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GABY – Uma História Verdadeira [1]

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CONTEÚDO

OLIVEIRA, Rosane Machado de [2]

OLIVEIRA, Rosane Machado de. GABY – Uma História Verdadeira. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Edição 9. Ano 02, Vol. 02. pp 132-138, Dezembro de 2017. ISSN:2448-0959

A presente resenha baseia-se na análise do filme de Gabriela Brimmer, também conhecida como (Gaby). O filme foi lançado em 1987 pelo diretor Luiz Mandocki. Entre os principais personagens pode-se destacar: (Gaby, Fernando, Florência, Michel Brimmer e Sari Brimmer).

A obra do diretor Luiz Mandocki busca relatar a história verídica de Gabriela Brimmer – Gaby, narrando os fatos, os acontecimentos, os preconceitos e as dificuldades enfrentadas por Gabriela, a qual era portadora de necessidades especiais, com severas limitações. O filme procura detalhar também, a capacidade cognitiva que Gaby possuía, sendo que uma parte do cérebro de Gabriela não foi atingida totalmente pela lesão cerebral. Em relação à capacidade ou modificabilidade cognitiva, através de ambas as experiências de aprendizagem, Reuven Feuerstein (2002) fundamenta-se na crença de que todo ser humano é capaz de modificar-se, independente de origem, etnia, idade ou condição genética, e define:

Modificabilidade (cognitiva) é a propensão (potencial) de um indivíduo se modificar através de ambas as experiências de aprendizagem direta e mediada direcionadas para necessidades estruturais e comportamentais. Em resposta a apresentação de intervenções de mediação que sejam sistemáticas, planejadas e repetitivas num período de tempo e através de 16 variações na exposição de estímulos, o sujeito se torna plástico e modificável, cada vez mais favorável à exposição aos estímulos diretos. A propensão para a modificabilidade pode ser avaliada através de procedimentos dinâmicos, e pode ser influenciada pela EAM oferecida em contextos situacionais estruturados. (FEUERSTEIN; FALIK; FEUERSTEIN, 2006, p.16).

De fato, todo distúrbio, deficiência, ou limitação, a ciência sempre buscou e contínua buscando por respostas objetivas. É possível verificar, que a ciência começa pela investigação, a qual procura traços no histórico familiar, para ver se tem alguma chance do distúrbio ou da deficiência ser genética ou não.

Como relatado no filme, o histórico e a constituição familiar dos pais de Gaby, aparentemente, apresenta-se normal e tradicional, os pais de Gabriela eram casados religiosamente, sendo que anos antes de Gaby nascer, o casal já tinha um menino, o qual nasceu perfeito e sadio, sendo chamado de David.

Drummond & Drummond Filho (1998, apud PRATTA E SANTOS, 2007, P. 248). Descrevem:

O grupo familiar tem o papel fundamental na constituição dos indivíduos, sendo importante na determinação e na organização da personalidade, além de influenciar significativamente no comportamento individual através das ações e medidas educativas tomada no âmbito familiar.

A família é muito importante e significativa no crescimento de qualquer criança, principalmente para os indivíduos com necessidades especiais, ou que apresentam algum déficit. O grupo familiar sempre será essencial, pois é através do diálogo e de atitudes positivas, que a família contribuirá na educação da pessoa especial.

Gabriela nasceu no México no dia 12 de Setembro do ano de 1947. Filha de Michel Brimmer e Sari  Brimmer,  imigrantes judeus, refugiados  no  México.

Gaby nasceu perfeita, era um bebê lindo, loira de olhos claro, e pele clara, aparentemente normal. Ao nascer, a menina pesou três quilos, mas aos poucos, o sinal de suas limitações foi aparecendo. Os pais de Gaby possuíam muitos recursos financeiros, e através desses recursos, conseguirão recorrer a vários médicos pelo país a fora. Gabriela passou por muitos médicos, até que a descoberta foi anunciada. Constataram-se nos exames, que os fatores RH dos pais de Gaby eram incompatíveis um com outro. Infelizmente, a pequena Gabriela apresentava um caso grave de paralisia cerebral, no qual todo seu corpo havia sido afetado, incluindo as cordas vocais, sendo que por este motivo, Gabriela não iria desenvolver os passos, nem movimentar seu corpo, e muito menos, poder falar, por motivo da grave lesão cerebral.

