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A nutrição comportamental no tratamento da obesidade em crianças e adolescentes: uma revisão de escopo

RC: 126898
2.300
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DOI: 10.32749/nucleodoconhecimento.com.br/nutricao/nutricao-comportamental

CONTEÚDO

ARTIGO DE REVISÃO

OLIVEIRA, Gisele Josué de [1], TRAJANO, Janice Alves [2]

OLIVEIRA, Gisele Josué de. TRAJANO, Janice Alves. A nutrição comportamental no tratamento da obesidade em crianças e adolescentes: uma revisão de escopo. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano. 07, Ed. 09, Vol. 03, pp. 68-86. Setembro de 2022. ISSN: 2448-0959, Link de acesso: https://www.nucleodoconhecimento.com.br/nutricao/nutricao-comportamental, DOI: 10.32749/nucleodoconhecimento.com.br/nutricao/nutricao-comportamental

RESUMO 

O relacionamento saudável do paciente com a alimentação é um dos princípios da nutrição comportamental, levando em consideração características sociais, culturais e fisiológicas, bem como as suas emoções. Tendo em vista que a sustentabilidade da terapêutica nutricional é um ponto relevante na terapêutica nutricional da obesidade, questiona-se como as premissas da nutrição comportamental podem ser aliadas, em especial no caso de crianças e adolescentes. Desse modo, esta pesquisa teve como objetivo compreender de que forma a nutrição comportamental pode auxiliar no tratamento da obesidade de crianças e adolescentes. Trata-se de uma revisão de escopo, cujas buscas foram realizadas nas bases de dados: PubMed, Portal de Periódicos da CAPES, Lilacs, SciElo e Google Acadêmico. A pesquisa dos artigos aconteceu entre os meses de fevereiro a outubro de 2021. No trabalho foram incluídos estudos em inglês e português, gratuitos, e artigos publicados nos últimos 10 anos, ou seja, de 2011 a 2021. O único critério de exclusão foram os artigos duplicados. Os estudos demonstram o potencial benéfico da nutrição comportamental aplicada às crianças e adolescentes com obesidade. O que se deve à inclusão de atores como família e escola, bem como pela tendência não-restritiva do plano alimentar, levando uma maior adesão à estratégia nutricional e contribuindo com um comportamento alimentar adequado e saudável por parte das crianças e adolescentes.

Palavras-chave: Nutrição comportamental, Obesidade, Saúde da criança, Saúde do adolescente.

1. INTRODUÇÃO

De acordo com o Guia Alimentar para a População Brasileira, a Nutrição perpassa a ingestão de nutrientes, levando em consideração a combinação dos alimentos e o contexto dessas preparações. Outro fator importante para a nutrição diz respeito às características da comensalidade, suas dimensões sociais, culturais e afetivas das práticas alimentares (BRASIL, 2014). O relacionamento saudável do paciente com a alimentação é um dos princípios da nutrição comportamental, também abordando os âmbitos sociais, culturais e fisiológicos, bem como as emoções (LEITE; DINIZ; AOYAMA, 2020).

A obesidade se caracteriza pelo acúmulo de gordura corporal, podendo ocasionar excesso de peso e apresenta o Índice de Massa Corporal (IMC) igual ou superior a 30kg/m². Trata-se de uma patologia crônica e metabólica, possuindo fisiopatologia complexa, requerendo um maior cuidado, apresentando-se como fator de risco para outras Doenças Crônicas Não-Transmissíveis (DCNT), como o diabetes e as doenças cardiovasculares. A gordura corporal excessiva pode ocasionar um estado inflamatório permanente em todo o organismo (ABESO, 2021).

Os casos de obesidade continuam aumentando em todo o mundo, entre todas as faixas etárias, atingindo com maior prevalência crianças e adolescentes (BECK. et al, 2019). Na fase infantojuvenil acontecem transformações fisiológicas e psicossociais, o que favorece a vulnerabilidade desse grupo populacional, fazendo com que essa fase seja considerada um período de risco nutricional, devido às dietas inadequadas estimuladas pelo aumento da necessidade de energia e de nutrientes para atender ao crescimento (ENES; SLATER, 2010).

