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Perfil de alunos do ensino médio de uma escola de aparecida de Goiânia através de ferramenta online

RC: 21960
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CONTEÚDO

ARTIGO ORIGINAL

NASCIMENTO, Felipe de Araújo [1]

NASCIMENTO, Felipe De Araújo. Perfil de alunos do ensino médio de uma escola de aparecida de Goiânia através de ferramenta online. Revista científica multidisciplinar núcleo do conhecimento. Ano 03, ed. 10, vol. 07, pp. 73-86 Outubro de 2018. Issn:2448-0959

RESUMO

Através da ferramenta Google Forms foi realizado um estudo com o objetivo de analisar o perfil social-psicológico de alunos do Ensino Médio de uma Escola da cidade de Aparecida de Goiânia. Este estudo contou com 223 respostas dos alunos do turno matutino e 85 dos alunos do turno noturno através de questões objetivas e comentários discursivos. Os resultados identificaram uma distorção idade-série mais severa no turno noturno, além de suas preferências por disciplinas e áreas. Além disso também observou uma porcentagem muito alta de alunos do noturno que já repetiram ou desistiram em alguma série, assim como seus pensamentos e preferências sobre a escola. Concluímos que o levantamento de dados para obter o perfil de alunos através de ferramenta online constituiu em uma poderosa estratégia para delineamento de metas através dos educadores. O corpo docente se interessou acerca dos resultados, permitindo um trabalho mais amplo focado em suas necessidades. Eles também se comprometeram a realizar uma vez por ano esta metodologia para verificação do perfil dos alunos da escola.

PALAVRAS-CHAVE: Perfil, Ensino Médio, Google Forms, Tecnologia

INTRODUÇÃO

Historicamente o ensino médio sempre teve uma preocupação maior pois apresenta uma fase de transição muito questionável pelos especialistas em educação. Nesta fase que ocorre o relacionamento entre conhecimento e trabalho, pois é também nesta fase que jovens estão projetando suas vidas para as escolhas profissionais, ou para outras, veem como uma forma de qualificação profissional. (Ramos, 2011)

Segundo dados do INEP (2016) nos últimos anos o IDEB que mede o nível educacional das escolas está estagnado, não atingindo as metas do governo, exemplo do que ocorreu em 2015 que a meta era de 4,3 e o país atingiu 3,7 pela terceira vez consecutiva. Para o governo, isso estimulou novas transformações para o ensino médio que estão sendo formuladas abalando os alicerces construídos a partir da Lei de Diretrizes e Bases da Educação de 1996.

Enquanto o país passa por um momento de transição, a análise local de uma escola pode ajudar a entender as principais angustias e desejos que a comunidade possui, além de demonstrar uma parcela da realidade do ensino médio que se prepara para ser a principal população economicamente viável. Quando observados na rede pública, os problemas se tornam cada vez mais gritantes, com situações complexas que transpassam os muros da escola, as questões sociais também influenciam de maneira direta no perfil de aluno do ensino médio.

Fazer o aluno ser ouvido pode ser um poderoso instrumento para nortear metas e perspectivas na melhoria da comunidade escolar, principalmente se tratando de bairros carentes.

Suas expectativas profissionalizantes, muitas das vezes estão baseadas em cursos superiores tradicionais. Segundo Lassance, Groks e Francisco (1993) o jovem do ensino médio entende como caminho natural o curso superior como uma continuidade de seus estudos e a única alternativa disponível para inserção no mercado de trabalho.

Segundo Sparta e Gomes (2005) 86,2% de jovens de escolas públicas e particulares, veem o ensino superior como alternativa isolada de profissionalização. Assim, entender mais sobre como o jovem do ensino médio pensa e suas principais críticas pode ser considerado como uma importante ferramenta para que a escola oriente no desenvolvimento de aptidões.

Uma das teorias mais célebres que possui relação com o desenvolvimento de aptidões e vocações é a teoria das inteligências múltiplas de Howard Gardner (1994). Nesta teoria Gardner afirma ter identificado 7 inteligências que podem descrever aptidões ou bloqueios a esses temas. Atribuída por uma corrente de educadores, há um desenvolvimento de testes cognitivos que objetivam analisar dons e aptidões do ser, podendo assim ser direcionados para suas expectativas.

