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Educação em tempo integral: desafios e perspectivas

RC: 20009
640
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DOI: 10.32749/nucleodoconhecimento.com.br/educacao/tempo-integral

CONTEÚDO

ARTIGO ORIGINAL

MAGALHÃES, Olinda Rodrigues [1]

MAGALHÃES, Olinda Rodrigues. Educação em tempo integral: desafios e perspectivas. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano 03, Ed. 09, Vol. 03, pp. 65-73, Setembro de 2018. ISSN:2448-0959, Link de acesso: https://www.nucleodoconhecimento.com.br/educacao/tempo-integral, DOI: 10.32749/nucleodoconhecimento.com.br/educacao/tempo-integral

RESUMO

Um dos grandes desafios para a educação básica e superior de qualidade é adotarmos uma política nacional de formação de profissionais de qualidade, uma formação baseada na dialética entre teoria e prática, reflexão, análise e problematização e soluções criadas no ato pedagógico. Os fundamentos pedagógicos da proposta são: educar pela pesquisa, protagonismo juvenil, a pedagogia da presença, os quatro pilares da educação (aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a viver e aprender a ser), bem como a educação interdimensional e interdependente. Neste contexto, a Secretaria de Educação do Estado de Mato Grosso Sul propõe às escolas em tempo integral um estudo formativo na plataforma Moodllet composta por quatro módulos estudados no curso educação em tempo integral fortalecendo o método educar pela pesquisa e o protagonismo infantojuvenil que tem como objetivo fomentar a aprendizagem dos estudantes, a fim de potencializar a pesquisa, a autoria e o protagonismo infantojuvenil por meio de formação continuada dos profissionais da educação. Os módulos estão divididos em: MÓDULO I – EDUCAÇÃO EM TEMPO INTEGRAL NA ESCOLA CONTEMPORÂNEA, MÓDULO II – EDUCAR PELA PESQUISA NA PERSPECTIVA CIENTÍFICA, MÓDULO III – METODOLOGIA DE APRENDIZAGEM E PROTAGONISMO INFANTO JUVENIL, MÓDULO IV- AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM. Assim, tem-se como objetivo principal apresentar uma reflexão sobre a Escola da Autoria, uma metodologia de aprendizagem adotada, nas escolas de ensino em tempo integral, onde o currículo está pautado no educar pela pesquisa, que é uma proposta que tenta cuidar da aprendizagem, onde o aluno é autor e protagonista. Nesta perspectiva, utilizou-se como recurso metodológico a pesquisa bibliográfica, por meio das leituras selecionadas para realizarmos as atividades propostas nos módulos de I, II e III.

Palavras-chave: Escola em tempo integral, Educar pela pesquisa, Metodologias de Aprendizagem.

INTRODUÇÃO

A escola pública tem como função social formar sujeitos que sejam capazes de buscar sua autonomia, que se apropriam do próprio conhecimento. É necessário que haja uma parceria entre os professores para buscar a aprendizagem na sua totalidade e ter como maior desafio a garantia de uma aprendizagem efetiva, por meio da pedagogia da presença do afeto e da empatia para estreitar o relacionamento entre professor/aluno.

O presente trabalho é uma pesquisa bibliográfica, que busca ampliar as informações básicas e os conhecimentos do tema em questão: a educação em tempo integral, com uma metodologia de aprendizagem baseada na escola da autoria e no educar pela pesquisa. Diante dos novos problemas surgidos, é preciso criar soluções, buscando sempre desenvolver a competência crítica do aluno.

Segundo Demo (2000), não basta que o professor seja apenas um profissional da pesquisa, mas um profissional da educação pela pesquisa, que torne a mesma uma constante na sala de aula, de modo que o aluno deixe de ser objeto e passe a ser sujeito, aquele que busca o conhecimento. Assim ele questiona o conhecimento e a realidade para saber o porquê das coisas, além de adquirir a independência crítica.

O objetivo é incentivar os profissionais da escola a refletir a sua prática, o seu contexto, a sua realidade, identificando os desafios que podem ser superados e que possam garantir mudanças significativas para toda a comunidade escolar.

