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A utilização de polifenóis na recuperação muscular em praticantes de endurance

RC: 133698
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CONTEÚDO

ARTIGO DE REVISÃO

COUTINHO, Maria Eduarda Cordeiro Ferreira [1], LIMA, Thayze Cardoso Ferreira de [2], SOUZA, Carlos Eduardo [3], FERREIRA, Grazielle Rocha [4], LOBO, Francine Albernaz Teixeira Fonseca [5]

COUTINHO, Maria Eduarda Cordeiro Ferreira. Et al. A utilização de polifenóis na recuperação muscular em praticantes de endurance. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano. 07, Ed. 11, Vol. 14, pp. 169-180. Novembro de 2022. ISSN: 2448-0959, Link de acesso: https://www.nucleodoconhecimento.com.br/nutricao/recuperacao-muscular

RESUMO

Objetivo: Apresentar os possíveis efeitos dos polifenóis através dos alimentos, revelando como a utilização de polifenóis possa ser utilizada como estratégia nutricional para recuperação muscular em praticantes de endurance. Método: A metodologia adotada para o estudo foi a de revisão de literatura nas principais bases de dados, como a PubMed e Scientific Electronic Library Online (Scielo). Os critérios de inclusão foram os estudos realizados em humanos, atletas e desportistas, dentre os anos de 2003 e 2019, nos idiomas português e inglês. Resultados: Dentre os 41 artigos encontrados, foi feita leitura minuciosa e triagem, sendo utilizados nesse estudo 15 artigos. Conclusão: A utilização de polifenóis como o açaí, suco de uva e o cacau apresentaram resultados favoráveis para a recuperação muscular em praticantes de endurance. A curcumina, chá verde, romã, groselha e os mistos apresentaram potencial para tais objetivos. A quercetina e os polifenóis do café demonstraram falhas. No entanto, ocorreu uma diferença considerável nos marcadores de inflamatórios, mas sem relevância referente aos marcadores oxidativos. A utilização de polifenóis apresentou uma propensão de diminuição na ação anti-inflamatória, mas não significativa.

Palavras-chave: Endurance, Polifenóis, Atividade física, Estratégia nutricional, Anti- inflamatório.

1. INTRODUÇÃO 

A prática de atividade física vem ganhando lugar no mundo, e cada vez mais pessoas estão sendo orientadas a adquirirem esse hábito saudável de vida. Segundo recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS), a prática diária de atividade física deve ficar entre trinta minutos ao dia, sendo a prática considerada intensa ou moderada (CRUZ; BERNAL; CLARO, 2018).

A atividade física gera efeitos positivos, não só quanto à perda de peso, mas também pelo aumento de gasto energético. No entanto, beneficia fatores do sistema metabólico e cardiovascular. Nesse conjunto de fatores, a atividade física aumenta a produção de radicais livres que são átomos ou moléculas reativas podendo causar danos a diversas funções fisiológicas do organismo (ALBA CLAUDIA; FRANCK, 2019).

O endurance, cujo significado é atividade   de   longa   duração/competição, vem ganhando espaço no mundo do esporte. Segundo teorias, as pessoas estão em busca de desafios e superação no dia a dia, por viverem uma vida com mais facilidade para as conquistas de seus objetivos. Essa modalidade esportiva encaixa nessa busca de desafios e superações por ser um esporte de resistência e com uma performance evolutiva.

Assim como em outros tipos de esportes, o endurance demanda constante liberação de ATP, por meio de sua hidrólise, para formação de energia e logo ser ressintetizada constantemente. Nesse tipo de esporte a via utilizada é a aeróbica, onde a formação de ATP tem a necessidade da presença de Oxigênio (O2). Esta via ocorre dentro da mitocôndria e envolve vias metabólicas auxiliares, como por exemplo o Ciclo de Krebs (CKr)  e a Cadeia de Transporte de Elétrons (CTE), para manter por períodos prolongados uma contração  muscular (BEHLING, 2004).

