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Relação entre modernidade e educação no Brasil

RC: 149805
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DOI: 10.32749/nucleodoconhecimento.com.br/educacao/modernidade-e-educacao

CONTEÚDO

ARTIGO ORIGINAL

VALLADARES, Marcello de Oliveira [1], ANDRADA, Damián [2]

VALLADARES, Marcello de Oliveira. ANDRADA, Damián. Relação entre modernidade e educação no Brasil. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano. 08, Ed. 11, Vol. 01, pp. 21-34. Novembro de 2023. ISSN: 2448-0959, Link de acesso: https://www.nucleodoconhecimento.com.br/educacao/modernidade-e-educacao, DOI: 10.32749/nucleodoconhecimento.com.br/educacao/modernidade-e-educacao

RESUMO

Esta é uma análise das teorias sobre o desenvolvimento da Modernidade do século XX e XXI, e a Pós Modernidade de acordo às mudanças educacionais no Brasil, como país de Terceiro Mundo. Objetiva esclarecer fatos sociais para chegar à compreensão da importância de um novo modelo de educação nesta sociedade segundo os principais teóricos da temática.

Palavras-chave: Modernidade, Trabalho, Consumo, Cultura e tecnologia.

1. INTRODUÇÃO

Este artigo vai verificar a educação moderna do século XX e XXI e os efeitos das ideologias deste tempo, como os termos utilizados e as teorias formadas pelas novas visões do mundo pós-moderno, a partir das perspectivas do trabalho, o consumo e a nova classe pobre até o que se possa esperar dos modelos educacionais do século XXI para a resolução dos problemas desta época.

Assim, as considerações teóricas modernas e pós-modernas serão exploradas a partir dos caminhos que expliquem o desenvolvimento de um novo conceito sociocultural que llevará a educação a transformações inovadoras nas práxis metodológicas psicossociais na escola e na universidade, mas aceitando-se como flexível e ordenando-se junto aos valores sociais.

Deste modo, se explicarão as perspectivas para o futuro da educação pós-moderna, já que as mudanças são tão aparentes e as resoluções passaram a conhecer as ideologias de um novo homem, as influências ao seu redor como no trabalho, o consumo, a família, etc. Logo, se concluirá o caminho das inovações já que se encontram tantas novidades e valorizações, inclusive com a criação e utilização da Internet no mundo laboral e na difusão do saber científico.

2. MODERNIDADE E POSMODERNIDADE

A modernidade está cheia de riscos, o que significa uma grande incerteza, um sentimento crescente de insegurança e também uma soma de confusões chamada “ambivalência” (Bauman, 2005, p. 11).

O termo Modernidade surgiu como expressão do novo no século XVIII, diante das criações desse século das luzes, o Iluminismo. Mas não deixou de ser usado enquanto as produções do ser humano não pararam e as sugestões na razão se desenvolveram num ritmo incontrolável, com ou sem relações entre si, mas importantes nas soluções da vida do ser como o trabalho, o consumo, a sociedade e seus conceitos de classes, os julgamentos de valores, percepções de poder e querer, e muito mais.

As mudanças contínuas se misturam com os conceitos finais produzidos pelas experiências vividas em cada situação, que depois de esclarecidas, são formadas e propagadas na sociedade, embora carregando insegurança, deixa o ser com decisões que afetarão sua forma de progredir na vida tanto para o evento quanto para descer ao seu próprio.

Além disso, as influências do capitalismo do século XIX fazem da razão o estímulo da vida e do consumismo, o objeto egocêntrico do ser, inflexível e geralmente em constante mudança de desejos, uma arma que esquece quase a maioria dos valores e julgamentos humanos, deixando o “querer” muito mais forte na alma do ser do que o próprio ser. Desde então, os conceitos de trabalho, consumo e sociedade se misturam e se confundem de acordo com as necessidades de cada um, mas não deixam de ganhar importância, mesmo que o valor coletivo se torne cada dia menos importante.

Os mais ricos quererão sempre mais, e continuarão a ser consumistas, impulsionando o comércio e a indústria, a todos os níveis. Os mais pobres, mesmo em maior número, continuam com o seu ritmo de consumo, com os seus próprios valores e gostos. O trabalho individualizado ou coletivo é uma escolha da modernidade, pois cada um decide agora se quer participar nas ideias e nos ideais ou se quer formar os seus próprios.

