos artigos selecionados para pesquisa

(conclusão)

Título Método Autores, ano  de

publicação e país

Principais resultados
ARTIGO IX Saúde mental na população LGBTQIA+: o papel da relação  familiar. Revisão integrativa Moreira, Frois e Ornelas (2022),  Brasil. A proposta deste trabalho é pensar e discutir sobre as relações na sociedade para  além da heteronormatividade, os impactos que o preconceito gera na vida dos indivíduos  e a atuação da psicóloga

para além da clínica.

ARTIGO X Efeitos da auriculoterapia no estresse e na ansiedade em estudantes universitários Estudo clínico experimental Moura e Porto (2019), Brasil. O objetivo deste estudo é avaliar os efeitos da auriculoterapia no estresse e na ansiedade em estudantes universitários da ULBRA. Trata-se de um estudo do tipo analítico, observacional, descritivo e experimental, com abordagem quantitativa.
ARTIGO XI Auriculoterapia: evidências científicas sobre a sua eficácia em casos de ansiedade e depressão

 

Revisão integrativa Silva et al. (2022a), Brasil. Os resultados dos estudos levantados demonstraram dados estatísticos significativos nos quadros de depressão e ansiedade em diferentes sujeitos e cenários

Fonte: próprio autor.

Apesar de não ter sido encontrado nenhum artigo que aborde diretamente a temática da auriculoterapia como tratamento complementar da ansiedade em estudantes LGBTs, foram encontrados artigos que comprovam a eficácia da auriculoterapia em quadros de pacientes com ansiedade e estresse e  estudos que abordam a importância do acompanhamento terapêutico para os estudantes e a relação com a identidade de gênero/orientação sexual.

Cinco dos onze artigos selecionados (SILVA et al., 2021; PASSOS; PEREIRA, 2022; PRADO; KUREBAYASHI e  SILVA, 2012; MOURA E PORTO, 2019; SILVA et al. 2022a) abordaram a auriculoterapia como tratamento eficaz da ansiedade, demonstrando a efetividade dessa terapia com técnicas não invasivas no público de estudo desse artigo.

Os últimos seis artigos restantes (MENDANHA; BERNARDES, 2018; FRANCISCO, et al., 2020; SILVA et al., 2022b; ALBUQUERQUE; BOTELHO; RODRIGUES, 2019; MOREIRA; FROIS; ORNELAS, 2022; SILVA-NUNES; DANTAS e DIB, 2020) explicitam as causas, as origens e a importância da psicoterapia em pessoas da comunidade LGBTQIA+ de forma objetiva, e um desses artigos (ALBUQUERQUE; BOTELHO; RODRIGUES, 2019) trata o quadro da ansiedade como caso de saúde pública e educação em saúde da população LGBT na atenção básica.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Apesar de milhares de anos de conhecimento e prática oriental na medicina tradicional chinesa, como demonstra esta revisão, pouco se sabe, se pesquisa e se produz sobre  o uso de pontos auriculares como tratamento complementar para transtornos de ansiedade em estudantes LGBTQIA+. No Brasil, apesar de as práticas integrativas terem sido normatizadas pelo Ministério da Saúde, ainda existem poucos profissionais que são habilitados e qualificados para realizá-las.

Dessa forma, ainda existe a necessidade de se ampliar as pesquisas para diversificar o tratamento dos transtornos de ansiedade com o uso da auriculoterapia de forma complementar na população-alvo. Conclui-se que, apesar de ser uma técnica de simples aplicação, baixo custo e com evidências de sua efetividade, ainda é pouco explorada e tem grande potencial para o desenvolvimento de novas pesquisas  visando o tratamento do transtorno de ansiedade por meio de terapia não farmacológica.

REFERÊNCIAS

ALBUQUERQUE, Grayce Alencar et al. Violência psicológica em lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais no interior do Ceará, Brasil. Saúde em debate,  v. 40, p. 100-111, 2016.

ALBUQUERQUE, Mário Roberto Tavares Cardoso de; BOTELHO, Nara Macedo; RODRIGUES, Cybelle Cristina Pereira. Atenção integral à saúde da população LGBT: experiência de educação em saúde com agentes comunitários na atenção básica. Revista Brasileira de Medicina de Família e Comunidade, Rio de Janeiro,  v. 14, n. 41, p. 1758-1758, 2019.

ARAÚJO, Álvaro Cabral; NETO, Francisco Lotufo. A nova classificação americana para os transtornos mentais–o DSM-5. Revista Brasileira de Terapia Comportamental e Cognitiva,  v. 16, n. 1, p. 67-82, 2014.

BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº 971, de 03 de maio de 2006. Aprova a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC) no Sistema Único de Saúde. Brasília: Diário Oficial da União, 2018. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2006/prt0971_03_05_2006.html. Acesso em: 07 abr. 2023.

CEARÁ, Alex de Toledo; DALGALARRONDO, Paulo. Transtornos mentais, qualidade de vida e identidade em homossexuais na maturidade e velhice. Revista de Psiquiatria Clínica, 2018.

