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Enfrentando a indisciplina e a violência na escola

RC: 128551
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DOI: 10.32749/nucleodoconhecimento.com.br/educacao/violencia-na-escola

CONTEÚDO

ARTIGO ORIGINAL

FERNANDES, Nelma Dias Rodrigues[1]

FERNANDES, Nelma Dias Rodrigues. Enfrentando a indisciplina e a violência na escola. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano. 07, Ed. 09, Vol. 08, pp. 136-146. Setembro de 2022. ISSN: 2448-0959, Link de acesso: https://www.nucleodoconhecimento.com.br/educacao/violencia-na-escola, DOI: 10.32749/nucleodoconhecimento.com.br/educacao/violencia-na-escola

RESUMO

Problemas relacionados à indisciplina e violência estão entre os fatores apontados por educadores como sendo um problema presente no cotidiano escolar que interfere negativamente no processo de ensino e aprendizagem. Fomentar e analisar esse tema dentro do espaço escolar é extremamente necessário, pois a escola é desafiada a encontrar caminhos para promover o desenvolvimento integral do estudante. Tendo em vista a grande dificuldade da escola no enfrentamento da indisciplina, o presente estudo encontra-se voltado a responder a seguinte problemática: Quais as possibilidades de atuação da escola no enfrentamento da indisciplina e da violência entre os estudantes? Considerando tal problemática o estudo tem como objetivo refletir sobre as possibilidades de ação da escola no enfrentamento da indisciplina. A metodologia utilizada foi a revisão bibliográfica, com estudos de autores que abordam a temática da indisciplina na escola. Os resultados da pesquisa revelam que nem sempre os alunos indisciplinados são violentos, sendo importante distinguir a indisciplina da violência.  Conclui-se que o papel do professor é muito importante para minimizar esse cenário, atuando de forma eficiente diante das situações de indisciplina escolar e de violência, tendo em vista que, a indisciplina escolar pode ser reflexo até da própria prática pedagógica. Já a questão da violência tem outro enfoque e envolve fatores externos à escola, que requerem apoio da família como também de profissionais como assistentes sociais, psicólogos, da justiça, entre outros.

Palavras-chave: Escola, Indisciplina, Reflexão, Ação.

1. INTRODUÇÃO

Conforme revelado pela Revista Mundo Jovem (2010) a função social da escola é ensinar formando para a vida um cidadão consciente e crítico, para o exercício da cidadania. Assim, uma das ações da escola encontra-se voltada para a questão comportamental. Porém, tem-se notado um avanço muito grande da indisciplina e até mesmo situações envolvendo violência, sendo constante a queixa de professores, denotando se tratar de um problema que requer intervenção adequada, haja vista que interferem na dinâmica da escola.

De acordo com registros da Revista Mundo Jovem (2010) a indisciplina e violência estão entre os fatores apontados por educadores como sendo um problema presente no cotidiano escolar que interfere negativamente no processo de ensino e aprendizagem e principalmente na formação integral do indivíduo. As causas destes problemas são diversas e requerem intervenções.

Lobato (2013) destaca que a escola não pode ser concebida como um espaço que privilegia somente o ensino de conteúdos programáticos e sim a educação, ou seja, a formação integral do estudante. Nesse sentido, a mesma precisa repensar o tema da indisciplina e violência, pois de nada adiantará ensinar e ensinar conteúdos se os nossos alunos ainda não entendem valores fundamentais da vida de cada pessoa: o respeito ao outro, justificando a realização da pesquisa.

Fomentar e analisar esse tema dentro do espaço escolar é extremamente necessário, pois segundo Lobato (2013) a escola é desafiada a encontrar caminhos para promover o desenvolvimento integral do estudante.

Tendo em vista a grande dificuldade da escola no enfrentamento da indisciplina, o presente estudo encontra-se voltado a responder a seguinte problemática: Quais as possibilidades de atuação da escola no enfrentamento da indisciplina e da violência entre os estudantes?

Considerando tal problemática o estudo tem como objetivo geral refletir sobre as possibilidades de ação da escola no enfrentamento da indisciplina e como objetivos específicos investigar os fatores ligados à indisciplina e violência no contexto escolar, analisar os reflexos da indisciplina no desenvolvimento da aprendizagem e formular possibilidades de intervenção com sugestões de atividades voltadas para o enfrentamento deste problema que atinge nossas escolas.

