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Educação financeira nas séries iniciais do Ensino Fundamental: Uma experiência com alunos da Escola Dona Antonieta Melges De Camargo

RC: 43441
4.521
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DOI: 10.32749/nucleodoconhecimento.com.br/matematica/educacao-financeira

CONTEÚDO

ARTIGO ORIGINAL

XAVIER, Emília Damásia de Sousa [1], SOUZA, Juliana Behrends de [2]

XAVIER, Emília Damásia de Sousa. SOUZA, Juliana Behrends de. Educação financeira nas séries iniciais do Ensino Fundamental: Uma experiência com alunos da Escola Dona Antonieta Melges De Camargo. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano 05, Ed. 01, Vol. 06, pp. 131-146. Janeiro de 2020. ISSN: 2448-0959, Link de acesso: https://www.nucleodoconhecimento.com.br/matematica/educacao-financeira

RESUMO

Este artigo justifica-se na necessidade do ensino sistemático da Educação Financeira na Escola Dona Antonieta Melges de Camargo, objetivando apresentar o desenvolvimento de atividades que possam auxiliar os estudantes no dia a dia e na formação destes como cidadãos. A elaboração desta investigação foi motivada por palestra da cooperativa Sicredi, que se pautou na preocupação dos órgãos brasileiros que atuam no ramo financeiro, despertando a necessidade de ensinar os alunos desde cedo a se adaptarem a um mundo totalmente disciplinado, técnico e matemático. Como se trata de um tema importante do mundo moderno, os profissionais de educação, enquanto instituição escolar, devem ensinar os alunos a manusearem e administrarem o dinheiro, pois a sua má gerência pode acarretar inúmeros problemas tanto na infância, quanto na vida adulta. Para atendimento do viés metodológico, elencaram-se algumas atividades que envolvem a prática em sala de aula com os constructos da Educação Financeira realizadas em uma aula de campo na referida escola. Espera-se com este artigo que unidades escolares, como a Escola Dona Antonieta Melges de Camargo incorporem progressivamente em sua grade curricular, de modo transversal ou não, a conscientização dos alunos para uma temática de grande relevância, já que não há como desvincular o mundo moderno dos recursos financeiros.

Palavras-Chave: Educação Financeira, habilidade, Educação Básica.

INTRODUÇÃO

O Banco Central do Brasil (BCB), órgão que regulamenta a economia e o sistema financeiro nacional, (SFN), pode ser considerado um sistema forte e eficiente que assegura a movimentação de compra da moeda, sendo considerado eficiente, sólido e eficaz para o desenvolvimento do país como um todo.

O Decreto nº 7.397, de 22 de dezembro de 2010, também subsidia em nossas intenções para esse estudo, mostrando que as instituições se adequam conforme a lei, estabelecendo diretrizes, como o CONEF (Comitê Nacional de Educação Financeira), definindo junto à Secretaria de Educação, a educação financeira, lembrando sempre a LDBEN Lei nº 9394/96, a qual aborda a educação, considera esta dever do estado e da família, desenvolvendo-se no âmbito familiar, na convivência humana, no trabalho e nas instituições, no inciso II, vinculada à prática social. (LDB, 1996). Feito esse recorte, entende-se a importância e a necessidade da administração do ensino da Matemática Financeira nas series iniciais. Desse modo, um projeto da Escola Dona Antonieta Melges de Camargo levou os alunos ao banco Sicredi do município de Ribeirão Cascalheira MT em uma aula de campo. Foram levados os alunos, do 1°, 2° e 3° ano do Ensino Fundamental I, com o objetivo de trabalhar e mostrar na prática as competências e as normas práticas que irão auxiliá-los na vida cotidiana e na sua formação como cidadãos. Ensinar essas crianças desde cedo a se adaptarem ao um mundo totalmente disciplinado, técnico e matemático deve ser o objetivo da educação como um todo.