Existem perfis de Obesidade Metabolicamente Saudável (ObMS), também conhecida como obesidade metabolicamente benigna, representando a inexistência simultânea de hipertensão arterial, diabetes mellitus e dislipidemia em indivíduos com obesidade. Apesar dessa imagem ter sido proposta há cerca de 40 anos, os critérios de definição para a ObMS permanecem sem consistência. Ainda não existe consenso na literatura se a ObMS é um perfil saudável do excesso de peso associado, de fato, a menor risco e menor mortalidade ou se representa apenas uma fase transitória para a Obesidade Metabolicamente Não Saudável (ObMNS). Então, identificar a existência de alterações de autonomia nesse perfil pode ser uma das formas de avaliar de maneira rápida se a obesidade – mesmo de forma não associada à síndrome metabólica – está ligada a maior risco cardiovascular, reforçando o status transitório dessa condição (DUQUE, 2021).

Mudanças no estilo de vida, as formas de se cuidar clinicamente e a baixa aceitação dos indivíduos às prescrições terapêuticas são tidas como alguns fatores determinantes da eficácia da perda de peso sustentada. A defasagem da pessoa aceitar que necessita de tratamento, no entanto, se enquadra na dificuldade inerente à mudança do estilo de vida e particularmente dos comportamentos alimentares (CAMOLAS et al., 2015).

Tendo em vista o cenário apresentado, surge a Nutrição Comportamental como uma abordagem nova da Nutrição, com aspectos físicos, emocionais e sociais da alimentação, e que contribui para as mudanças da relação entre paciente e nutricionista, bem como a influência da mídia na ideia de corpo saudável e na alimentação dos indivíduos. O tratamento da obesidade por meio dessa abordagem envolve conhecimento da nutrição e da psicologia e apresenta ótimos resultados em crianças e adolescentes (SILVA; MARTINS, 2017).

Considerando que a dieta convencional gera uma certa angústia nos pacientes por muitas vezes não conseguirem segui-las por um longo período, durante o tratamento da obesidade, a sustentabilidade é importante para que o tratamento seja eficaz. Contudo, os adolescentes apresentam dificuldades, devido à gama de oferta de alimentos industrializados e por suas rotinas, além da ausência de exercícios físicos, pressão da mídia e da família (BARBIERI, 2011).

Diante da relevância da temática sobre a terapêutica nutricional da obesidade na adolescência, questiona-se como a premissas da nutrição comportamental podem ser aliadas nestes casos. Sendo assim, esta pesquisa teve como objetivo compreender de que forma a nutrição comportamental pode auxiliar no tratamento nutricional da obesidade de crianças e adolescentes.

2. METODOLOGIA

O presente estudo é uma revisão de escopo. Os objetivos desse tipo de estudo são definir os principais conceitos de determinada área de conhecimento, examinar o alcance, tamanho e origem da investigação, ordenar e mostrar os dados do estudo e averiguar as falhas de tais pesquisas (MENEZES et al., 2015). Nesse contexto, a temática selecionada para o desenvolvimento da pesquisa é sobre a utilização da nutrição comportamental no tratamento da obesidade em crianças e adolescentes. A escolha do tema deve-se à importância dele para a atualidade e à escassez de trabalhos abordando esse conteúdo.

Os descritores da saúde que foram utilizados para a pesquisa são os que se apresentaram em maior congruência com os objetivos da investigação, que são: nutrição comportamental, obesidade, manejo da obesidade, obesidade pediátrica, saúde da criança e saúde do adolescente. A análise crítica de elementos que foram incluídos foi realizada de maneira a abranger a problemática e o tema, depois, foi realizada a discussão dos resultados, bem como a apresentação da revisão de escopo.