A modernidade substitui a determinação heterônoma da posição social pela autodeterminação compulsiva e obrigatória. Isso vale para a individualização por toda a era moderna – para todos os períodos e todos os setores da sociedade (Bauman, 2001, p. 41).

Assim, o trabalho na modernidade globalizada inclui mudanças que deixaram a era moderna diferente, compartilhando de forma significativa, reafirmando as posições de cada um, com parâmetros muito mais fortes de liberdade baseados na individualidade e não apenas na coletividade. O indivíduo moderno carrega suas responsabilidades e decide seus caminhos, embora considerando os costumes sociais, mas primando pelo que lhe parece certo e confortável, ele não trabalha mais ou menos, não pelo que lhe mandam, mas pelo que precisa, porém, suas necessidades se misturam com o consumismo.

[…] no mundo dos indivíduos há apenas outros indivíduos cujo exemplo segue na condução das tarefas da própria vida, assumindo toda a responsabilidade pelas consequências de ter investido a confiança nesse e não em qualquer outro exemplo (Bauman, 2001, p.39).

É vista como uma emancipação do homem e da mulher modernos, uma vez que a nova modernidade lhes permite decidir da sua felicidade e de uma vida de acordo com os seus objectivos individuais, construídos com base nas ideologias familiares e sociais e aperfeiçoados pelas experiências vividas.

Além disso, a prosperidade do futuro não depende do tempo, mas sim de cada indivíduo e das suas escolhas na vida e no trabalho, Bauman explica que “…o progresso não representa qualquer qualidade da história, mas a autoconfiança do presente(Bauman, 2001, p.152), Por outras palavras, o progresso não depende do ontem ou do amanhã, depende do que queremos construir hoje, que terá consequências na história da humanidade.

No fundo, a modernidade líquida que significa aberta, sem definições, sem restrições, mantém também o trabalho aberto, livre, onde cada um escolhe o que fazer e como fazer, e como progredir na vida a partir desse trabalho usado muito mais como tarefa do que como objetivo de vida. Agora, individualizado, recebe modelos que se propõem a sustentar o instável, mas aperfeiçoado pelo indivíduo ancorado no seu presente, vivendo a vida de cada dia, num sistema de Estado Liberal. Embora a modernização da sociedade também torne a cultura “líquida”, sem uma base sólida e muito mutável e misturada. Bauman revela que:

Esta modernidade torna-se “líquida” no decurso de uma “modernização” obsessiva e compulsiva que se impulsiona e intensifica, em resultado da qual, à maneira do líquido – daí a escolha do termo – nenhuma das fases consecutivas da vida social pode manter a sua forma durante um período de tempo prolongado (Bauman, 2013, p.17).

O consumo não se baseia nas necessidades dos seres humanos, mas começa aí e segue caminhos não considerados, que muitas vezes são adicionados à cultura ou à moda na vida humana. Por isso, Bauman afirma:

Em cada período da história, em cada território de habitação humana e em cada cultura, a moda assumiu o papel de principal operador na iniciativa de estabelecer a mudança constante como norma da vida humana (Bauman, 2013).

Em seguida, vamos conhecer os principais vértices da educação moderna do século XX que tornaram a educação escolar em voga, mas considerando o seu caráter de exclusão social, embora com mudanças importantes para o homem moderno, pois deixaram marcas na educação pós-moderna.

3. A EDUCAÇÃO MODERNA DO SÉCULO XX

Este século assistiu ao desenvolvimento da burguesia, da industrialização e do capitalismo, mas também do comunismo, que depois entrou em guerra com o capitalismo, e assim a sociedade da Guerra Fria, que após as duas guerras mundiais, viveu o medo de um terceiro conflito. A educação acompanha estes sentimentos, mas segue o caminho desde a criação de produtos industrializados e ideias modernas até aos conhecimentos tecnológicos, como o computador e o telemóvel, que mudaram completamente a visão e os objectivos da educação. A título de exemplo do nascimento do pensamento capitalista na educação, vimos a seguir:

De repente, o mundo inteiro parece estar a transformar-se em capitalismo. O mesmo capitalismo que tinha começado a ser derrotado com a revolução soviética de 1917 globaliza-se, mundializa-se, universaliza-se num curto espaço de tempo. Está a ganhar tal impulso que invade os espaços até então protegidos pelo regime de economia centralizada, nos países onde se ensaiam ou ensaiaram experiências socialistas. O alcance global do capitalismo, previsto desde os seus primórdios, desenvolveu-se de forma particularmente aberta no século XX (Ianni, 1998).