Pode-se afirmar que o atleta que deseja otimizar sua performance, antes de qualquer manipulação nutricional, precisa adotar  uma disciplina de comportamento alimentar adequado ao seu esforço, em termos de quantidade e variedade, levando em consideração o que está estabelecido como alimentação saudável (CAVARRETTA, 2018).

Estudos recomendam que metabólitos como os polifenóis, flavonóides, antocianinas entre outros, presentes em frutos e plantas, atuam na prevenção de danos musculares, já que beneficiam o organismo com ação antioxidante, diminuindo danos oxidativos gerados pelos radicais livres nas células (HERTOG; HOLLMAN; KATAN, 1992).

Os polifenóis são compostos bioativos antioxidantes, encontrados no reino plantae, sendo resultado de um processo metabólico das plantas, apresentando ampla disponibilidade sendo encontrados em frutas, legumes, vegetais, chás, vinhos, chocolates e especiarias. Tem função anti-inflamatória e antioxidante, ajudando na recuperação muscular e trazendo benefícios para atletas praticantes de endurance. Esses compostos vêm sendo estudados para melhor desenvolvimento da saúde humana, o que fica evidenciado o alto poder antioxidante, anti-inflamatório, dentre outros benefícios (FOCACCETTI et al., 2019).

É possível observar uma variação de pelo menos 500 tipos de polifenóis diferentes, estes sendo classificados de acordo com suas estruturas químicas, as quais são compostos chamados de flavonoides, ácidos fenólicos, estilbenos e lignanas. A absorção e o metabolismo desses compostos são complexos, pelo fato de sua vasta diversidade de polifenóis, possuem possíveis interações na origem alimentar e capacidade de formar muitos metabólitos diferentes após absorção (CAVARRETTA; 2018, CEDRIM; BARROS; NASCIMENTO, 2018).

Os polifenóis são compostos bioativos, antioxidantes, mais abundantes na dieta, em média 10 vezes maior que a vitamina C e 100 vezes maior do que a vitamina E carotenoides (DINIZ, 2015). Os polifenóis têm como característica uma estrutura composta por um ou mais anéis de benzeno, ligados a dois ou mais grupos hidroxilas (grupo hidrofílico) e dão algumas características organolépticas como de sabor e cor as suas fontes (DROBNIC, 2014). Estes podem ser classificados em dois principais subgrupos: flavonóides e não flavonóides.

Os conhecimentos atuais sobre os compostos polifenólicos demonstram que tanto podem exercer um efeito significativo no músculo danificado na atividade física, bem como desempenhar um papel biológico/fisiológico na melhora do desempenho físico. Assim, a alimentação baseada com inclusão de alimentos que contenham polifenóis, passa a ser vista como via de prevenção contra possíveis danos gerados pela atividade física. Possibilitando uma melhora na qualidade de vida das pessoas que praticam atividade física e seguem uma alimentação saudável como estilo de vida.

Atualmente, os polifenóis são reconhecidos por sua ação anti-inflamatória e antioxidante (FOCACCETTI et al., 2019). O resultado de possível efeito positivo da suplementação de polifenóis em sua resposta inflamatória, pode ser devido a ação moduladora, de seus diversos compostos, nas cascatas de sinalização inflamatória através de alguns mecanismos. Os polifenóis conseguem bloquear o fator de transcrição denominado ‘’NF-kB, e AP-1 e, consequentemente, reduzindo a síntese do Factor de Necrose Tumoral (TNF-à), interleucinas, moléculas de adesão e quimiocinas. Também inibem a atividade das enzimas cicloxigenase e lipoxigenase.

O uso de polifenóis mostrou uma propensão de diminuição na ação anti-inflamatória, mas não significativa (FURLAN; RODRIGUES, 2016), enquanto em outro estudo, ocorreu uma diferença significativa nos marcadores de inflamatórios, mas sem significância referente aos marcadores oxidativo (GONZÁLEZ-GARRIDO et al., 2017).