A busca foi realizada nas bases de dados: PubMed, Portal de Periódicos da CAPES, Lilacs, SciElo e Google Acadêmico. A pesquisa dos artigos aconteceu entre os meses de fevereiro a outubro de 2021. No trabalho, foram incluídos estudos em inglês e português, que foram adquiridos gratuitamente, e artigos publicados nos últimos 10 anos, ou seja, de 2011 a 2021. O único critério de exclusão foram os artigos duplicados.

Em cada artigo teórico que foi pesquisado, foram identificados e extraídos o ponto principal da problemática na discussão, e no caso dos estudos empíricos, verificou-se com mais profundidade os métodos, as discussões, as conclusões e os pontos principais foram analisados e os textos investigados em sua integralidade. Os estudos foram organizados separadamente por pastas referentes à base de dados na planilha no software Excel, para então serem analisados e incluídos nos resultados e discussão deste artigo.

3. RESULTADOS

As estratégias de busca permitiram encontrar 98 citações encontradas no Google Acadêmico e 1 nos periódicos CAPES, que não possuíam artigo replicado. Nas demais bases de dados, não foram encontradas nenhum artigo correlacionando os descritores. Os resumos destes artigos foram analisados e os que tinham relação com os descritores da pesquisa foram 38 artigos. Em seguida, foram feitas as leituras dos textos integrais, sendo refinados 10 artigos que correspondiam à questão norteadora da pesquisa, abordando como a nutrição comportamental pode auxiliar no tratamento da obesidade em crianças e adolescentes. A Figura 1 representa o fluxo da pesquisa nas bases de dados. 

Figura 1 – Diagrama de fluxo da busca na literatura e inclusão de artigos

 

Diagrama de fluxo da busca na literatura e inclusão de artigos
Fonte: Elaborado pelo autor.

Dos 10 artigos que foram incluídos na revisão, nove foram feitos no Brasil e um em Portugal. A Tabela 1 descreve a distribuição das publicações quanto ao tipo de relato e metodologia.

Tabela 1 – Distribuição das publicações quanto ao tipo de relato e metodologia

Tipo de relato e metodologia Dados numéricos
1.Empírico (tipo) 5

 

1.1Qualitativo (delineamento) 0

 

1.2Quantitativo (delineamento) 5

 

Transversal analítico 3
Quasi-experimental (antes e depois) 2
——————————————————————————
2.Teórico (tipo) 5
2.1Revisão (delineamento) 5

Fonte: Elaborado pelo autor.

O quadro 1, a seguir, apresenta a sequência de artigos selecionados para esta revisão de escopo, cujos itens de relevância incluídos são: títulos dos artigos, autor(es), país de origem dos artigos e ano de publicação.

Quadro 1 – Relação de artigos selecionados com indicação de: autoria, país de origem e ano de publicação do estudo

Título Autoria País Ano
A1 A importância da nutrição comportamental e atitudes saudáveis da família no tratamento da obesidade infantil; CAVALCANTI, E.M; SILVA, M.C Brasil 2019
A2 Aspectos da funcionalidade psicológica em crianças e adolescentes com sobrepeso e obesidade; PEREIRA, F. O. Portugal 2021
A3 Instrumentos para avaliar o comportamento alimentar de crianças e adolescentes; D’AVILLA, H.F; CÁS, S; MELLO, E.D. Brasil 2020
A4 Instrumentos de pesquisa para comportamento alimentar de crianças e adolescentes adaptados e validados em língua portuguesa; OLIVEIRA, K.H. Brasil 2016
A5 Efeitos de 12 semanas de intervenções interdisciplinares em parâmetros comportamentais e alimentares de adolescentes com excesso de peso ou obesidade; COSTA; et al. Brasil 2018
A6 Efeitos de intervenções motivacionais para o tratamento da obesidade em crianças: revisão sistemática da literatura; BAZZI, J.C. Brasil 2019
A7 Obesidade infantil e correlação com atitudes alimentares, imagem corporal, depressão e qualidade de vida; CARANHA, A.L. Brasil 2021
A8 Associações entre problemas de saúde mental, comportamento alimentar, e estado nutricional de pré-escolares no município de ribeirão preto – SP; RIOS, M.T.C.A. Brasil 2019
A9 Elaboração de caderno para mudança de comportamento alimentar de escolares; MATTOS, N.S; VALERIO, N. I Brasil 2018
A10 O comportamento alimentar dos estudantes da rede de ensino médio de pau dos ferros/RN: um estudo entre uma escola pública e uma escola privada; MEDEIROS, V.P.Q; CAMPOS, C.S; OLIVEIRA, E.N.A. Brasil 2020