1. EDUCAÇÃO FINANCEIRA

Segundo o Banco Central do Brasil (BCB), os princípios econômicos são considerados eficientes, sólidos e eficazes para o desenvolvimento, asseverando que

[…] esse ambiente econômico estável possibilitou o aumento da oferta de produtos e serviços financeiros, entre eles o crédito, ampliando o poder de consumo de grande parte da população, inclusive daqueles anteriormente excluídos do sistema financeiro. Contudo, para usufruir dos benefícios econômicos que podem ser proporcionados por esses produtos e serviços, é importante que os usuários e clientes do sistema financeiro saibam como utilizá-los adequadamente. (BACEN, 2013)

Dada a relevância, no site do Banco Central do Brasil, tem-se definido o conceito de Educação Financeira, considerada como um

[…] processos mediante o ​qual consumidores e investidores financeiros melhoram a sua compreensão sobre produtos, conceitos e riscos financeiros e, por meio de informação, instrução ou aconselhamento objetivo, desenvolvem as habilidade​​ades e a confiança necessárias para se tornarem mais cientes dos riscos e oportunidades financeiras[…]. (BACEN, 2019)

Em acréscimo, a mesma instituição inclui o conceito de inclusão financeira, definindo-o como um

[…]estado em que todos os adultos têm acesso efetivo aos seguintes serviços financeiros providos por instituições formais: crédito, poupança (entendida em termos amplos, incluindo contas transacionais), pagamentos, seguros, previdência e investimentos.  (BACEN, 2019)

Ainda sobre inclusão financeira, completando com o relatório de inclusão, em seu primeiro parágrafo da apresentação, nos diz que

Promover a inclusão financeira em um país é uma tarefa que demanda grande esforço, amplo comprometimento e dedicação de vários segmentos da sociedade. Dessa maneira, as parcerias tanto com o setor privado quanto com o setor público e com organismos internacionais são fundamentais para efetiva promoção da inclusão financeira. (BACEN, 2019)

Outro documento importante, o Decreto nº 7.397, de 22 de dezembro de 2010, também vai contribuir em nossas intenções para esse estudo, mostrando que as instituições se adequam conforme a lei, estabelecendo, diretrizes, como o CONEF (Comitê Nacional de Educação Financeira) definindo junto à Secretaria de Educação, a educação financeira, lembrando sempre a Lei nº 9394/96, onde define a educação, dever do estado e da família, desenvolvendo-se no âmbito familiar, na convivência humana, no trabalho e nas instituições, no inciso dois, vinculada a prática social.

1.1 EDUCAÇÃO FINANCEIRA INFANTIL

A educação deve ser vista como agente de uma formação plena para um cidadão desde a sua infância educacional escolar. Sobre isso, documentos fornecidos pelo banco Sicred afirmam que

Acreditamos que investir na educação no presente faz a diferença no futuro. Queremos apoiar as pessoas a serem protagonistas da sua própria história, se tornando agentes transformadores nas suas comunidades por meio da educação de qualidade. (SICRED, 2019)

Educação Financeira e um assunto que tem estado em pauta nas escolas, no entanto foi deixada de lado. O projeto conta com um documento com orientações para a educação financeira nas escolas, entre os itens expostos estão: Temas como Planejamento Financeiro, Orçamento Familiar, Gastos e Custos, conhecimentos que hoje estamos levando até as crianças ainda na fase infantil, tornando o aprendizado mais eficaz.

Sabendo disso o Banco Sicredi de nossa cidade fez um convite a escola para participar de palestras sobre a educação financeira para crianças de 6,7 e 8 anos de idade. A escola por sua vez, preocupados com o assunto aceito o convite e juntos banco e escola estabeleceram fundamentações para essa educação ter mais alcance e cada vez mais cedo desenvolver aptidões, senso de responsabilidade, comprometimento com o mercado.

Em 2014, o ENEF desenvolveu um projeto para educação financeira na infância, no Ensino Fundamental, conta com livros, sendo um livro para cada ano até o 9° ano. É muito importante para a formação psicológica e o amadurecimento da criança que ela entenda que não se pode ter tudo, que cada coisa tem um valor e da necessidade de se impor prioridades no momento de administrar o dinheiro. Os livros contêm temas transversais e matérias educacionais convencionais, desenvolvidas em conjunto com parceiros, alguns deles: Visa, Icatu seguros, Bradesco e Instituto Samuel Klein.

