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Caracterização de agravos à saúde do idoso em um serviço móvel de urgência: revisão de literatura

RC: 147056
355
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DOI: 10.32749/nucleodoconhecimento.com.br/saude/agravos-a-saude-do-idoso

CONTEÚDO

ARTIGO ORIGINAL

SANTOS, Maria Carolina Salustino dos [1], SILVA, Maria Beatriz de Andrade [2], RAMALHO, Juliana Paiva Góes [3], MELO, Maria Raquel Thomaz Tertuliano de [4], OLANDA, Débora Evelly da Silva [5], MIRANDA, Allana Petrúcia Medeiros de [6], COSTA, Marcele Ferreira da [7], SOUSA, Edilma Magda de [8], MARQUES, Maria Lúcia Fernandes de Carvalho [9], SANTOS, Wallison Pereira dos [10], SILVA, Juçara Elke Lourenço da [11], SALDES, Alessandra Aparecida de [12], MACÊDO, Ingryd Karollyne Vilar Ferreira [13], GOMES, Damiana Cristina Rodrigues [14], COELHO, Gleciane de Paulo [15], FERREIRA, Jéssica Leny Gomes [16]

SANTOS, Maria Carolina Salustino dos. et al. Caracterização de agravos à saúde do idoso em um serviço móvel de urgência: revisão de literatura. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano. 08, Ed. 07, Vol. 06, pp. 05-18. Julho de 2023. ISSN: 2448-0959, Link de acesso: https://www.nucleodoconhecimento.com.br/saude/agravos-a-saude-do-idoso, DOI: 10.32749/nucleodoconhecimento.com.br/saude/agravos-a-saude-do-idoso

RESUMO

A visível elevação da população idosa faz necessário o desenvolvimento da assistência qualificada de urgência e emergência a esses indivíduos, visto que, a grande maioria possui comorbidades relacionadas às doenças crônicas degenerativas. O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) objetiva assegurar um atendimento precoce, rápido e adequado. Nesse sentido, esse estudo teve como objetivo: Analisar as evidências científicas acerca dos agravos comuns que mais acometem a pessoa idosa atendida pelo SAMU. Para conseguir realizar a análise e discussões acerca da temática, foi desenvolvida uma pesquisa do tipo ensaio teórico, obedecendo às etapas: formulação do problema da pesquisa; estabelecimento dos critérios para inclusão ou exclusão dos estudos encontrados nas bases disponíveis; definição das informações a serem extraídas dos artigos selecionados; avaliação dos dados; interpretação dos resultados e apresentação final. A pesquisa foi efetuada por meio de um levantamento de dados e busca bibliográfica nas bibliotecas e bases de dados: BVS, BDENF, LILACS e SCIELO. A seleção das produções científicas considerou estudos publicados entre 2010-2020; nos idiomas português, inglês e espanhol; ser realizado com pessoas de 60 anos ou mais; devendo se tratar do atendimento de urgência e emergência e pré-hospitalar móvel. Foi apontado que todos os estudos são brasileiros, sendo a maioria no campo da enfermagem, os agravos mais evidentes foram os traumáticos e relacionados às condições clínicas, principalmente do sexo feminino e entre as idades de 60 e 79 anos. As análises das leituras demonstraram a preocupação dos autores quanto ao conhecimento dos profissionais do setor de urgência e emergência acerca da geriatria e gerontologia, fator que interfere diretamente na assistência prestada, motivo que ressalta a importância de uma reeducação dos profissionais de saúde acerca de uma assistência segura.

Palavras-chave: Idoso, Assistência à Saúde, Atendimento Pré-Hospitalar, Serviços Médicos de Emergência, Serviços de Saúde para Idosos.

INTRODUÇÃO

Estima-se que o grupo de pessoas com 60 anos ou mais, é mais crescente do que o grupo etário dos jovens, com um desenvolvimento de 3% ao ano, no qual se estima para 2030 alcançar uma marca de 1,4 bilhões; em 2050, 2,1 bilhões e em 2100, 3,1 bilhões de idosos (UNRIC, 2019).

Conforme projeções do IBGE a estimativa é de que haverá 51,9 idosos para cada 100 pessoas em idade ativa (IBGE, 2018). A Organização das Nações Unidas (ONU) menciona que as pessoas estão vivendo mais, isso significa que cada vez mais, haverá aumento na expectativa de vida. As estatísticas refletem que países como Espanha, Suíça e Itália, suas populações podem chegar a uma média de 82 anos de idade. No Brasil a expectativa é de alcançar os 75 anos de idade (UNIC 2016).