No final do século XX, com o socialismo, uma visão humanitária entre o pensamento capitalista e o pensamento comunista, sem radicalismos e globalizada, ou seja, distribuída ao mesmo tempo por todo o mundo, como uma internacionalização dos conhecimentos e dos pensamentos provenientes da economia, do trabalho, da educação e dos costumes humanos, tornou-se também a metodologia pedagógica. Estamos perante o problema de saber o que vale mais: viver a vida trabalhando ou trabalhar para viver a vida? Uma questão socialmente variável, porque é um conceito que se forma ao longo da educação familiar e da sua inclusão no seu grupo social. Se há muita pobreza, por vezes pensa-se que o dinheiro pode resolver os problemas, mas se há riqueza quase sempre não há amor e compreensão.

O trabalho começará sempre para todos através da educação, e esta é assegurada pelos ideais da sociedade em que se inserem, ou seja, toda a educação depende dos valores por ela escolhidos. O avanço do poder da moda é tão rápido que se formou uma indústria em torno de todos os seus costumes, desde o vestuário e objectos pessoais até à alimentação e ao entretenimento. A moda está presente nos modos de vestir, de andar, de viver a vida.

E a educação vai juntar-se à moda de muitas maneiras, por exemplo, se se quer ou não ter filhos, se se quer ou não casar, também se vai decidir sobre a própria educação, até onde se vai estudar, a educação dos filhos, como se vai colocá-los em que modelo de escola e o que se lhes vai ensinar para a vida, e todos os hábitos de vida, que se desenvolvem desde os mercados comerciais até dentro de casa. Neste caso, as pessoas decidem se querem viver em casas ou cabanas, em locais fixos ou móveis, se querem viver no campo ou nas cidades, se querem ter uma casa grande ou pequena, se querem viver sozinhas ou em família, estas e outras filosofias também constituem uma moda.

E neste contexto de moda haverá também o novo carácter descomprometido, que não estabelece ligações entre grupos sociais ou abandona os existentes por uma liberdade de acções, flexível de acordo com o que é preciso resolver no momento, abandonando hábitos em matéria de família ou de trabalho para seguir uma lógica de ideal de vida:

É a dimensão temporal do novo capitalismo, mais do que a transmissão de dados de alta tecnologia, os mercados bolsistas globais ou o comércio livre, que afeta mais diretamente a vida emocional das pessoas fora do local de trabalho. Transposto para o domínio da família, o lema “nada a longo prazo, significa estar em constante movimento, não comprometer e não sacrificar (Sennett, 2000).

Assim também na educação no final do século XX, por ser um tempo desarticulado e cheio de incertezas que precisa ser preparado na hora, mas sem perder o ideal evoluído do capitalismo, as ações não serão planejadas e a flexibilidade de comportamento possibilita um sucesso que terá um caráter universalizado em conseqüência das mudanças da vida capitalista socialista. Esse caráter ganha novos rumos, como valores atemporais geralmente a curto prazo, mesmo que haja determinação, mobilidade se necessário, mas insatisfeitos com a vida estática e esperançosa da navegação dos fatos desconectados da vida do agora, mas que no final devem levar a consequências na ética.

Sennett relata ainda que “As lições que ele quer ensinar-lhes são tão intemporais como o seu próprio sentido de determinação, o que significa que os seus preceitos éticos se aplicam a todos os casos e a qualquer pessoa em particular”. Assim, a nova educação começa a sofrer conflitos geracionais que se tornam barreiras pedagógicas, mas que logo são superadas pelos estudos em torno da realidade dessa nova sociedade socialista, com exigências de comportamentos abertos e liberdade moral que darão início à pós-modernidade.

4. A EDUCAÇÃO PÓS-MODERNA DO SÉCULO XXI

As desigualdades sociais estão, em geral, a diminuir no mundo, de acordo com estudos apresentados em reuniões dos países mais ricos ou da ONU, mas não se pode esquecer que as culturas são diferentes, embora os níveis de fome em África e na Ásia não diminuam tão facilmente. O que se pode constatar é que os países desenvolvidos mantêm os ricos mais ricos e os pobres a trabalhar, embora as crises deixem as suas sequelas.