O projeto conta com um documento que orienta essa aprendizagem, orientações para educação financeiras nas escolas e, entre os itens expostos, observa-se que se deve

[…] melhorar a compreensão em relação a conceitos e produtos financeiros. Desenvolver os valores e as competências necessárias para tomar consciência das oportunidades riscos das escolhas financeiras. Fazer escolhas bem informadas e a adotar ações que melhorem o bem-estar, comprometidos com o futuro. Ela também contribui para resolver nossos desafios cotidianos e ajuda as pessoas a realizar seus sonhos individuais e coletivos. Mais educados financeiramente, podemos melhorar nossa condição e contribuímos para assegurar o desenvolvimento do país. (ENEF, 2014)

1.2 ENSINE A CRIANÇA A PLANEJAR

O planejamento financeiro inicia com o que se deseja realizar, o processo de desejar tem tudo a ver com a criança que está aprendendo o que é ser adulta, CERBASI (2004), cada item desejado vale diferente para cada pessoa, o “Valor intrínseco é um conceito econômico que vai além do preço, envolvendo também o benefício que o bem traz a quem o usa. ” (CERBASI, 2004, p. 51). Então, conversar com a criança tentar entender o que ela sente em relação ao que ela quer vai fazer a maior diferença na hora de ensiná-la, porque se ela não tem nenhum vínculo com aquele produto, pode ser que ela viu alguém e está se baseando em algum amigo ou pessoa que ela estima muito.

Toda pessoa mal orientada financeiramente que passou por algum trauma que as fezes gasta mais do que tem ou guarda mais do que é devido, ser educado financeiramente não é ter para gastar, ou reter mais do devido para ter um número maior de dinheiro, ser educado financeiramente é saber usar seus recursos no devido tempo sem ter que pagar juros no tempo.

Por exemplo, Bacen (2013), hoje a maior dificuldade do brasileiro é entender juros nas relações de compra, entender os conceitos de juros simples e juros compostos e como ensinar aquilo que não se aprendeu, muitas das vezes as crianças repetem os erros de pais que nunca ouviram falar por exemplo em juros no tempo, ou em receber juros no tempo, assim somos ainda uma nação de poucos poupadores por retransmitir conceitos como “o banco só pega meu dinheiro”, ou “não vou deixar meu dinheiro no banco porque o banco retém para ele”, muitas práticas bancárias podem as vezes deixar uma má impressão do sistema bancário, no entanto o que o banco faz é pagar juros no tempo ou cobrar juros no tempo, basicamente esses dois conceitos tem que ficar bem esclarecidos em todo o processo de aprendizagem.

Sendo assim, os

[…] assuntos ligados à gestão financeira pessoal muitas vezes são considerados invasão de privacidade e pouco se conversa em torno do tema, cuidar de finanças demanda muito conhecimento porem ainda se trata de uma matéria pessoal de mais e não se deve falar para todos, o que vão dizer se souber que eu não sei cuidar do meu dinheiro, e com isso se perpetua essa consciência ou a falta dela”. (BACEN, 2019)

Mesmo com todo o preconceito vinculado ao tema, educação financeira deve ser ensinada ainda na infância para que distorções de entendimento sobre o tema sejam eliminadas.

Ensine a criança a desejar, depois planeje com ela de onde vai tirar os recursos para comprar o que deseja, estipule um tempo, coloque condições para a criança não interromper aquele tempo devido que tem que esperar para comprar assim ela aprenderá como poupar o dinheiro, entenderá que o consumo errado está vinculado a ansiedade, ao imediatismo males que assolam nosso sistema financeiro.

Contudo,

[…] nossos recursos financeiros devem satisfazer nossas necessidades, mas, na medida do possível, podemos atender nossos desejos. Os desejos não são ruins. Eles nos dão prazer e determinam aquilo que queremos para o nosso futuro. (BACEN 2013, p. 16)

A criança vai aprender a ser educada financeiramente também se conseguir entender que os recursos que ela usa ou que uma sociedade dispõe não são infinitos. Em acréscimo, o conceito de economia vai dizer que existem uma infinidade de produtos, porém há uma quantidade finita de recursos para obter os produtos, assim também nas relações com os recursos naturais, como alimentos, água, energia, combustível, todos esses recursos são naturais e provenientes de processos caríssimos que são cobrados em forma de imposto, não se paga pela água em si  mais a sua distribuição até a sua residência é cobrada, o combustível do carro muita das vezes proveniente de petróleo dependendo do meio escolhido, vai ser fabricado pela extração desse recurso do solo o que  pode causar  impactos no solo além e trazer com acidentes no processo contaminações sem reversão e assim acabar com reservas ambientais inteiras destruindo fauna flora e biomas existentes. Os recursos naturais precisam ser bem cuidados para que ao longo do tempo possamos reverter os erros da década passada.