O processo de envelhecimento engloba modificações morfológicas, anatômicas e fisiológicas, que influenciam no processo de saúde ou doença do idoso. À medida que essa fase se acentua, surgi as condições comuns a esse ciclo como: perdas auditivas e oftálmicas, dor osteoarticular, déficits cognitivos e funcionais, entre outros fatores (WHO, 2018). Ademais, as Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT) são caracterizadas por múltiplos fatores de risco, longos períodos de latência, curso prolongado, origem não infecciosa e por estarem associadas a deficiências e incapacidades funcionais (LIMA et al., 2018).

As DCNT são predominantes nas pessoas idosas e segundo estimativas do Ministério da Saúde (MS), entre as pessoas idosas, 27,1% são diabéticos; 57,1% hipertensos; 18,7% obesos e 66,8% têm excesso de peso.  Sabendo disto, esses problemas também são responsáveis por mais de 70% dos óbitos nesse grupo etário no país (BAUMGARTEL et al., 2017).

O avanço da expectativa de vida é notório, caracterizando-se pela independência social, funcional, gerando maior participação das pessoas idosas na sociedade. Entretanto, proporcionando algumas exposições passíveis de ocorrências traumáticas, dentre essas, encontra-se a queda, tendo como principal causa o Trauma Crânio Encefálico (TCE) (PATRÍCIO et al., 2016; GIULI et al., 2015).

Para assistir essa demanda, foi criado o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU). É um atendimento fora do âmbito hospitalar, acessado pelo número “192” e acionado por uma Central de Regulação das Urgências, reduzindo a morbimortalidade, disponibilizado à vítima nos minutos iniciais em que sofreu um agravo à sua saúde. Assegurando atendimento precoce e transporte adequado, rápido e resolutivo às vítimas acometidas por agravos à saúde de natureza clínica, cirúrgica, gineco-obstétrica, traumática e psiquiátrica por meio do envio de veículos ocupados por uma equipe formada por médicos, enfermeiros, auxiliares de enfermagem e condutores socorristas (BRASIL, 2014).

O atendimento prestado pelo SAMU se inicia com base em uma inspeção geral da vítima. O indivíduo vai monitorado simultaneamente seguindo as seguintes etapas: A (Tratamento da via aérea e estabilização da coluna cervical); B (Ventilação); C (Hemorragia e Circulação); D (Disfunção Neurológica); e E (Exposição e Ambiente) (PHTLS, 2016).

Considerando a necessidade do cuidado com a população idosa, a indicação de algumas exigências quanto à assistência dessas pessoas no âmbito da urgência e emergência é de suma importância tendo em vista propiciar um atendimento de qualidade para este grupo etário (SILVA; PESSOA; MENEZES, 2016).

Esta pesquisa foi norteada pela seguinte questão: Quais as evidências científicas sobre os agravos comuns que acometem as pessoas idosas atendidas pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência? Este trabalho tem o objetivo de analisar as evidências científicas acerca dos agravos comuns que mais acometem a pessoa idosa atendida pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência.

MÉTODO

Este artigo trata-se de um Ensaio Teórico, onde se possibilita a junção de múltiplos estudos no intuído de concluir de forma geral um assunto específico de forma sistemática, ordenada e abrangente. A pesquisa respeitou as seguintes etapas: (i) formulação do problema da pesquisa; (ii) estabelecimento dos critérios para inclusão ou exclusão dos estudos encontrados nas bases consultadas; (iii) definição das informações a serem extraídas dos artigos selecionados; (iv) avaliação dos dados; (v) interpretação dos resultados; e (vi) apresentação final ou síntese do conhecimento analisado (MENDES; SILVEIRA; GALVÃO, 2019).

Foram realizadas buscas em 4 bases de dados: Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências e Saúde (LILACS), Base de Dados em Enfermagem (BDENF) e MEDLINE por meio do portal da Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) e no banco de dados do Scientific Electronic Library Online (SCIELO). Para a busca foram utilizados os descritores oficiais, em português, disponibilizados pela interface da plataforma dos Descritores em Ciências da Saúde (DeCS) e Medical Subject Headings (MESH): Emergências, Idoso, Assistência à Saúde, Atendimento Pré-Hospitalar, Serviços Médicos de Emergência e Serviços de Saúde para Idosos, os quais serão interligados pelo operador booleano “AND” para favorecer a busca dos estudos.