O presente trabalho foi desenvolvido de acordo com a ótica metodológica e descritiva da pesquisa bibliográfica, onde o estudo foi desenvolvido com base nos estudos de Aquino, Garcia, Lobato, Tiba e outros estudiosos. Estes materiais foram devidamente analisados, cujas anotações serviram de base para as reflexões apresentadas.

2. INDISCIPLINA E VIOLÊNCIA NA ESCOLA

Segundo registra Tiba (1998) a sensação sentida pela sociedade é a de que ninguém mais controla problemas como a indisciplina e a violência, pois suas origens tanto podem estar dentro como fora do ambiente escolar. A prática mais comumente adotada é a punição, porém, na concepção do referido autor, quanto mais punições mais agressões irão acontecer.

Conforme reportado por Lobato (2013) a incidência da violência geralmente está ligada à indisciplina dos alunos e tal comportamento é gerado por uma série de fatores. A referida autora destaca a importância de compreendermos os significados de indisciplina e violência, os fatores a eles relacionados, para assim enfrentarmos este problema de maneira eficiente.

2.1 INDISCIPLINA

De acordo com Ferreira (2018), apontada como uma das principais causas do atraso e do baixo rendimento escolar, a indisciplina na sala de aula é hoje objeto de discussões e teses. E também uma dor de cabeça para muitos professores. Trata-se de um problema que precisa ser compreendido e enfrentado pela escola.

Segundo Aquino (1998) indisciplina é todo ato ou dito contrário à disciplina que leva à desordem, à rebelião, à desobediência de normas, regras ou leis estabelecidas por uma instituição a qual se manifesta em forma de protesto, ousadia ou coragem.

Para Tiba (1996) a indisciplina é o resultado quase natural da falta de educação, pois os alunos já nem falam mais o básico: bom dia, por favor, obrigado, com licença, etc. contrariando as regras da moral estabelecida pela escola e aprendida desde o seio familiar, para um bom relacionamento do indivíduo em sua conduta.

De acordo com Lobato (2013) a maior parte dos educadores rotula de indisciplinado o (a) aluno (a) que apresenta comportamento fora dos padrões esperados. Dessa maneira, segundo a referida autora, a inquietação, a discordância e o questionamento acabam sendo considerados como indisciplina. Assim, tem-se o conceito de indisciplina como ato de rebeldia contra a autoridade como também a incapacidade de se ajustar às normas estabelecidas.

Para Lobato (2013) o aluno indisciplinado seria aquele que se opõe a qualquer forma de disciplina para obedecer a uma regra. Para a autora, o professor entende a indisciplina como uma forma de transgressão, ele associa a indisciplina a uma transgressão às regras.

2.2 VIOLÊNCIA

Gentile (2002) define a violência como um ato físico de indivíduos contra outros e como uma quebra da capacidade de resolver os conflitos através do diálogo, além de considerar sua forma verbal e institucional.

De acordo com Lobato (2013) no contexto escolar o termo violência representa múltiplos significados e é utilizado pelos educadores para classificar comportamentos violentos ou indisciplinados numa mesma categoria. Para a autora, condutas antes consideradas aceitáveis no espaço escolar podem hoje ser consideradas como violentas pelos educadores e arrogar ao aluno indisciplinado o rótulo de violento, estigmatizando-o e causando danos ao seu desenvolvimento. Desta forma, o que é caracterizado como violência varia em função do estabelecimento escolar, do status de quem fala (professores, diretores, alunos, etc.), da idade e provavelmente, do sexo.

Já na concepção de Ferreira (2018) o conceito de violência interpessoal inclui assassinatos, agressão, brigas, bullying, violência entre parceiros sexuais, feminicídio e abuso emocional. De acordo com a autora, violência, são ações que causam efetivo dano a outra pessoa e que ferem o código penal. Em sua maioria, são situações causadas por algo externo à escola.

2.3 FATORES LIGADOS À INDISCIPLINA E VIOLÊNCIA NO CONTEXTO ESCOLAR

Um estudo realizado por Lobato (2013) onde foi realizada entrevista com professores verificou-se que os entrevistados foram unânimes ao mencionar que tanto a disciplina como a violência estão presentes no cotidiano escolar. Geralmente a violência ocorre por questões banais.