Referente a recomendação de dosagem, os resultados variam entre 160 mg e 2130 mg de polifenóis por dia. Os resultados mais favoráveis mostram dosagens entre 480-1000 mg de polifenóis por dia. Conseguindo mostrar um potencial da redução, principalmente de interleucinas, da peroxidação lipídica e aumento da atividade antioxidante endógena.

Com isso, o objetivo do presente estudo foi apresentar os possíveis efeitos dos polifenóis através dos alimentos citados no quadro 1.

2. METODOLOGIA 

O presente estudo trata-se de uma revisão bibliográfica, cuja finalidade foi reunir, avaliar criticamente, identificar a aplicabilidade e condensar os resultados dos estudos incluídos. Assim, colaborando para o aprofundamento do conhecimento do tema pesquisado, suporte para a tomada de decisão e a melhoria da prática. Para a construção do presente estudo, foram determinadas as seguintes etapas metodológicas: definir questão norteadora; busca ou amostragem na literatura; coleta de dados; análise crítica dos estudos incluídos; interpretação e discussão dos resultados; e apresentação da revisão bibliográfica.

O estudo foi desenvolvido no período anual de 2003 a 2019, por meio de busca das publicações da literatura científica. A pesquisa utilizou como base de dados a PubMed, Scientific Electronic Library Online (Scielo), com descritores de busca “polifenóis”; “recuperação muscular”; “dano muscular”; “endurance”; “desempenho”, nos idiomas inglês e português. Critérios de inclusão – artigos publicados entre 2004 a 2019, nos idiomas português e inglês, estudos em humanos. Critérios de exclusão – estudos repetidos em uma ou mais bases de dados, que não tratavam de exercícios de endurance e de praticantes de exercício físico e artigos que não estavam disponíveis na íntegra de forma gratuita e on-line.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO 

Foi demonstrado que o uso de polifenóis apresentou uma propensão de diminuição na ação anti-inflamatória, mas não significativa, enquanto em outros estudos, ocorreu uma diferença significativa nos marcadores inflamatórios, mas sem significância referente aos marcadores oxidativo (GONZÁLEZ-GARRIDO et al., 2017).

Atualmente, muitos estudos estão sendo realizados relacionando os polifenóis e atividade física. Os diferentes resultados encontrados na vasta gama de polifenóis e condições de exercício expostas trazem uma variedade de estratégias de suplementação, tempo e dosagem utilizada. Alguns com informações limitadas e outros, nem tanto. A análise dos estudos apresentou potenciais relevantes ou categorias temáticas para melhora do dano muscular, marcadores inflamatórios e desempenho atlético dos indivíduos, conforme os alimentos a seguir:

Suco de uva – Estudos apontam que o suco de uva concentrado pode ser um ótimo aliado na busca por melhor performance de atletas de endurance. Toscano (2015)  investigou 10ml/kg de suco integral de uva roxa (1820mg / L de compostos fenólicos totais), durante 28 dias em corredores durante um teste de esforço até a exaustão. O teste mostrou um efeito ergogênico, aumentando o tempo até a exaustão (p = 0,002) e da capacidade antioxidante e diminuição de marcadores inflamatórios.

Quercetina – A quercetina é o principal flavonóide presente na nossa dieta, onde têm sido estudadas nos últimos tempos, destacando-se como um potencial antioxidante, anticarcinogênico. A cebola, principalmente a casca da cebola roxa, maçã e brócolis são as fontes predominantes da quercetina (HIDALGO; SANCHEZ-MORENO; PASCUAL-TERESA, 2010). Todavia, as doses desejadas são difíceis de serem alcançadas apenas via alimentação. Quando estudadas no esporte, com ênfase nas modalidades  aeróbicas, estudos propuseram para corredores 4 mastigações a base de quercetina (1000 mg), 15 minutos pré corrida de 2 horas (h) a 70% (VO2max), o que resultou em aumento e diminuição de marcadores inflamatórias, mas sem diferença entre o Grupo Intervenção (GI) e o Grupo Placebo (GP). E também de forma aguda, durante 9 dias utilizou-se barras de energias (1000mg/dia de quercetina) em soldados, com 75 minutos de marcha em esteira rolante e um subsequente contra-relógio e não encontrou efeito positivo no desempenho aeróbico, nem ao esforço percebido e sem diferença entre as taxas de troca respiratória (p > 0,05) (FURLAN; RODRIGUES, 2016).