A notícia para os pais de Gaby, logo no início, foi assustadora, duvidosa, e acompanhada de uma pequena rejeição, a mãe de Gabriela buscava sonhar, e se enraizar em seus sonhos, que um dia, mais cedo ou mais tarde, sua filha conseguirá se comunicar com eles, ou ao menos, falar algumas palavras. Já o pai de Gabriela nada sonhador, e bem realista, apenas afirmava “temos que aceitar Gaby como ela é”. Foi contratada uma governanta para cuidar de Gaby, a qual se chamava Florência Morales. Florência era uma mulher amorosa, cuidadosa, sentimental, com um espírito materno, sendo que a mesma demostrava um sentimento de ternura e carinho pela menina. Nota-se, que foi através do carinho, do cuidado e da mediação para com Gaby, que Florência descobriu um jeito da menina se comunicar com ela e com as demais pessoas ao seu redor.

Certamente, Florência com muita dedicação ofereceu meios necessários e favoráveis para que a menina não ficasse totalmente limitada do mundo e das pessoas, isto é, incluiu incentivo e estímulo à comunicação, ao ensino- aprendizagem e o uso dos sentidos para com Gaby. O pé esquerdo de Gabriela era o único membro que Florência descobriu que Gaby conseguia mexer num movimento favorável aos seus comandos, e foi por meio do pé esquerdo, que Gaby conseguiu dizer as primeiras palavras do seu vocabulário, pronúncias simples, como sim ou não, através do movimento do pé (movimentando o pé para baixo e cima)

A alimentação e a linguagem de Gaby adequaram-se aos sinais cognitivos que Florência havia ensinado a Gaby, com o movimento do pé, no qual Gaby conseguia responder positivamente. Dessa forma, Gaby solicitava e respondia com tais movimentos, provando que sua condição não havia afetado seu cognitivo, mostrando ser uma menina muito inteligente. Gaby foi alfabetizada com a ajuda de sua mãe e de Florência, a menina passou a se comunicar com a ajuda de uma tábua, a qual tinha todas as letras do alfabeto em caixa alta, Gaby apontava com o pé esquerdo as letras e soletrava-as, mentalmente/ cognitivamente, sendo que quando alfabetizada, conseguiu formar suas primeiras frases. Gabriela contava também, com a ajuda de uma máquina de escrever, o que tornou a comunicação da menina mais qualitativa e eficiente.

No filme, é possível observar, que a escola de educação especial deixava muito a desejar em questão há educação e ao ensino-aprendizagem, pois na sala de aula, o que mais havia, eram desentendimentos, piadas, bagunça e brigas constantes entre os colegas portadores de necessidades especiais. Na sala de aula especial, frequentavam muitos alunos entre eles os mais destacados no filme é Gabriela e Fernando, pois os mesmos reconheciam seu potencial e não desejavam prender suas mentes em uma escola onde o ensino era alienado, anticrítico, fragmentado, totalmente sem reflexão. Portanto, Gaby e Fernando se rebelaram contra a escola de deficientes físicos, alegando que o ensino não era justo, e que ninguém levaria aquela escola a sério, pelo motivo da professora ser uma pessoa passiva, e aprovar todos os seus alunos por pura “piedade”, sendo que a maioria dos estudantes, não havia aprendido absolutamente nada durante o ano. Com isso, Gaby e Fernando desejavam cursar o secundário na escola pública regular, sendo que isso exigia deles, muita força de vontade, assim como, uma luta por uma vaga.

Analisou-se, que na escola de modalidade especial mostrada no filme, não havia recursos distintos de aprendizagem, métodos, estímulos do meio, lúdicos, tecnologia assistiva/recursos adaptados às necessidades especiais dos discentes, livros de contos, lendas, poemas, entre outros. Desde então, não havia uma aprendizagem construtiva na escola de deficientes físicos que Gabriela Brimmer frequentava.