As produções de insumos podem também trazer um sentido de economia quando transmitido a criança como um produto. Pode fabricar, por exemplo, um determinado número de lixo a ser descartado ou ser reciclado. Ensinar uma criança a reciclar pode ser uma saída para instigar a criatividade da criança e desvincular ela dos processos de compra de novos brinquedos, por exemplo, a criança também entende os recursos que são gastos nos processos de fabricação em determinado brinquedo atingindo assim na maturidade um conceito pouco entendido pela população brasileira o de reciclar.

É bom entender que quando mal utilizado uma ferramenta de ensino pode trazer transtornos por isso é importante gerar resultados dessa aprendizagem e demonstrações ou práticas como utilização da mesada, a reciclagens dos brinquedos, ou doação deles para crianças carentes, o plantio de hortaliças a serem utilizadas pela escola ou pela família na fabricação do alimento do dia a dia, demonstrando para o aluno que na prática funciona para podermos transpor essa matéria e não ficar somente na teoria, assim podemos definir metas mais precisas e metodologias a serem aplicadas.

As instituições que se comprometem em ensinar crianças a se tornarem educadas financeiramente representam 31% das iniciativas em Educação Financeira não cobram para ensinar, 69% delas, e tem foco ao longo prazo, ENEF (2019), isso significa um grande nicho a ser explorado por iniciativas públicas e privadas tendo com alvos as classes mais baixas e idosos, pessoas com pouco acesso à internet e às facilidades econômicas bem como crianças na sua formação.

2. PERCURSO METODOLÓGICO: ATIVIDADES APLICÁVEIS À PRÁTICA EM SALA DE AULA

A criança, desde cedo, acarreta-se gastos desnecessários em razão da falta de conhecimento adquirido e/ou exposto à criança, a qual não entende que a necessidade de ter gastos com dentista possui maior prioridade do que a vontade de gastar com um doce.  Um dos maiores impasses encontrados na aprendizagem e a ruptura de vícios, transtornos e problemas psicológicos – como o consumismo – na prática da Educação Financeira é o mal costume e manias transmitidas culturalmente, além do crescente mercado de marketing e política do modismo.

Observa se que essa prática não é saudável, as importâncias de comprar não devem ser transmitidas a criança antes de mostrar a causa de comprar, a demanda e a necessidade do gasto, estabelecendo prioridades.

Figura 1. Quatro eixos temáticos para ensino financeiro na infância

Fonte: Livro do professor v 1, CONEF.

Essa tabela faz parte do livro Educação Financeira que é direcionando aos alunos do Ensino Fundamental das primeiras séries, esse gráfico mostra a metodologia usada e os resultados esperados para o ensino desse eixo temático em sala de aula.

No primeiro ano do Ensino Fundamental, fica a cargo do educador estabelecer o devido laço entre consumo e produção de batatas. Como o alimento no exemplo, a batata é produzida para que o aluno, ao consumir um alimento, tenha em mente, que foi preciso uma pessoa ter um espaço para o plantio depois gastou-se tempo cuidando da plantação de batatas e, por fim, colheu, assim até chegar em todas as lojas para venda e para as mesas dos consumidores.

No exemplo do segundo ano, temos o ensino de organização, o educador fica a cargo de ensinar que a organização pessoal também é fator importante, assim como a organização em geral e pessoal, vai ter importância para os devidos fins de relacionamento da sociedade. Para que uma sociedade se relacione de forma organizacional precisa de indivíduos que sabem sobre essa organização e que sejam organizados, eles devem organizar seus interesses, sabendo como esses interesses são fabricados, estabelecer interesses voltados ao benefício social e entende esses processos.

O terceiro exemplo fica a temática Cuidados, quem cuida da cidade? Aqui, o aluno vai aplicando os conhecimentos adquiridos em cada ano, estabelecendo elo e elencando os processos de fabricação e logística. Entende os meios necessários e que eles têm custo e para serem produzidos e que precisam de dinheiro para comprar os produtos para limpar a cidade, por exemplo, e para disponibilizar material humano necessário para o desenvolvimento da tarefa de limpar. Como aprendeu nos anos anteriores, a limpeza traz benefícios a saúde e evita gastos com medicamentos. Para a tarefa que leva certo tempo, é preciso de material humano que custa salário e, assim, a aprendizagem ganha com os exemplos que vão ganhando corpo através da cognição da criança, “os quatro eixos temáticos lançam os pilares de formação necessários à vida financeira saudável e aproximam os educandos dos conteúdos de Educação Financeira” (CONEF, 2014).