Açaí – O açaí é um fruto típico da América central e do Sul, e o Brasil um dos maiores produtores. Esse fruto é altamente energético, antioxidante e apresenta em sua composição o destaque por ser rica em antocianinas (HERTOG; HOLLMAN; KATAN, 1992). Três ensaios clínicos randomizados brasileiros, com diferentes quantidades de açaí, apresentaram resultados relevantes quanto aos benefícios do fruto nos esportes aeróbicos. O estudo de Peixoto onde atletas de elite ingeriram 300 ml de açaí liofilizado (27,6 antocianinas) de forma aguda (HOWATSON, 2010). O GI apresentou diminuição da amonemia, resposta cardiorrespiratórias, esforço percebido, estresse oxidativo e danos musculares (p < 0,05), e aumentando o tempo até a exaustão, atividade antioxidante, melhorou a resposta linfocitária (p < 0,05). De modo prático, foi capaz de melhorar a recuperação e o desempenho atlético aeróbico. Os recentes estudos utilizaram 400 e 200 ml/ dia de açaí pasteurizado e polpa, em um maior período. O primeiro estudo também obteve um aumento da atividade antioxidante e de marcadores inflamatórios e de fadiga, representando também um maior desempenho. Enquanto, ao avaliar a performance em 10 km por 25 dias, não resultou em melhora da performance e percepção de força, mas promoveu redução de marcadores de dano muscular (ALBA CLAUDIA; DAYA; FRANCK, 2019).

Obteve-se uma observação entre os estudos, diferentes métodos de conservação. Onde na polpa in natura, demonstrou que os compostos não sofrem alterações. Na liofilização, há uma retirada da  água, assim com uma maior preservação e concentração de compostos bioativos e sólidos do alimento havendo uma preservação dos compostos. Isso ocorre devido à temperatura baixa, diferentemente da pasteurização, com o aquecimento em temperaturas mais elevadas, faz com que tenha redução de compostos bioativos, que são sensíveis, interferindo na biodisponibilidade destes quando comparada ao liofilizado e a polpa, o que acaba justificando uma maior quantidade do alimento. Dessa forma, esses estudos sugerem que a ingestão de 200 – 400 ml / dia de açaí (400- 800 mg de polifenóis), dando preferência ao açaí liofilizado ou a polpa, pode ser eficaz para atenuar marcadores inflamatórios e de dano muscular, e quando trabalhadas em quantidades maiores pode ser um aprimorador da capacidade aeróbica, do desempenho muscular e do processo de recuperação (phenol-explore).

Chocolate – O chocolate com alto teor de cacau possui grande concentração de polifenóis, em destaque os flavonoides, responsáveis pela atividade antioxidante. O estudo de caso controle  de González-Garrido et al. (2017), utilizou cerca de 25g de cacau 100% (1050mg de flavonóis) durante 7 dias, em jogadores de futebol, comparando antes e depois da intervenção. Eles deveriam percorrer a distância máxima possível durante 12 minutos. O estudo revelou uma melhora em 4% no desempenho, além de efeitos positivos em marcadores de dano oxidativo e de defesas antioxidantes. Posteriormente, durante 30 dias, com 40g de chocolate preto >85% cacau (799μ g GAE / ml de polifenóis), Cavarretta et al.  (2018) também estudou jogadores de futebol em um treinamento físico semanal de 120 minutos e encontrou redução significantes nos marcadores de dano muscular (CK e LDH, p < 0,001) no GI. Mas não avaliaram a relação de desempenho. A utilização de cacau com percentual superior a 85% (± 1400 mg de polifenóis), de forma aguda e crônica, parece para atenuar marcadores de dano muscular e oxidativo, aumentando a capacidade antioxidante total, beneficiando para recuperação de praticantes de esportes aeróbicos. Essas respostas mostram potencial para um melhor desempenho.