Fonte: Elaborado pelo autor.

Os artigos foram codificados com a letra A referente à palavra “artigo” e com números que orientarão a ordem desses estudos (A1, A2, A3, …) e serão referenciados assim quando mencionados. A seguir, foram introduzidos no quadro 2 informações que foram julgados ser de importância para análise do estudo, que são: população estudada; local de intervenção; foco da intervenção; técnica de intervenção e enfoque conceitual utilizado.

Quadro 2 – Relação de estudos selecionados com indicação de: população-chave, local de intervenção, foco e técnica da intervenção e enfoque conceitual

Artigos População Local de intervenção Foco e Técnica da intervenção Enfoque conceitual
A1 Crianças obesas e familiares dessas crianças. Brasília. Tratamento da obesidade infantil e a importância da família e da abordagem da nutrição comportamental. A intervenção nutricional, sem prescrições dietéticas ou restrições alimentares, mas sim buscando uma mudança no relacionamento que a criança tem com a comida. Esse profissional deve estabelecer uma rotina para a criança juntamente à família, com horários certos para as refeições. Abordagem nutricional comportamental.
A2 Amostra de 50 crianças e adolescentes dos 7 aos 18 anos com sobrepeso/obesidade, e outros 50, com características sociodemográficas equivalentes, constituintes do grupo de controle. Lisboa. Existem aspectos ou especificidades da funcionalidade psíquica que diferenciam crianças e adolescentes com diagnóstico de sobrepeso ou obesidade daqueles que não comportam esse mesmo diagnóstico. As Medidas de âmbito psicoeducacional, aconselhamento psicológico e da terapia cognitivo-comportamental orientada à mudança de representações e atitudes diante do comportamento alimentar. Psicologia e Nutrição no comportamento alimentar infantil de crianças e adolescentes com sobrepeso e obesidade.
A3 Crianças e adolescentes. Porto Alegre. Instrumentos capazes de avaliar o comportamento alimentar em crianças e adolescentes. As técnicas utilizadas foram:

Toddler Feeding Behaviour Questionnaire

Sedish Eating Assessment for Autism spectrum disorders(SWEAA)

Social Cognitive Scales Related to Adolescent Dietary Behaviors  Children’s Power of Food Scale (C-PFS)

Dieting Peer Competitiveness Scale Eating Attitudes Test (EAT-40)

Tempest Self-Regulation Questionnaire for Eating (TESQ-E)

Comprehensive Feeding Practices Questionnaire (CFPQ)

Questionário das Escolhas Alimentares dos Adolescentes Escala de Atitude Alimentar Desordenada para Adolescentes (EAAT)

Screen for Early Eating Disorder Signs (SEEDS) in persons with type 1 diabetes

Comprehensive Feeding Practices Questionnaire (CFPQ)

Questionário de Alimentação da Criança (QAC).