Até mesmo os famosos testes vocacionais não são unânimes entre os estudiosos, Athanasou e Van Esbroeck (2007) atribui sobre a inexistência de modelos unificados ou padronizados, pois as metodologias vocacionais retratam diferentes perspectivas, que podem ser analisadas com enfoque psicológico, do ponto de vista educacional, ou até mesmo através de uma visão filosófica.

Ciavatta(2011) relata sobre o gargalo que temos entre o ensino médio e a educação profissional e o senso de dualidade através das políticas públicas que permeiam uma sociedade que anseia jovens inseridos no mercado de trabalho de maneira rápida, mas também esta mesma política pública defende o pragmatismo, inclusive no que tange o currículo.

Estre trabalho tem por objetivo analisar o perfil de alunos do Ensino Médio através de uma ferramenta online de questionário. Esta análise objetiva-se no descobrimento da personalidade e das vocações dos alunos, observando o status socioeconômico, afinidade de disciplinas, entre outras questões que envolve o perfil da clientela da rede pública de educação do Estado de Goiás.

METODOLOGIA

Foi organizado de forma prévia, um questionário online através da ferramenta Google Forms com questões para análise de perfil discente.

A escola escolhida foi o Colégio Estadual Santa Luzia na periferia da cidade de Aparecida de Goiânia nos turnos Matutino e Noturno, turnos estes que concentram as maiores quantidades de alunos do Ensino Médio. A escola possui características muito comuns a várias escolas de população carente da região metropolitana de Goiânia, possuindo quase 900 alunos divididos em três turnos. Os alunos foram convidados a responderem o questionário tendo um total de 223 respostas para o Matutino e 85 respotas no turno Noturno.

A questões possuem a proposta de avaliar o perfil do aluno de Ens. Médio através de auto-afirmação sobre Idade, Leitura, Aspectos Sociais, Preferências, Críticas e outros.

Após os resultados e da análise o trabalho foi levado ao corpo docente para formulação de novas perspectivas e metas para escola.

RESULTADOS

TURNO MATUTINO

O turno matutino apresenta uma maioria de alunos de 16(37%) e 15(33%) anos, seguido de alunos com 17 (18%) anos. Ao compararmos os gráficos de faixa etária relacionados às séries, percebemos uma pequena distorção de alunos nos 1° anos (3% de alunos com 17 anos). Também percebemos um quantitativo de 18% de alunos com 16 anos nos 1° anos, podendo ser também uma leve distorção da faixa etária para esta série, comum da idade de 14 e 15 anos.

Foi também perguntado sobre como o aluno descreve seu rendimento, sendo 64% alunos que consideram “Bom”, 21% que consideram “Regular”, 13% que consideram “Muito Bom” e 2% que descrevem como “Ruim” seu rendimento. Um fator preocupante neste caso é a consideração destes 2% de alunos que descrevem no questionário como rendimento “Ruim”, podendo ser levados a questionamentos e analisados psicologicamente por apresentarem uma possível baixa autoestima.

Foi questionado para os alunos sobre o quantitativo de tempo utilizado para o estudo por dia, sendo que 44% dos alunos responderam que estudam até 1 hora por dia. 14% dos alunos afirmaram que não estudam e 16% afirmaram estudar 4 horas ou mais. Sobre estes resultados, como o questionário não especificou de que forma este tempo é utilizado, muitos alunos que marcaram 1 hora, consideraram o tempo de respostas das tarefas passadas pelos professores e muitos dos alunos que marcaram 4 horas ou mais, consideraram também o tempo de estudo na escola, durante o período matutino.

Sobre a quantidade de livros que os alunos lêem ao longo do ano, os resultados foram bastante equilibrados, 23% afirmaram 2 livros, seguidos de 22% com 4 livros ou mais, 20% com 1 livro, 19% nenhum e 16% com 3 livros. Mesmo demonstrando um resultado equilibrado, este gráfico mostra um baixo envolvimento com livros por muitos se comparado com países com sistemas educacionais exemplares. Sendo também, extremamente preocupante para o desenvolvimento do vocabulário e da interpretação por parte dos 19% de alunos que não lêem nenhum tipo de livro ao longo do ano.