Com o intuito de compreender e fazer compreender toda esta questão, o artigo se divide em três momentos distintos, mas ao mesmo tempo complementares. No primeiro momento faz-se uma breve discussão sobre a escola em tempo integral e o papel do professor como um orientador, monitor de todo o processo de ensino. No segundo procura-se destacar a importância da pesquisa para o desenvolvimento da autonomia do aluno e no terceiro momento, apresentam-se as metodologias ativas e sua eficácia ao oportunizarem o estabelecimento de relações entre teoria e prática que, quando interiorizadas, acabam por determinar um sistema de pensamento e ação aplicável a situações que ultrapassam os muros escolares.

1. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

A educação integral surgiu na década de 1970 com o desejo de fazer com que as escolas respeitassem as diferenças individuais e coletivas. Anísio Teixeira foi responsável pela implementação do primeiro modelo de Educação Integral bem sucedida no Brasil.

Segundo Gadotti (2009), a educação integral prevê a formação mais integrada possível do sujeito, a oferta de oportunidades de acesso às várias instâncias culturais da sociedade e a visão do ser composto por diversas camadas inter-relacionadas. O desenvolvimento das funções psíquicas primárias: consciência, orientação, atenção, memória, senso perceptivo, pensamento, afeto, linguagem, inteligência e conduta, ou seja, o desenvolvimento total dos indivíduos.

Essa concepção coloca o aluno no centro do processo, pois ele através da pesquisa irá aprender a conhecer conceitos, bases teóricas, desenvolver processos cognoscitivos, despertar a vontade de saber mais, aprender a fazer, aplicando na prática seus conhecimentos teóricos, aprender a viver com os outros, participando de projetos comuns, além de assumir valores, construir princípios pela valorização da vida e aprender a ser, intervindo de forma consciente e proativa na sociedade. O aluno deve sentir que não está perdendo seu tempo na escola, está se tornando autor, protagonista e autônomo, com a parceria e mediação do professor, que ajuda, colabora, orienta e se distancia para deixar o aluno refletir e colocar em prática o que ele aprendeu, utilizando metodologias de aprendizagem.

2. DESENVOLVIMENTO

2.1. A ESCOLA EM TEMPO INTEGRAL E O PAPEL DO PROFESSOR COMO UM ORIENTADOR E MEDIADOR

O módulo I, educação em tempo integral na escola contemporânea, tem como objetivo geral compreender a relevância da educação em tempo integral na escola contemporânea e os seguintes objetivos específicos:

  • Discutir os desafios da escola contemporânea para a construção da educação em tempo integral.
  • Conhecer os princípios da educação em tempo integral.
  • Incorporar os princípios da educação em tempo integral na prática pedagógica.

O ser humano é um sujeito integral, quer dizer inteiro e completo, por isso é necessário ampliar o tempo para melhorar a qualidade de ensino, com atividades como esporte, lazer, cultura, parte científica e profissional, todas interligadas, um ensino transdisciplinar e educar integralmente, respeitando as diferenças individuais e coletivas. Estamos diante de programas e propostas inéditas que surgem, em boa hora, como inovações educacionais que retomam a ligação entre escola e vida, tratando o povo com respeito, dialogando com ele, para juntos, com a administração pública, melhorar a qualidade de vida. Para tanto é preciso respeitar o estágio de cada processo, de cada inovação. Cada uma delas está num certo momento de construção de sua identidade, todavia em todas há muita vontade política de inovar (Gadotti, 2009). Por isso o foco na educação em tempo integral com maior permanência, visando a aprendizagem, no educar pela pesquisa como princípio educativo científico e currículo interdisciplinar.

O papel do professor diante da educação integral, l de acordo com a filósofa Viviane Mosé (2013) em seu livro A Escola e os Desafios Contemporâneos, é de gestores de sala de aula, sendo técnicos, guias dos alunos e orientando de forma multidisciplinar, para que o ensino não seja fragmentado, transformando práticas em conceitos.

2.2. A IMPORTÂNCIA DA PESQUISA PARA O DESENVOLVIMENTO DA AUTONOMIA DO PROFESSOR E DO ALUNO

O Modulo II foi um estudo aprofundado sobre o educar pela pesquisa na perspectiva clínica, que tem como objetivo geral compreender o educar pela pesquisa como metodologia educacional na construção do conhecimento. O objetivo específico é promover o contato e a vivência com o método científico, naturalizando o processo e abordando temas das diversas áreas do conhecimento como objeto de pesquisa. Esse estudo proporciona oportunidades ímpares para o professor repensar a sua prática de modo reflexivo, pois possui autonomia no seu fazer pedagógico, implicando também na formação integral do cidadão.