Relevância dos instrumentos  para avaliação do comporta -mento alimentar passíveis de aplicação para crianças e adolescentes de diferentes populações e condições.
A4 Crianças e/ou adolescentes, levando em conta idades de 0 a 18 anos. Rio Grande do Sul. Instrumentos capazes de avaliar o comportamento alimentar em crianças e adolescentes na língua portuguesa. As técnicas utilizadas foram:

Teste de Atitudes Alimentares (EAT26)

Teste de Comportamen -tos Alimentares e Imagem Corporal para Pré – Adolescentes (EBBIT)

Questionário de Alimentação da Criança (CFQ)

Estágio de Prontidão para Mudança de Comportamento Alimentar e de Atividade Física

Teste de Investigação Bulímica de Edimburgo – BITE

Teste de Atitudes Alimentares para Crianças e Adolescentes (ChEAT)

Questionário sobre padrões de peso e alimentação para adolescentes

ComprehensiveFeeding Practices Questionnaire (CFPQ)

Escala de Percepção do adolescente sobre as práticas alimentares parentais – Tenn-PFP

ComprehensiveFeeding Practices Questionnaire (CFPQ)

Escala de Atitudes Alimentares Transtornadas

Importância de instrumentos de avaliação de comportamento alimentar que sejam construídos especialmente para a faixa etária de crianças e adolescentes.
A5 Adolescentes com idade de 16 ± 1 anos. Paraná. As intervenções foram realizadas em grupo, por profissionais de educação física (exercício físico três vezes por semana, durante 60 min, por sessão), fisioterapeutas (foco na correção postural, três vezes por semanal, durante 30 min, por sessão), nutrição (reeducação alimentar, duas vezes por semana, durante 45 min, por sessão) e psicologia (teoria cognitivo-comportamental, durante 60 min, uma vez por semana). Durante todas as intervenções, foram abordados pontos alusivos à promoção da saúde nas esferas biopsicossociais. Os questionários abordados foram: o questionário sobre a imagem corporal (Body Shape Questionnaire – BSQ), teste de atitudes alimentares (EAT), a escala de autoestima de Rosenberg (EAR) e escala Hamilton de ansiedade (EHA). Analisar os efeitos de 12 semanas de   intervenções   interdisciplinares em   parâmetros comportamentais e alimentares de adolescentes com excesso de peso ou obesidade.
A6 Crianças obesas. Caxias do Sul. Compreensão da obesidade infantil e do uso de intervenções motivacionais para o tratamento desta doença. A técnica utilizada foi o Instrumento Motivacional (IM) Essas interven-ções motivacio-nais não indicam uma

solução para o paciente, mas oferecem condições para que a mudança ocorra de modo natural e intencional. Sendo assim, tenta-se buscar as razões para a mudança em vez de impor ou tentar persuadir a pessoa sobre ela. Em suma, essas intervenções direcionam os pacientes para que se tornem mais conscientes sobre a transformação necessária, objetivando sua melhora.

A7 63 indivíduos na faixa etária dos 8 aos 12 anos, sendo 33 do gênero feminino e 30 do masculino, que se encontravam em tratamento médico de sobrepeso e obesidade em um ambulatório do serviço público de saúde. Manaus. Escala de Avaliação de Qualidade de Vida (AUQEI)

Questionário de Depressão Infantil/ Escala de

Silhuetas Brasileiras para Crianças

Children’s Eating Attitudes Test – Versão Brasileira (ChEAT).

Correlação entre obesidade infantil e atitudes alimentares, imagem corporal, depressão e qualidade de vida.
A8 95 pais ou responsáveis de crianças entre de 2 a 4 anos atendidas nas unidades de saúde, as crianças foram divididas em 3 grupos de acordo com o estado nutricional: G1-eutróficos (34 participantes) / G2 – risco sobrepeso ou sobrepeso (32 participantes) / G3-obesidade (29 participantes). São Paulo.

 

Como a alimentação pode interferir na saúde mental de crianças eutróficas, com sobrepeso e obesas. As técnicas utilizadas foram:

QSD – Questionário Sóciodemográ-fico

SDQ – Questionário de Capcidades e Dificuldades

CEBQ- Questionário do Comportamento Alimentar de Crianças.

