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O uso da fitoterapia para o tratamento dos sintomas do climatério

RC: 136050
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CONTEÚDO

ARTIGO DE REVISÃO

SILVA, Amanda Keiko Yamaki da [1], NEVES, Elisabete Queiróz Caldeira [2]

SILVA, Amanda Keiko Yamaki da. NEVES, Elisabete Queiróz Caldeira.  O uso da fitoterapia para o tratamento dos sintomas do climatério. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano. 07, Ed. 12, Vol. 07, pp. 86-97. Dezembro de 2022. ISSN: 2448-0959, Link de acesso: https://www.nucleodoconhecimento.com.br/nutricao/sintomas-do-climaterio

RESUMO

Contexto: Climatério é o período de transição em que a mulher passa da fase reprodutiva até chegar em sua última menstruação, com isso ocorrem diversas mudanças físicas e emocionais, processo que geralmente inicia-se por volta dos 40 anos. Objetivos: A seguinte revisão, objetivou analisar as dificuldades enfrentadas durante o climatério em relação às alterações fisiológicas e psicológicas, além de descrever sobre as seguintes alternativas terapêuticas, como o uso das plantas medicinais e fitoterápicos, a fim de amenizar os sintomas da mulher no climatério. Problema: Com isso, a pergunta é: O uso de fitoterápicos e ervas medicinais como tratamento podem amenizar esses sintomas do climatério e melhorar a qualidade de vida mulher?  Métodos: Para isso, foi realizada uma revisão de literatura de artigos científicos indexados, na base de dados SCIELO, livros, periódico CAPES, PubMed e Google Acadêmico, publicados entre 1991 e 2018 em inglês e português. Resultados: Os fatores associados ao agravo dos sintomas durante o climatério estão relacionados a má alimentação, falta de conhecimento sobre as alternativas de tratamento, sedentarismo, uso de cigarros, drogas ilícitas, bebidas em excesso, medicamentos e condições socioeconômicas. Conclusão: A importância da fitoterapia no climatério ainda precisa ser reforçada e orientada com êxito, a maior parte das mulheres que sofrem com os sintomas da menopausa, não possuem conhecimento sobre os benefícios das plantas medicinais e fitoterápicos para amenizar os sintomas. Sendo assim, o uso de fitoterápicos durante o climatério apresentam resultados positivos para tratamento das queixas climatéricas nas mulheres saudáveis, sendo uma boa alternativa terapêutica para o tratamento.

Palavras-chave: Menopausa, Climatério, Alimentação saudável, Fitoterapia, Plantas medicinais.

1. INTRODUÇÃO

O climatério é um nome científico que descreve um período de transição e com duração variável no ciclo biológico da mulher. Compreende-se dessa fase o período da vida da mulher entre o final da fase reprodutora até a senilidade podendo variar dos 40 aos 65 anos, muitas vezes este processo está associado com alterações que afetam o bem-estar físico, emocional, social e espiritual (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2007).

O climatério ocorre devido à redução ou perda da atividade folicular do ovário e também ocorre devido à perda da função ovariana não fisiológica (por extirpação cirúrgica de ambos dos ovários, por quimioterapia ou por Ooforectomia) (MARTINEZ et al., 2010).

Nesta fase ocorrem diversas mudanças biológicas, psíquicas e emocionais por conta das alterações hormonais, no qual geram diversos sintomas que podem causar impacto na qualidade de vida da mulher, tornando-as mais suscetíveis a certos agravos à saúde, trazendo desconfortos em maior ou menor grau (SANTOS, 2008).

A diminuição do nível de estrogênio durante a fase de menopausa é um dos motivos que levam as mulheres a sofrerem algumas mudanças. O déficit desse hormônio causa alguns sintomas vasomotores, diminuição da massa óssea, ondas de calor e suores noturnos, aumenta o risco de contrair doenças cardiovasculares, levar a atrofia vaginal e aumentar a disfunção metabólica, podendo contribuir para propensão de Diabetes Mellitus do tipo II (LIZCANO, GUZMÁN, 2014; SOOD et al., 2014).

Algumas mulheres climatéricas podem passar por esta fase sem apresentar queixas, assim como outras podem apresentar diversos sintomas. Porém é fundamental nessa fase da vida ter atenção da equipe de saúde e um acompanhamento regrado com o objetivo de promover à saúde, o diagnóstico precoce, a prevenção e o tratamento dos agravos ocasionados na saúde da mulher climatérica (BRASIL, 2008).

