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Educação escolar e saúde mental do estudante no contexto da pandemia: consequências do ensino remoto

RC: 151056
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DOI: 10.32749/nucleodoconhecimento.com.br/educacao/saude-mental-do-estudante

CONTEÚDO

ARTIGO ORIGINAL

LIMA, Douglas Alves de [1]

LIMA, Douglas Alves de. Educação escolar e saúde mental do estudante no contexto da pandemia: consequências do ensino remoto. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano 09, Ed. 01, Vol. 01, pp. 100-116. Janeiro de 2024. ISSN: 2448-0959, Link de acesso: https://www.nucleodoconhecimento.com.br/educacao/saude-mental-do-estudante, DOI: 10.32749/nucleodoconhecimento.com.br/educacao/saude-mental-do-estudante

RESUMO

Este estudo busca analisar a interseção entre a educação escolar e a saúde mental dos estudantes, considerando o impacto do ensino remoto durante a pandemia. O objetivo é compreender as consequências psicológicas dessa forma de ensino, explorando como ela afetou os estudantes em quatro Escolas de Referência em Ensino Médio no Estado de Pernambuco. A metodologia utilizada para esse estudo foi a aplicação do questionário fechado para 165 estudantes do 3º ano do Ensino Médio. A relevância dessa pesquisa reside na importância de reconhecer e mitigar os potenciais impactos negativos na saúde mental desses estudantes. A justificativa se baseia na necessidade de compreender os desafios enfrentados pelos estudantes durante a pandemia, visando informar políticas educacionais e práticas que promovam um ambiente escolar saudável e propício ao desenvolvimento integral dos estudantes. Os resultados obtidos indicam que o ensino remoto, durante a pandemia, teve consequências psicológicas para uma parcela desses estudantes, evidenciando desafios emocionais e educacionais.

Palavras-chave: Ensino Remoto, Pandemia, Saúde Mental.

1. INTRODUÇÃO

Em 11 de março de 2020, de acordo com dados da Organização Panamericana da Saúde – OPAS, a COVID-19 foi caracterizada pela OMS como uma pandemia. O termo “pandemia” se refere à distribuição geográfica de uma doença e não à sua gravidade (OPAS, 2020). A designação reconhece que existem surtos em vários países e regiões do mundo. Segundo Resende (2022) no Brasil, a pandemia de COVID-19 teve início em 26 de fevereiro de 2020 com a confirmação do primeiro caso na cidade de São Paulo.

Em 17 de março de 2020, o Ministério da Educação, através da Portaria 343 (Brasil, 2020) determinou a substituição das aulas presenciais por aulas em meios digitais – o Estado de Pernambuco fez o mesmo seguidamente, através do Decreto nº 48822, de 17 de março de 2020 (Pernambuco, 2020). A pandemia trouxe consigo não apenas desafios de ordem sanitária, mas também desencadeou uma série de impactos significativos em diversas esferas da sociedade, incluindo o setor educacional.

Segundo a Organização Panamericana da Saúde – OPAS (2022), a COVID-19 é uma doença infecciosa causada pelo coronavírus SARS-CoV-2 e tem como principais sintomas febre, cansaço e tosse seca. Outros sintomas menos comuns e que podem afetar alguns pacientes são: perda de paladar ou olfato, congestão nasal, conjuntivite, dor de garganta, dor de cabeça, dores nos músculos ou juntas, diferentes tipos de erupção cutânea, náusea ou vômito, diarreia, calafrios ou tonturas.

Neste contexto, a educação foi uma das áreas que precisou atender aos protocolos de segurança indicados pelos governos, e um deles foi a implementação de medidas de distanciamento social e restrições às atividades presenciais. Este cenário levou à adoção em larga escala do ensino remoto, como uma resposta emergencial para garantir a continuidade do processo educacional.

Ao se implantar o ensino remoto como medida de contenção da propagação do vírus, as instituições educacionais foram desafiadas a reconfigurar seus métodos de ensino, desencadeando uma série de consequências para o bem-estar emocional dos estudantes. Neste cenário, a busca por equilíbrio entre a continuidade do processo educacional e a preservação da saúde mental emerge como uma prioridade inadiável.