Correlacionar problemas de saúde mental, comportamento alimentar e estado nutricional.
A9 Crianças obesas. São José do Rio Preto. Aplicação de cartilhas e a melhora da qualidade da alimentação dos escolares obesos. A técnica utilizada foi a Cartilha nutricional para escolares. O ambiente escolar com a exposição de cartilhas como educação nutricional podem evitar doenças em escolares como a obesidade.
A10 409 alunos da escola privada e 420 alunos da escola pública, cuja faixa etária variava de 15 a 19 anos. Porto Velho. Como a escola pode auxiliar na melhoria da alimentação em alunos evitando a obesidade e outras doenças. O processo de análise das respostas dos alunos (as) contemplou três etapas: 1) captações dos indicadores e tendências do fenômeno; 2) descoberta da relação dos dados obtidos com outras pesquisas por intermédio da comparação; 3) generalização da relação entre os fenômenos e fatos semelhantes, inclusive daqueles que não foram observados. Esforços conjunto da comunidade escolar (diretores, coordenadores, professores, donos de cantina) em atividades e ações de educação contínua em relação à alimentação e nutrição, incluindo este tema no currículo escolar.

Fonte: Dados conforme citações.

4. DISCUSSÃO

De acordo com os artigos investigados, pode-se ver da abordagem da nutrição comportamental no tratamento da obesidade em crianças e adolescentes uma carência de estudos. Apesar de serem encontrados 10 artigos que de fato abordam o assunto do enfoque da nutrição comportamental que corresponde o comportamento alimentar, eles tratam de forma mais ampla a questão da visão do corpo com o psicológico e não de forma a aprofundar o tratamento da obesidade, mas sim os efeitos que esta condição causa às crianças e adolescentes.

Nesse ponto, eles enfocam o importante papel do nutricionista no tratamento da obesidade com uma visão mais humanizada, além da importância da presença da escola e dos familiares nesse processo, que começa antes do tratamento, com a prevenção da obesidade. A mudança do relacionamento da criança com a comida é o ponto-chave dessa abordagem. Em vez de apenas incluir dietas restritivas, deve-se incluir a criança na vida alimentar da família e assim mudar efetivamente o comportamento alimentar dessa criança e/ou adolescente (CAVALCANTI; SILVA, 2019).

Foi observado que crianças com sobrepeso e obesidade tendem a ter maior frequência de caso de transtornos alimentares, como por exemplo a bulimia, além de apresentar comportamento de comer guloseimas escondidas, fato que é evidenciado pela alta restrição alimentar proposta nestes tratamentos, no qual a maior efetividade do tratamento seria a associação da nutrição comportamental com outros profissionais da saúde especializados nesses casos, ou seja, a atuação de uma equipe multiprofissional (PEREIRA, 2021).

Além de tudo que já foi exposto, os instrumentos utilizados devem ser específicos para o grupo infantojuvenil, onde foi visto que há uma carência de utilização e criação de habilidades nesse setor da nutrição comportamental e ainda há carência nessa especialidade para crianças e adolescentes da língua portuguesa, e utilização nela desses instrumentos que são mais presentes na língua inglesa (D’AVILLA; CÁS; MELLO, 2020). Dentre estes instrumentos de avaliação, 11 foram identificados na literatura como possuidores de validade e adaptação para crianças e adolescentes brasileiros (OLIVEIRA, 2016). A interferência multidisciplinar na vida de adolescentes obesos vem mostrando melhoria da visão corporal relacionada à percepção do estado físico e uma queda do medo apresentado por este grupo. Desta forma, evidencia-se que a inclusão da família precisa ser introduzida com o objetivo de melhorar os resultados na qualidade de vida dos adolescentes que estão em estado de excesso de peso ou obesidade (COSTA. et al., 2018). Evocar a motivação no público infantojuvenil no tratamento com intervenções é uma maneira eficiente de adquirir sucesso e autoestima no decorrer no tratamento da obesidade (BAZZI, 2019).

