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Recuperação de estruturas de concreto – Corrosão das Armaduras – Estudo levantado no Centro Oeste de Minas Gerais

RC: 21450
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CONTEÚDO

ESTUDO DE CASO

SILVA, Daniel Henrique [1]

SILVA, Daniel Henrique. Recuperação de estruturas de concreto – Corrosão das Armaduras – Estudo levantado no Centro Oeste de Minas Gerais. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano 03, Ed. 10, Vol. 02, pp. 64-77 Outubro de 2018. ISSN:2448-0959

RESUMO

Este artigo apresentará formas de recuperação de estruturas de concreto armado tomando como referência as corrosões nas armaduras, visto que foi a patologia mais comum na região onde o estudo foi desenvolvido. Partindo de catalogações das principais manifestações patológicas na região Centro Oeste de Minas Gerais, tendo observado seus surgimentos e correções, pode-se observar os elementos mais afetados na região e ainda fazer algumas considerações referentes aos danos sofridos. Observando diversas obras, seu meio de inserção e utilização, concluiu-se que os pilares foram os elementos mais afetados pelas patologias de diversas naturezas. Ainda sobre os elementos mais afetados, conclui-se que em primeiro lugar, a corrosão das armaduras nos elementos de concreto armado foi a vilã das obras acompanhadas. Vigas e Lajes respectivamente em ordem de desenvolvimento patológico, também foram afetadas pela referida patologia. O objetivo deste artigo será apresentar técnicas de recuperação de estruturas de concreto armado quando atacada por corrosão das armaduras. Objetivando um melhor esclarecimento de um tema importante e tão comun nas estruturas novas e antigas,

Palavras-chave: Corrosão, Estrutura, Recuperação, Concreto, Manifestações Patológias.

INTRODUÇÃO

O campo da Engenharia Civil por perceber uma significativa quantia de danos apresentados pelas estruturas de concreto, demonstra uma extrema preocupação com o tema Durabilidade das estruturas. Através das séries de normas técnicas a fim de Desempenho das edificações que estipula em sua segunda parte, Requisitos de Desempenho para os sistemas estruturais de Edificações Habitacionais, exigindo uma determinada vida útil das edificações, torna-se a cada mais importante conhecer as diversas patologias apresentadas por um determinado sistema construtivo, o concreto armado neste caso em específico, e possuir conhecimentos específicos e apurados para intervir na estrutura degradada e corrigir o mal antes que este possa efetivamente consumir parcial ou total a vida útil da edificação.

Embasando-se em um elevado grau de degradação das estruturas de concreto armado (HELENE, 1993; MEHTA, 1993) e um ascendente recurso para recuperações muitas vezes evitáveis, diversas instituições e pesquisadores cada vez mais se dedicam ao tema.

Grandes pesquisadores e instituições de nível mundial tem direcionado seus esforços para a execução de levantamentos de problemas de várias edificações, expondo a importância de se catalogar por macrorregiões as patologias mais apresentadas. Observa-se ao longo dos diversos trabalhos já desenvolvidos no Brasil que a principal patologia sofrida pelo concreto armado é a corrosão das armaduras. Em trabalhos desenvolvidos na região Centro-Oeste (NINCE,1996), ou na Região Sudeste (CARMONA E MAREGA, 1988), em Santa Catarina (SANTANA apud ARANHA, 1994) dentre outros importantes levantamentos realizados, fica clara o nível de atuação desta doença nas estruturas. Através destes trabalhos, viu-se a importância de reduzir estas macrorregiões Brasileiras de modo mais direcionado. Observa-se que algumas patologias, ou algumas condições para surgimento destas no concreto armado são variáveis de grande importância para o assunto. Portanto objetivou-se um estudo mais específico na região Centro-Oeste de Minas Gerais, onde através de uma catalogação patológica percebeu-se a corrosão das armaduras com seu principal agente agressivo e optou-se por descrevê-la junto a este.