De acordo com Flauzino et al. (2021), o distanciamento social imposto pelo ensino remoto impactou diretamente a dinâmica social e emocional dos estudantes, levando a um aumento significativo nos sentimentos de isolamento e solidão.

A ausência do ambiente escolar presencial, onde as interações interpessoais são fundamentais para o desenvolvimento socioemocional, gerou um desafio adicional para a formação integral dos estudantes (Cipriano; Almeida, 2021). As relações entre pares e a interação com professores desempenharam um papel crucial no suporte emocional dos alunos, a transição abrupta para o ensino remoto alterou profundamente essa dinâmica.

2 DESENVOLVIMENTO

2.1 OS IMPACTOS DO ENSINO REMOTO NA SAÚDE MENTAL DOS ESTUDANTES

A transição súbita para o ensino remoto em resposta à pandemia de COVID-19 trouxe consigo uma série de desafios, e a saúde mental dos estudantes emergiu como uma preocupação significativa nesse contexto.

A mudança para o ensino remoto alterou não apenas o ambiente educacional, mas também a dinâmica social e emocional dos estudantes. Este novo paradigma de aprendizagem exacerbou as disparidades sociais, intensificou o isolamento e gerou preocupações adicionais sobre o bem-estar mental dos alunos.

A disparidade no acesso à tecnologia e à internet ampliou as desigualdades educacionais, impactando de maneira desproporcional aos estudantes de comunidades economicamente vulneráveis (Cavalcante; Komatsu; Menezes-Filho, 2020).

A falta de recursos adequados para participar das aulas remotas não apenas comprometeu o aprendizado, mas também contribuiu fortemente para o aumento do estresse e da ansiedade entre os estudantes menos privilegiados. A equidade no acesso à educação tornou-se, assim, um componente fundamental na preservação da saúde emocional dos alunos em tempos de ensino remoto (Silva; Rosa, 2021).

Outro problema, também relevante, se deu na sobrecarga de responsabilidades enfrentadas pelos professores, que precisaram se adaptar rapidamente às novas tecnologias e manter um ambiente virtual de aprendizado eficaz. No entanto, mesmo considerando a premissa de que todos os profissionais e estudantes teriam acesso a dispositivos e internet em condições apropriadas para o ensino remoto, é essencial compreender que o fato de o professor ser um usuário ou possuir familiaridade com a tecnologia não assegurou a transposição didática (Modelski; Giraffa; Casartelli, 2019), no seu fazer cotidiano.

O impacto desse cenário sobre a saúde emocional dos estudantes não pode ser subestimado, pois eles enfrentaram desafios adicionais, como a falta de contato presencial com seus colegas e a dificuldade de acessar o conteúdo de forma hábil, passado pelo professor.

Diante desse panorama desafiador, torna-se evidente a necessidade de uma abordagem holística que integre a educação escolar e a saúde mental dos estudantes como elementos indissociáveis.

2.2 ISOLAMENTO SOCIAL E SOLIDÃO COMO DESAFIOS PARA A SAÚDE MENTAL DOS ESTUDANTES

O isolamento social e a solidão se destacaram como desafios significativos para a saúde mental no contexto da pandemia, especialmente no cenário do ensino remoto (Rodrigues, 2020). O ambiente escolar tradicional (presencial), com sua rica teia de interações sociais entre alunos, professores e funcionários, proporciona não apenas um espaço para a aprendizagem acadêmica, mas também para o desenvolvimento emocional. Com o advento do ensino remoto, essa dinâmica foi abruptamente interrompida, levando a uma privação do contato humano e esse contato é fundamental para o desenvolvimento socioemocional dos estudantes. A sala de aula, que antes representava não apenas um espaço de aprendizado acadêmico, mas também um ambiente de interação social, troca de experiências e construção de vínculos, transformou-se virtualmente. Estudantes, acostumados a um ambiente social vibrante, se viam restritos a uma realidade virtual, onde a comunicação muitas vezes se resumia a pixels em uma tela. A ausência de contato físico e a dificuldade em interpretar as nuances emocionais através de uma plataforma digital contribuíram para uma sensação de desconexão e solidão e do adoecimento emocional e mental dos estudantes (Rodrigues, 2020).

A crescente demanda por adaptabilidade às pressões relacionadas a realização das atividades que os professores postavam no grupo de WhatsApp para serem realizadas, contribuíram para que os estudantes apresentassem sentimentos de ansiedade e estresse.