Atualmente muitas mulheres quando chegam perto de entrar na fase da menopausa ficam com diversas dúvidas e incertezas sobre o que poderá acontecer e de como lidar com as alterações que irão acontecer nessa fase. Recomenda-se buscar uma melhor qualidade de vida, como: fazer dieta, praticar atividade física e fazer uso de terapias alternativas naturais, sendo essas algumas das formas para minimizar os efeitos durante esse período (CONTE, 2015).

A falta de conhecimento sobre as fases do climatério faz com que as mulheres climatéricas não se expressem e não falem como se sentem, o que acaba atrapalhando na qualidade de vida dessas mulheres nesse processo de adaptação (SILVA, 2017).

Durante o climatério, a sintomatologia mais comum é representada pelos fogachos, sudorese, calafrios, insônia, cefaleia, palpitação, sangramento irregular, depressão, ansiedade, irritabilidade, osteoporose, alteração no metabolismo lipídico, síndrome uretral (disúria, frequência, urgência e noctúria sem infecção por micro-organismo), incontinência urinária de esforço, diminuição da libido, secura vaginal, dispareunia, hipotrofia genital, sangramento pós-coital, corrimento vaginal, artralgia mialgia, entre outros (LORENZI, 2006).

O uso de terapias de reposição hormonal vem sendo uma prática comum na medicina para evitar agravantes dos sintomas. Porém, a terapia hormonal pode desencadear diversos problemas adicionais à vida da paciente, tais como, maior incidência de câncer de mama, embolias pulmonares, edemas, demência, doenças cardiovasculares e sangramentos irregulares, com esta ocorrência torna-se favorável recorrer a terapias alternativas que sejam seguras e não prejudiquem a saúde da mulher (OLIVEIRA et al., 2021).

Na atualidade, já existe opção terapêutica com o uso de plantas medicinais para o tratamento dos sintomas do climatério, sendo uma importante ferramenta, que levou ao Ministério da Saúde criar a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares no SUS. Com isso, também foram criados a Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos e o Programa Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos (BRASIL, 2009).

Atualmente, há um aumento da expectativa de vida, em consequência, o número de mulheres climatéricas necessitando receber acompanhamento e atenção à saúde aumenta. Assim, a fitoterapia ganhou destaque como opção terapêutica, tendo grande aceitação popular, pois o custo-benefício deste tipo tratamento é mais acessível e causa menos efeitos colaterais (OLIVEIRA et al., 2021).

Os profissionais de saúde podem apoiar a mulher ajudando-a a encarar essa fase com mais tranquilidade e a vislumbrar novas possibilidades. É importante que ela compreenda que, no processo de transformação, na medida em que integrem em sua vida as mudanças, seus sintomas irão se modificando, até que um novo equilíbrio seja encontrado (BRASIL, 2008)

Observa-se que a falta de conhecimento nesta área pode agravar ainda mais os sintomas e as dificuldades que as mulheres enfrentam nesta fase, que são muito particulares e difíceis de se adaptar. Sendo assim, o devido estudo é de relevância para a compreensão e conhecimento sobre as diferentes formas de tratar o climatério e os aspectos biopsicossociais das mulheres em relação às mudanças biológicas, psíquicas e emocionais ocorridas durante esta fase. O objetivo desta pesquisa foi analisar as dificuldades enfrentadas durante o climatério em relação às alterações fisiológicas e psicológicas, além de descrever sobre as seguintes alternativas terapêuticas, como o uso das plantas medicinais e fitoterápicos, a fim de amenizar os sintomas da mulher no climatério.

2. MATERIAIS E MÉTODOS

O presente trabalho consistiu em uma revisão de literatura, do tipo de pesquisa explicativa, com intuito de buscar a compreensão do conhecimento da sintomatologia da mulher climatérica e o uso da fitoterapia como ferramenta de tratamento, a busca ocorreu nos meses de setembro de 2021 a junho de 2022. Para a elaboração desta revisão de literatura foram utilizados no total de 25 artigos científicos e publicações em inglês, espanhol e português priorizando estudos entre 1991-2018. A coleta bibliográfica ocorreu através das bases científicas SCIELO, periódico CAPES, PubMed e Google Acadêmico, por meio de livros, artigos científicos, dissertações e revistas acadêmicas. Para os critérios de inclusão consideraram-se documentos que abordassem o tema de forma clara e relacionada ao assunto. Foram excluídos dados sem apresentação de fontes seguras e sem descrição de autores. A pesquisa foi conduzida através de palavras-chaves em inglês e português relacionadas à menopausa; climatério; alimentação saudável; fitoterapia; plantas medicinais.

