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Psicomotricidade E O Brincar Para O Processo De Aprendizagem Na Educação Infantil

RC: 84165
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DOI: 10.32749/nucleodoconhecimento.com.br/educacao/processo-de-aprendizagem

CONTEÚDO

ARTIGO ORIGINAL

ROCHA, Bruna Eduarda [1], NUNES, Cristiana Padilha [2], SANTOS, Indiara Padilha Dos [3], PADILHA, Marindia [4]

ROCHA, Bruna Eduarda. Et al. Psicomotricidade E O Brincar Para O Processo De Aprendizagem Na Educação Infantil. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano 06, Ed. 04, Vol. 15, pp. 119-135. Abril de 2021. ISSN: 2448-0959, Link de acesso: https://www.nucleodoconhecimento.com.br/educacao/processo-de-aprendizagem, DOI: 10.32749/nucleodoconhecimento.com.br/educacao/processo-de-aprendizagem

RESUMO

O presente trabalho trata-se de uma pesquisa bibliográfica sobre o tema: Psicomotricidade na Educação Infantil. Procuramos esclarecer o que é Psicomotricidade, sua importância na Educação Infantil, nos jogos e brincadeiras. Na infância, as crianças passam por vários momentos, os quais precisam ser acompanhados, especialmente quando tratamos de psicomotricidade. No entanto, precisamos entender, também, os jogos como promovedores da aprendizagem, responsáveis por aprimorar diversos aspectos humanos, como por exemplo, o afetivo, o social, o psicológico e o motor. Outro meio em que as crianças se apropriam para exprimir seus desejos e emoções, é através da brincadeira, momento ao qual a criança se vincula a sociedade. Portanto, através dos jogos e do brincar, favorecemos o desenvolvimento cognitivo, afetivo-social e psicomotor, proporcionando à criança uma aprendizagem significativa e contextualizada.

Palavras-Chave: Psicomotricidade, Educação Infantil, Jogos, Brincadeiras, Criança.

1. INTRODUÇÃO

A educação infantil, e a primeira etapa da educação básica, essa primeira etapa da educação infantil conhecida como creche, é dos, zero a cinco nos de idade, mas é obrigatório para crianças que possuem quatro anos de idade (BRASIL, 2019). A educação infantil tem um papel de grande importância na formação global do indivíduo, os primeiros anos de vida são de fundamental importância para o desenvolvimento imediato da criança.

Nesta fase a criança necessita de um desenvolvimento voltado para a psicomotricidade, que é responsável pelo desenvolvimento motor da criança. Portanto novas construções psicomotoras devem ser integradas e experiências motoras adquiridas e adaptadas.

A criança necessita de uma estruturação espaço-temporal para o melhoramento do esquema corporal. Nos dias atuais convivemos com um grande estímulo ao consumismo por parte da sociedade, deixando o afeto, limite e carinho, nossas reais necessidades, de lado.

Perante tal realidade, busca-se nos espaços de Educação Infantil oferecer o contato e a relação através do corpo em movimento. Queremos relatar se de fato a psicomotricidade é extremamente relevante na Educação Infantil.

Sendo assim, o objetivo da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) – educação infantil, está no “ampliar o universo de experiências, conhecimentos e habilidades dessas crianças, diversificando e consolidando novas aprendizagens, atuando de maneira complementar à educação familiar” (BRASIL, 2017, p.3).

A partir dos eixos que promovam aprendizagem e desenvolvimento através do brincar, expressar, conviver, participar, explorar e conhecer o eu e o outro, o brincar, o jogo e o brinquedo estão muito presentes quando falamos sobre educação. Falar sobre eles significa reconhecer a importância dos mesmos nos espaços pedagógicos.

Os processos de aprendizagens através do brincar, devem acontecer no decorrer da vida humana, desde a educação infantil, seguindo no ensino fundamental e médio, essa mediação deve acontecer em sala de aula e em casa, cabe aos pais também incentivarem a aprendizagem.

Atividades lúdicas que envolvem jogos e brincadeiras são essenciais para o desenvolvimento motor, afetivo e intelectual da criança, incentivando de maneira expressiva a formação e a estruturação do esquema corporal com a prática de movimentos.