2.3 DESIGUALDADES EDUCACIONAIS: UM PROCESSO QUE SE AMPLIOU NO PERÍODO DA PANDEMIA

As desigualdades educacionais podem causar impactos negativos na saúde emocional das pessoas, pois o acesso desigual às oportunidades educacionais pode afetar diretamente o desenvolvimento cognitivo e emocional. Indivíduos que enfrentam barreiras no acesso à educação de qualidade têm maior probabilidade de experimentar estresse devido às limitações em suas perspectivas de futuro.

A falta de recursos educacionais em determinadas comunidades, aliada à ausência de apoio adequado, pode criar um ciclo de desigualdade que se reflete na saúde mental dos alunos, principalmente no período da pandemia, contribuindo para disparidades emocionais ao longo de suas vidas.

De acordo com Almeida, Lüchmann e Martelli (2020), a extrema disparidade social, uma das características predominantes na sociedade brasileira, amplifica de maneira dramática e evidente os efeitos da pandemia, especialmente ao se manifestar em um contexto econômico delicado como é o do Brasil.

Desigualdades educacionais se intensificaram durante o período da pandemia devido a uma série de fatores que exacerbaram disparidades pré-existentes. O fechamento de escolas e a transição para o ensino remoto destacaram e ampliaram as disparidades socioeconômicas, regionais e tecnológicas no acesso à educação.

Esse cenário por si, só, emergiu a necessidade de abordagens holísticas na promoção do bem-estar. Nesse sentido, intervenções que visem não apenas melhorar o acesso à tecnologia, mas também garantir a qualidade e a equidade nas experiências educacionais, podem desempenhar um papel fundamental na redução das disparidades sociais. Da mesma forma, é imperativo implementar políticas que garantam o acesso equitativo a serviços de saúde mental, abordando as disparidades socioeconômicas que muitas vezes exacerbam os desafios emocionais enfrentados por diferentes grupos populacionais.

3. MÉTODOS

A pesquisa foi conduzida com o objetivo de compreender as consequências psicológicas do ensino remoto, explorando como ele afetou os estudantes do 3.º ano do ensino médio em quatro escolas de Referência em Ensino Médio no Estado de Pernambuco.

Nessa ótica, a pesquisa possui o enfoque qualitativo, pois “se preocupa com o significado dos fenômenos e processos sociais, considerando-se as motivações, as crenças, os valores e as representações que permeiam a rede das relações sociais” (Knechtel, 2014, p. 98), ou seja, ela tem o propósito de conseguir compreender o comportamento de determinado público-alvo da pesquisa.

Visitando as escolas selecionadas, o pesquisador conversou com a gestão de cada escola, solicitando a autorização da pesquisa com os estudantes. Após conversação com os estudantes, público desse estudo, foi solicitado que eles assinassem o termo de consentimento TCLE se desejassem participar.

Como técnica, utilizou-se o questionário fechado, que de acordo com Gil (1999), ele “possibilita atingir grande número de pessoas […]” (p. 128). Dessa forma, o questionário foi aplicado nas turmas do 3º Ano do Ensino Médio de quatro escolas no final do ano letivo 2022. Portanto, os estudantes que participaram da pesquisa iniciaram o ensino médio em 2020, e passaram pela experiência do ensino remoto e seus desdobramentos subsequentes. As quatro escolas lócus do estudo são de Referência em Ensino Médio. São elas: EREM João David de Souza, Santa Maria do Cambucá; EREM Gil Rodrigues, Vertentes; EREM São José, Frei Miguelinho; e, EREM Justa Barbosa, Vertente do Lério. Esses municípios são vizinhos e estão localizados no Agreste Setentrional do Estado de Pernambuco. A pesquisa teve 165 participantes. O gráfico abaixo mostra a distribuição dos estudantes respondentes do questionário por Unidade Escolar.

Gráfico 1. Distribuição dos estudantes pesquisados por escola

Fonte: elaborado pelo autor (2022).

4. RESULTADOS

A pandemia de COVID-19 impôs desafios significativos à educação, impactando de maneira profunda a experiência dos estudantes do ensino médio. Diante desse contexto desafiador, tornou-se relevante compreender os efeitos dessa crise sanitária na vida acadêmica, emocional e social dos jovens que atravessaram o ensino médio durante esse período.