3. REVISÃO DE LITERATURA

3.1 A MULHER NO CLIMATÉRIO

A menopausa é a fase em que termina a capacidade de reprodução na vida da mulher. Os ovários param de funcionar e a produção de peptídeo hormonal e esteroide diminui, em consequência disso ocorrem diversas mudanças fisiológicas, algumas por conta da cessão da função ovariana e de sinais menopáusicos a ela relacionados e outros devido ao processo de envelhecimento. Quando se aproximam da menopausa, muitas mulheres apresentam certos sintomas, em geral passageiros e inócuos, porém não menos desagradáveis e às vezes incapacitantes (OMS, 1996).

Como afirma Lima e Barbosa (2015, p. 49):

É importante assegurar que, apesar de algumas vezes apresentar dificuldades, o climatério é um período importante e inevitável na vida, devendo ser encarado como um processo natural, e não como doença. Às vezes é vivenciado como uma passagem silenciosa (sem queixas); outras vezes, essa fase pode ser muito expressiva, acompanhada de sintomatologia que gera alterações na rotina, mas, no geral, é uma fase com perdas e ganhos, altos e baixos, novas liberdades, novas limitações e possibilidades para as mulheres. Na atenção à sua saúde precisam ser oferecidas informações detalhadas sobre as variadas facetas dessa nova etapa da vida, encorajando a mulher a vivê-la com mais energia, coragem e a aprender os limites e oportunidades do processo de envelhecimento, abrangendo as transformações que ocorrem durante esse período.

A expectativa de vida da população brasileira está crescendo cada vez mais, principalmente no universo feminino, o número de mulheres que vivenciam o climatério é cada vez maior. Sendo que cada mulher vive esse momento de uma forma diferente, pois existem questões que influenciam neste processo, como a cultura, os hábitos alimentares, questões socioeconômicas, tabagismo, entre outros, tudo isso faz-se necessário que os profissionais estejam preparados para atender esse público de uma forma muito particular (BRASIL, 2008).

Para melhor conhecimento da origem dos sintomas que podem ocorrer durante o climatério, as mudanças fisiológicas podem ser divididas em três fases: a pré-menopausa, peri-menopausa e pós-menopausa (OMS, 1996).

O climatério compreende uma fase pré-menopausal, iniciando-se em torno dos quarenta aos cinquenta anos de vida da mulher e segue até o início dos ciclos menstruais irregulares e/ou onde podem surgir os primeiros sintomas relacionados à falência ovariana, com duração variável (OMS, 1996).

A fase peri-menopausal, é o período que se inicia anteriormente à menopausa neste ciclo ocorre a maturação folicular de forma irregular, com isso os períodos de sangramentos menstruais se tornam atípicos, nesse período, poderá ocorrer ou não a ovulação, assim como poderá ocorrer o início da manifestação dos sintomas, portanto isso varia de pessoa para pessoa e se estende até o primeiro ano após a menopausa (FERRIANI, 2000).

A fase de pós-menopausa inicia-se após a última ocorrência da menstruação espontânea e vai até os 65 anos de idade, enquanto isso, neste período os riscos à saúde aumentam, como, por exemplo uma maior incidência de doenças crônicas, debilitantes e degenerativas (FERRIANI, 2000).

3.2 ALTERNATIVAS TERAPÊUTICAS NATURAIS

A fitoterapia é uma terapêutica que consiste na utilização de plantas medicinais e fitoterápicos no tratamento e prevenção de doenças, sem utilização de substâncias ativas isoladas. As plantas medicinais são utilizadas de forma caseira, sendo necessário conhecer a planta e saber onde colhê-la e como prepará-la, podendo ser feita principalmente através de chás, sucos, emplastros, etc. Enquanto os fitoterápicos são obtidos a partir do momento em que as plantas medicinais passam por algum procedimento industrial, a fim de criar o medicamento fitoterápico (BRASIL, 2008).