Portanto, o estudo tem como objetivo geral compreender a importância da psicomotricidade na educação infantil, e objetivos específicos consiste em: conceituar psicomotricidade, verificar a importância desta para a educação infantil, apresentar a Importância dos Jogos e das Brincadeiras para o psicomotor.

Sendo assim, a através de uma pesquisa bibliográfica relata-se esta situação conhecendo melhor a definição de psicomotricidade e sua importância na vida das crianças durante a educação infantil.

2. METODOLOGIA DE PESQUISA

Para tanto, o método utilizado na pesquisa, trata-se de uma pesquisa bibliográfica, qualitativa de caráter descritivo. A pesquisa bibliográfica é um procedimento metodológico, e tem como objetivo, buscar soluções para um problema, pode ser caracterizada como uma revisão teórica ou bibliográfica. Para Boccato (2006, p. 266):

A pesquisa bibliográfica busca a resolução de um problema (hipótese) por meio de referenciais teóricos publicados, analisando e discutindo as várias contribuições científicas. Esse tipo de pesquisa trará subsídios para o conhecimento sobre o que foi pesquisado, como e sob que enfoque e/ou perspectivas foi tratado o assunto apresentado na literatura científica. Para tanto, é de suma importância que o pesquisador realize um planejamento sistemático do processo de pesquisa, compreendendo desde a definição temática, passando pela construção lógica do trabalho até a decisão da sua forma de comunicação e divulgação.

Para a análise qualitativa tem o objetivo de mostrar as informações, sendo grande ou pequena, a importância é produzir informações. Tornando-se importante devido a precisão dos resultados, garantia de uma análise confiável, sem distorções e com boa interpretação, representando uma margem segura. Segundo Denzin e Lincoln (2006), a abordagem qualitativa destaca-se na qualidade científica a partir da relevância e o uso adequado de todos os dados, não se preocupa com quantidades numéricas, mas sim na compreensão da sociedade ou de grupos sociais.

Define-se como estatística descritiva “o conjunto das técnicas e das regras que resumem a informação recolhida sobre uma amostra ou uma população, e isso sem distorção nem perda de informação” (HOUT, 2002, p. 60). Desta forma, a seguir são transcritos os resultados da pesquisa, bem como suas interpretações e as análises correspondentes para o responder o objetivo em questão.

3. PSICOMOTRICIDADE

A palavra “psicomotricidade” vem do termo grego “psiché” que significa alma e do verbo latino moto que significa mover frequentemente, agitar fortemente. Então, psicomotricidade é a ciência que estuda o homem através do seu corpo em movimento relacionando com seu mundo interior e exterior.

Com isso, podendo ser definida como a capacidade de determinar e coordenar mentalmente os movimentos corporais.

Ao falarmos em psicomotricidade, logo fizemos uma relação com o processo de maturação. Também dizemos que a psicomotricidade é um termo utilizado na concepção de movimento organizado e integrado, conforme as experiências adquiridas pelo sujeito. Desde seu surgimento a classificávamos apenas como o desenvolvimento motor na criança.  Fernandes e Barros (2015, p. 2) conceituam a temática da seguinte maneira:

A Psicomotricidade conceitua-se como ciência da Saúde e da Educação, com objetivo específico de redescobrir os valores psicomotores, cognitivos, afetivos e experiências compreendidas pelo corpo anatômico, de forma segura e consciente. Por este motivo, no século passado, veio a constituir-se uma nova ciência, no intuito de superar a visão parcial do homem em vários sentidos da expressão verbal e não verbal.

Com o passar do tempo buscou-se estudar a relação entre desenvolvimento motor e intelectual da criança. Nos dias atuais estuda-se a estruturação espacial, a lateralidade, orientação temporal e as relações com o desenvolvimento intelectual da criança.

Na visão de Piaget (1998), as crianças têm a capacidade de reconhecer e, representar, as formas reconstruídas efetivamente a partir de suas próprias ações. Piaget afirma que a motricidade desempenha papel indispensável na inteligência antes da aquisição da linguagem.

Para Wallon (1995), ainda quando nasce à criança possuí uma fusão afetiva que se expressa através de fenômenos motores, vindo a representar um investimento corporal e afetivo.