Quando o questionamento foi sobre o vínculo empregatício percebemos que um quantitativo total de 77% do turno matutino, não trabalha. Perguntamos também sobre a disciplina que mais gostam e percebemos que todas as disciplinas disponíveis na escola foram citadas, demonstrando a heterogeneidade dos alunos em suas habilidades e aptidões. A disciplina mais citada foi a de Biologia, preferência de 72 alunos, seguidos de Matemática (42), Ed. Física (34), Português (24) e História (17).

No gráfico relacionado à área de maior interesse profissional, apesar de bastante diversificada, constatou-se um maior interesse pela Saúde(24%), Ciência/Tecnologia(17%) e Esportes (13%). No entanto, uma grande parcela de estudantes (19%) afirmou outras áreas que não estavam dentre as opções do questionário.

Fig. 1 – Gráfico sobre o interesse pelas disciplinas pelo aluno do turno matutino.

Fonte: autor

Fig.2 – Gráfico sobre o interesse profissional escolhido pelos alunos do turno matutino

Fonte: autor

Foi questionado também em relação o que os alunos mais gostam da escola, sendo os Professores (36%) a opção mais escolhida seguida de Eventos e Projetos (23%), entre outros.

Na pergunta “O que te impede de estudar mais?” a opção mais escolhida foi a Falta de tempo (41%), Preguiça (38%), Desinteresse (12%), Falta de material (5%) e outros (4%).

TURNO NOTURNO

O turno Noturno apresenta uma maioria de alunos de 16 anos (35%) e de 17 anos (26%) demonstrando uma distorção maior série-idade comparado ao turno matutino. Esta distorção demonstra ser mais evidente nos 1° anos com 32% de alunos com 16 anos e 28% de alunos de 17 anos.

Sobre o rendimento escolar, a maioria dos alunos do turno noturno se declararam com rendimento “Bom” (52%), seguido de “Muito bom” (28%), “Regular” (18%), “Ruim” e “Indiferente” 1% cada. Questionado sobre a quantidade de horas gasta com estudo a maioria dos alunos informaram que estudam apenas 1 hora por dia (33%), contrastando com 13% que afirmaram não estudar ao longo dos dias.

Quando o questionamento foi sobre quantos livros lêem por ano, as afirmações foram bem diversificadas sendo a maioria “nenhum livro” (28%), 2 livros (25%) e 4 ou mais (24%), retratando assim como no turno matutino o baixo envolvimento da leitura de livros. A maioria dos alunos possui vínculo empregatício, de carteira assinada (32%) e uma grande parcela (26%), não possui vinculo, mas está à procura.

Sobre os interesses profissionais a categoria “outros” foi a mais marcada (24) seguido da Saúde (20) e Ciência e Tecnologia (17). Seguindo a mesma tendência do turno matutino, Internet é a mais utilizada no tempo livre da maioria (54%) dos alunos do noturno.

Fig. 3 – Gráfico sobre o interesse profissional do aluno do Turno Noturno.

Fonte: autor

Quando perguntado sobre qual a disciplina que os alunos mais gostavam, matemática foi a escolha da maioria (26) seguido de Educação Física (14), resultado este que surpreendeu até o corpo docente, devido todo um processo histórico-cultural de baixo incentivo a Matemática no país. Também foi perguntado qual o principal motivo dos alunos gostarem da disciplina e 64% afirmaram o conteúdo, seguido de 18% que escolheram o professor, 12% as tarefas, 3% material didático e 3% outros.

Na pergunta sobre o que eles mais gostam da escola, os Professores (40%) foram consideradas a maioria das respostas. A falta de tempo (68%) foi a alternativa mais marcada sobre o principal motivo de não estudar mais, seguido de preguiça com 13% das respostas.

Diferentemente como foi realizado no questionário do matutino, no turno noturno foi acrescentado o questionamento sobre se o aluno já repetiu ou abandonou alguma série, neste caso o resultado preocupante é que a maioria já repetiu/abandonou alguma vez: 26% Sim, uma vez; 19% Sim, duas vezes e 13% Sim, três vezes, dando um total de 58% contra 42% Não repetiu/abandonou.

Fonte: autor

Fig. 4 – Gráfico sobre se o aluno do turno noturno já repetiu ou abandonou alguma vez.