A corrosão das armaduras pode ser entendida e definida como uma interação destrutiva entre material e meio, sendo essa característica destrutiva gerada por reações químicas, out eletroquímicas. A oxidação é basicamente um ataque provocado pela reação de gases junto ao metal, porém não possui caraterísticas de deterioração tampouco velocidade de corrosão, salvo a existência de gases especialmente agressivos na atmosfera local.

A oxidação da barra de aço pode ser considerada em primeiro momento como uma relativa proteção ao ataque da corrosão por umidades, esta película oxidada geralmente nasce ainda no processo de laminação do mesmo. Mas antes de trefilado, esta película será retirada, afim de melhorias na estrutura química do aço, e substituída por outra conhecida, o fato é que esta substituição poderá muitas vezes ser feita pela decapagem com ácidos, processo químico que pode gerar efeitos alternativos no futuro, tal adição de nova camada também será considerada uma camada protetora para a barra contra corrosão úmida.

A corrosão geralmente ocorre por efeitos eletroquímicos, em meio aquoso, o concreto armado devido a sua característica mais básica, que é a presença da água para ativação química do cimento, possui um ambiente bastante propício para a formação de uma película superficial de eletrólito sobre a barra de aço, elemento constituinte do concreto armado.

Sob altas temperaturas, superiores a 80°C, e, baixa umidade relativa, inferiores e 50%, o aço pode iniciar um processo corrosivo antes mesmo de ser utilizado, durante sua armazenagem. É de suma importância reconhecer esta patologia e descartar este material antes deste ser efetivamente utilizado em sua função e acarretando maiores dificuldades futuras, tanto em sua identificação como elemento degradado, quanto em sua substituição ou correção.

Serão apresentados a seguir dados das principais patologias da mesorregião centro-oeste mineira e comentada de forma a tornar um pouco amigável as possíveis formas de prevenção e recuperação da principal patologia: a corrosão das armaduras.

2. METODOLOGIA ADOTADA

A partir de diversas consultas realizas a empresas responsáveis por grande número de recuperações e manutenções de edificações na região centro oeste do estado de Minas Gerais, foi desenvolvido um banco de dados que soma as principais intervenções feitas no período de 2005 a 2015 referentes a trabalhos em concreto armado convencional.

Salienta-se a observância das obras em concreto armado convencionas, não abrangendo obras de arte, reservatórios, contenções, dentre outras. Estas possuem elevado índice de particularidades em seus processos construtivos, tendo todo seu entorno envolto em cuidados específicos com cada etapa construtiva, não refletindo a realidade das obras convencionais.

A forma utilizada para catalogação das manifestações patológicas e também suas devidas correções leva em consideração os dispostos por ARANHA (1994) seguindo uma semelhante ficha catalográfica. Basicamente os dados foram catalogados de acordo com a seguinte regra: os danos que ocorreram em um determinado elemento de concreto armado, foram todos catalogados, independente de quantas vezes aquele elemento estrutural se repetiu na estatística. Como exemplo cita-se um pilar, que sofreu, ninho de concretagem, dois pontos distintos de corrosão das armaduras, anotou-se então para o pilar em questão um total de três patologias. Os dados foram acrescidos e direcionados da seguinte forma:

Dados do cliente e da obra

Uso da edificação – neste item pode-se direcionar os tipos de obras de forma mais consciente e eficaz. Ainda neste tópico pode-se de modo informal, não constando neste trabalho, observar os desvios de função que alguns elementos sofreram, acarretando acréscimo de cargas não previstas em projetos iniciais.

A tabela 1 apresentada a seguir mostra as diversidades de obras observadas, e suas divisões entre obras residencial, industrial, comércio, institucional.