Além disso, os ricos estão a ficar mais ricos só porque são ricos. Os pobres estão a ficar mais pobres só porque são pobres. Atualmente, a desigualdade está a agravar-se de acordo com a sua própria lógica e o seu próprio ritmo. Não precisa de mais nenhuma ajuda, incentivo, pressão ou impulso externos (Bauman, 2013, p. 22).

No entanto, as novas classes pobres emergentes estão a transformar-se nos novos ricos, mas com novos hábitos de consumo, embora continuem a ser consumistas e se encontrem normalmente nos países em desenvolvimento, anteriormente conhecidos como países subdesenvolvidos. Estas pessoas provêm de pequenas empresas ou indústrias que cresceram em número, como os chineses ou os indianos, e a sua riqueza depende da importância da sua atividade no momento do consumo. Não há muita estabilidade para cada um deles, mas sabe-se que já representam um número expressivo de pessoas no mundo com fortunas de mais de 400 milhões de libras.

Por um lado, o leigo que apreciava a arte tinha de se educar para se tornar um especialista. Por outro lado, tinha também de se comportar como um consumidor competente que utiliza a arte e relaciona as experiências estéticas com os problemas da sua própria vida (Habermas, 1981, p.32).

Assim os novos ricos não podem deixar de se educar em vários campos, desde o manual ao científico, pois os seus negócios não são fixos e sofrem variações do tempo em que vivem, passando por bons ou maus momentos, estes negócios serão bons ou maus também. Há muitos exemplos nos anos de 1929, quando a economia mundial entrou em recessão financeira que poderia ser contida, e indústrias e comércios foram fechados definitivamente, mas o caráter burguês desses ricos fez com que eles dessem a volta por cima com sua força criativa, recuperando-se através de uma constante revolução da produção.

E essa revolução teve as bases do capitalismo, mas ganhou desde então o caráter de globalização, com o objetivo de expansão mundial dos negócios. Com esse pensamento veio também a expansão das ideias de sociedade moderna, com atenção para transformações como as camadas sociais, as formações de classe, a família, os papéis de gênero, a economia a partir da indústria e do comércio, as políticas públicas e a incorporação de tecnologias.

Uma das principais características das implicações globalizantes da industrialização é a difusão mundial da maquinaria tecnológica. O impacto do industrialismo não se limita apenas à esfera da produção, mas afeta muitos aspectos da vida quotidiana e exerce também uma influência decisiva sobre o carácter genérico da interacção humana com o ambiente material (Gidenns, 2001, p.78).

E esta interação com a tecnologia espalha-se muito rapidamente no espaço do conhecimento científico, porque ora aparece como material de apoio pedagógico, ora como auxiliar de ensino, ora como meio de ensino, até se transformar num produto educativo. Hoje a escola não vive mais sem ela e na pós-modernidade ela continua sendo um instrumento metodológico para a educação.

Portanto, a modernização começa com a reconstrução social e a maior parte desta sociedade capitalista, depois das quedas, a ascensão desta sociedade têm um dinamismo que deixa para trás as bases do capitalismo e torna-se um pouco mais socialista, embora com uma visão reflexiva. Podemos ver algo deste tema em Beck e Gidenns, que nos aponta para ele:

Este novo estágio, em que o progresso pode se transformar em autodestruição, em que um tipo de modernização destrói outro e o modifica, é o que eu chamo de etapa de modernização reflexiva (Beck e Gidenns, 1997).

A modernidade reflexiva está na pós-modernidade como um quadro de expansão do pensamento humano que se desenvolve ao longo do tempo para a criação de uma sociedade com uma visão mais coletiva, mas industrial, tecnológica e capitalista. A epistemologia espalha-se na comunidade relacionando o sujeito e o mundo, partilhando tipos de conhecimento da problemática do sentido e da rotina do ser humano na industrialização.

E a pós-modernidade, com as suas comunidades, implica uma visão mais humanitária adoptada com pouca ou nenhuma restrição de julgamento, pois actuam em conflitos étnicos e religiosos para salvar o mundo, deixando paradigmas de proteccionismo social e podendo ir a atos extremos, como greves, guerras, etc. Esta forma de pensar é exposta por Chomsky:

O fim do século XX foi marcado por crimes terríveis, e por reações das grandes potências amplamente anunciadas como o início de uma notável “nova era” nos assuntos humanos, caracterizada pela dedicação aos direitos humanos e altos princípios que não tem precedentes em toda a história (Chomsky, 2003).