RESPOSTAS DISCURSIVAS

Foram questionados também através do formulário online tanto para o turno matutino quanto para o turno noturno sobre o que poderia melhorar na escola, no geral as respostas foram muito diversificadas variando desde caráter estrutural até caráter pedagógico. Dentre as questões mais abordadas de caráter estrutural incluem a reforma dos banheiros, ventiladores e da estrutura dos laboratórios.

Percebe-se de uma forma geral que os entraves burocráticos e os procedimentos de reforma são os maiores empecilhos para a escola pública do Estado de Goiás. A gestão dos recursos realizados pelo grupo gestor, na maioria dos casos impossibilita modificações estruturais que servem de fato a atender as necessidades dos alunos. Porém, os resultados desta pesquisa serviram de desenvolvimento de metas para reformas das estruturas da escola segundo o grupo gestor.

Outro assunto muito abordado pelos alunos nas respostas discursivas foi a respeito da disciplina dos próprios alunos, nos quais muitas respostas afirmam que a escola poderia melhorar o fator disciplinar nas salas de aula, impedindo de alunos indisciplinados de tumultuar aulas e promover maior controle e segurança tanto para o corpo docente quanto para os alunos.

Este assunto é recorrente em escolas do país devido à sociedade que reflete em âmbito escolar a violência e insegurança. A disciplina tem sido objetivo de grandes correntes de pensamento, em muitos casos extremistas, que também apoiam a escola com um caráter mais tradicionalista vivenciada em nossa história no início do século e também no período ditatorial.

Isso corrobora-se ao fato do Estado de Goiás ter tido um aumento exponencial de escolas com doutrinas militares nos últimos 15 anos, tendo apoio de uma população carente de serviços sociais, também pelo sucesso maquiado destas escolas com os principais índices educacionais como IDEB e ENEM. Estas escolas recebem elogios por atingirem níveis elevados nos índices, mas também recebem duras críticas por apresentarem um padrão de alunos com perfil socioeconômico médio-alto e característica seletiva paras permanência de alunos que se enquadram à suas exigências. (Carreiro, 2015)

Outro assunto abordado pelos alunos de grande interesse foi a realização de projetos relacionados à diversidade étnica, de gêneros e outros, nos quais alguns afirmaram a necessidade de mais eventos e projetos que tornam as aulas diferenciadas e trabalham questões da sociedade ou interdisciplinares.

Segundo o grupo gestor, para a escola, o desenvolvimento de eventos e projetos sempre foi uma prática realizada ao longo dos anos de existência da instituição em que obtiveram grandes sucessos sendo reconhecidos com prêmios desde 2001. Exemplo do prêmio FEBRACE de 2006 que a escola foi contemplada com um prêmio por um projeto de recuperação das Matas Ciliares.

DISCUSSÃO E COMPARAÇÃO ENTRE TURNOS

Inicialmente os resultados demonstram uma distorção da relação idade-ano, no qual consideraremos como padrão a lei das diretrizes e bases da educação LDB 9394/96. No turno matutino a distorção pode ser considerada em pequena quantidade se comparada com o turno noturno que apresenta uma distorção de idade-ano muito maior. Este dado corrobora com o fato demonstrado na fig. 4 que demonstra que 56% dos alunos do noturno já repetiram ou abandonaram a série ao menos uma vez.

São muitos os fatores que podemos exemplificar como motivo deste dado, sendo quase todos eles motivos sociais e econômicos. A iniciação muito cedo ao mercado de trabalho como forma de complementar a renda familiar, a falta de expectativa para o futuro profissional visto que seu meio social-familiar também não alcançou desejos na carreira profissional e até seu pessimismo relacionado a avaliações de ingresso para universidades também pode ser considerada como fator negativo para o insucesso educacional, ocasionando nas repetências ou abandonos ao longo de sua vida escolar.

Segundo Abramovay (2003), são inúmeras variáveis que determinam os motivos das repetências ou abandonos, desde problemas sociais que vão além dos muros da escola relatados como maiores problemas por professores até situações de desinteresse e dificuldade de aprendizagem.