Tipologia Quantidade %
Residencial 121 72,89
Comercial 25 15,06
Industrial 12 7,23
Institucional 8 4,82
TOTAL 166 100

Tabela 1 – Classificação das Edificações em relação ao Uso

Fonte: Adaptado de Aranha (1994)

c) Entorno: também de suma importância para classificar, quantificar e analisar as patologias geradas é observar a inserção da edificação em sua região (ASHTON et al., 1982; AL-MOUNDI,1995).

Entorno Localização
Área Urbana Regiões Centrais devido seu potencial comercial
Área Salina – – – – – – – – – – – – – – – –
Periferia Urbana Após os centros urbanos, todos as demais regiões que antecedem as áreas rurais
Área Rural Comunidades e entornos
Área Industrial Atmosferas industriais específicas

Quadro 1 – Classificação do entorno na Mesorregião Centro Oeste de Minas Gerais

Fonte: Adaptado de Ashton et al (1982); Al-Mound (1995)

Toda a Mesorregião Centro Oeste mineiro pode ser inserida em áreas urbanas, rurais e pontos industriais, não há incidência alguma de áreas salinas. O macro áreas de divisão regional estão inseridas no quadro 1 – classificação do entorno na mesorregião centro oeste mineira. Não é considerado efeitos de superposição ambiental.

A tabela 2, a seguir, distribui as obras observadas segundo seu entorno conforme seu agrupamento

Área Urbana Área Salina Periferia Urbana Área Rural Área Industrial Total
Residencial 75 40 6 121
Comercial 10 15 25
Industrial 2 3 7 12
Institucional 7 1 8
Total 94 59 6 7 166
% 56,63 35,54 3,61 4,22

Tabela 2 – Distribuição das obras considerando sua Localização

Fonte: Adaptado de Ashton et al (1982); Al-Mound (1995)

Conforme já informado anteriormente, por tudo mesorregião centro oeste mineira, a classe preponderante para análise é a classe II, sendo esta considerada Urbana. É facilmente percebível essa análise, sendo que 56,63% das edificações observadas nesta mesorregião está inserida nos grandes centros comerciais, e outra grande cota de obras está inserida na Periferia Urbana, sendo considerada também com classe de agressividade igual às áreas Urbanas, totalizando um percentual de 35,54%. Ainda observando os dados, as áreas rurais possuem índice baixo de incidências, da ordem de 3,61 e áreas industriais com agressividade maior proveniente do seu ambiente, com percentual de 4,22%.

Tais fatos, quando somados, explicitam a ideia de que as áreas urbanas são predominantes com 92,17% das incidências, onde as exposições destas estruturas são de risco menor segundo as classes de agressividade apresentados pela NBR 6118 – 2014, porém também deixam evidente um fato altamente preocupante, de que muitos casos de patologias, intervenções, correções ou até mesmo demolições não são acompanhadas e direcionadas por profissionais habilitados, tendo seus proprietários como próprios responsáveis por suas solução, e também outra hipótese seria de muitas intervenções não foram/são devidamente registradas. Sobre as áreas rurais que obteve números baixos de incidência podem ser justificados pelo baixo número de edificações, ou pela simplicidade dos modelos estruturais executados em tal localidades. As áreas industriais, apesar de estarem expostas a um ambiente mais agressivo, apresentam de um modo geral, maiores cuidados em seus sistemas construtivos, recebendo maiores cuidados em diversas etapas importantes para a vida útil do empreendimento, e também passando por vistorias, e manutenções mais frequentes.

3. APRESENTAÇÃO DAS PRINCIPAIS MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS

Com base nos dados coletados este tópico apresentará uma análise das patologias manifestadas de modo mais constante nas estruturas de concreto armado.

Fonte: Dados Produzidos pelo autor

Figura 1: Principais Manifestações Patológicas no Concreto Fresco

Pelos dados obtidos, é perceptível que 90% das patologias no estado inicial do concreto armado, estão associadas à Segregação do concreto (24%), Ninhos de concretagem (35%), Insuficiência do cobrimento das armaduras (31%), os valores obtidos para tal possuem uma superioridade imensa quanto às demais causas de patologias neste estado fresco do concreto.