Curcumina – A curcumina é um pigmento que dar a cor amarelada ao açafrão (cúrcuma longa), muito utilizada como tempero, conservantes e corante de alimentos. É considerada um polifenol natural de baixo peso molecular. Por ter um potencial antioxidante e anti-inflamatório, foi motivo de estudos no meio esportivo (POWERS; HOWLEY, 2017). Drobnic suplementou 200 mg de curcumina por 4 dias, em 20 desportistas. Nos 3 dias, os participantes realizaram um teste de corrida em declive, foi possível observar que apesar do número de participantes com lesão ser indiferentes, quando detalhado, apresentou diminuição de lesões no GI (GONZÁLEZ-GARRIDO et al., 2017). Os marcadores de lesão não apresentaram diferenças significantes, porém elevaram menos no GI do que no GP. Apenas IL-8 teve significância estatística (p < 0,05). No mesmo ano, o estudo de Takahashi et al, (2014) suplementou 90 mg de curcumina 2h antes do exercício (andar ou correr a 65% VO2max em uma esteira por 1 h) em desportistas. Foi possível observar que não houve diferenças estatísticas significativas na FC ou na Percepção Subjetiva de Esforço (PSE) entre ensaios. Assim como na atividade plasmática da SOD, concentrações plasmáticas de TBARS e glutationa oxidada (GSSG). O Catalase (CAT) após o exercício foi 69 significativamente maior do que antes do exercício em todos os ensaios (P < 0,05). Concentrações plasmáticas de GSH 2 horas após o exercício foram maiores nos GI (P < 0,05) e tendeu a ser maior na GI duplo (P < 0,1). Após 2 horas do exercício, atividade da GSHpx foi significativamente aumentada no GP (P < 0,05), mas não nos GI. Poucos estudos foram encontrados, estes apresentaram uma eficácia moderada a baixa em relação aos benefícios nos praticantes de endurance. Doses entre 90 – 200 mg de curcumina, evidenciaram um potencial para uma redução parcial em relação de dor muscular e para a melhora de alguns parâmetros que favoreçam o aumento da capacidade antioxidante total.

Cereja azeda – Com o passar do tempo, cada vez mais as cerejas azedas vêm sendo estudadas para benefícios gerais à saúde humana. E nos últimos anos, o mercado tem crescido em relação a elas. As cerejas são ricas em polifenóis, especificamente as antocianinas e ácido clorogênico, e dentre seus benefícios é possível destacar a proteção contra o estresse oxidativo e a redução da inflamação. Em 3 estudos com corredores, usaram a cereja azeda como coadjuvante para suas respectivas pesquisas. No estudo de Howatson (2010) foi utilizado o suco da cereja (50-60 cerejas, representando 8 fl oz / 226,8g de polifenóis) durante 10 dias antes de uma maratona, e observou que a IL-6 sérica imediatamente (p < 0,001) e PCR nas 24 e 48 horas após a corrida (p < 0,025) foram aumentadas. Ambos com uma elevação menor no GI comparado ao GP. O ácido úrico sérico foi elevado pós-corrida e às 24 h no GP, sem aumento no GI (p = 0,006). A suplementação de 5 dias aumentou o TAC no GI (p < 0,01) e permaneceu elevado no GI às 24 h (p < 0.01), mas não no GP (p = 0,21). Às 48 h pós-corrida, ambos se encontravam indiferentes para TAS (p = 0,82). A resposta do TBARS à maratona foi significativamente mais alta para o GP do que no GI 48 horas após exercício (p < 0,01). As proteínas carbonilas não apresentaram diferenças.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Apesar das poucas evidências entre as referências citadas, além de diferentes protocolos de tempo e modalidade esportiva, o açaí, suco de uva e o cacau apresentaram resultados favoráveis. A curcumina, chá verde, romã, groselha e os mistos apresentaram potencial para tais objetivos. A quercetina e os polifenóis do café as evidências foram falhas. No entanto, as doses mais interessantes foram entre 480mg e 3100mg para melhor desempenho, entre 400mg e 1100mg para atenuação de danos musculares e entre 480mg e 1000mg para melhora dos marcadores inflamatórios e de dano oxidativo. Os polifenóis obtidos via ingestão de alimentos e ou suplementação, apresentam efetividade nos aspectos investigados, diferindo     apenas a dosagem e o momento de uso.