A Psicomotricidade baseia-se em uma concepção unificada da pessoa, que inclui as interações cognitivas, sensório motor e psíquicas na compreensão das capacidades de ser e de expressar-se, a partir do movimento, em um contexto psicossocial. Ela se constitui por um conjunto de conhecimentos psicológicos, fisiológicos, antropológicos e relacionais que permitem, utilizando o corpo como mediador, abordar o ato motor humano com o intento de favorecer a integração deste sujeito consigo e com o mundo dos objetos e outros sujeitos (COSTA, 2002).

Os estudos da psicomotricidade possuem um objetivo principal que é o desenvolvimento do aspecto comunicativo do corpo. Isso permite ao indivíduo a capacidade de dominá-lo, e com isso economizará energia e estará pensando mais em seus gestos, elevando o índice de eficácia de seus atos.

Ao desenvolvermos atividades psicomotoras estaremos ativando alguns processos. Experimentar estímulos sensoriais para classificar as partes do próprio corpo, implicando no controle do corpo, equilíbrio e lateralidade, organização do espaço e tempo. Situações em que a leitura e a escrita serão facilitadas, através de atividades de coordenação viso-manual. Se tratando em conhecimento do corpo estão os conceitos de imagem do corpo, conceito do corpo e esquema corporal.

A imagem que falamos, é a própria impressão que a pessoa possui de si própria, revelados na própria imagem que a criança faz de si. O conceito do corpo é o saber referente às partes e suas devidas funções. E o esquema corporal é quem regula a posição dos músculos e das partes do corpo e suas relações. A educação desse esquema é o princípio de toda ação educativa.

O objetivo da educação psicomotora é trabalhar com as diversas condutas motoras e psicomotoras, com isso auxiliando no processo educativo e possibilitando uma melhor interação social e escolar. Com isso, comprova-se a importância que é trabalhar a criança em seu desenvolvimento integral, visando aspectos biológicos, psicológicos e socioculturais.

3.1 A PSICOMOTRICIDADE NA EDUCAÇÃO INFANTIL

No ambiente escolar e de extrema importância trabalhar o lúdico, o mesmo é capaz de produzir diversas habilidades no processo de aprendizagem instigando a atenção, imaginação, memória e incentivado de certa forma todos os aspectos cognitivo, motor e afetivo (SALVO, 2018).

A criança, na interação com seus pares e com adultos, vive experiências de atenção pessoal e outras práticas sociais nas quais aprende a se perceber como um “eu” — alguém que tem características, desejos, motivos, concepções —, a considerar seus parceiros como um “outro” — com desejos e interesses próprios — e a tomar consciência da existência de um “nós” — um grupo humano cada vez mais amplo e diverso. Nesse processo, vai se constituindo como alguém com um modo próprio de agir, sentir e pensar (OLIVEIRA, 2018, p. 3).

Sendo assim, as atividades realizadas com as crianças devem ser atividades que objetivam promover através da ludicidade, aprendizagens significas para crianças, bem como, motricidade fina e ampla, estimulando a coordenação motora, atividades locomotoras as quais possibilitam ao corpo se deslocar no espaço, as atividades manipulativas as quais envolvem o manejo ou manuseio de objetos, aprimorando conhecimento, experiências e práticas educativas.

Ao trabalharmos com questões de psicomotricidade na educação infantil, estamos trabalhando uma educação global que interage com as potencialidades intelectuais, afetivas, sociais e motoras da criança. Com isso asseguramos o desenvolvimento funcional, levando em consideração as possibilidades da criança, ajudando na expansão da sua afetividade.

O que vem ao encontro da BNCC (2019), quando aborda a importância de trabalhar o Eu, o Nós e o Outro, através de atividades que desenvolvam: corpo gestos e movimentos; traços, sons, cores e formas; a escuta, fala, pensamento e imaginação; espaços, tempos, quantidades, relações e transformações.

Quanto trata-se do corpo, gestos e movimentos, no ambiente escolar e de extrema importância trabalhar o corpo. “Esse campo destaca experiências ricas e diversificadas em que gestos, mímicas, posturas e movimentos expressivos compõem uma linguagem vital com a qual as crianças se expressam, se comunicam e constroem conhecimentos sobre si e sobre o universo social e cultural” (OLIVEIRA, 2018, p. 8).