Para a seleção das produções científicas, o pesquisador obedeceu aos seguintes critérios de inclusão: estudos de diferentes abordagens metodológicas publicados entre o período de 2010 a 2020, sem restrições idiomáticas, disponíveis para download, ter como amostra indivíduos de 60 anos ou mais e ter informações relevantes sobre atendimento de urgência e emergência e pré-hospitalar móvel. Como critérios de exclusão encontram-se: os estudos voltados a outro tipo de assistência referente a outras faixas etárias, teses, dissertações e monografias. Após a aplicação dos critérios de inclusão/exclusão, foram selecionados 11 artigos para compor o objeto de estudo da presente pesquisa, destes estudos incluídos, 5 são da LILACS, 3 da BDENF e 3 da SCIELO.

Os resultados estão apresentados em 2 quadros para organização, apresentação e análise das produções científicas selecionadas. Em seguida, discutidos com as literaturas pertinentes. Foram elaborados dois quadros com base na síntese dos estudos, conforme a organização dos dados contendo os itens: autores, ano, área de atuação, País/Idioma, autores, objetivo, agravos, sexo, faixa etária e principal conclusão de cada estudo.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Para a caracterização dos estudos selecionados, cada produção recebeu um código denominado pela letra E (estudo), seguida do número, conforme apresentado no quadro 1.

QUADRO 1 – Características das Publicações acerca do tema em estudo, no que se refere aos Autores, Área de Atuação, Ano e País/Idioma:

Autores Área de Atuação Ano País/Idioma
E1 Vieira LF, Neto CD, Sogame LCM. Enfermagem/Medicina 2019 Brasil/Português
E2 Franklin TA. et al.

 

Enfermagem 2018 Brasil/Português
E3 Rodriguez GCB. et al. Enfermagem 2018 Brasil/Português
E4 Soares MKPS. et al. Enfermagem 2018 Brasil/Português
E5 Santos AM, Rodrigues RA, Diniz MA. Enfermagem 2017 Brasil/Português
E6 Silva HC, Pessoa RD, Menezes RM. Enfermagem 2016 Brasil/Português
E7 Patrício AC. et al. Enfermagem 2016 Brasil/Português
E8 Camacho AC, Tenório DM. Enfermagem 2015 Brasil/Português
E9 Gonsaga RA. et al. Medicina 2015 Brasil/Português
E10 Morais DA, Carvalho DV, Correa AD. Enfermagem 2014 Brasil/Português
E11 Barros MAA. et al. Enfermagem 2013 Brasil/Português

Fonte: Elaborado pela autora, 2023.

No que diz respeito à área de atuação dos estudos encontrados para análise, (10) encontra-se no campo da Enfermagem e (2) no de Medicina. Quanto às publicações por periódico, foi identificado maior número (03) na Revista de Pesquisa: Cuidado é Fundamental Online; (02) Textos & Contextos; (02) Revista Latino-Americana de Enfermagem; (01) Revista de Enfermagem UFPE Online; (01) Revista de Enfermagem UERJ; (01) Revista Nursing; (01) Revista Brasileira de Geriatria e Gerontologia. O ano de publicação foi notório a constância de estudos realizados sobre a temática a partir do ano de 2013. A maioria está inserida na área da enfermagem.

QUADRO 2 – Apresentação das Publicações segundo os seus objetivos, agravos, sexo, faixa etária e principal conclusão do estudo:

Objetivos Agravos Sexo Faixa etária Principal conclusão do estudo
E1 Objetiva-se uma reflexão acerca da violência e acidente contra idosos. Queda, acidentes e violência. (56%) Masculino A maioria (65%) entre 60 e 79 anos e 56% masculino Treinamento para os profissionais do SAMU. Um profissional bem instruído tem um olhar mais acurado para identificar sinais de abuso e violência.
E2 Analisar as características do atendimento do SAMU aos idosos envolvidos em queda no ano de 2013. Queda da própria altura (escada, cama, cadeira). (68,3%) Feminino A maioria (43,7%) acima dos 80 anos Há a necessidade de novas pesquisas epidemiológicas referentes ao serviço pré-hospitalar com relação ao atendimento ao idoso, ações da atenção básica abordando fatores de risco de quedas e fundamentação das políticas públicas e prevenções de quedas em idosos.
E3 Caracterizar as vítimas de emergências clínicas, atendidas por um serviço pré-hospitalar móvel de urgência do estado do Rio Grande do Norte. Afecções: neurológicas, cardiovasculares, respiratória, metabólica, gastrointestinal, renal, oncológico. (50,7%) Masculino Predomínio de acima de 67 anos Os tipos de eventos clínicos encontrados quando analisados, podem auxiliar os profissionais na construção de um planejamento mais adequado para a melhoria do atendimento.
E4 Caracterizar as condições sociodemográficas e da saúde dos usuários atendidos pelo SAMU 192 RN. Eventos externos (colisões, quedas, atropelamentos) e evento clínico (afecções neurológicas e cardiovasculares). (64,6%) Masculino Idade variou entre 18 e 67 anos Importância da educação permanente de novas pesquisas epidemiológicas referentes ao serviço pré-hospitalar com relação ao atendimento ao idoso, ações de atenção básica abordando fatores de risco de quedas e fundamentação das políticas públicas e prevenções a quedas em idosos.
E5 Analisar o trauma por acidente de trânsito no idoso atendido em um hospital municipal de referência em urgência. Causas externas: (acidentes com pedestres). (69,1%) Masculino A maior parte (93,7%) entre 60 e 79 anos Entender o trauma na população idosa pode proporcionar à equipe de saúde, na qual a enfermagem está incluída, planejar estratégias para proporcionar um cuidado mais específico a essa população, contribuindo para a prevenção desses eventos.
E6 Identificar a prevalência do trauma em idosos e como ocorre seu aceso ao sistema de saúde pelo atendimento pré hospitalar móvel. Queda, acidentes de trânsitos, violência e queimaduras. (52,24%) Feminino A maioria entre 70 e 79 anos A equipe de enfermagem necessita estabelecer ações específicas de entendimento ao idoso, já que o primeiro atendimento é um dos maiores definidores de prognóstico da vítima de trauma. Importante planejar.
E7 Investigar agravos à saúde que acometem idoso, envolvendo a prestação de socorro pelo atendimento pré- hospitalar móvel na cidade de João Pessoa –PB. Clinica (Hipertensão arterial; infarto cerebral; hipoglicemia; anginaespectores; hipotensão), traumática (quedas), psiquiátrica (convulsões, episódios depressivo, esquizofrenia). (54,6%) Feminino A média de idade 75 anos Espera-se que o estudo possa consubstanciar medidas de intervenções específicas direcionadas a assistência prestada ao idoso, um caminho para a promoção da saúde, implementação de ações preventivas destas ocorrências, visto que grande parte delas são passíveis de prevenção.
E8  Identificar os principais agravos á saúde do idoso no serviço de emergência. Doenças de base: Câncer; Hipertensão Arterial Sistêmica; Cardiopatias e Diabetes Mellitus. (65%) Feminino A maioria (70%) entre 60 e 79 anos Conhecer os fatores geradores de agravos que ocorrem na emergência com idoso torna-se extremamente relevante e, essencial, mais ainda para a enfermagem que tem um olhar holístico.
E9 Descrever os atendimentos de idosos pelo serviço de atendimento móvel de urgência (SAMU). Clinica médica (cardiovasculares, neuropatias, neuropatias, neuropatias, endocrinopatias) e cirúrgicas, trauma, psiquiatria. (55%)

Feminino

A média de idade foi 74,2 anos Neste estudo ficou evidenciado que o acionamento da unidade móvel de emergência ocorria a partir de agravos clínicos agudos.

 

E10 Analisar fatores determinantes de sobrevida imediata de pessoas que receberam manobras de RCP pelas equipes de suporte avançado do SAMU de Belo Horizonte. Doenças de base: hipertensão arterial sistêmica, diabetes mellitus, cardiopatia; fatores de riscos presentes: tabagismo e etilismo. (58,9%) Masculino (75%) até 69 anos Esses achados confirmam a importância de se ter um serviço de atendimento pré-hospitalar bem organizado, estruturado com equipes capacitadas.
E11 Caracterizar os principais agravos que acometem a população idosa em um serviço pré-hospitalar móvel no minucio de João Pessoa – PB, e verificar o atendimento prestado a esses idosos. Clínicas (rebaixamento do nível de consciência, crise hipertensiva e dor precordial) e traumática (queda da própria altura, atropelamento e acidente automobilístico). (53,2%) Feminino Acima de 60 anos A assistência pré-hospitalar móvel oferecida a pacientes idosos demanda abordagens criteriosas. Constatou-se carência de planejamento específico para o público em questão e a inexistência de fluxos específicos de atendimento diante da crescente necessidade de abordagens preventivas para os idosos vitimados.