Estas patologias podem, em sua grande maioria ser corrigidas de forma simples nas etapas de projeto e outras em sua execução conforme o trabalho estudado (CÁNOVAS, 1988; HELENE, 1992).

Alguns critérios são citados aqui:

Observar a trabalhabilidade adequada do concreto;

Ainda em projeto ter cuidados e preocupações sobre a execução dos elementos;

Cuidados com concretagem das peças;

Garantir o cobrimento mínimo especificado para cada elemento estrutural.

Quando em estado endurecido, as patologias apresentadas para tal obras são listadas na figura 2, a seguir.

Fonte: Dados Produzidos pelo autor

Figura 2: Principais Manifestações Patológicas no Concreto Endurecido

De acordo com a figura 2, a principal patologia do concreto armado no estado endurecido é a corrosão das armaduras (69%), seguido pelos recalques diferenciais (10%), infiltrações (6%), detalhes construtivos (5%), a desagregação do concreto aparece em seguida (4%), em mesmo nível encontram-se os problemas estruturais, ataques químicos e outras patologias (2% cada).

Como observado e dito anteriormente a corrosão das armaduras está em primeiro plano quando observado as patologias no estado endurecido.

Quando observado os resultados para as obras residenciais, que apresentam maior índice de incidência, também é possível redirecionar os gráficos de modo a perceber os elementos estruturais mais afetados. Neste item será abordado apenas o quesito corrosão nas armaduras nos elementos estruturais, devido esta patologia ser o objeto de estudo.

Fonte: Dados Produzidos pelo autor

Figura 3: Elementos estruturais mais afetados em Obras Residenciais

Os pilares como mostrado pelos dados da Figura 2, são, de um modo geral, os elementos estruturais com maior incidência de patologias de diversas naturezas. A corrosão das armaduras (85%), Segregação do Concreto (100%) acontecendo em paralelo as demais patologias e ocorrendo em todos os casos, Problemas estruturais (56%), e Detalhes construtivos (35%) tornam os pilares amplamente vitimados pelas diversas doenças das estruturas. No caso das vigas de concreto armado A corrosão das armaduras aparecem como maior vilão (35%), seguido pelos Problemas Estruturais (32%), e Segregação do concreto (15%), e detalhes construtivos (8%), para Lajes em concreto armado a principal patologia são os Problemas Estruturais (37%), seguido pela corrosão das armaduras (20%), e Detalhes construtivos (5%), e para os demais elementos, os Problemas Estruturais aparecem em primeiro (15%), seguido pela Segregação do concreto (8%) e pela corrosão das armaduras (8%). De acordo com a Figura 3 percebe-se também que o somatório dos valores ultrapassa o 100%, deixando claro o que é dito no item 2 sobre as patologias que ocorrem de modo simultâneo nos elementos.

Também é perceptível como a corrosão das armaduras está presente nas obras residenciais, apesar de aparecer, recebendo um total de 148%, a frente de problemas estruturais com 140%, Segregação com um total de 123% e Detalhes construtivos 48%.

Importante salientar que os pilares foram os elementos mais agredidos, gozando da grande maioria dos resultados obtidos. Tal informação é útil ao analisar o elemento como um todo, já que a evolução de uma patologia de menor influência se torna o elemento cada vez mais propício e vulnerável ao surgimento de novas doenças.

Outro detalhe importante sobre a segregação do concreto, que ocorreram em sua grande maioria nos pilares, pode ter um número ainda maior, devido a grande maioria destes elementos possuir revestimento externo que impossibilita uma melhor avaliação. Ainda pode-se direcionar outros detalhes típicos de projeto e execução como uma das causas desta patologia, como a elevada taxa de armadura com barras pouco espessas, ou a absorção de água pelas formas, ou ainda o lançamento de concreto a elevada altura.