Segundo Lobato (2013) a maior parte dos professores entrevistados culpabilizam as famílias pela ausência de disciplina no ambiente escolar. Segundo a autora, os argumentos utilizados pelos professores para explicar as dificuldades do aluno no ambiente escolar são associadas à desestruturação familiar e problemas psicológicos do próprio indivíduo, dentre outros.

Lobato (2013) reitera que problemas familiares ou de ordem psicológica certamente influenciam no comportamento dos estudantes, contudo, esta não é a única razão que pode levar os estudantes a apresentar comportamentos indisciplinados ou até mesmo apresentar casos de violência.

De acordo com Lobato (2013) um dos principais causadores da indisciplina para os alunos, é fruto de uma aula que não está sendo bem aproveitada por aquele aluno. Uma aula que para o aluno se caracteriza como desinteressante, quatro ou cinco horas sentado em uma sala de aula, na qual, a aula ministrada não desperta o seu interesse ou curiosidade. Na concepção da autora, a abordagem metodológica dos conteúdos trabalhados de maneira descontextualizada, por não fazerem relação com o cotidiano dos alunos nas diversas matérias do currículo, pode provocar a falta de interesse, um dos principais fatores que levam à indisciplina.

Conforme reportado por Aquino (1998) muitos motivos podem levar um aluno a não se comportar da forma esperada em atividades que necessitam de uma relação funcional com os demais integrantes da comunidade escolar, como também na sociedade.

Para Gentile (2002) o comportamento indisciplinado e a violência geralmente não resultam de um único fator. Várias questões podem estar envolvidas, principalmente relacionadas à:

– Escola;

– Professor;

– Família;

– Aluno;

– Sociedade.

Na concepção de Gentile (2002) o que ocorre é que nossas crianças e adolescentes vivem em um mundo diferente. Atualmente, eles estão ligados a uma vida para além da escola bastante desafiadora, com hábitos diferentes dos das gerações anteriores. Crianças vivem uma realidade de mudanças contínuas, acesso privilegiado à informação, velocidade e competitividade: é um tipo de vida rápida, excitante. Enquanto há escolas que funcionam como um modelo obsoleto, esperando que as crianças fiquem enfileiradas, sentem-se comportadas em carteiras individuais e tenham a figura do professor como detentor do único saber.

E nesse sentido, a Revista Mundo Jovem (2010) destaca que os tempos atuais pedem muitas mudanças no processo pedagógico e na relação professor-aluno para atender esta nova realidade que nos apresenta.

De acordo com Tiba (1998) estudos apontam que o comportamento indisciplinado não resulta de fatores isolados, como por exemplo: exclusivamente da educação familiar, da influência da TV, da falta de autoridade do professor, da violência da sociedade atual, etc., mas, da multiplicação da influência que recaem sobre a criança e o adolescente ao longo de seu desenvolvimento.

Conforme registros de Tiba (1996) as influências sociais não agem de forma isolada ou independente, nem tampouco são recebidas de modo passivo na medida em que o indivíduo internaliza o repertório de seu grupo cultural. Sendo assim, no seu processo de construção, através de inúmeras interações sociais, a criança receberá informações e influências dos diferentes elementos que compõe messe grupo: de determinadas pessoas, das instituições, dos meios de comunicação e dos instrumentos disponíveis em seu ambiente.

Ferreira (2018) registra que a questão da indisciplina e da violência se torna complexa por ser multideterminada. Na concepção da referida autora, tais comportamentos não são resultados de fatores isolados, (como por exemplo, exclusivamente da educação familiar, da influência da televisão, da falta de domínio do professor, da agressividade da sociedade atual, etc.), mas da multiplicidade de influência que recaem sobre a criança e do adolescente ao longo de seu desenvolvimento.

Sendo assim, Ferreira (2018) revela que no seu processo de constituição, através de inúmeras interações sociais, receberá informações e influências dos diferentes elementos, (entendidos como importantes mediadores), que compõem este grupo: de determinadas pessoas, (pais, mães, irmãos, primos, avós, vizinhos, colegas de escola, amigos de rua, professores e outros adultos, das instituições, (principalmente da família e da escola), dos meios de comunicação (especialmente a internet) e dos instrumentos (livros, brinquedos e outros objetos) disponíveis em seu ambiente.