CORRÊA, Hérica Pinheiro et al. Efeitos da auriculoterapia sobre o estresse, ansiedade e depressão em adultos e idosos: revisão sistemática. Revista da Escola de Enfermagem da USP, v. 54, p. e03626, 2020.

FRANCISCO, Leilane Camila Ferreira de Lima et al. Ansiedade em minorias sexuais e de gênero: uma revisão integrativa. Jornal Brasileiro de Psiquiatria, v. 69, n.01, p. 48-56, 2020.

KUREBAYASHI, Leonice Fumiko Sato et al. Auriculoterapia para redução de ansiedade e dor em profissionais de enfermagem: ensaio clínico randomizado. Revista Latino-Americana de Enfermagem, v. 25, 2017.

MENDANHA, Ana Claudia Tibães; BERNARDES, Luiz Antonio. Transtorno de ansiedade social e a não aceitação da homossexualidade: revisão narrativa. Pretextos – Revista da Graduação em    Psicologia da PUC Minas, v. 3, n. 6, p. 132-152, jul./dez 2018.

MOREIRA, Marco Antonio Neves do Prado; FROIS, Jerusa Magna Ferreira; ORNELAS, Camila de Oliveira Costa. Saúde mental na população LGBTQIA+: o papel da relação familiar. 2022. 45f. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em Psicologia) – Centro Universitário UNA, Betim, MG, 2022.

MOURA, Luan da Silva; PORTO, Daniela Veber Gularte. Efeitos da auriculoterapia no estresse e na ansiedade em estudantes universitários. Anais do Seminário Internacional de Educação (SIEDUCA), v. 4, n. 1, 2019.

MUNHOZ, Oclaris Lopes et al. Efetividade da auriculoterapia para ansiedade, estresse ou burnout em profissionais da saúde: metanálise em rede. Revista Latino-Americana de Enfermagem, v. 30, p. e3709, 2022.

OLIVEIRA, Cristiana Mattos Camargos de et al. Auriculoterapia em profissionais de enfermagem na pandemia do coronavírus: estudo de casos múltiplos. Revista Eletrônica de Enfermagem, Goiânia, Goiás,  Brasil, v. 23, p. 1-9, 2021.

OPAS – ORGANIZAÇÃO PAN-AMERICANA DA SAÚDE; OMS – ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. Aumenta o número de pessoas com depressão no mundo. OPAS/OMS,  2017. Disponível em: https://www.paho.org/pt/noticias/23-2-2017-aumenta-numero-pessoas-com-depressao-no-mundo. Acesso em: 07 abr. 2023.

PASSOS, Fernanda Teixeira; PEREIRA, Claudia Dayube. A utilização da auriculoterapia no tratamento da ansiedade: revisão integrativa em múltiplos casos. REVISE – Revista Integrativa em Inovações Tecnológicas nas Ciências da Saúde, v. 9, p. 392-407, 2022.

PRADO, Juliana Miyuki do; KUREBAYASHI, Leonice Fumiko Sato; SILVA, Maria Júlia Paes da. Eficácia da auriculoterapia na redução da ansiedade em estudantes de enfermagem. Revista da Escola de Enfermagem da USP , v. 46, p. 1200-1206, 2012.

SILVA, Eduardo Viana da et al. Auriculoterapia: evidências científicas sobre a sua eficácia em casos de ansiedade e depressão. Revista Eletrônica Acervo Saúde, v. 15, n. 1, p. e9505-e9505, 2022a.

SILVA, Erichk Armondes da et al. Amaré: um app de psicoterapia para pessoas LGBTs. Projeto de Conclusão de Curso (Graduação em Design) – Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, SC, 2022b.

SILVA, Lara dos Santos et al. Auriculoterapia para tratamento da ansiedade em estudantes universitários: revisão sistemática. Revista Eletrônica Acervo Saúde, v. 13, n. 12, p. e9507-e9507, 2021.

SILVA-NUNES, Mônica da; DANTAS, Thais Caroline Batista; DIB, Gustavo Gomes. O ensino de auriculoterapia para estudantes de medicina da Universidade Federal do Acre. Communitas, v. 4, n. 8, p. 285-293, 2020.

[1] Mestrando em Ciências da Saúde pela Universidade Federal do Amapá; Especialista em Hematologia pela União Brasileira de Faculdades; Graduado em Bacharelado em Biomedicina pela Faculdade de Macapá; Graduado em Licenciatura em Pedagogia pela Universidade Cidade de São Paulo; Graduado em Licenciatura em Ciências Biológicas Universidade Cidade de São Paulo e Graduando em Bacharelado em Medicina pela Universidade Federal do Amapá. ORCID: 0000-0003-0424-6852. CURRÍCULO LATTES: http://lattes.cnpq.br/1015801809395941.

[2] Orientador. ORCID: 0000-0002-6854-3605.

Enviado: 26 de janeiro, 2023.

Aprovado: 10 de março, 2023.

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Wenderson Picanço Custódio

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