No caso das vigas e também das lajes, a segregação do concreto foi provavelmente um fator determinante para o surgimento de diversas outras patologias, devido à perda de resistência dos mesmos devido a esta doença em específico. Tal fator favoreceu o surgimento das corrosões das armaduras.

4. TÉCNICAS DE RECUPERAÇÃO DE ESTRUTURAS – CORROSÃO DAS ARMADURAS

Toda recuperação estrutural deve ser analisada de modo singular e detalhado.

No caso do uso de listas, deve-se usar o marcador que aparece no início desta frase;

É necessário em um primeiro momento determinar de modo eficiente as principais patologias e suas causas, qualquer reparo executado sem conhecer a fundo os efeitos de sua doença, não serão plenos. Salvo casos especiais;

O domínio do tipo de patologia também permitirá a utilização de material de qualidade, apropriado para aquela etapa. O material empregado deve ser o mais compatível possível com o projeto original, tanto química, quanto fisicamente;

A aplicação do material deverá ser critérios rigorosos para cada situação. Este fator será determinante no quesito desempenho do elemento final;

O substrato a ser reparado deve estar devidamente preparado. É de suma importância que o mesmo esteja limpo, livre de poeiras, concreto soltos, óleos e graxas, é comum a utilização de jatos de areia para limpeza do substrato, e jatos de ar afim de deixar a superfície sem quaisquer vestígios de contaminantes;

Tão importante como todas as etapas, a aplicação do reparo no elemento em questão definirá muitas premissas sobre sua vida útil pós recuperação. Em geral, um reparo bem feito, acordando com todas os detalhes necessários pode tornar a nova estrutura ainda mais eficiente que a original.

Para utilização de qualquer produto deve-se ter diversos cuidados para com sua aplicação, é listado a seguir algumas técnicas importantes para uma boa recuperação e/ou restauração estrutural.

Todo concreto que apresentar trincas, estiver fraco, solto, laminado, ou apresente quaisquer contaminações como graxas, óleos deve ser absolutamente removido. Fazer uso de ferramentas apropriadas para tal, e deixar o substrato de forma limpa, sólida e rugosa.

A geometria do elemento a ser recuperado deverá ter forma simples, cantos em ângulos retos, evitando excesso de quinas. Cuidados especiais devem ser tomados para não acarretar variações bruscas de profundidade do corte e escarificação.

Todo sinal de corrosão apresentado pela armadura deve ser removido, através de escova de aço, de forma manual, ou através de jatos mecânicos (pistola de agulha ou hidro jato).

Ao sinal de corrosão das barras, deve além de remover completamente os sinais, medir a seção transversal da barra de aço, caso esta nova seção apresente perda igual ou superior a 20% de sua seção inicial, esta deverá ser recomposta. Esta recomposição da armadura deve ser observada criteriosamente, se possível, deve ser realizado ensaios de resistência para comparação entre as peças sadias e as doentes. Algumas situações se fazem necessário a instalação de barras longitudinais e também de novos estribos.

Extremamente importante a reconstituição de todas as juntas, talvez seja necessário a criação de novas juntas dependendo da situação, verificar com o projetista responsável.

Quando necessário o emprego de soldas, é importante controlar de forma rigorosa a temperatura e o tempo da mesma, a fim de danificar ao mínimo possível as propriedades dos aços empregados. A solda deve ser executada a base de eletrodos e seguir rigorosamente as orientações normativas para tal.

Fonte: Dados Produzidos pelo autor

Figura 4: Viga de Concreto Armado – Corrosão da Armadura

Ainda sobre as técnicas de recuperação, é importante comentar sobre alguns procedimentos que podem ser executados de modo simples e eficaz, desde que seguidos os procedimentos adequados.

A recuperação estrutural significa em termos básicos, devolver a estrutura a suas condições originais, devolver a vida da estrutura, que foi atacada por patologias/doenças como se ela nunca as tivesse sofrido, ou seja, no caso deste artigo, a recuperação é devolver a originalidade a estrutura como se ela nunca houvesse sido atacada pelas corrosões em suas armaduras.