Gentile (2002) relata que segundo os postulados defendidos por Vygotsky torna-se evidente o papel crucial que a educação tem sobre o comportamento e o desenvolvimento de funções psicológicas complexas como agir de modo consciente, deliberado, de autogovernar-se. Baseando-nos nestas premissas, podemos inferir, portanto, que o problema da indisciplina e também da violência não devem ser encarados como alheio à escola, já que, na nossa sociedade, a escola e a família são as principais agências educativas.

Contudo, segundo Ferreira (2018) a maioria dos educadores não sabe ao certo como interpretar e/ou administrar o ato de indisciplina e da violência. Compreender ou reprimir? Encaminhar ou ignorar?

De acordo com Ferreira (2018) o professor tem que repensar seu papel, a partir das necessidades dos alunos, com objetivo maior de formar o cidadão. Ele está preocupado em ensinar disciplina, sem nem saber exatamente o que é indisciplina ou violência.

Este certamente é um dos grandes problemas enfrentados pela escola brasileira nos dias de hoje, que requer reflexões e ações.

2.4 POSSIBILIDADES DE INTERVENÇÃO

Conforme já mencionado, o problema da indisciplina e da violência na escola é grave e angustiante. O que fazer? Como enfrentar os problemas da indisciplina na escola? Estas são perguntas que muitos se fazem. Lobato (2013) destaca que a primeira questão a ser enfrentada é a da postura face ao problema: superar as tradicionais formas de acusação, escapismos, demissão ou transferência de responsabilidade.

De acordo com Lobato (2013) é preciso que o professor se coloque na condição de sujeito, qual seja, assumir que, embora não sendo absolutamente a única fonte do problema, nem o único envolvido, tem uma responsabilidade diante dele e tente construir um ambiente saudável, propício para os estudos.

Na concepção de Garcia (1999) para construir um comportamento desejado na sala de aula e na escola, há que se buscar, em cada realidade, qual a forma necessária e possível de ação, articulando todas as frentes de luta. Não é um trabalho fácil. A disciplina não está pronta; é uma construção coletiva. Trata-se de uma luta; os que querem uma sociedade diferente colocam-se na contracorrente da ideologia e sistema dominantes. A grande diferença é que este é um trabalho efetivamente humanizado.

Para Garcia (1999) é preciso interagir com os alunos, lutar com sua alienação – ao mesmo tempo em que luta com a própria – com as forças desumanas que trazem dentro de si, como fruto de toda sua história de vida. Há necessidade da escola se organizar de tal forma que permita aos educadores forjarem uma vontade coletiva; um firme desejo e um inarredável compromisso político com a aprendizagem sólida e duradoura do aluno.

Gentile (2002) destaca a necessidade da participação e envolvimento de todos no enfrentamento do problema, pois não adianta a escola desenvolver todo um trabalho, se o mesmo não tiver ressonância e continuidade na família. Para a autora, a disciplina na escola tem que ser construída por todos os elementos envolvidos, sob pena de não ter frutos positivos.

Gentile (2002, p. 05) destaca que há algumas perspectivas de ação que podem favorecer a construção de uma nova disciplina em sala de aula e na escola. Dentre elas destacam-se:

– Projeto Político Pedagógico que explicite as grandes opções da escola (visão de sociedade, pessoa etc.), mas, sobretudo procure resgatar o sentido para o estudo, respondendo aquela “indiscreta” perguntinha dos alunos: “professor, estudar pra quê?” (sobre isso, ver o já citado artigo).

– Projeto de Ensino-Aprendizagem que, entre outras coisas, explicita o sentido da matéria a ser estudada, (professor se recusar a dar conteúdo sem significado relevante), assuma uma metodologia participativa e contemple o contrato de trabalho em sala de aula, (normas estabelecidas coletivamente).

– Condições adequadas de trabalho na escola: número de alunos por classe, salário, instalações, espaço de trabalho coletivo constante entre os educadores (reunião pedagógica semanal), etc. aqui gostaríamos de destacar dois aspectos. Primeiro, a questão do tempo de recreio: frequentemente a curta duração (10 a 15 minutos), acaba provocando muito estresse, dado que o aluno tem que se deslocar, merendar, conversar, brincar, se lavar, fazer as necessidades fisiológicas e ainda voltar para a sala, criando clima favorável para ansiedade e dispersão.