Associar de forma negativa a frequência de comportamentos da alimentação inadequados por pressão da sociedade, e a cobrança por uma forma corporal mais esguia, como representação de uma figura ideal de forma corporal, tanto para homens como mulheres, só ressalta a influência da mídia, do relacionamento familiar e da sociedade no desenvolvimento do comportamento alimentar nos indivíduos, especialmente em crianças e adolescentes (CARANHA, 2021). Correlaciona-se o estado emocional da criança sempre ao excesso, como à perca de vontade de se alimentar, podendo, dessa maneira, fazer com que o psicológico da criança influencie seu comportamento alimentar e, consequentemente, na sua autoestima, e à medida que a idade da criança vai aumentando, pode-se apresentar uma seletividade alimentar (RIOS, 2019).

O estudo só mostra como são importantes ações de educação nutricional dentro da família e nas escolas, com hábitos alimentares não restritivos auxiliados pela nutrição comportamental, a fim de evitar transtornos alimentares no meio do tratamento da obesidade infantojuvenil (MATTOS; VALERIO, 2018). Deve-se, assim, serem investidos esforços em conjunto com a escola (diretores, coordenadores, professores, administradores de cantinas) em tarefas e ações de educação com continuidade em relação à alimentação e nutrição, introduzindo esta temática no currículo escolar. Dessa forma, as crianças e adolescentes poderão ter um vínculo saudável e seguro com o alimento, contribuindo com o estado nutricional da população (MEDEIROS; CAMPOS; OLIVEIRA, 2020).

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O excesso de peso, além de consequências físicas, pode gerar também questões psicológicas, influenciando sobretudo a autoestima, principalmente na fase juvenil, onde estão imensamente preocupados com o padrão físico exposto pelas redes sociais.

A terapia comportamental alimentar tem potencial benéfico no tratamento de pacientes com obesidade. A centralidade da participação do indivíduo, em conjunto com atores que compõem o seu convívio, é fundamental no processo de controle da condição. A questão emocional na relação com a comida em pacientes na idade infantojuvenil é um desafio e deve ser avaliada com a possibilidade de presença de transtornos alimentares.

É necessário um maior quantitativo e um maior aprofundamento no estudo da nutrição comportamental como auxílio no tratamento da obesidade em crianças e adolescentes, considerando que é uma abordagem nova e sua aplicação nessa faixa etária ainda é escassa. O papel do nutricionista no tratamento da obesidade em crianças e adolescentes é relevante, sendo primordial o vínculo com profissionais da saúde, da educação e de outros meios, sendo necessário uma visão multidisciplinar.

Diante de tudo que foi exposto, a relação da criança ou do adolescente com a comida é compartilhada com aqueles que convivem mais de perto, como a família e a escola. Estes fatores são, portanto, de suma importância no tratamento e na prevenção da obesidade na faixa etária infantil e juvenil.

REFERÊNCIAS 

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA PARA O ESTUDO DA OBESIDADE E DA SÍNDROME METABÓLICA. Obesidade e Síndrome Metabólica. São Paulo: ABESO, 2009-2010. Disponível em: http://www.abeso.org.br/. Acesso em:

BARBIERI, Aline Fabiane. Obesidade na adolescência: aspectos de adesão e permanência em programa de tratamento multiprofissional pautado na terapia comportamental. Conexões, Campinas, v. 9, n. 1, p. 1–23, 2011.

BAZZI, Júlia Conte. Efeitos de intervenções motivacionais para o tratamento da obesidade em crianças: revisão sistemática da literatura. 2019. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em Psicologia) – Universidade de Caxias do Sul, Caxias do Sul, 2019.

BECK, Amy L. et al. Barriers and Facilitators to Healthy Eating Among Low-income Latino Adolescents. Appetite, v. 138, p. 215 – 22, 2019.

BRASIL. Guia alimentar para a população brasileira: promovendo a alimentação saudável. Brasília: Ministério da Saúde, 2014.

CAMOLAS, José et al. Individuo: intervenção nutricional direcionada aos estilos de vida em indivíduos com obesidade. Acta Portuguesa de Nutrição, v. 3, p. 14 – 21, 2015.