Quando toda oxidação for removida, há a necessidade de reconstrução do cobrimento das mesmas, para tal é necessário reconstruir o concreto antigo, de preferência, com um concreto bem adensado. Tal cobrimento tem finalidade de bloquear a penetração de umidades e outros tipos de agentes agressores, de tal forma ele protege a camada passivadora do aço e recompõe a seção original do elemento. O cobrimento novo pode ser executado por diversos procedimentos desde que garanta tais requisitos básicos.

Alguns procedimentos:

O concreto pode ser projetado garantindo espessura mínima de 50 mm, este possui boa aderência ao concreto antigo e não requer formas, em casos maiores é uma ótima opção, porém gera também um alto desperdício além da sujeira local.

A utilização de argamassas poliméricas é uma boa opção para os mais diversos casos, de fácil aplicação, garante boa aderência entre o concreto antigo e a argamassa, alta durabilidade, impermeável, boa aceitabilidade da armadura no quesito proteção da camada passivadora, pode ser aplicado facilmente em pequenas áreas facilmente, não necessita de formas, é importante a utilização de mão-de-obra especializada e necessário testes prévios de resistência. A argamassa polimérica pode ser moldada de forma simples, garantindo uma boa aparência do elemento. É um ótimo material, porém seu preço é bastante elevado. As argamassas poliméricas são desenvolvidas a partir da mistura de argamassas convencionais com resinas, geralmente a base de metil metacrilato, ou pode ser utilizado o epoxy, o que lhe garante uma consistência tixotrópica.

Fonte: Dados Produzidos pelo autor

Figura 5: Pilar de Concreto Armado – Recuperação do concreto com utilização de Argamassa Polimérica – MG

A figura 5 mostra uma montagem de três imagens de pilares de concreto armado em uma mesma obra de recuperação estrutural. Na primeira imagem, a esquerda, pode-se perceber que o concreto foi agredido por impactos em sua base, teve parte de sua seção afetada e precisou ser completamente retirado para receber a argamassa polimérica. Observa-se ainda que a armadura se encontra em bom estado de utilização, não havendo necessidade de reposição da mesma. Ainda na primeira imagem a armadura já recebeu um inibidor de corrosão e se prepara para receber a argamassa polimérica como preenchimento do cobrimento e recuperação da seção do elemento.

A imagem central da figura 5, mostra outro pilar da mesma obra, visto de frente, onde, por se tratar uma obra antiga e com um cobrimento pífio, sofreu pelo degaste do concreto, corrosão das barras de aço, com perda de seção transversal das mesmas. Toda a superfície fora apicoada e barras foram analisadas de modo singular, não sendo constatada redução de seção superior a 20%, as mesmas receberão aplicação do inibidor e corrosão, e na terceira imagem constituinte da figura 5 percebe-se o pilar já revestido com argamassa polimérica, ainda esperando por acabamento final.

A figura 6 mostra na mesma obra, uma laje que também por seu cobrimento insuficiente esteve vulnerável aos ataques de agentes externos, sofrendo com perda de seção da peça de concreto, perda de seção transversal do aço, também inferior a 20%, dentre outras patologias. Também importante comentar sobre a imagem o terrível desconforto visual causado pela exposição da armadura sofrendo pelas patologias.

A correção seguiu os mesmos parâmetros do elemento da figura 5.

Fonte: Dados Produzidos pelo autor

Figura 6: Laje de Concreto Armado – Corrosão da Armadura

Outra importante forma de recuperação do revestimento do concreto são as argamassas e concretos especiais para o “grauteamento”. São produtos auto adensáveis, não exigem aumento da seção original do elemento a ser recuperado, mas tem um importante detalhe executivo, necessitam de formas altamente estanques. Quando se tem elementos com densidade de armação elevadas, este método se faz muito eficiente, e também quando há dificuldades de acesso o mesmo pode ser bombeado, seguindo algumas premissas, como a continuidade do bombeamento do início ao fim, (tendo como referência de término suspiros que servem para a saída de ar no interior do elemento).