Ferreira (2018, p. 12) apresenta algumas possibilidades de intervenção face à manifestação de situações de indisciplina e violência:

– Enfrentar o problema logo no começo, não deixar os casos se agravarem.

– Oferecer uma boa estrutura em sala de aula, como por exemplo, deixar muito claras as regras, manter o que foi combinado, cuidar da organização do ambiente; ter paciência para relembrar as combinações, ir sinalizando para não agravar as situações, colaborar para o sucesso dos alunos nos trabalhos em sala de aula.

– Melhorar a relação pedagógica, ou seja, estar inteiro na relação, rever conceitos, não ver o aluno como inimigo, procurar ver o ato de indisciplina ou violência como um sinal a ser decodificado, (frequentemente o comportamento inadequado é uma forma desajeitada de chamar a atenção sobre si e receber cuidados especiais); não partir logo para saídas formais (tipo aplicação do regimento), ir fundo através do diálogo e criar vínculos grupais.

– Esgotar as possibilidades no âmbito de ação: superar a “Síndrome de Encaminhamento”, (aquela mania de ficar mandando o aluno para a direção ou orientação), bem como de “Acobertamento”, ficar com o aluno em sala de aula, mas, sem enfrentar o problema.

– Fortalecimento do professor: apoio da instituição; espaço para atendimento; equipe para acolher e ouvir; possibilitar a descarga de ansiedades; reflexão coletiva para trabalhar dificuldades; diminuir o estresse informacional (modismo educacional).

– O trabalho pedagógico bem encaminhado leva à disciplina intrínseca, ao processo de conhecimento: atenção, ouvir o outro, seguir certos passos etc.

– Propiciar em sala um clima de acolhimento e respeito, a fim de que o aluno possa assumir as responsabilidades pelos seus atos.

– No caso de necessidade de aplicar sanções, superar os castigos tradicionais que só levam à revolta ou ao conformismo. Trabalhar com sanções por reciprocidade, ou seja, aqueles relacionados ao ato cometido, reparação do erro etc.

Lobato (2013) destaca que uma questão muito importante a ser analisada é relacionada à percepção e atitudes tomadas pelos professores em relação tanto à indisciplina quanto à violência escolar.

Ferreira (2018) destaca a necessidade de um cuidado muito grande para não discriminar. Muitas vezes o aluno é rebelde para chamar mais a atenção. Ele consegue isso porque toda escola fala dele. É importante o professor, na hora do intervalo ou num momento qualquer, chegar perto deste aluno para descobrir o motivo da agitação, mostrar-se disposto a ajudar e entendê-lo.

Para tanto Lobato (2013) nos coloca que é preciso construir práticas organizacionais e pedagógicas, que levem em conta as características das crianças e adolescentes que hoje frequentam as escolas.

Ferreira (2018) relata que alguns métodos de ensino em sala de aula tendem a produzir disciplina. Na concepção da autora, o ensino cooperativo pode ser citado como um desses modelos. Quanto melhor elaborados forem estes modelos, maiores serão os ganhos pessoais, acadêmicos e sociais para os estudantes.

Para Lobato (2013) é urgente a resignação do espaço escolar, mais urgente ainda é dar vida ao Projeto Político Pedagógico e trazer um ensino mais contextualizado, com significado para os estudantes, que busque a participação ativa do aluno, permita o diálogo, entre outros fatores. De acordo com a autora, sem o diálogo e com a falta do projeto nos moldes citados, a escola não resolverá o problema da indisciplina e da violência.

Segundo Lobato (2013) a escola necessita estar aberta ao diálogo com seus alunos e a comunidade precisa sair do anonimato de suas ações, de seus projetos, enfim precisa ser mais incisiva quanto à sua real função.

Ferreira (2018) destaca a importância de os pais conhecerem a escola, o professor, entrar em contato com outro professor, valorizar a escola. Para a autora, a harmonia entre a escola, pais e alunos são fundamentais. Todas as pessoas envolvidas precisam estar interessadas. Muitas vezes os pais só vão para a escola quando o filho está mal. Os pais devem valorizar as promoções da escola, marcar presença. Desta forma cria-se um ambiente cordial para o aluno. Quando ele tiver um problema, vai se sentir à vontade para conversar e não terá medo do professor ou da direção da escola.