A seguir, essa tabela vai mostrar os objetivos e as competências, saindo de cada pilar desse eixo temático, para o ensino de Educação Financeira.

Figura 2. Objetivos e Competências

Fonte: Livro do professor vl. 1, ENEF.

Os objetivos aqui serão ligados às competências da matéria a fim de formar perspectivas tangíveis, para o professor que vai ministrar esse tipo de aula. Esses objetivos irão nortear o cidadão a conhecer seus direitos e deveres.

Ensinar a consumir e poupar de forma consciente e responsável, através de ações e decisões financeiras sociais e ambientais, procurando através da leitura ser participativos oferecendo ferramentas para tomada de decisões individuais, para que o nosso universo financeiro possa se multiplicar através de necessidades reais.

Figura 3. Ligações entre as Competências

Fonte: Livro do professor v 1, CONEF.

As ligações que as dez competências transmitem entre seus ensinamentos vão balizar todo processo de aprendizagem que é estipulado pelo professor, observe que as competências pré-estabelecidas conversam entre si em vários sentidos. Dessa forma, qual for o sentido que o professor usar dentro desses quatro eixos o aluno vai aprender a Educação Financeira, usando esse método do ENEF, tendo em vista as várias situações problemas e as mais variadas disciplinas, desde sustentabilidade até português, assim Educação Financeira fica vinculada à matemática como metodologia transversal a todas as matérias possíveis.

Olhando as descrições, teremos muito mais entendimento do que o aluno vai aprender na sala de aula. As tabelas a seguir são do livro do professor do Ensino Fundamental 1 livro disponibilizado no site no site do ENEF.

Figura 4. Projeto 1 dos eixos temáticos

Fonte: Livro do professor vol. 1, CONEF.

Os exemplos não são modelos fixos e serve somente de auxílio, podendo o professor elencar os itens que preferir. No Colégio Dona Antonieta Melges de Camargo, fora utilizado este modelo e apresentou ótimos resultados com as crianças, dando espaço para estas falarem sobre a batata, fornecendo uma aula interdisciplinar e um riquíssimo conhecimento aos alunos, ao final do projeto foi distribuído batatas fritas entre as crianças e educadores.

Esse eixo temático investiga e discute a trajetória dos produtos até chegar ao uso pelo consumidor […], inclusive, sobre seus descartes, o que convoca a dimensão de longo prazo para compreensão geral de tal trajetória. Cada ano escolar contempla um produto ou uma categoria de produtos diferentes. A ideia é possibilitar ao educando conhecer e pensar criticamente a respeito de como a sociedade se organiza para produzir, transportar e descartar produtos naturais e industrializados e qual o custo financeiro e socioambiental desse processo. Com isso, desenvolve-se uma percepção de mundo e, nesse percurso, interligam-se conteúdos de diversas áreas do conhecimento. Em especial, conecta Educação Financeira e Educação Ambiental e fornece as bases para condutas ambientalmente responsáveis por meio do estudo de questões cidadãs (direitos e deveres). (CONEF, 2014, p. 23)

Figura 6.  Projeto 2 dos quatro eixos temáticos

Fonte: Livro do professor v 1, CONEF.

O segundo projeto nos levou a observamos que o lixeiro das salas de aulas ao final do dia ficava cheios de folhas de caderno emboladas. Perguntamos aos professores o que levava as crianças a jogar tantas folhas no lixo. Alguns disseram que eles rasgam a folha e joga no lixo quando eles erram. Nesse momento, percebemos que precisávamos fazer uma intervenção na sala toda, com alunos e professores.

Esse eixo temático dá conta de estimular a organização de aspectos crescentemente complexos da vida pessoal dos alunos e os leva a conhecer como outras pessoas se organizam. A ideia é caminhar do âmbito pessoal para o social, no qual se conhecerá como a sociedade vem organizando a sua vida financeira, do escambo às instituições financeiras e órgãos reguladores dos mercados. (CONEF, 2014, p. 23)

É legal porque temas como organização, vão também deixar um senso de compartilhamento, ou de dependência do outro, temas muitos importantes hoje em dia o compartilhamento de tarefas para facilitar o objetivo esperado.