A professora no filme não é nada mediadora, muito pelo contrário, ela pouco se preocupa com o desenvolvimento cognitivo dos alunos, o que faz com que os estudantes se desmotivem e passem a acreditar que não irão á lugar algum.

Todavia, recursos como o lúdico são fundamentais no âmbito educacional e social, sendo que tais recursos oportunizam a reabilitação gradativa de qualquer estrutura mental humana. O procedimento lúdico na educação dos sujeitos com necessidades educacionais especiais seja qual for à limitação, se faz necessário, e quanto mais cedo os indivíduos obterem estímulos ao brinquedo, maiores serão as chances de conseguirem resultados positivos no resgate cognitivo.

Já a escola de ensino regular mostrada no filme, era diferenciada, isto é, o ensino era benéfico e comprometido com as dificuldades, necessidades educacionais dos educandos, sendo que os alunos poderiam contar com professores mediadores, e dedicados aos discentes. O teste de inteligência observado no filme em relação à Gabriela pareceu de acordo, pois foi essencial a menina fazer o teste, e deixar provado sua capacidade, já que Gaby também queria fazer o teste para conseguir entrar na escola normal, pois a mesma tinha conhecimento do seu potencial, assim como tinha, excelentes pais, os quais acreditavam na capacidade de sua filha.

O filme também relata a questão da sexualidade, vivida por Gabriela e Fernando, dois colegas de classe e portadores de necessidades especiais que se apaixonam. Verifica-se, como há preconceitos e discriminação para com as pessoas portadoras de necessidades especiais, como se, por causa das limitações que acompanham essas pessoas, fosse difícil, proibido, ou espantoso amar alguém, ou se relacionar afetivamente, ou sexualmente com outra pessoa.

O filme que narra à história real da menina Gaby, apresenta fatos e reflexões, onde as limitações humanas são vencidas passo a passo. Há certos impedimentos, mais os impedimentos são superados por conta da determinação de Gabriela e do apoio familiar. Em questão a afetividade, as pessoas precisam compreender que todo ser humano é composto pela necessidade de amar e viver com outras pessoas, pois somos seres sociais, ninguém nasce para viver sozinho, ou para não amar e não ser amado. Não importa se é uma pessoa especial, ou não, o amor acontece, e o amor, não é proibido para ninguém, como também, o amor não tem restrição, limitação, distúrbio ou deficiência. É preciso primeiramente, nos libertarmos dos preconceitos enraizados ao longo de décadas, tendo como suporte o pensamento de Vygotsky (1995, apud MITTLER, 2003), quando nos convoca a perceber que, “é preciso ter uma visão positiva da deficiência, pois uma criança deficiente não é uma criança defeituosa” (p.47).

Contudo, apesar do apoio familiar que Gaby recebia, a menina sentia certa insegurança, e muitas vezes, pensava em desistir de seus sonhos por medo de frustrações, ou de não chegar a lugar algum, desde então, seu pai muito sincero, mas também otimista, lhe incentivava muito, sendo que ele explicou a Gaby as diferenças entre as barreiras na vida das pessoas, como a barreira real e a barreira imposta pela vida.

A barreira real que o pai de Gaby se referia, era aquela do dia-a-dia, das lutas, das derrotas e também, das conquistas. Já a barreira imposta, seria aquela barreira que não desejávamos mais que estava ali imposta, e teríamos que lutar contra ela.

O pai de Gaby lhe deixou bem explicado que limitações todos nós temos, assim como nossos problemas que nos limitam de muitas coisas, e até mesmo de muitas pessoas. Gaby percebia o carinho e o amor de seus pais para consigo, pois foi aceita pouco a pouco pela sua família que muito batalhou para provar ao mundo que uma pessoa com paralisia cerebral, pode sim, se desenvolver cognitivamente. Gaby sempre teve suas limitações totalmente respeitadas pelos seus familiares e pela sua babá.