E a humanização social é crescente, expansível à educação porque a escola humanizadora entenderá os limites de cada um e buscará compartilhar conhecimentos básicos, portanto, a educação começa a ser a básica, a necessária para que se esteja preparado para o trabalho industrializado e agora como um ser lógico e prático. A afirmação de que o ensino superior é o ensino profissionalizante não é mais verdadeira, pois a educação tecnológica se realizará ainda mais rapidamente como formação para o trabalho e introduzirá o ser no mundo do trabalho. Assim, o conhecimento é radicalmente transformado pelas modernidades tecnológicas:

O impacto destas transformações tecnológicas no conhecimento parece susceptível de ser considerável. O conhecimento é ou será afetado em duas funções principais: a  investigação e a transmissão de conhecimentos (Lyotard, 1991, p. 06).

A pesquisa como objeto de ensino ganha a tecnologia como instrumento de produção, tanto em documentos digitais como em imagens, gráficos ou fotos, e a transmissão do conhecimento torna-se extensa com o desenvolvimento de traduções em várias línguas levando-o a pessoas de todo o mundo através de meios de comunicação tanto na escola como em casa com a televisão e a rádio. Estes instrumentos serão utilizados na escola como exemplos de conhecimentos linguísticos, na transmissão de narrativas linguísticas que envolvem a prática comunicativa dos grupos sociais na aquisição de competências e habilidades específicas das aulas de língua.

Esses caminhos se diversificam ainda mais com o computador, pois essa inovação chega muito rápido à escola e é um condutor veloz de diversos conhecimentos, desde a prática da digitação até a leitura e compreensão mais rápidas, passando também pelo conhecimento da língua inglesa e da comunicação. Com o início da união entre o computador e a telefonia, nasce a Internet, uma rede de comunicação virtual que se torna o principal dispositivo da globalização, pois é através da Internet que o mundo será conectado e somado para formar uma única casa, compartilhada por todos aqueles que têm acesso a ela.

5. PERSPECTIVAS DE LOS NUEVOS MODELOS EDUCATIVOS

Observamos que as novas classes sociais, distribuídas de acordo com o seu consumo, representam um novo modelo de vida, porém totalmente instável, ou seja, líquido, sem uma forma definida, que influencia na formação de um novo ser humano, transformando-o em um ser crítico de acordo com o momento vivido e as condições. Porém, este ser é atualizado em seu tempo e possui valores que podem ser alterados em importância, deixando em troca também os valores da sociedade que o antecedeu, possibilitando a si e aos outros oportunidades de novos conceitos e propondo uma nova vida a cada momento.

Por conseguinte, a sua educação escolar dependerá do seu tempo e ele não será sempre como a sua sociedade quer que ele seja, não será uma pessoa modelo como antes, mas continuará a viver na dependência dos conceitos da sua modernidade e da sua época. Assim, ele vive numa sociedade tecnológica, onde os objectivos da educação se tornam uma educação funcional, e a realidade da universidade é agora diferente:

Devido à sua função de profissionalização, o ensino superior continua a destinar-se aos jovens da elite liberal, aos quais são transmitidas as competências consideradas necessárias pela profissão; a eles juntam-se, por uma ou outra via (por exemplo, os institutos tecnológicos), mas segundo o mesmo modelo de ensino, os destinatários de novos conhecimentos ligados às novas técnicas e tecnologias, que são também jovens ainda não “activos” (Lyotard, 1991, p. 40).

Essa realidade se expressa principalmente nas profissões ligadas à tecnologia, como matemática, engenharia, mecânica e outras, pois estarão relacionadas ao conhecimento técnico, mas as ciências humanas e biológicas também ampliarão seus conhecimentos com jogos de linguagem e experimentação. Embora se perca o carácter empírico da universidade e se crie a profissionalização, nas artes e na pedagogia mantêm-se o cognitivo e a teoria, pois são as bases para o ensino do conhecimento e para a transmissão do saber, que consequentemente serão valorizados pelo professor perante os instrumentos de ensino.