Fonte: Elaborado pela autora, 2023.

Os estudos analisados na revisão demonstraram que o perfil dos agravos que acometem mais os idosos são os traumáticos e os relacionados às condições clínicas, diretamente vinculadas às doenças de base, tais como: Hipertensão, Doenças Cardiovasculares, Doenças Metabólicas e outras. No entanto, observa-se de forma muito significativa a presença de quedas nessa população.

Sabe-se que nessa faixa etária, a pessoa passa por mudanças anatômicas estruturais, fisiológicas e psicológicas, que variam de um indivíduo para outro. No entanto, os fatores intrínsecos, podem ser agravados pelos fatores extrínsecos, tornando o idoso mais vulnerável, a ocorrência de quedas e fraturas (SILVA; PESSOA; MENEZES, 2016).

Ao constatar prevalência da queda, indica-se o predomínio desse evento em mulheres, relacionando-o a diversos fatores, tal como maior grau de fragilidade óssea atrelado à osteoporose, as alterações hormonais do período pós-menopausa onde há decrescimento dos níveis de estrogênio, agregada as alterações no organismo (SILVA; PESSOA; MENEZES, 2016).

Além destes estudos houve também a prevalência nesta pesquisa, o qual apontava que a maioria das quedas ocorridas foi da própria altura, considerando-se um problema de saúde pública, tendo em conta o elevado número de casos (BARROS et al., 2013).

Complementando sobre os fatores frente à queda, Vieira e Santos apontam o ambiente domiciliar como um dos locais que mais ocasionam esse evento (VIEIRA; NETO; SOGAME, 2019). O domicílio precisa ser observado, já que muitas mulheres idosas ficam restritas nesse ambiente. Outro fator que colabora para a queda são os fármacos, que em algumas pessoas pode ocasionar eventos adversos, como também, as alterações fisiológicas comuns ao período da vida, devido à redução da força e do equilíbrio (FRANKLIN et al., 2018; RODRIGUES et al., 2018; VIEIRA; NETO; SOGAME, 2019).

Em contrapartida, constatou-se que os idosos do sexo masculino possuem uma maior vulnerabilidade quanto aos acidentes de trânsito devido a uma maior exposição no perímetro urbano, pelas práticas de lazer e o mercado de trabalho (GONSAGA et al., 2015).

Relacionando a queda e faixa etária, o estudo de Patrício et al. (2016) afirmam que este problema varia de (34%) entre idosos com 65 e 80 anos, (45%) entre 80 e 89 anos e (50%) acima de 90. Tal fato pode ser correlacionado a complicações das doenças crônicas, elevando-se o risco nesta idade (CAMACHO; TENÓRIO, 2015).

Associado a estas implicações, (Soares et al. (2018) advertem nos principais resultados da sua pesquisa, para os acidentes de trânsito. Em seu estudo (62,9%) dos usuários foram vítimas desse problema.  O ambiente é um fator de alta relevância, e quando associado a outros fatores intrínsecos como déficit da acuidade visual, auditiva, incapacidade física e cognitiva, incorporada a um planejamento urbano inadequado, irá atingir de forma negativa a mobilidade do idoso contribuindo para maior risco de acidentes (SOARES et al., 2018; FREITAS et al., 2015).

Aliado a esse risco, o processo de envelhecimento em muitos idosos é permeado por doenças de base crônicas, entre elas, as doenças cardiovasculares, os diabetes mellitus e a hipertensão arterial, sendo estas bastante prevalentes nos idosos (CAMACHO; TENÓRIO, 2015).

Em conformidade a afirmação citados anteriormente, Pedrosa et al. (2013) e Morais; Carvalho; Correa (2014) denotam que a saúde da população está sendo marcada pela supremacia das doenças crônicas, estabelecida por quatro pilares que permite a maior inserção das condições de saúde na vida do indivíduo, são elas: o aumento da transição demográfica, que eleva o envelhecimento da população; a transição nutricional que oportuniza o sobrepeso e obesidade; a transição tecnológica, que são manuseadas de maneira irracional, devido ao alto consumo; e a transição epidemiológica, que conduz à tripla carga de doenças.