Sabendo da necessidade de mais estudos, os resultados indicam que os polifenóis com doses entre 450mg e 1500mg apresentam potencial para serem usados como recurso ergogênico, quando utilizados na forma e momento correto. Tendo como bons resultados os desempenhos de atletas do endurance e ajudando-os em sua performance de rendimento e muscular.

REFERÊNCIAS

ALBA CLAUDIA, M.; DAYA, M.; FRANCK, C. Tart Cherries and health: Current knowledge and need for a better understanding of the fate of phytochemicals in the human gastrointestinal tract. Critical Reviews in Food Science and Nutrition., v. 59, n. 4, p. 626-638, 2019. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/28956621/. Acesso em: 10 jun. 2022.

BEHLING, E. B. et al. Flavonóide quercetina: aspectos gerais e ações biológicas. Brazilian Journal of Food and Nutrition., v. 15, n. 3, p. 285-292, 2004. Disponível em: https://www.researchgate.net/publication/49599688_Flavonoide_quercetina_aspectos_gerais_ e_acoes_biologicas. Acesso em: 20 jun. 2022.

CAVARRETTA, E. et al. Dark Chocolate Intake Positively Modulates Redox Status and Markers of Muscular Damage in Elite Football Athletes: A Randomized Controlled Study. Oxidative Medicine and Cellular Longevity, v, 21, p. 4061901, nov.  2018. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/30584461/. Acesso em: 05 jun. 2022.

CEDRIM, P. C. A. S.; BARROS, E. M. A.; NASCIMENTO, T. G.. Propriedades antioxidantes do açaí (Euterpe oleracea) na síndrome metabólica. Brazilian Journal of Food Technology., v. 21, 2018. Disponível em: https://www.scielo.br/j/bjft/a/3SgqmCfbZcVrvzKCkrqBq5n/abstract/?lang=pt. Acesso em: 06 jun. 2022.

CIRILO, V. C. A. Polifenóis em estratégias dietéticas para recuperação muscular em endurance e melhora de rendimento esportivo. Monografia de graduação (Graduação em Nutrição). Petrópolis, 2020

CRUZ, M. S.; BERNAL, R. T. I.; CLARO, R. M. Tendência da prática de atividade física no lazer entre adultos no Brasil (2006-2016). Caderno de Saúde Pública, v. 34, n. 10, p. 1-14, 2018. Disponível em: https://www.scielo.br/j/csp/a/crpkj5DVkm5mpj9dc7WpvCD/abstract/?lang=pt. Acesso em: 04 maio 2022.

DINIZ, S. N. C. Vitaminas Antioxidantes, Carotenóides, Polifenóis e Envelhecimento. Coimbra, 2015.

DROBNIC, F. et al. Reduction of delayed onset muscle soreness by a novel curcumin delivery system (Meriva®): a randomised, placebo-controlled trial. J International Society Of Sports Nutrition., v. 11, p. 11-31, jun. 2014. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/24982601/. Acesso em: 05 jun. 2022.

FOCACCETTI, C. et al.  Polyphenols as Immunomodulatory Compounds in the Tumor Microenvironment: Friends or Foes? International Journal of Molecular Sciences., v. 20, n. 7, p. 1714, abr. 2019. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC6479528/. Acesso em: 04 jun. 2022.

FURLAN, A. S.; RODRIGUES, L. Consumo de polifenóis e sua associação com conhecimento nutricional e atividade física. Revista Brasileira de Medicina do Esporte, v. 22, n. 6, p.461-464, 2016. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rbme/a/NTNdcsH5xsspFYhVfbqvLMz/abstract/?lang=pt. Acesso em: 30 maio 2022.