Por ser um número elevado de participantes, o pesquisador solicitou que cada estudante lhe desse o número de seu WhatsApp ou Email para que eles respondessem de forma tranquila e virtualmente o questionário.

Assim sendo, analisa-se as respostas obtidas por meio do questionário com os estudantes do Ensino Médio.

Perguntou-se: Quando as aulas presenciais foram suspensas, em decorrência da pandemia, você tinha acesso à internet em casa?

Gráfico 2. O acesso à internet no período da pandemia

Fonte: elaborado pelo autor (2022).

A informação extraída do gráfico aponta para um cenário bastante positivo em relação ao acesso à internet durante o período da pandemia (Rodrigues, 2022).

A expressiva porcentagem de mais de 90% dos estudantes que tinham acesso à internet sugere uma ampla conectividade entre os alunos, indicando que a maioria deles possuíam os meios necessários para participar de atividades remotas de aprendizagem. Esse alto índice de acesso à internet é um fator fundamental, especialmente considerando os desafios impostos pela transição do ensino presencial para o ensino remoto em resposta à pandemia de COVID-19.

Dando continuidade ao processo investigativo, perguntou-se: Você recebeu algum apoio da escola/governo para dar suporte às aulas remotas?

Gráfico 3. O apoio da escola ou do governo durante o ensino remoto

Fonte: elaborado pelo autor (2022).

Com base no gráfico acima, pode-se visualizar que a maioria dos estudantes respondeu que “Sim”. Isso sugere que houve um esforço considerável por parte da escola e/ou governo para fornecer suporte às aulas remotas, o que pode incluir acesso à tecnologia (Rodrigues, 2022), treinamento para professores, recursos educacionais, entre outros.

Quando se perguntou com qual frequência os estudantes realizava as atividades escolares propostas durante as aulas remotas, obteve-se a seguinte resposta:

Gráfico 4. A frequência com que os estudantes realizaram as atividades no ensino remoto

Fonte: elaborado pelo autor (2022).

De acordo com o gráfico acima, menos da metade dos estudantes pontuaram que faziam as atividades diariamente. Isso sugere um nível razoável de engajamento com as tecnologias. Os demais faziam “algumas vezes”, outros “semanalmente” e “quinzenalmente” revelando desafios ocultos, como desigualdades no acesso à internet (Oliveira; Borges; Lima, 2021), ou questões de motivação.

Em seguida, foi perguntado aos estudantes se a sua saúde mental foi afetada com o ensino remoto. Assim obteve-se o seguinte resultado:

Gráfico 5. A saúde mental dos estudantes no ensino remoto

Fonte: elaborado pelo autor (2022).

O gráfico acima, mostra que 42,1% dos estudantes afirmaram que a sua saúde mental foi “pouco afetada”, 37,2% “muito afetada” e 20,7% “não foi afetada”. Nessa análise, pode-se entender que a maioria dos estudantes teve a saúde mental afetada de alguma forma.

Aprofundando ainda mais o tema dessa pesquisa, perguntou-se: A sua saúde mental atrapalhou a realização das atividades escolares propostas remotamente?

Gráfico 6. A saúde mental dos estudantes e os impactos na realização das atividades escolares

Fonte: elaborado pelo autor (2022).

Segundo as respostas acima, 44,2% dos estudantes indicarem que a sua saúde mental “atrapalhou pouco” a realização das atividades, 30,9% afirmaram que “atrapalhou muito” e 24,8% que “não atrapalhou”. Com essas respostas podemos sugerir que a maioria desses estudantes, mesmo enfrentando a privação do contato humano e as nuances do ensino virtual, muitos mantiveram o comprometimento com seus estudos. Porém, é interessante ressaltar que para mais de dois terços dos pesquisados houve algum embaraço nas atividades escolares, talvez devido a algum desconcerto emocional causado pela novidade do isolamento social.

Associada à questão anterior, foi questionado se os estudantes acreditavam que a formação no Ensino Médio foi comprometida com a suspensão das aulas presenciais.

Gráfico 7. A formação no ensino médio foi comprometida

Fonte: elaborado pelo autor (2022).