Uma atividade da qual pode ser trabalhada que envolvem corpo, gestos e movimentos, uma roda de música na qual os alunos possam dançar, se expressar, movimentar-se, bem como ouvir e ter atenção a letra da música. Ir ao parque da escola, podem ajudar na expressão corporal.

Ao abordas traços, sons, cores e formas, na educação infantil, as crianças por si só já possuem curiosidade, acaba gerando uma imaginação diferente em cada criança, e para trabalhar isso cabe ao professor proporcionar experiências as crianças. Segundo Oliveira (2018, p. 51)

As crianças vivem em ambientes nos quais a cada momento ocorrem situações envolvendo pessoas, atividades, espaços, objetos e materiais que elas buscam perceber, reconhecer, significar e representar, e o fazem pela apropriação de diferentes linguagens e recursos, como sensações, afetos e desejos, corporeidade, linguagem verbal, percepção das ações de seus parceiros e atenção voltada para os aspectos materiais do ambiente.

O professor ao trabalhar os cinco sentidos com os alunos está instigando traços, sons, cores e formas, ao contar uma história, o professor vai atrair a imaginação, as cores as formas os traços de um livro, um passeio pelo bairro pode mostrar as formas geométricas das casas, dos carros dos objetos. Há diversas formas do mediador trazer o ambiente a realidade para dentro da sala de aula, fantasiando, produzindo e construindo juntamente com cada aluno.

Ao discorrer da escuta, fala, pensamento e imaginação, é possível instigar as crianças é um passo importante para o desenvolvimento, instigar o ouvir, a fala, o pensar o imaginar, faz parte do processo do ensino e aprendizagem, do desenvolvimento desde a infância até a vida adulta, mas quanto mais cedo melhor.

A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) propõe que, ao longo da trajetória na Educação Infantil, as crianças construam conhecimentos a respeito das linguagens oral e escrita por meio de gestos, expressões, sons da língua, rimas, leitura de imagens e letras, identificação de palavras em poesias, parlendas, canções e também a partir da escuta e dramatização de histórias e da participação na produção de textos escritos. Apropriando-se desses elementos, elas podem criar novos gestos, falas, histórias e escritas, convencionais ou não (OLIVEIRA, 2018, p. 67).

Atividades como contação de história, teatro de fantoches, história na lata, caixa musical, roda de conversas ou músicas, deixar cada um expressar-se, ou contar uma história, faz parte da escuta, da fala, do pensamento e da imaginação.

E ao desenvolver espaços, tempos, quantidades, relações e transformações, pode-se utilizar temas como animais, meio ambiente, rotina, podem mudar a visão das crianças perante a situações, a sociedade, motivando um olhar crítico e criativo entre as crianças e no seu processo de construção e aprendizado. À medida que o professor considera a unidade de Educação Infantil como ambiente onde a curiosidade das crianças sobre o mundo físico e social pode alimentar a construção de noções, comparações e implicações, ele as ajuda a construir explicações, conforme percebe seus gestos, sentimentos, intuições, motivos e sentidos pessoais nas respostas que dão. Nesse processo, procura articular o modo como elas agem, sentem e pensam com os conceitos já disponíveis na cultura sobre cada objeto de conhecimento (PREFEITURA DE COLINAS, 2019).

Ao criar uma rotina com os alunos os mesmos já terão noção do tempo, ao trabalhar atividades como música e dança criarão noção do espaço, ao ver o meio ambiente, animais, pode se verificar o espaço a quantidade, ao contar a história das dez lagartas, podemos ver a transformação do ser, ao falar em cuidar do meio ambiente mais uma forma de ver a transformação de um ambiente limpo ou não, cabe ao mediador trazer situações assim para a sala de aula, para o processo de aprendizagem.

Através da BNCC, dos Campos de experiências, foi possível verificar que tudo deve ser trabalhado em conjunto e tudo pode auxiliar no processo de ensino e aprendizagem independentemente da idade, podemos trabalhar a mesma atividade, porem de formas diferentes

O objetivo dessa ação pedagógica é desenvolver a parte motora e mental da criança. Com isso levando a dominar e a controlar o próprio corpo, adquirindo uma inibição voluntária. Pelo aspecto motor a criança tem os primeiros contatos com a linguagem socializada.