Segundo Ferreira (2018) fica evidente a necessidade da participação efetiva dos pais e membros da comunidade na gestão escolar, dividindo afazeres e responsabilidades. Não se trata de fazer um dia festivo para a participação dos pais, mas sim, convidá-los para redigir diretrizes mínimas de convívio para a escola. A elaboração de maneira democrática dessas regras   levará a diminuição dos problemas da indisciplina e também da violência.

3. CONCLUSÃO

Na fundamentação deste trabalho verificou-se que a indisciplina e violência são fatores diferentes e que requerem intervenções diferentes.

O referencial teórico analisado revela a necessidade de professores distinguirem o conceito de indisciplina do conceito de violência, para assim saber atuar de maneira adequada perante situações de indisciplina escolar e também de violência.

O estudo revela que a indisciplina escolar pode ser reflexo de problemas familiares, psicológicos e até da própria maneira de abordar o conteúdo, podendo ser enfrentado pela escola, por meio da reestruturação do projeto político pedagógico, adotando práticas pedagógicas apropriadas, promovendo o diálogo, buscando o apoio da família.

Já a violência tem outro enfoque e envolve outros fatores, inclusive sociais e externos à escola, que devem ser solucionados com apoio de assistentes sociais, psicólogos, entrando algumas vezes na esfera judicial.

De forma geral, o estudo conclui que enquanto educadores temos que atuar no enfrentamento da indisciplina e também da violência, pois somos capazes de transformar vidas, somos capazes de levar uma criança a mudar de comportamento, a ter um melhor aproveitamento na aprendizagem, desde que seja feito um trabalho em conjunto, envolvendo pais, professores, orientadores, psicólogos e autoridades educacionais, dando à criança ou adolescente a atenção necessária, o carinho, o respeito e oportunidade para que possa desenvolver-se de maneira adequada para ela mesma, quanto para a família, a escola e a sociedade.

Cabe ao educador, dar atenção às queixas, observar a frequência e quantidades das manifestações, acompanhar cada caso, propiciar o desenvolvimento de atividades e hábitos favoráveis à saúde física, mental e social sem menosprezar a capacidade de cada indivíduo.

REFERÊNCIAS

AQUINO, Julio Groppa. A indisciplina e a escola atual. Conferências. Rev. Fac. Educ. Jul 1998. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-25551998000200011> Acesso em: 25 Ago 2021.

FERREIRA, Anna Rachel. Violência e indisciplina: por que não devemos entendê-las como sinônimos. Nova Escola, 29 de Novembro de 2018. Disponível em: < https://novaescola.org.br/conteudo/14154/violencia-e-indisciplina-porque-nao-devemos-entende-las-como-sinonimos> Acesso em: 01 Set 2021.

GARCIA, Joe. Indisciplina na Escola: uma reflexão sobre a dimensão preventiva. R. paran. Desenv. Curitiba, n.95, jan./abr. 1999. Disponível em: <file:///D:/Downloads/275-942-1-PB.pdf> Acesso em: 25 Ago 2021.

GENTILE, Paola. A Indisciplina como aliada. Nova Escola: Edição janeiro / fevereiro 2002. Disponível em: < https://novaescola.org.br/conteudo/1697/a-indisciplina-como-aliada> Acesso em: 25 Ago 2021.

LOBATO, Vivian da Silva. A indisciplina e a violência nas escolas: embate entre as subjetividades presentes no espaço escolar. XI Congresso Nacional de Educação: Curitiba, 2013. Disponível em: <https://educere.bruc.com.br/CD2013/pdf/8202_4725.pdf> Acesso em: 01 Set 2021.

MUNDO JOVEM. In-disciplina Enfrentando o desafio. Revista Mundo Jovem, edição março de 2010.

TIBA, Içami. Ensinar Aprendendo. São Paulo, Editora Gente. 10ª edição. 1998.

TIBA, Içami. Disciplina, Limite na Medida Certa. São Paulo, Editora Gente, 55ª edição, revista e atualizada. 1996.

[1] Mestrando formação de professores, especialista em Psicopedagogia Clínica e Institucional, pós-graduada em Gestão da educação e Educação para Jovens e Adultos – EJA, graduada em pedagogia e matemática. ORCID: 0000-0003-12176946.

Enviado: Julho, 2022.

Aprovado: Setembro, 2022.

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Nelma Dias Rodrigues Fernandes

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