O gráfico acima revela um outro dado interessante: o de que para mais de 75% dos estudantes pesquisados, a formação do Ensino Médio foi comprometida de alguma forma com a suspensão das aulas presenciais e a oferta de aulas remotas e posteriormente, aulas híbridas. Vale ressaltar que a volta às aulas presenciais inicialmente não era obrigatória e muitos estudantes continuaram no ensino remoto enquanto outros ao voltarem à escola não voltaram às aulas 100% presenciais, mas tiveram um ensino híbrido.

A esse respeito, foi feita a seguinte pergunta: Quando você retornou às aulas presenciais?

Gráfico 8. Retorno às aulas presenciais

Fonte: elaborado pelo autor (2022).

Nota-se que pouco mais de 50% dos estudantes retornaram à escola para aulas presenciais. Os que optaram por um retorno posterior, o fizeram pela falta de segurança emocional ou pelo medo de se expor aos riscos do convívio social, mesmo que seguindo alguns protocolos, mas ainda sem a vacinação.

Em seguida perguntou-se: Você considera sua saúde mental equilibrada, atualmente?

Gráfico 9. Saúde mental atualmente

Fonte: elaborado pelo autor (2022).

O fato de a maioria dos estudantes responder que sua saúde mental está equilibrada, sugere um cenário global positivo entre os respondentes, que pode indicar que, na visão deles, estão conseguindo manter um equilíbrio adequado em termos de saúde mental. Contudo, uma parte desses estudantes respondeu que a saúde mental ainda não está equilibrada, o que nos leva a reconhecer que a saúde mental é uma experiência individual e pode variar significativamente de uma pessoa para outra.

5. CONCLUSÕES

Em meio ao cenário desafiador da pandemia, este estudo mergulhou na intrínseca relação entre a educação escolar e a saúde mental dos estudantes, focando nas consequências do ensino remoto.

A análise minuciosa revelou nuances complexas das experiências dos estudantes, destacando a necessidade urgente de compreender e abordar as implicações psicológicas decorrentes desse paradigma educacional.

Ficou evidente, ao longo desta pesquisa, que o ensino remoto impôs desafios substanciais à saúde mental dos estudantes. A falta de interações presenciais, a sobrecarga digital e a dificuldade em manter o foco em meio a um ambiente doméstico desafiador, podem ser identificados como elementos potenciais causadores do desgaste mental de alguns estudantes.

Assim, o caminho que se deve seguir, envolve a implementação de estratégias inovadoras, o fortalecimento da resiliência psicológica dos estudantes e o compromisso contínuo com a oferta de apoio para o seu bem-estar emocional, através de psicólogos e outros especialistas que possam ir às escolas para atendimento individual e para oferta de palestras e rodas de conversa que abordem o tema do emocional. Ainda se pode prestar atendimento especializado em pontos específicos como o CRAS (Centro de Referência da Assistência Social), por exemplo. Também se fazem necessárias táticas que supram os déficits de aprendizagem deixados por aquele contexto, como reensino de conteúdos não aprendidos ou abordados através de reorganização/reorientação curricular, criação de clubes de estudantes que vivenciaram as aulas remotas e têm interesse em melhor se preparar para o Enem ou outros exames como estratégia de novas oportunidades de aprendizagem.

Em meio à incerteza no período da pandemia, este estudo oferece um farol para moldar o futuro da educação, priorizando o equilíbrio entre o aprendizado eficaz e o cuidado compassivo com a saúde mental dos estudantes.

REFERÊNCIAS

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BRASIL. Ministério da Educação. Portaria MEC n° 343, de 17 de março de 2020, dispõe sobre a substituição das aulas presenciais por aulas em meios digitais, enquanto durar a situação de pandemia do Novo Coronavírus – Covid-19, publicada no DOU de 18/03/2020, ed. 53, seção 1, p. 39.

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[1] Doutorando em Ciências da Educação pela Universidad Autonóma de Asunción. Mestre em Ciências da Educação pela Universidade Gama Filho. Especialização (lato sensu) em História e Cultura Afro-brasileira e no Ensino de Língua Espanhola. Graduação em Licenciatura Plena em História pela Universidade de Pernambuco.
ORCID: https://orcid.org/0009-0006-1609-7945. Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/1502830650928702.

Enviado: 05 de dezembro de 2023.

Aprovado: 15 de dezembro de 2023.

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Douglas Alves de Lima

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