Existem diversos estudos comprovando que as mulheres orientais que seguem a dieta tradicional rica em fibras e vegetais, com elevado consumo de alimentos fontes de fitoestrogênios, apresentam menor incidência de desenvolver câncer de mama e fogachos comparado às mulheres ocidentais. Pesquisadores afirmam que há uma maior incidência em mulheres ocidentais, pelo alto consumo de gordura, visto que, mulheres orientais possuem alimentação pobre em gordura (NADINE, FUQUA, 2001; HORN-ROSS, 2001).

De acordo com o “Manual de Atenção à Mulher no Climatério/Menopausa” (2008) do Ministério da Saúde do Brasil, os fitoterápicos conhecidos como fitoestrogênios por agirem como estrogênio-símile, ou seja, apresentam semelhança funcional e estrutural com os estrógenos e podem ser encontrados em diversos tipos de alimentos, tendo a soja como principal alimento fonte. Os fitoestrogênios são utilizados como uma forma de tratamento de reposição hormonal natural, portanto, indicados são os produzidos a partir das espécies Glycine Max, L. (Fabaceae), Trifolium pra-tense L. (Fabaceae) e Cimicifuga racemosa (L.) Nutt.(Ranunculaceae).

Existem 4 classes principais de fitoestrogênios: as isoflavonas, que são encontrados na soja e em derivados, os lignanos, presentes nos cereais integrais e oleaginosas, os flavonoides, presentes em algumas frutas e legumes e os cumestranos que são encontrados nos brotos de feijão, alfafa e soja. Todavia a isoflavona é o principal grupo de fitoestrogênio estudado, por possuir maior ação estrogênica. Os três principais tipos de isoflavonas encontrados são: genisteína, daidzeína e glicitína que se encontram presentes no gérmen da soja (DESPAIGNE, 2001).

3.2.1 GLYCINE MAX (SOJA)

Entre as espécies vegetais que possuem fito-hormônios, a soja, é o composto mais estudado em termos de pesquisas científicas. É uma planta originária da China, que por ser de fácil cultivo está disseminada em todo o mundo, possuindo alto poder alimentício. Sendo classificada como uma semente oleaginosa e seus grãos possuem grandes quantidades de isoflavonas, ácido fítico e ácido alfalinolénico (ADLERCREUTZ et al., 1991).

As pesquisas relacionadas aos efeitos da soja em mulheres no climatério surgiram em decorrência de estudos populacionais, os quais demonstravam baixo índice de manifestações de sintomas do climatério em mulheres chinesas e japonesas, por conta da maior ingestão diária de cereais (contém maior quantidade de fitoestrógenos). Contraposto com o que se observava nas mulheres ocidentais, onde há maior ingestão de carne vermelha e uma dieta bem diferente da oriental, havendo um maior índice de manifestações dos sintomas (ALVES; SILVA, 2003).

As isoflavonas ou isoflavonóides são fenólicos encontrados em maior quantidade nas leguminosas (soja), pertencem à classe dos fitoestrógenos, que auxiliam na redução dos riscos de doenças cardiovasculares, osteoporose, diabetes por meio do controle do perfil lipídico. Os fitoestrogênios mais usados pelas mulheres no climatério são as isoflavonas extraídas da soja (LAGARI; LEVIS, 2014).

O uso recomendado é de 40 a 80mg por dia, podendo ser associado às isoflavonas (BRASIL, 2008)

Quadro 1 – Quantidade em mg de isoflavonas por 100 g em alimentos derivados de soja

Quantidade em mg de isoflavonas por 100 g em alimentos derivados de soja.
Fonte: Rizzo e Baroni, 2018.

3.2.2 CIMICIFUGA RACEMOSA (ERVA DE SÃO CRISTÓVÃO)

O uso da Cimicifuga racemosa apresenta-se como uma alternativa terapêutica apropriada para o tratamento dos sintomas climatéricos. Esta espécie é uma planta nativa dos Estados Unidos, onde é conhecida como black cohosh (WUTTKE et al., 2014).

A atuação de C. racemosa não é analisado apenas em relação aos sinais e sintomas objetivos do período da menopausa. Existem casos de melhora global na qualidade de vida e assim como em sintomas neurovegetativos relacionados ao climatério, o bem-estar psíquico, sexualidade e relação conjugal, diminuindo os desconfortos da menopausa em mulheres com sobrepeso ou obesidade (MOLLA et al., 2009).