Atingir o objetivo específico de organizar a sala de aula vai exigir o envolvimento pessoal e coletivo e, ao fazê-lo, possibilitará a construção das bases da organização pessoal, sem a qual é difícil desenvolver a organização financeira necessária para planejar e realizar sonhos. (CONEF, 2014, p. 51)

Ao aplicar esse tema em sala de aula, percebemos a importância de educar nossas crianças em prol dos cuidados do bem público e dos seus materiais escolares. Aqui, a atividade foi conscientizá-los sobre o desperdício e os cuidados com o bem público. Propomos para as crianças que elas utilizassem mais o lápis de escrever, assim quando errassem poderiam apagar com a borracha. Sugerimos a caneta somente nos títulos das atividades. Em relação ao bem público, fizemos uma limpeza nas salas e orientamos que não escrevessem nas paredes nem nas mesas. Conversamos sobre economia de material de limpeza, e o quanto gastamos para limpar paredes e mesas que eles mesmos escrevem ou sujam.

As palestras foram realizadas com membros da saúde e do meio ambiente, com o objetivo de conscientizá-los de onde vem e como e feito o papel. Falamos sobre a higiene pessoal e os problemas de saúde ocasionados quando não cuidamos do nosso corpo. Propomos, também, cálculos para perceberem o custo do material escolar e quanto dinheiro jogamos no lixo ao tirar uma ou mais folhas do nosso caderno.

Figura 7.  Projeto 3 dos quatro eixos temáticos

Fonte: Livro do professor v 1, CONEF

O papel do professor nesse momento e fundamental, ele promovera a interação grupal e o respeito mútuo com a natureza. Sabemos que os alunos que são responsáveis com o social e o ambiental, se tornaram adultos social e ambientalmente responsáveis.

Este eixo temático tem como objetivo despertar as crianças para a necessidade de se cuidar daquilo que é partilhado por todos. Isso inclui a responsabilidade pessoal e social pelos espaços e bens comuns. Para atender a tais objetivos, ele lança as bases do pensamento de longo prazo, essencial aos conceitos que envolvem a dimensão de futuro (trocas intertemporais, previdência/investimentos, seguro etc.) (CONEF, 2014, p. 24)

Para os alunos da escola Dona Antonieta Melges de Camargo foi proposto filmes, rodas de conversas e palestras com o objetivo de promover aprendizagem, dando a eles oportunidades de pensar sobre o cuidar e preserva.

Por ser um tema transversal interdisciplinar, ficou fácil a ligação entre os conhecimentos de alguns componentes curriculares, como Geografia; História; Ciências e Artes, além de trazer inúmeras atividades de Língua Portuguesa e Matemática. Os livros do ENEF trazem várias atividades para os alunos, nesse primeiro momento utilizamos algumas, para promover aprendizagem sobre a educação financeira dando a eles a oportunidade de pensar sobre o cuidar e preservar.

Figura 8. Projeto 4 dos eixos temáticos

Fonte: Livro do professor v 1, CONEF

O livro 1 do professor, páginas 86 e 87 do ENEF, traz algumas atividades que foram aplicadas em sala com os alunos. Em seguida, foi entregue para cada criança notas de dinheirinho recortados do livro didático. Para conhecer o dinheiro, foram realizadas algumas aulas para ensinar a conhecer as notas e o seu valor real. Em seguida, fizemos um minimercado dentro da sala de aula com itens doados para escola. O objetivo era levá-los às compras para observarmos o resultado das atividades propostas em sala. Cada criança podia comprar dois itens, todas compraram e nenhuma criança gastou todo o dinheiro, procuravam mercadorias mais baratas e que fossem da necessidade deles. Foi explorado com as crianças a finalidade e a importância de planejar e organizar nossas finanças. Assim:

Este eixo possibilita o engajamento dos educandos em preparativos necessários para se planejar e executar um evento, desde as primeiras ideias até o dia de sua realização. Oferece diversas oportunidades de exercitar, em ocasiões reais, modalidades simples de planejamento, com cálculos aritméticos crescentemente complexos. (CONEF, 2014, p. 24)