O filme apresenta a realidade como ela é, os preconceitos, a discriminação em relação às pessoas portadoras de deficiência e os mitos absurdos em torno da sexualidade dessas pessoas. O preconceito sofrido por Gaby na própria escola especial, depois no teste de inteligência para entrar no ensino regular, onde duvidaram da capacidade da menina com paralisia cerebral passar na prova, assim como, o enfrentamento no primeiro emprego entre outros fatos. É sabido que a inclusão social nem sempre acontece de um modo fácil e complexo, já que muitas pessoas encontram dificuldades em aceitar, e estabelecer laços com as diferenças, mas é possível, através da conscientização, oportunizar caminhos para que o processo de inclusão social se efetive, nos mais diversos contextos sociais.

Após ter assistido o filme e refletido sobre o mesmo enquanto assistia, tive curiosidade de conhecer a bibliografia e as publicações de Gabriela Brimmer. Gaby frequentou a Universidade e se tornou uma acalmada escritora e ativista de pessoas com deficiência, escreveu um livro contando sua história de vida, sendo uma escritora de muito sucesso, a qual ficou famosa no mundo inteiro, onde até nos meios de comunicação Gaby se fez presente. Já Florência sempre esteve ao lado de Gaby em todos os momentos, acompanhando na escola, na Universidade e nos demais lugares. Sendo uma fiel amiga e uma fiel governanta.

Conclui-se, que os preconceitos, sejam quais for, não podem existir. Os cadeirantes são pessoas com mobilidade reduzida e que dependem muito de estruturas arquitetônicas qualificadas para sua locomoção nos diversos espaços. O filme traz uma reflexão relevante, onde as escolas inclusivas juntamente com a comunidade escolar, e os professores, devem lutar incansavelmente pela inclusão social construtiva de seus alunos em todos os contextos sociais, a escola não pode jamais se acomodar em suas estruturas com métodos, recursos e metodologias de ensino tradicional.

A discriminação, o preconceito, ou até mesmo as piadas, realizadas em torno das deficiências ou dos distúrbios das pessoas especiais, infelizmente, decorre de mentes ideológicas, que não sabem conviver com as diferenças, ou seja, com a diversidade presente na sociedade.

Referências

CORDEIRO, Giseli do Rocio. Orientações e dicas práticas para trabalhos acadêmicos/ Giseli do Rocio Cordeiro; Nilcemara Leal Molina; Vanda Fattori Dias (Org.). – 2.ed. revisada e atual. – Curitiba: InterSaberes, 2014, 181 p. Bibliografia. ISBN 978-85-8212-967-8.

DRUMMOND, M. DRUMMOND FILHO, H. (1998). Drogas: a busca de respostas. São Paulo: Loyola. Apud PRATTA, E.; SANTOS, M. A. Família e adolescência: a influência do contexto familiar no desenvolvimento psicológico de seus membros. Psicol. Estud.; vol. 12; nº 2; Maringá; Mai/Ago.; 2007.

FEUERSTEIN, Reuven. FALIK, Louis H. FEUERSTEIN, Rafi. As definições de conceitos essenciais e termos: Um glossário de trabalho. Jerusalém, Israel: ICELP Printshop de 2006. FEUERSTEIN.

FILME: Gaby – Uma História Verdadeira. Diretor: Luis Mandocki. EUA/ México. 1987.

MITTLER, Peter. Educação Inclusiva: contextos sociais. Porto Alegre: Artemed, 2003.

[1] Resenha Crítica

[2] Graduada em Pedagogia pela Faculdade Internacional de Curitiba – PR, (FACINTER), Graduanda de Licenciatura Plena em História – Turma de Julho do ano 2016 da FACINTER, Especialização em Educação Especial e Inclusiva (FACINTER), Especialização em Docência no Ensino Superior pela Faculdade de Educação São Luís de São Paulo – SP, Pós-Graduanda em Gestão Escolar: Orientação e Supervisão – Turma de Março do ano 2017 da Faculdade de Educação São Luís – SP

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Rosane Machado de Oliveira

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