O extrato é feito pelo rizoma e a raiz desta planta, sendo composto de glicosídeos triterpênicos (acteína, 27-deoxiacteína, cimicifugosídeo, cimiracenosídeo; Flavonóides, particularmente isoflavona formononetina2, ácidos fenólicos (ácido fucinol), óleos voláteis, taninos, ácido salicílico e ácido isoferúlico, dos quais a formononetina (isoflavona) e o triterpeno 27- deoxiacteína são classificados como fitoestrogênios (BORRELLI; ERNST, 2002)

De acordo com Russel et al. (2002) a recomendação clínica para consumo diário da Cimicífuga Racemosa temos que esta deve ser ingerida sob orientação médica, normalmente com o consumo de 1 comprimido de 40 a 80 mg por dia. Sendo mais indicado para amenizar o fogacho, dores pélvicas, cólicas menstruais e melhora da atrofia da mucosa vaginal.

Figura 1 – Flores de Cimicifuga racemosa (L.) Nutt, popularmente conhecida como“black cohosh”

Flores de Cimicifuga racemosa (L.) Nutt, popularmente conhecida como“black cohosh”.
Fonte: Página William Britten, 2011.

3.2.3 TRIFOLIUM PRATENSE (TREVO VERMELHO)

Trifolium pratense, também conhecido como Trevo Vermelho, com a presença de quantidades significativas de isoflavonas em sua composição, além de outros componentes que acabaram gerando um aumento de interesse pela planta. Sendo uma planta herbácea que se disseminou na Ásia Central e Europa (VLAISAVLJEVIĆ et al., 2017).

Utilizam-se as folhas e flores para a realização de seu extrato que são utilizados na forma de chás ou líquidos e comprimidos ou cápsulas. A suplementação à base de isoflavonas de trevo vermelho atua no alívio dos sintomas climatéricos como, a diminuição do fogacho, melhora do trofismo da mucosa vaginal, melhora o sono e diminui os riscos de contrair doenças cardiovasculares pelo aumento do HDL, melhora da complacência arterial sistêmica, reduz os níveis da pressão arterial sistólica e diastólica, faz a manutenção dos perfis ósseos e lipídico em mulheres pré e peri-menopausadas, além de prevenir o câncer de mama com ação antineoplásica (BRASIL, 2008)

O uso recomendado é de 40 a 60mg por dia, com apenas uma dose diária. Sendo contraindicada para pessoas que possuem hipersensibilidade aos componentes da fórmula, mulheres gestantes ou amamentando não podem fazer uso da mesma ou portadores de coagulopatias (BRASIL, 2008).

Figura 2 – Flor de Trifolium pratense

Flor de Trifolium pratense
Fonte: Página Can Stock Photo, 2011.

4. CONCLUSÃO

O climatério pode ser considerado uma fase complicada, pois é necessário que as mulheres tenham suas necessidades atendidas, de forma que uma equipe organizada e preparada invista tanto no atendimento clínico quanto na realização de ações, que integrem a mulher à sua família e comunidade, para que elas saiam do isolamento muitas vezes imposto pelo climatério.

A fitoterapia e o uso das plantas medicinais são ótimos recursos alternativos para o tratamento e alívio dos sintomas, por conseguinte, melhorando a qualidade de vida da mulher. Porém, as pesquisas ainda são escassas, sendo necessário melhorar o desenvolvimento e a investigação científica nessa área.

O presente estudo concluiu visar à redução dos sintomas do climatério, que geram desconfortos na vida das mulheres, de forma mais natural e com menos efeitos colaterais. Visto que os estudos demonstram um pequeno número de plantas medicinais direcionadas ao climatério, o que comprova também a busca de fomentar, não apenas a capacitação de profissionais de saúde, para a prescrição de fitoterápicos e instigar a comunidade acadêmica a investigar a eficácia, qualidade e segurança de antigas e novas preparações fitoterápicas, como também melhorar a qualidade de vida das mulheres nessa fase, como estratégia para o alívio dos sintomas, melhora e compreensão do seu ciclo de vida.

REFERÊNCIAS 

ADLERCREUTZ, H. et al. Urinary excretion of lignans and isoflavonoid phytoestrogens in japanese men and women consuming a traditional Japanese diet. Am. J. Clin. Nutr. v. 54, p. 1093-1100, 1991.

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[1] Graduação. ORCID: 0000-0001-5751-4027.

[2] Orientadora. Mestrado, Pós-graduação, Graduação. ORCID: 0000-0002-5604-5588.

Enviado: Setembro, 2022.

Aprovado: Novembro, 2022.

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