E ainda outra importante forma de fazer o recobrimento é a utilização de argamassas comuns, com relação água-cimento baixa, necessitando de formas e exigindo então o aumento da seção do elemento estrutural. É salientado que esta solução requer da equipe responsável um conhecimento grande da tecnologia do concreto no intuito de garantir a aderência do concreto novo ao concreto antigo.

No projeto deve constar as especificações do material a ser utilizado para tal, suas características de resistência a compressão em idades determinadas, permeabilidade, retração, aderência, comportamento a efeitos abrasivos e químicos. Em hipótese alguma, o material utilizado para o reparo poderá segregar, precisa de uma adesividade satisfatória quanto ao substrato encapsulando toda a armadura exposta.

Caso seja utilizado material auto aderente, salienta-se a importância da aplicação de uma força entre material corretivo e substrato, dependendo de cada técnica aplicada.

Ressalta-se a necessidade de aplicação das técnicas e materiais adequados e direcionados a cada situação, qualquer segregação que aconteça no material no material de reparo reduz drasticamente sua capacidade de trabalho, expondo novamente a estrutura a riscos e não atingindo a ideia inicial de levar a edificação novamente a um estado mais próximo possível ao original.

Ainda na mesma linha de cuidados, é tão importante quanto, ou até mais de que a própria recuperação reconhecer de modo eficaz a causa das patologias. Sanar em primeiro momento o criador da doença permitirá uma recuperação adequada, eficaz e duradoura, além de direcionar de forma mais consciente os recursos disponíveis para tal situação. Em caso de presença de cloretos incorporados, ou outras singularidades como:

Impossibilidade de refazer/criar um cobrimento adequado para a armadura;

Impossibilidade de isolar agentes agressivos;

Impossibilidade de proximidade de matérias eletropositivos, como materiais de cobre junto a estrutura;

Ou simplesmente em casos de existências de vantagens econômicas para aquele caso em específico, as soluções podem ser bem mais específicas, exigindo estudos aprofundados e direcionados não sendo tão simples suas correções.

Todas as etapas citadas são únicas a cada situação, tentar copiar uma solução eficaz ao caso “A” em situação semelhante “B” não é o adequado. É indicado que seja esta analisada criteriosamente por um projetista experiente, direcionada uma solução específica e tão importante quanto é contar com mão-de-obra realmente qualificada, capaz de utilizar corretamente os recursos dispostos garantindo então um bom nível de trabalho da estrutura.

5. CONCLUSÃO

Após analisados os resultados de diversas obras em diferentes cidades da mesorregião centro oeste de Minas Gerais, percebe-se a grande percentual de ataque de alguns tipos de patologias nas estruturas de concreto. Cabe ressaltar que a corrosão das armaduras de concreto foi o fenômeno mais comum nas estruturas, seguida por problemas estruturais diversos, segregação do concreto e detalhes construtivos que encabeçam uma lista de patologias em concreto armado causando desconfortos diversos, desde visuais, estéticos à riscos aos usuários dentre outras anomalias.

Foram observadas obras de âmbitos variados, porém focada nas obras residenciais edificadas por técnicas comuns na região. Os pilares foram considerados, seguindo os dados apresentados, as grandes vítimas dos problemas no seguimento, sendo afetados por quase todos os tipos de patologias.

Vale salientar que a patologia mais comum na região foi a corrosão das armaduras, sendo esta comentada neste artigo, provocada em quando não há condições de proteção suficiente e adequadas para a armadura. O cobrimento das mesmas é de extrema nesse sentido, e ao observar as obras recuperadas, percebesse que grande parcela das obras antigas, possuem camada de concreto protetora da armadura pífia, com baixa capacidade de proteção do elemento aço, deixando-o exposto rapidamente as mais diversas ações, locais. Logo o elemento aço acaba por ter danificada sua camada passivadora dando origem a corrosões localizadas, que podem se generalizar.