Nesse sentido, as pesquisas de Patrício et al. (2016) e Morais; Carvalho; Correa (2014) demonstram respectivamente que o percentual de (71,5%) e (18,4%) são de decorrências clínicas, oriundas dos problemas citados. Com relação aos profissionais que atuam nessa área, é necessário que participem com frequência de educação permanente, mantendo-se sempre atualizados e motivados para continuarem a desenvolver um atendimento de qualidade e segurança. Diante das principais conclusões do estudo, foi notória a preocupação dos autores em relação ao conhecimento dos profissionais da área de urgência e emergência sobre as especificidades da assistência ao público idoso.

CONCLUSÃO

O estudo possibilitou identificar que os agravos mais recorrentes nas pessoas idosas, e o que os fazem procurar o serviço de Urgência e Emergências são de natureza traumática e clínica. Diante dessas problemáticas, foi gratificante perceber que as produções que compreendem este trabalho, dão ênfase à importância na qualidade da assistência à pessoa idosa, tanto no âmbito emergencial como naqueles atendimentos que envolvem a prevenção de doenças e a promoção da saúde. De forma que, quando efetuados de forma contínua, podem refletir positivamente para a diminuição dos indicadores que levam a população geriátrica necessitarem de atendimento emergencial.

Outro ponto positivo identificado na análise das leituras foi que as produções demonstram a preocupação dos autores quanto ao conhecimento dos profissionais do setor de urgência e emergência acerca da geriatria e gerontologia, fator que, interfere diretamente na assistência prestada, motivo que ressalta a importância de uma reeducação dos profissionais de saúde acerca de uma assistência segura, principalmente aos mais vulneráveis.

Aliado a isso, se vê a importância da equipe profissional ser estruturada, organizada, eficaz na promoção de medidas assistenciais e principalmente, adequada para a necessidade de tomadas de decisões do serviço pré-hospitalar.

REFERÊNCIAS

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CAMACHO A.C; TENÓRIO, D.M. Identificação dos agravos de saúde que levam os idosos ao serviço de emergência. Revista de Enfermagem UFPE on-line; 9(1): 457-465, 2015.

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FREITAS, M.G. et al. Elderly patients attended in emergency health services in Brazil: a study for victims of falls and traffic accidents. Ciência & Saúde Coletiva;20(3):701-12, 2015.

GIULI, A.E. et al. Caracterização de idosos vítimas de queimaduras internados em um centro de tratamento de queimados. Rev Bras Queimaduras. 2015; 14(4):253-256, 2015.

GONSAGA, RA. et al. Padrão e necessidades de atendimento pré-hospitalar a idosos. Revista Brasileira de Geriatria e Gerontologia. 18(1):19-28, 2015.

IBGE. Expectativa de vida; 2018.

LIMA N.S. et al. Prevalência de Doenças Crônicas Não Transmissíveis em população no assentamento da reforma agrária no Pontal do Triângulo Mineiro. Revista de Medicina e Saúde de Brasília. abr 2018;7(1):5-23.

MENDES, K.D; SILVEIRA, R.C; GALVÃO, C.M. Use of the bibliographic reference manager in the selection of primary studies in integrative reviews. Texto & Contexto – Enfermagem; 28, 2019.

MORAIS, D.A; CARVALHO, D.V; CORREA, A.D. Out-of-hospital cardiac arrest: determinant factors for immediate survival after cardiopulmonary resuscitation. Revista Latino-Americana de Enfermagem; 22(4):562-8, 2014.

PATRÍCIO, A.C. et al. Atendimento pré – hospitalar móvel: identificando agravos à saúde da pessoa idosa Mobile pre hospital attendance: identification aggravations for the elderly person. Revista de Pesquisa: Cuidado é Fundamental Online;8(2):4223, 2016.

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SANTOS, A.M, RODRIGUES, R.A; DINIZ, M.A. Trauma by traffic accident in elderly people: risk factors and consequences. Texto & Contexto – Enfermagem; 26(2), 2017.

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SOARES, M.K.P.S. et al. Profile of users attended by an emergency mobile pre-hospital service in northeastern Brazil. Revista de Pesquisa: Cuidado é Fundamental Online; 10(2):503, 2018.