A psicomotricidade contribui de maneira expressiva na estruturação e na formação integral do indivíduo, e é através de atividades que estimulam a psicomotricidade que a criança se diverte, cria, interpreta e se relaciona com o mundo.  A psicomotricidade tem fundamental importância na formação da criança, uma vez que permite o desenvolvimento motor, afetivo, cognitivo, social e moral.

Os primeiros anos de vida são fundamentais para o desenvolvimento psicomotor infantil. É preciso estar atento para que nenhuma perturbação passe despercebida e seja tratada a tempo, para que a capacidade futura da criança não seja afetada e prejudique a aprendizagem da leitura e da escrita (MENDONÇA, 2004, p.20-21).

A primeira manifestação do ser humano é o movimento, pois desde dentro do útero a criança realiza movimentos com seu corpo, ao qual irão se estruturar e exercer grandes influências no comportamento. É o movimento que dará ao homem o desenvolvimento físico que o conduzirá por toda a vida. Por meio de gestos, olhares, fala, movimentos, emoções e através da linguagem corporal e verbal a criança se faz entender em relação as suas necessidades.

A psicomotricidade auxilia e promove intervenções preventivas na obtenção de resultados satisfatórios em situações de dificuldade no ensino aprendizagem. É pela psicomotricidade e pela visão que a criança descobre o mundo dos objetos, e é manipulando-os que ela redescobre o mundo: porém esta descoberta a partir dos objetos só será verdadeiramente frutífera quando a criança for capaz de segurar e de largar, quando ela tiver adquirido a noção de distância entre ela e o objeto que ela manipula, quando o objeto não fizer mais parte de sua simples atividade corporal indiferenciada (OLIVEIRA, 2000, p.34).

Conclui-se que a psicomotricidade é a relação entre o pensar e o agir, envolvendo as emoções. Com isso assegurando o desenvolvimento funcional, levando em consideração as possibilidades da criança, auxiliando no equilíbrio e expansão de sua afetividade.

No processo ensino aprendizagem são usados elementos básicos da psicomotricidade com mais continuidade tais como: orientação no tempo e espaço, na lateralidade, coordenação motora e esquema corporal.

Eles auxiliam no desenvolvimento da aprendizagem, pois se a criança apresentar alguma dificuldade em alguns deles, poderá ter significativas complicações na obtenção da linguagem verbal e escrita. Além da orientação errada da grafia, trocas e omissões de letras, ordem das palavras e sílabas, dificuldades no pensamento lógico e abstrato.

Portanto, a psicomotricidade está presente nas atividades motoras das crianças, a qual auxilia no domínio e conhecimento do próprio corpo. É uma técnica essencial para o desenvolvimento integral e uniforme da criança, formando sua base fundamental de aprendizagem.

A psicomotricidade abrange toda a ação executada pelo sujeito, é a interação entre a motricidade e psiquismo, buscando um desenvolvimento global, focalizando os aspectos motores, cognitivos e afetivos. Com isso, conduzindo o indivíduo a conquistar o conhecimento do seu corpo através do movimento.

De maneira complementar, o desenvolvimento psicomotor se faz através da evolução da criança na interação com o meio, essa conquista aos poucos amplia a capacidade de adaptação às necessidades comuns, fazendo-se necessário para isso, um espaço físico, a diversidade material e jogos lúdicos num ambiente arejado e agradável.

3.2 A IMPORTÂNCIA DOS JOGOS E DAS BRINCADEIRAS

É no brincar que as crianças formam suas identidades, é durante uma brincadeira que se aprende conceitos sobre o mundo, a brincadeira é fundamental para aprendizagem, ao brincar a criança vai criando experiências, torna-se criativa, o brincar é de ato espontâneo, no qual as crianças usam suas imaginações, o brincar instiga o relacionar-se ao meio em que se vive. “A ludicidade são aquelas atividades que proporcionam uma experiência de plenitude, em que nos envolvemos por inteiro, estando flexíveis e saudáveis” (LUCKESI, 2000, p.25).