A palavra “pesquisa” tem origem no latim com o verbo “perquirir”, que significava procurar; buscar com cuidado; procurar em toda parte; informar-se; inquirir; perguntar; indagar bem; aprofundar na busca (BAGNO, 2007). Conforme o autor, a pesquisa faz parte do nosso dia-a-dia. Fazemos pesquisa a todo instante quando comparamos preços, marcas, ou antes de tomar qualquer decisão. Ela está presente também no desenvolvimento da ciência, no avanço tecnológico e no progresso intelectual de um indivíduo. “A pesquisa é, simplesmente, o fundamento de toda e qualquer ciência” (BAGNO, 2007, p. 18). Sem pesquisa, grandes invenções e descobertas não teriam acontecido. De acordo com Marques (2006, p. 95), “pesquisar é buscar um centro de incidência, uma concentração, um polo preciso das muitas variações ou modulações de saberes que se irradiam a partir de um mesmo ponto”.

“O Educar pela pesquisa tem como condição essencial primeira, que o profissional da educação seja pesquisador, ou seja, maneje a pesquisa como princípio cientifico e educativo e a tenha como atitude cotidiana. Não se busca um profissional de pesquisa, mas um profissional da educação pela pesquisa” (Demo, 2003, p. 02).

Algumas etapas da pesquisa:

  1. escolha do tema;
  2. revisão de literatura;
  3. justificativa;
  4. formulação do problema;
  5. determinação de objetivos;
  6. metodologia;
  7. coleta de dados;
  8. tabulação de dados;
  9. análise e discussão dos resultados;
  10. conclusão da análise dos resultados;
  11. redação e apresentação do trabalho científico.

Diante dos novos problemas surgidos, é necessário criar soluções, buscando sempre desenvolver a competência crítica do aluno. Mas para isso, de acordo com Demo (2000), não basta que o professor seja apenas um profissional da pesquisa, mas um profissional da educação pela pesquisa, que torne a pesquisa uma constante na sala de aula, de modo que o aluno deixe de ser objeto e passe a ser sujeito, aquele que busca o conhecimento. Assim ele questiona o conhecimento e a realidade para saber o porquê das coisas, além de adquirir a independência crítica.

2.3 AS METODOLOGIAS ATIVAS E SUA EFICÁCIA AO OPORTUNIZAREM O ESTABELECIMENTO A RELAÇÃO ENTRE TEORIA E PRÁTICA

O módulo III faz um estudo das metodologias de aprendizagem e protagonismo infantojuvenil que têm como objetivo geral: refletir sobre as metodologias de aprendizagem e o protagonismo do estudante. Objetivos específicos apresentados são:

  • Propor metodologias que reflitam novos perfis para os estudantes.
  • Priorizar envolvimento dos estudantes com metodologias interdisciplinares.
  • Propor uma prática educacional que leve em consideração processos, metodologias, procedimentos, eventos intra e extracurriculares, como educativos, e não somente avaliações teóricas finais.
  • Possibilitar a aprendizagem significativa.

Berbel (2011) nos confirma a partir de seus estudos que as metodologias ativas têm o potencial de despertar a curiosidade, à medida que os alunos se inserem na teorização e trazem elementos novos, ainda não considerados nas aulas ou na própria perspectiva de professor.

Considerando a complexidade crescente das relações sociais, a prática pedagógica deve promover o desenvolvimento da capacidade de pensar, agir e sentir. Isso será alcançado à medida em que o professor contribui para a promoção da autonomia dos educandos, correlacionando conhecimento e ação a partir da conquista de níveis complexos de pensamento e comprometimento em suas atitudes. As metodologias ativas são aquelas capazes de promover a autonomia do educando, despertando sua curiosidade e considerando suas contribuições.

Para isso, prevê-se a apresentação de oportunidades de problematização (situações-problema), de escolha, de caminhos possíveis para o desenvolvimento de respostas ou soluções criativas. Sua finalidade é a superação de desafios, a resolução de problemas e a construção de novos conhecimentos a partir das experiências. Assim, o que se oferece ao jovem é a oportunidade de examinar, refletir, relacionar e ressignificar descobertas. Por outro lado, as metodologias tradicionais oferecem a reprodução de informações, de modo que o aluno se comporte passivamente, extrinsecamente motivado, seja pela nota ou por alguma outra recompensa.