Alves et al (2007) relata que desde a reformulação da política educacional brasileira do início dos anos 90 para uma política pública de não-reprovação, os índices de repetência são menores que em décadas anteriores mas em uma crescente, contudo a qualidade educacional não acompanhou as mesmas expectativas.

Sobre os questionamentos relativos ao rendimento escolar e quantitativo de horas, os dois turnos apresentaram equidade. Muitos alunos consideraram também o quantitativo de horas destinadas ao estudo, o tempo relativo às aulas na instituição, causando um viés no resultado.

Como esperado, percebemos que uma grande parcela de alunos do noturno trabalha nos mais diversos segmentos e sendo uma minoria para os alunos do matutino. O turno matutino possui uma priorização aos estudos, sendo relatados entre os professores como alunos que dominam melhor os conceitos trabalhados em sala de aula. Já o turno noturno percebe-se uma priorização para o trabalho, relatado pelos professores uma deficiência de conceitos desenvolvidos em sala de aula devido a diversas razões.

No entanto, diversos autores já constataram que muitos alunos que frequentam o turno noturno, não necessariamente escolhem como plano b devido ao horário de trabalho. Há no noturno uma atratividade por parte de alguns alunos, seja por motivos de cuidados familiares ou de simples preferências de outros tipos de metodologias. Sabe-se que muitas vezes o professor “adapta” seu planejamento, fornecendo muitas vezes uma flexibilização de conceitos e avaliações o que pode tornar um ambiente mais descontraído. (KRAWKCZY, 2011)

Quando comparamos os interesses profissionais percebemos que os dois turnos se demonstram com expectativas profissionais muito heterogêneas sendo a maioria com preferência na área da Saúde e Ciência/Tecnologia. Sobre a área de Ciência/Tecnologia, isto pode estar relacionado as novas características de uma sociedade com maiores informações em velocidade ultra-rapida trazido pelo acesso a internet, relatada pela maioria dos alunos da escola como o de maior uso de tempo livre.

Sobre as disciplinas que mais gostam, percebemos um gosto maior sobre Biologia, Matemática e Ed. Física para o matutino e Matemática, Ed. Física e Física para o noturno. O gosto da educação física pode ser facilmente respondido por ser um momento de catarse, onde além de se exercitarem eles exercem atividades de lazer que em muitas vezes não atingem esses desejos em outras disciplinas. Rubem Alves (2000) discute em “Histórias de quem gosta de ensinar” sobre como o sistema educacional provoca uma mudança de desejo da fase infantil até o ensino médio, onde na fase infantil a criança adora a escola, os professores e os conteúdos e no ensino médio, as responsabilidades e maturidade provocam uma antipatia sobre a escola. Ele cita “ …desejo que se reinstale (…) a linguagem do amor, para que as crianças redescubram a alegria de viver que nós mesmos já perdemos.”

A Ed. Física pode ser tratada como uma disciplina primordial na socialização, diferente das outras disciplinas que muitas vezes são trabalhadas por professores como conhecimentos para habilidades profissionais no qual necessita de responsabilidades, maturidade e atenção dos alunos, onde talvez por isso, em muitas situações alunos prefiram a disciplina.

A escolha da disciplina de Matemática foi vista como uma surpresa para o corpo docente da escola, quando questionado aos professores sobre qual motivo disto, muitos alegaram serem extremamente rígidos com relação a disciplina e que sempre tentam contextualizar com situações do dia a dia, como as contas de casa, impostos e diversos outros exemplos.

Assim como na Matemática, a contextualização também pode ser o motivo da escolha para biologia, onde o professor relatou o interesse muito grande com doenças e situações da natureza pelos alunos, também relatado pelo professor de física que afirma trabalhar bastante com problemas do cotidiano levando a aproximar o conhecimento à realidade.

Através de uma política pública educacional desordenada do final do séc XX e início do séc XXI, atualmente discute-se muito a respeito do desenvolvimento do cidadão crítico principalmente aplicado as séries finais do ensino básico, o ensino médio.

Segundo Krawczy (2011), há uma influência grande a respeito do segmento social sob o ensino médio, em que para alguns alunos os 3 últimos anos no ensino básico é percorrido “quase naturalmente”, outros associados a possibilidade de recompensa, normalmente esta “recompensa” é o ingresso a algum curso superior para desenvolvimento da habilidade profissional.