UNIC Rio de Janeiro. Centro de Informação das Nações Unidas no Brasil. População idosa mais do que dobrará até 2050; 2016.

UNRIC Portugal. Centro Regional de Informação das Nações Unidas. Envelhecimento; 2019.

VIEIRA, L.F; NETO, C.D; SOGAME, L.C.M. Violências e acidentes nos idosos assistidos no atendimento pré-hospitalar no Espírito Santo, Brasil. Textos & Contextos;18(1):161-73, 2019.

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[1] Enfermeira. Mestre em Enfermagem pela Universidade Federal da Paraíba. Especialista em Obstetrícia. Doutoranda em Enfermagem pela Universidade Federal de São Paulo. Mentora da Excelência Consultoria. ORCID: https://orcid.org/0000-0002-9288-2017. Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/8470006964868046.

[2] Enfermeira. Pós-Graduada em urgência, emergência e Unidade de Terapia Intensiva. ORCID: /https://orcid.org/0009-0001-9430-9361.

[3] Mestre em Enfermagem pela UFPB. Especialista em Naturologia e Saúde Coletiva. ORCID: https://orcid.org/0000-0002-1298-249X. Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/1535329381115836.

[4] Acadêmica de Medicina. Uniceplac –Brasília. ORCID: /https://orcid.org/0009-0000-2391-9827. Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/8007533784907672.

[5] Enfermeira. Pós-graduada em urgência e emergência e Unidade de Terapia Intensiva na Faculdade Brasileira de Ensino Pesquisa e Extensão. ORCID: https://orcid.org/ 0000-0001-7415-561X. Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/1868232243320901.

[6] Enfermeira Residente no Programa Multiprofissional em Saúde da Criança da Escola de Saúde Pública da Paraíba. ORCID: https://orcid.org/0000-0002-8228-3192. Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/4851903060668293.

[7] Enfermeira. Especialista em Neonatologia e Pediatria. Especialista em Unidade de Terapia Intensiva Neonatal e Pediátrica. ORCID: https://orcid.org/ 0009-0003-8330-3591. Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/3070454861373122.

[8] Enfermeira, formada pela UEPB. Especialização em :Gerontologia pela Escola de Enfermagem da USP. Saúde da Mulher no Climatério pela Universidade Saúde Pública da USP. Preceptoria em saúde pela Escola de Saúde UFRN. ORCID: http://orcid.org/0009-0007-1620-4058. Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/2981665638944487.

[9] Enfermeira. Especialização em Enfermagem Obstétrica. Especialização em Saúde Pública. Especialização em Preceptoria em Saúde. ORCID: https://orcid.org/0000-0002-1343-1243. Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/0256480280007789.

[10] Bacharelado em Enfermagem. Especialização em Cardiologia e Hemodinâmica. Mestre em Enfermagem. ORCID: https://orcid.org/0000-0001-7992-8247. Currículo lattes: http://lattes.cnpq.br/9008209554837451.

[11] Graduação em enfermagem. Especialização em Enfermagem Obstétrica. Mestranda no Programa de Pós-graduação em Gerontologia pela UFPB. ORCID: 0000-0001-6628-4999. Currículo lattes: https://lattes.cnpq.br/4941710426446769.

[12] Enfermeira. Residente de enfermagem em Unidade de Terapia Intensiva. ORCID: 0009-0008-5735-3815. Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/1581752576166136.

[13] Enfermeira. Mestre em Enfermagem. Doutoranda em Enfermagem pela UFPB. ORCID: 0000-0002-1873-7823. Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/0688062638670651.

[14] Bacharel em Enfermagem. Especialização em Unidade de Terapia Intensiva. Atuante na Saúde da Família juntamente com promoção à saúde do idoso. ORCID: 0009-0004-1245-4162. Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/9342958091957283.

[15] Bacharel em Enfermagem. Especialista em Saúde Coletiva. Especialista em Urgência e Emergência. ORCID: 0009-0007-0696-1127. Currículo Lattes: https://lattes.cnpq.br/2732722205328135.

[16] Bacharel em Odontologia pelo Centro Universitário de João Pessoa UNIPÊ. Especialista em Prótese Dentária com aperfeiçoamento em Ortodontia. ORCID: 0000-0003-3579-427X. Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/4838546009535998.

Enviado: 9 de maio, 2023.

Aprovado: 18 de julho, 2023.

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Maria Carolina Salustino dos Santos

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