O brincar é característico da infância, e é muito importante, traz vantagens para capacitação e desenvolvimento do indivíduo (ROLIM; GUERRA; TASSIGNY, 2008). A brincadeira é o lúdico em ação, o brincar é importante em todas as fases da vida humana, ao brincar a criança expressa à linguagem e instiga o desenvolvimento do pensar, através dos brinquedos, os mesmos vêm expressar suas emoções (CARMO, 2013).

Ferreira (2003), brincar é “divertir-se, recrear-se, entreter-se, distrair-se, folgar”, também pode ser “entreter-se com jogos infantis”, ou seja, estamos brincando o tempo todo, o brincar está presente na vida do ser humano.

Diferentes brinquedos e jogos são utilizados na educação infantil. Segundo Antunes (2003) o jogo é de grande divertimento, é um passa tempo, muitos deles auxiliam no desenvolvimento do raciocínio lógico, muitos jogos mostram-se competitivos, porem na educação infantil visa o crescimento e desenvolvimento da criança. Já o brinquedo para Kishimoto (2002), tem a ausência da regra, o brinquedo pode ser criado pela própria criança o brinquedo estima a expressão, habilidades e aspectos da realidade da criança. O brincar para Moyles (2002), é muito importante, principalmente na educação infantil, pois é nesse momento que as crianças aprendem, alguns professores acreditam que as crianças só aprendem quando eles estão ensinando, porém, a necessidade do brincar é muito importante para criança.

A criança se comunica e se expressa de várias maneiras, através de gestos e mímicas. Com o apoio do corpo interagem nas brincadeiras, jogos e imitações, com isso, criando ritmo e movimento. O corpo é origem das aquisições cognitivas, afetivas e orgânicas.

Através do movimento podemos transmitir emoções, sentimentos e comunicar novas criações e descobertas. O brincar possibilita a criança construir uma identidade criativa, autônoma e cooperativa, é através da experimentação e da representação que a criança entra no mundo do afeto e da cultura. De acordo com o Referencial Curricular Nacional da Educação Infantil (BRASIL, 1998, p. 27):

É brincando que a criança descobre e explora movimentos que são ajustados a um ritmo, onde elas expressam suas emoções e possibilitam integral desenvolvimento, fazendo com que a criança construa normas e crie possibilidades para resolver os imprevistos do ato da brincadeira.

De acordo com Oliveira (2008), ao brincar, afeto, motricidade, linguagem, percepção, representação, memória e outras funções cognitivas estão profundamente interligadas. A brincadeira favorece o equilíbrio afetivo da criança e contribui para a apropriação dos signos sociais.  É através das brincadeiras e do faz de conta que ela constrói significados, pretendendo assimilar os papéis sociais, as relações afetivas e a construção do conhecimento.

Segundo Carvalho (1992 p. 28) “o ensino absorvido de maneira lúdica, passa a adquirir um aspecto significativo e afetivo no curso do desenvolvimento da inteligência da criança, já que ela se modifica de ato puramente transmissor a ato transformador em ludicidade”

Atualmente, convivemos com a presença da música em nossa vida. Desde a antiguidade, vimos na história da humanidade, a presença da música em todos os lugares como uma forma de expressão.

A Musicalização, busca no processo de aprendizagem pedagógica e educacional na Educação Infantil, proporcionar uma interação com as atividades propostas e desenvolvidas, a fim de auxiliar no desenvolvimento da criança.

A música é a linguagem que se traduz em formas sonoras capazes de expressar e comunicar sensações, sentimentos e pensamentos, por meio da organização e relacionamento expressivo entre o som e o silêncio. A música está presente em todas as culturas, nas mais diversas situações: festas e comemorações, rituais religiosos, manifestações cívicas, políticas etc. Faz parte da educação desde há muito tempo, sendo que, já na Grécia antiga era considerada como fundamental para a formação dos futuros cidadãos ao lado da matemática e da filosofia. (BRASIL, 1998, p. 45).