Embora cada metodologia apresentada seja específica e diferente das demais, a problematização é elemento central de todas elas na medida em que aproxima e relaciona o processo de construção do conhecimento a elementos da realidade, oferecendo aos educandos situações reais ou simuladas que estimulam o envolvimento, a participação ativa, a curiosidade e a busca por respostas. Por outro lado, as metodologias ativas oferecem ao educando a chance da experimentação e da busca de respostas originais às questões apresentadas. Por fim, essas metodologias oportunizam o estabelecimento de relações entre teoria e prática que, quando interiorizadas, acabam por determinar um sistema de pensamento e ação aplicável a situações que ultrapassam os muros escolares.

CONCLUSÃO

Pelo exposto, o ideal é proporcionar aos alunos um espaço de aprendizagem mais prazeroso e significativo. Nesta teoria do educar pela pesquisa, toda a bagagem que o aluno traz consigo, suas experiências e vivências são o ponto de partida para que o professor possa nortear o desenvolvimento do processo de aprendizagem por meio da pesquisa. O professor passa a ser um parceiro, motivador e orientador do processo de ensino, enquanto o aluno mostra ser o dono das próprias descobertas.

Ao refletirmos sobre a Escola da Autoria, uma metodologia de aprendizagem adotada em 12 instituições de ensino em tempo integral passamos a compreender o conceito educar pela pesquisa como uma proposta que tenta cuidar da aprendizagem.

O primeiro passo para que essa mudança ocorra é a construção, pelos professores, de sua própria capacidade de investigação. O professor deve ser um perguntador de sua prática, um investigador permanente de sua área de conhecimento e de seu campo profissional sempre com a ajuda dos colegas. Para isso, ele deve ter tempos remunerados e espaços especiais para pesquisa. Os contratos de trabalho de professores devem prever, obrigatoriamente, tempo para pesquisa e aprimoramento profissional, ou seja, tempo para leitura, para frequentar bibliotecas, conselhos profissionais, órgãos governamentais especializados, universidades e, obviamente, para visitas periódicas a empresas e profissionais. O educador deve conhecer as principais fontes de conhecimento em sua área: congressos, revistas e jornais, empresas que ministram cursos de atualização, órgãos de pesquisa governamentais e universitários, e acessá-los periodicamente.

REFERÊNCIAS

BAGNO, M. Pesquisa na escola: o que é, como se faz?. São Paulo: Loyola, 1998.

BERBEL, N.A.N. A problematização e a aprendizagem baseada em problemas: diferentes termos ou diferentes caminhos? Interface- comunicação, saúde e educação, p. 139-153. 2011.

DEMO, Pedro. Educar pela pesquisa. São Paulo: Autores associados, 2007. Disponível em: <https://drive.google.com/file/d/0BwGGjkeZORm9M1FFQnZYOGkzTmc/view?usp=sharing>. Acesso em: 30 jan. 2017.

DEMO, Pedro. Metodologias ativas. Estratégias para salvar a aula. 2016. Disponível em: <https://docs.google.com/document/d/1BTuNMXyuN7uWxKY3EldMRFWFYtEhMQuGicStGXs-9_Q/pub>. Acesso em: 19 out 2016.

GADOTTI, Moacir. Educação integral e tempo Integral. Princípios da educação integral, integrada, integradora e em tempo integral. (In) Educação Integral no Brasil: inovações em processo. São Paulo: Editora e Livraria Instituto Paulo Freire, 2009.

GASPARIN, João Luiz. Uma didática para a Pedagogia Histórico – Crítica. Cáp. 2. Problematização. Ed. Autores Associados, 5ª ed. 2000.

MOISÉS, Ronaldo Rodrigues. Investigação e Autoria nos Anos iniciais do Ensino Fundamental: quando porquê sim não é resposta. In: VI CBE – CONGRESSO BRASILEIRO DE EDUCAÇÃO E FORMAÇÃO HUMANA, 6., São Paulo. 2017.

MOSÉ, Viviane. A escola e os desafios contemporâneos. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 336 p.,2013.

[1] Campus de três lagoas. Licenciatura plena (habilitação em português e inglês).

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Olinda Rodrigues Magalhães

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