CARANHA, Alcielle Liborio. Obesidade infantil e correlação com atitudes alimentares, imagem corporal, depressão e qualidade de vida. 2021. 84f. Dissertação (Mestrado em Psicologia) – Universidade Federal do Amazonas, Manaus, 2021.

CAVALCANTI, Evelen Muniz. A importância da nutrição comportamental e atitudes saudáveis da família no tratamento da obesidade infantil. 2019.  Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Nutrição) – Faculdade de Ciências da Educação e Saúde, Centro Universitário de Brasília, Brasília, 2019.

COSTA, Lorany et al. Efeitos de 12 semanas de intervenções interdisciplinares em parâmetros comportamentais e alimentares de adolescentes com excesso de peso ou obesidade. J. Hum. Growth Dev., São Paulo, v. 29, n. 2, p. 177-186, 2019.

D’AVILA, Helen F.; DA CÁS, Samira; MELLO, Elza D. Instrumentos para avaliar o comportamento alimentar de crianças e adolescentes. DEMETRA: Alimentação, Nutrição & Saúde, [S.l.], v. 15, p. e40131, 2020.

DUQUE, Alice P. Avaliação do Perfil Autonômico em Obesos Metabolicamente Saudáveis. 2021. Dissertação (Mestrado) – Programa de Pós-Graduação em Ciências Cardiovasculares – Instituto Nacional de Cardiologia, Rio de Janeiro, 2021.

ENES, Carla; SLATER, Betzabeth S. Obesidade na adolescência e seus principais fatores determinantes. Revista Brasileira de Epidemiologia, v. 13, n. 1, p. 163-171, 2010.

LEITE, Renata P.; DINIZ, Thaís. M.; AOYAMA, Elizangela A. O Papel da Nutrição Comportamental no tratamento dos transtornos alimentares e na distorção da imagem.  Revista Brasileira Interdisciplinar de Saúde, v. 2, n. 4, 2020.

MATTOS, Natalia S. Elaboração de caderno para mudança de comportamento alimentar de escolares. 2018. 122 f. Dissertação (Programa de Pós-Graduação em Psicologia) – Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto, São José do Rio Preto.

MEDEIROS, Vanessa P. Q.; CAMPOS, Cazemiro S.; OLIVEIRA, Emanuel N. A. O comportamento alimentar dos estudantes da rede de ensino médio de pau dos ferros/RN: um estudo entre uma escola pública e uma escola privada. EDUCA: Revista Multidisciplinar em Educação, v. 7, n. 17, 2020.

MENEZES, Saskia S. C. et al. Clinical reasoning in undergraduate nursing education: a scoping review. Revista da Escola de Enfermagem da USP, v. 49, n. 6, p. 1032-1039, 2015.

OLIVEIRA, Karen H. Instrumentos de pesquisa para comportamento alimentar de crianças e adolescentes adaptados e validados em língua portuguesa. 2016. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em Nutrição) – Faculdade de Medicina, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2016.

PEREIRA, Fernando. O. Aspectos da funcionalidade psicológica em crianças e adolescentes com sobrepeso e obesidade. Revista PsicoFAE: Pluralidades em Saúde Mental, [S.l.], v. 10, n. 1, p. 111-128, 2021.

RIOS, Maria Tereza C. A. Associações entre problemas de saúde mental, comportamento alimentar, e estado nutricional de pré-escolares no município de Ribeirão Preto-SP. 2019. Dissertação (Mestrado em Enfermagem) – Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo, São Paulo. 2019. 

SILVA, Bianca F.; MARTINS, Eliene S. Mindful eating na nutrição comportamental. Revista Científica Univiçosa, v. 9, n. 1, 2017.

[1] Graduada em Nutrição pela Faculdade do São Francisco do Ceará.  ORCID: 0000-0002-5681-6733.

[2] Orientadora. ORCID: 0000-0001-7444-7532.

Enviado: Agosto, 2022.

Aprovado: Setembro, 2022.

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Gisele Josué de Oliveira

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