Também é importante citar que na grande maioria das obras não se encontra um devido plano de manutenção da edificação conforme pré-estabelecido por instruções normativas recentes. Justamente por serem informações novas, muitos ainda não adequaram, e deixam suas estruturas trabalharem sem conhecimento de suas reais situações.

Um plano de manutenção da estrutura bem elaborado e sua fiel observância pode ser uma solução barata e simples para o não surgimento de diversas doenças estruturais, visto que, de acordo com os dados apresentados, diversas anomalias possuem caráter evolutivo. Inspeções rotineiras, intercalada com inspeções detalhadas, avaliação do desempenho estrutural em certo espaço de tempo determinados representam uma grande importância para a edificação.

E ainda tão importante quanto a manutenção, é que os construtores tenham o cuidado necessário para com as novas edificações, seguindo e cobrando parâmetros importantes de projetos, já que muitas patologias nascem ainda nessa fase, pela violação de etapas básicas por motivos adversos. E frisando a importância de o construtor/incorporador alinhar as informações de sua edificação, elaborar o Manual de Uso e Manutenção da mesma, garantindo aos usuários a possibilidade de assegurar uma vida útil com um patamar de desempenho mais saudável à sua edificação como um todo.

REFERÊNCIAS

AL-MOUNDI, O. S. Durability of Reinforced Concrete in Agressive Sabkha Environments. ACI Materials Journal, v. 92, n°3, mai-jun. p236-245

ABNT, ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 15.575 – 2: Edificações habitacionais – Desempenho Parte 2: Requisitos para os sistemas estruturais informação e documentação: referências: elaboração. Rio de Janeiro, 2013.

ANDRADE, J. Durabilidade das Estruturas de Concreto Armado: Annálise das Manifestações Patológicas nas Estruturas no Estado de Pernanbuco. Dissertação (Mestrado em Engenharia) Universidade Federal do Rio Grane do Sul. Porto Alegre, 1997. 148p.

ARANHA, P.M.S. Contribuição ao Estudo das Manifestações Patológias nas Estruturas de Concreto Armadona Região Amazônica. Dissertação (Mestrado em Engenharia) Universidade Federal do Rio Grane do Sul. Porto Alegre, 1994. 144p.

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CÁNOVAS, M.F. Patologia e Terapia do Concreto Armado. São Paulo Ed. PINI, 1988. 522p.

CARMONA FILHO, A.; MAREGA, A. Retrospectiva da Patologia no Brasil: Estudo Estatístico. In: Trabajos Apresentados em la Jordana Español e Potuques sobre Estructuras y Materiales. Madrid, 1988. Anais… Madrid: CEDEX/ICcET, 1988, p.99-124

DAL MOLIN, D.C.C Fissuras em Estruturas de Concreto Armado: Análise das Manifestações Típicas e Levantamento de Casos Ocorridos no Estado do Rio Grande do Sul. Dissertação (Mestrado em Engenharia) Universidade Federal do Rio Grane do Sul. Porto Alegre, 1988. 220P.

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NINCE, A.A. Levantamento de Dados sobre a Deterioração de Estruturas na Região Centro-Oeste. Dissertação (Mestrado em Engenharia) – Curso de Pós Graduação em Engenharia Civil, UnB. Brasília, 1996. 176p.

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ANDRADE. C.; “Manual para Diagnóstico de Obras Deterioradas por Corrosão de Armaduras”. 1° ed. São Pauo: Pini, 1992

BARBOSA, M.T.G., Seminário Reforço e Recuperação de Estruturas. Universidade Federal de Juiz de Fora, 1998, p.41-54.

[1] Mestrando em Construção Civil (UFMG).

Recebido: Fevereiro, 2018.

Aprovado: Outubro, 2018.

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