Desse modo, a Educação Financeira vai definir o futuro não só econômico de uma pessoa mais consequentemente de uma família, de uma casa e da sociedade como um todo é devida a total falta de leitura e estudo sobre o assunto que muitos pais ignoram essa parte da educação de seus filhos antecipadamente ainda na infância. Baseando-se em Cerbasi em seu livro Casais Inteligentes Enriquecem Juntos, o autor esclarece que muitos dos problemas familiares são ou por causa do dinheiro ou por excesso dele.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao estabelecer o que a lei e as instituições pedem para o ensino de Educação Financeira órgãos, como o Banco Central e o Ministério da Educação, estabeleceram normatização para o ensino de Educação Financeira, o que ajuda em muito primeiramente na conceituação e também na metodologia usadas nesse tipo de aprendizagem para surtirem o efeito desejado na aprendizagem. Assim, passamos então a entender o contexto brasileiro e a definição popular enriquecendo, notando vários motivos para educar financeiramente principalmente as crianças devido ao mau costume brasileiro e as manias existentes.

Dentro do estabelecido pela estratégia nacional de educação financeira vimos os eixos temáticos que vão embasar todo o ensino bem como obter todos os resultados esperados, assim sendo também relacionamos todas as vertentes temáticas com as outras matérias e possibilidades.

A Educação Financeira ainda é uma matéria a ser incluída em definitivo no cotidiano brasileiro e deve ser tomada as devidas proporções para a definição dessa matéria, contudo ficou claro pelas iniciativas tanto privadas como públicas que estamos trilhando um caminho pode trazer muitos resultados positivos ao longo prazo. A uma demanda muito grande em suporte a essas pessoas que não têm acesso a esse tipo de assunto e a literatura existente ainda visualiza uma classe média, deixando assim de lado toda a classe baixa do Brasil na qual se há pouca informação sobre o assunto ou nenhuma informação, as escolas focam também na Educação Financeira no âmbito sustentável, trazendo à tona temas como reciclagem, sustentabilidade e uso consciente dos recursos naturais e financeiros. Educação Financeira, tema que conversa com várias outras matérias e essencial para o convívio em sociedade, visando um cidadão pleno, temos que ter em mente que esse cidadão vai ter que aprender a usar seus recursos financeiros.

REFERÊNCIAS

BACEDN. Banco Cental do Brasil. Disponível em: https://www.bcb.gov.br/content/cidadaniafinanceira/Documents/RIF/RIF2015.pdf. Acesso em: 02 de novembro de 2019.

BACEN. BCB. Banco Central do Brasil. Disponível em: https://www.bcb.gov.br/content/cidadaniafinanceira/Documents/RIF/RIF2015.pdf Acesso em: 02 de novembro de 2019.

BACEN,B.(s.d.).Banco Central do Brasil. Disponível em:   https://www.bcb.gov.br/ content/ cidadania/Documents/RIF/RIF2015.pdf. Acesso em 02 de novembro de 2019.

BRASIL, B. Cidadania Financeira. Disponível em:BCB: https://www.bcb.gov.br/ cidadania  financeira Acesso em: 02 de novembro de 2019.

BRASIL, M. D. LDB: Lei de diretrizes e bases da educação nacional : Lei nº 9394, de 20 de Dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. 2016. Brasília, Distrito Federal, Brasil.

CONEF. (2014). Educação financeiras nas escolas 1 Ensino Fundamental: livro do prefessor. Brasília: CONEF.

CONEF. (2014). Educação financeiras nas escolas 3 Ensino Fundamental: livro do prefessor. Brasília : CONEF.

ENEF. (29 de Maio de 2019). Relatório Estatistico Enef.:VIDA E DINHEIRO. Disponível em:www.vidaedinheiro.gov.br/wpcontent/uploads/2017/04/RelatorioEstatisticoENEF.pdf Acesso em: 02 de novembro de 2019.

ENEF, B. Orientações para educação financeira nas escolas. Disponível em: http://www.vidaedinheiro.gov.br/wpcontent/uploads/2018/03/InfoEscolasFinal_alterado.pdf. Acesso em: 02 de novembro de 2019.

SINCRED,b. Educação:Quem Somos: Disponível em:https://www.sicredi.com.br/site/ quem- somos. Acesso em: 02 de novembro de 2019.

[1] Mestranda em Ciências da Educação, Professora da Escola Municipal Dona Antonieta Melges Camargo.

[2] Doutorado em Ciências da Educação, Professora do Colégio Pedro II (Instituto Federal).

Enviado: Dezembro, 2019.

Aprovado: Janeiro, 2020.

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Emilia Damasia de Sousa Xavier

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