Além de brincar a criança precisa ser inserida aos jogos educativos, o qual ocupa um papel fundamental no desenvolvimento infantil. O ato de brincar com o jogo faz com que a criança use o corpo, desse modo trabalha sua coordenação motora, a lateralidade, esquema corporal, imagem corporal e orientação temporal. E o jogo é um excelente recurso para facilitar a aprendizagem, neste sentido, Carvalho (1992, p.14) afirma que:

(…) desde muito cedo o jogo na vida da criança é de fundamental importância, pois quando ela brinca, explora e manuseia tudo aquilo que está a sua volta, através de esforços físicos se mentais e sem se sentir coagida pelo adulto, começa a ter sentimentos de liberdade, portanto, real valor e atenção às atividades vivenciadas naquele instante.

Segundo Martins, (2003) através do jogo a criança adquire habilidades e conhecimentos. O jogo é cada vez mais aplicado como ferramenta de apoio, tendo por objetivo facilitar os trabalhos dos alunos, fazendo que o ensino aprendizagem seja muito mais significativo e prazeroso. Sabe-se também que a atividade lúdica é um método muito eficaz para formação integral da criança. Segundo Teixeira (1995, p.49):

O jogo é um fator didático altamente importante: mas do que um passatempo, ele é elemento indispensável para o processo de ensino aprendizagem. Educação pelo jogo deve, portanto ser a preocupação básica de todos os professores que têm a intenção de motivar seus alunos ao aprendizado.

Os jogos realizados de forma recreativa possibilitam que a criança evolua (progrida) o domínio do seu corpo, crescendo e aperfeiçoando suas capacidades de movimento, superando dificuldades, enfrentando novos desafios motores, afetivos e cognitivos e conquistando novos espaços.

Os jogos são fundamentais na educação, não permitir ao aluno a possibilidade de brincar, é deixar um vazio em seu desenvolvimento, é prejudicar sua capacidade de lidar com seus impulsos e não saber avaliá-los e controlá-los.

Portanto, é muito importante criar um espaço maior para as atividades que envolvam a fantasia e os jogos imaginários que são fundamentais para seu desenvolvimento psicológico. A vida de uma criança não pode ser imaginada ou vista sem os jogos ou as brincadeiras.

3.3 A IMPORTÂNCIA DO BRINCAR PARA O DESENVOLVIMENTO DA APRENDIZAGEM

O processo de aprendizagem de um ser humano vem desde a infância, pois é nas brincadeiras que as crianças podem desfrutar de atividades lúdicas, o que gera conhecimento, aguça o pensamento, e autoestima do indivíduo, é nesse momento em que a mesma aprende limites, regras e questões culturais.

Sendo assim o brincar torna-se muito importante para vida das crianças e principalmente para o processo de aprendizagem, é a partir dessas situações que as crianças adquirem experiências, com brinquedos e brincadeiras, de forma lúdica vai criando sua identidade, interagindo com os colegas e desenvolvendo-se.

Segundo Carvalho (1992 p. 28) “o ensino absorvido de maneira lúdica, passa a adquirir um aspecto significativo e afetivo no curso do desenvolvimento da inteligência da criança, já que ela se modifica de ato puramente transmissor a ato transformador em ludicidade, denotando-se, portanto, em jogo”.

Para Vigotsky (1998, p. 126), “é no brinquedo que a criança aprende a agir numa esfera cognitiva, ao invés de uma esfera visual externa, dependendo das motivações e tendências internas, e não pelo dos incentivos fornecidos pelos objetos externos”. Segundo Vigotsky (1998), além do brincar o incentivo a brincadeira e a participação dos pais e professores, é importante para o processo de aprendizagem, e isso deve acontecer desde o nascimento da criança.

O brincar está no processo de aprendizagem, o brincar está em toda parte, e para as crianças esse brincar deve partir, da escola, dos pais, o brincar está no dia a dia dos indivíduos (VIGOTSKY, 1998).

Quadro 1: A educação infantil e a aprendizagem.

Fonte: Base Nacional Comum Curricular (2017).

O quadro acima mostra o que é necessário para que o processo de aprendizagem esteja sempre em andamento na educação infantil, e o brincar faz parte desse processo.

Sendo assim, para certificar-se foi aplicado uma entrevista pessoal através de questionários a professores de educação infantil, a partir disso o próximo capítulo trará o método de pesquisa utilizado.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A psicomotricidade tem por princípio o desenvolvimento das faculdades sensoriais e mentais da criança de forma equilibrada. Com isso abrindo caminho para a livre expressão, a qual é de extrema importância no incentivo a criatividade.