GONZÁLEZ-GARRIDO, J. A.  et al.. An association of cocoa consumption with improved physical fitness and decreased muscle damage and oxidative stress in athletes. Journal of Sports Medicine and Physical Fitness, v. 57, n. 4, p. 441-447, abr. 2017. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/26632851/. Acesso em: 03 jun. 2022.

HERTOG, M. G. L.; HOLLMAN, P. C. H.; KATAN, M. B. Content of potentially anticarcinogenic flavonoids of 28 vegetables and 9 fruits commonly consumed in the Journal of Agricultural and Food Chemistry. 1992;40(12):2379-83. Disponível em:         https://www.scielo.br/j/rbme/a/NTNdcsH5xsspFYhVfbqvLMz/?format=pdf&lang=pt. Acesso em: 10 jun. 2022.

HIDALGO, M.; SANCHEZ-MORENO, C.; PASCUAL-TERESA, S. Flavonoid–flavonoid interaction and its effect on their antioxidant activity. Journal of Agricultural and Food Chemistry, v. 141, p. 691-696, 2010. Disponível em: https://www.researchgate.net/publication/223778969_Flavonoid- flavonoid_interaction_and_its_effect_on_their_antioxidant_activity. Acesso em: 04 jun. 2022.

POWERS, S. K.; HOWLEY, E. T. Fisiologia do Exercício: Teoria e aplicação ao condicionamento e ao desempenho. 9. ed. Barueri: Manole, 2017.

TOSCANO, L. T. Efeitos da suplementação de suco de uva sobre estresse oxidativo, inflamação, imunocompetência, desgaste muscular e desempenho de corredores recreacionais. Dissertação de Mestrado (Mestrado em Ciências da Nutrição). João Pessoa, 2015. Disponível em: https://repositorio.ufpb.br/jspui/handle/tede/8832. Acesso em: 10 jun. 2022.

ANEXO 1 – QUADRO DE EVIDÊNCIAS

Quadro 1 – Efeito das evidências encontradas no estudo

Composto Fenólico Polifenóis totais / g de alimento Resumo das evidências – Possíveis efeitos
 

 

Suco de Uva

 

300 – 700mg / 300ml ou 10ml/kg

–  Maior capacidade antioxidante;

–  Menor capacidade da percepção de esforço e possível diminuição de marcadores inflamatórios;

–  Melhora do desempenho.

Quercetina 1000mg – Evidência mínima ou nenhuma de qualquer efeito benéfico nos atletas de endurance.
 

Açaí

 

400-800mg / 200-400ml

–  Apresentam evidências favoráveis para melhora da capacidade aeróbica e do desempenho;

–  Menor dano muscular e de marcadores inflamatórios.

 

Cacau

 

1400mg / teores >85%

– Maior capacidade antioxidante e benefício na recuperação muscular;

–  Menor dano muscular e de marcadores oxidativos;

Potencial para melhora do desempenho.

 

Curcumina

 

90-200mg

–  Evidências mínimas quanto a eficácia nas modalidades de endurance;

–  Potencial para diminuição de dor e marcadores de inflamação.

 

 

Cereja Azeda

 

 

450-1000mg

–  Potencial para atenuar marcadores oxidativos e principalmente inflamatórios;

–  Baixa evidência na melhora de marcadores de dano muscular;

–  Potencial no aumento da capacidade antioxidante total;

–  Forte evidência para melhora do desempenho.

Fonte: Adaptado de Cirilo (2020).

[1] Nutricionista. ORCID: 0000-0001-8443-8090.

[2] Engenheira Civil. ORCID: 0000-0002-6620-305X.

[3] Nutricionista. ORCID: 0000-0003-4928-1651.

[4] Nutricionista. ORCID: 0000-0003-4928-1651.

[5] Orientadora. Doutorado.

Enviado: Setembro, 2022.

Aprovado: Novembro, 2022.

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