Para a escola pública, a heterogeneidade dos jovens leva a uma diversidade gigantesca de visões sobre o ensino médio e estas diferenças se demonstram muito mais entre turnos diferentes. Krawczy (2011) também relata que a ideologia e seus interesses intelectuais são influenciados em grande parte pela atitude docente, modo de ensinar, paciência do professor, estímulo ao diálogo. Porém só isso não basta, a influência dessa segmentação social é muito importante, como a expectativa da família e etc.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Analisando o perfil do aluno do ensino médio do Colégio Estadual Santa Luzia, percebemos vocações e pensamentos muito úteis para o grupo gestor e para a comunidade. O questionário online demonstrou ser efetivo e instrutivo para desenvolvimento de metas, pois mesmo sendo uma população carente com problemas estruturais e entraves burocráticos, os alunos possuem desejos profissionais viáveis. Através destes resultados o corpo docente se comprometeu a desenvolver ações que diminuam as críticas cabíveis e promover mais oportunidades para o sucesso do aluno.

O corpo docente também se comprometeu continuar a utilizar ferramentas de análise como o Google Forms para verificação anual do fator motivacional e social da educação escolar. Metodologia esta que abre possibilidades no desenvolvimento de metas para melhorar o ensino local.

Desta forma constatamos que o uso de formulários para entrevistas e enquetes em uma comunidade educacional local permite ampliar horizontes no desenvolvimento da educação do país.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABRAMOVAY, Miriam; CASTRO, Mary Garcia. Ensino médio: múltiplas vozes. Unesco, 2003.

ALVES, Fátima; ORTIGÃO, Isabel; FRANCO, Creso. Origem social e risco de repetência: interação raça-capital econômico. Cadernos de pesquisa, v. 37, n. 130, p. 161-180, 2007.

ALVES, Rubem. Estórias de quem gosta de ensinar: o fim dos vestibulares. Papirus Editora, 2000.

ATHANASOU, James A.; VAN ESBROECK, Raoul. Multilateral perspectives on vocational interests. 2007.

BRASIL. INEP. Resultados do Índice da Educação Básica de 2016. Disponível em <http://www.mec.gov.br> Acesso em 03 fev 2016.

BRASIL. Lei das Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Lei 9.394/1996; Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9394.htm> Acesso em 03 fev 2016.

CARREIRO, Marcos Nunes. Colégios militares, uns querem, outros não. Entenda os porquês. Jornal Opção, Edição 2090, 25/jun de 2015.Disponível em http://www.jornalopcao.com.br/reportagens/colegios-militares-uns-querem-outros-nao-entenda-os-porques-41217/; Acesso em 03 fev 2016.

CIAVATTA, Maria; RAMOS, Marise. Ensino Médio e Educação Profissional no Brasil: dualidade e fragmentação. Retratos da Escola, v. 5, n. 8, p. 27-41, 2012.

GARDNER, Howard. Estruturas da mente: a Teoria das Múltiplas Inteligências. Porto Alegre, 1994.

LASSANCE, M. C.; GROCKS, A.; FRANCISCO, D. J. Escolha profissional em universitários: Estilo de escolha. I Simpósio Brasileiro de Orientação Vocacional e Ocupacional. São Paulo: ABOP, 1993.

RAMOS, Marise Nogueira. O currículo para o ensino médio em suas diferentes modalidades: concepções, propostas e problemas. Educação & Sociedade, v. 32, n. 116, p. 771-788, 2011.

SPARTA, Mônica; GOMES, William B.. Importância atribuída ao ingresso na educação superior por alunos do ensino médio. Rev. bras. orientac. prof,  São Paulo ,  v. 6, n. 2, p. 45-53, dez.  2005 .

KRAWCZYK, Nora. Reflexão sobre alguns desafios do ensino médio no Brasil hoje. Cadernos de Pesquisa, v. 41, n. 144, p. 752-769, 2013.

[1] Mestre em Genética (PUC Goiás), Especialização em Educação Ambiental Urbana (ESAB), Graduação em Biologia (PUC Goiás)

Enviado: Outubro, 2018

Aprovado: Outubro, 2018

 

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Felipe de Araújo Nascimento

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