Durante o processo de desenvolvimento a criança evolui física, intelectual e emocionalmente, porém, sua primeira evidência de normalidade em seu desenvolvimento é através das manifestações motoras.

É necessário que a criança esteja em contato com diversas situações, no intuito da busca de soluções aos problemas e para a construção do conhecimento. O lúdico vem dar suporte a esse fator, pois brincando a criança descobre soluções. Pular, correr, subir e descer, fará com que a criança experimente, medindo assim sua capacidade e com isso conhecendo seus limites.

Para que a criança faça inúmeras descobertas durante sua passagem pela Educação Infantil, ela precisa encontrar um ambiente agradável e rico em estímulos, onde deve ser o lugar de brincar e aprender.

Descobertas estas acontecerão se à criança for permitido o contato com atividades de livre expressão, que garantam a liberdade da criação, e para a estruturação das áreas psicomotoras são necessárias atividades organizadas e específicas. Atividades estas devem respeitar o ritmo individual de cada criança.

A psicomotricidade precisa apresentar-se como suporte para o processo educacional. Possibilitando assim, a criança movimentar-se por si própria, conhecendo o espaço físico e as relações a sua volta. Portanto, a psicomotricidade ocupa um lugar muito importante na educação infantil, sobretudo na primeira infância, em razão de que se reconhece que existe uma grande interdependência entre os desenvolvimentos motores, afetivos e intelectuais.

REFERÊNCIAS

ANTUNES, Celso. O jogo infantil: falar e dizer, olhar e ver, escutar e ouvir. Petropolis, RJ: Vozes 2003 fascículo 15.

BOCCATO, V. R. C. Metodologia da pesquisa bibliográfica na área odontológica e o artigo científico como forma de comunicação. Rev. Odontol. Univ. Cidade São Paulo, São Paulo, v. 18, n. 3, p. 265-274, 2006.

BRASIL. Base Nacional Comum Curricular: Educação Infantil. (BNCC). 2019. Disponível em: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/wp-content/uploads/2018/02/bncc-20dez-site.pdf. Acesso em março de 2021

BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular: educação é a base. Brasília, DF, 2017. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=79601-anexotexto-bncc-reexportado-pdf-2&category_slug=dezembro-2017-pdf&Itemid=30192> Acesso em janeiro. 2021.

BRASIL. Referencial curricular nacional para a educação infantil. Ministério da Educação e do Desporto, Secretaria de Educação Fundamental. — Brasília: MEC/SEF, 1998. http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos /pdf/rcnei_vol1.pdf. Acesso em setembro de 2020.

CARMO, E., T. Importância do lúdico na educação infantil na escola municipal morro encantado em cavalcante – go. 2013, p. 1 a 41. Disponível em <http://bdm.unb.br/bitstream/10483/5363/1/2013_ElidianeTorresdoCarmo.pdf>. Acesso em 13 mar 2018.

CARVALHO, A.M.C. et al. (Org.). Brincadeira e cultura: viajando pelo Brasil que brinca. São Paulo: Casa do Psicólogo, 1992.

COSTA, A. C. Psicopedagogia e Psicomotricidade: Pontos de intersecção nas dificuldades de aprendizagem. Petrópolis, Vozes, 2002.

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[1] Bacharel em Administração – IMED; Licenciatura em Pedagogia – FABE; Especialização em Linguagens e Tecnologias na Educação – IFSUL, Mestranda Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade de Passo Fundo.

[2] Gestão de RH – Uniaselvi, Licenciada Pedagogia – Uniaselvi.

[3] Licenciada em Pedagogia, Especialização em: Educação Especial e Inclusiva e Neuropsicopedagogia Institucional e Clínica.

[4] Licenciada em Pedagogia, Especialização em Educação Especial e Inclusiva e Neuropsicopedagogia Institucional e Clínica – Faculdade Futura. Especialização em Práticas Educacionais em Ciências e Pluralidade – UTFPR.

Enviado: Março, 2021.

Aprovado: Abril, 2021.

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Bruna Eduarda Rocha

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