Assim, considera-se que, no futuro, ser professor não será uma simples profissão e continuará a ser valorizada porque haverá um campo de trabalho em diferentes ambientes escolares, mas na escola e na universidade, que não perderá o seu carácter científico perante o tecnológico. Observa-se que o abraço à tecnologia, por outro lado, também não se estancará no tempo e seguirá uma corrente crescente de desenvolvimento que não sabemos onde começará, mas, como o caminho foi aberto, continuará a ser socialmente valorizado. Lyotard já propunha isso:

Os jogos de linguagem serão, portanto, jogos de informação completa no momento em questão. Mas serão também jogos de adição e de continuação, e, por isso, as discussões nunca correrão o risco de se estabelecerem em posições de equilíbrio mínimo, devido ao esgotamento das apostas. Porque as apostas serão então constituídas por conhecimentos (ou informações, se quisermos) e o stock de conhecimentos, que é o stock de linguagem em enunciados possíveis, é inesgotável (Lyotard, 1991, p. 52).

Assim, se a base da Internet é a informação, o conhecimento que dela advém está também relacionado com a informação, e pode vir de todo o lado, do quotidiano à política, do poderoso ao pobre, do certo ao errado, as discussões livres e abertas gerarão conhecimento que debatido entre grupos sociais serão motivações para a investigação e tentarão gerir o cognitivo para novas e inesperadas posições finais da realidade. Por isso, Chomsky define a Internet como boa e perigosa ao mesmo tempo, ver:

A Internet deve ser levada a sério, como qualquer outra tecnologia. Oferece inúmeras oportunidades, mas também apresenta grandes perigos. Não se pode perguntar: “Um martelo é bom ou mau?” Nas mãos de alguém que está a construir uma casa, é bom; nas mãos de um torturador, é mau. O mesmo se passa com a Internet. Mas mesmo que seja utilizada para o bem, é óbvio que não é a solução para tudo (Chomsky, 2006).

A Internet é como uma enciclopédia que contém milhões de informações e caminhos para o estudo do conhecimento científico, nas escolas ela não substitui o professor, mas é um dispositivo de apoio que não pode mais ser retirado do professor ou da professora, como também sabemos da sua importância hoje no mundo do trabalho como ferramenta de trabalho no novo mundo industrial tecnológico. Isto sempre aconteceu nas escolas, onde os professores estão a viver uma mudança de modelo de aula que terá de conter algumas ideias tecnológicas criativas, pois se os alunos vivem esta realidade tecnológica actualizada, a escola tem assumido a obrigação de a acompanhar, formando mesmo o professor para a vida social e laboral.

Inclusive, um dos espaços que melhor se desenvolveu no sistema educacional com a tecnologia foi o ensino médio e superior, pois no primeiro, a educação a distância já era muito funcional com produtos tecnológicos como a televisão e o rádio, com o objetivo de acelerar o conhecimento científico ou a progressão educacional para os atrasos deixados por situações adversas na vida do jovem ou adulto. Na segunda, quando a educação se tornou de difícil acesso para um grande número de adultos que necessitavam de uma progressão profissional e não a podiam ter, agora obtêm-na através de cursos universitários privados em modelo de educação à distância a partir do computador com a utilização da Internet, em aulas virtuais com várias tecnologias, quer com vídeos, leituras, fóruns de grupo ou individuais, tutorias específicas com profissionais mestres ou doutores e assim por diante.

No final, as inovações da pós-modernidade na educação não seguem regras de desenvolvimento, mas não param no tempo, e não é possível medir para onde irão, uma vez que a sociedade movida pelo capitalismo, aprovando um traço socialista e determinada a encontrar o seu equilíbrio em comportamentos flexíveis, aceita o facto de não criar as suas próprias direcções e conceitos, para ser chamada de pós-moderna.

6. CONCLUSÃO

No final, as ideias modernas evoluíram para as pós-modernas e cada vez continuam a avançar no campo científico do conhecimento do ser humano e influenciam a vida desde a escola até ao trabalho, pelo que não é possível afastar-se do conhecimento da modernidade, onde tudo começou. Hoje em dia, os objectivos do homem deste tempo não estão completamente fechados, mas estão a ser construídos juntamente com o momento vivido e as mudanças socioculturais, bem como os hábitos consumistas e as misturas da globalização que internacionalizam os ideais.

Assim, os hábitos da vida pós-moderna levam a novas perspectivas, sem compromissos fixos, buscando a inovação, com valores opostos aos conservadores e uma proposta de educação liberal, embora as mudanças estejam sendo instituídas com poucos, assim como a sociedade começa a mudar. E nessas mudanças está a criação da Internet, que se tornou o mais recente instrumento de disseminação do conhecimento, também utilizado na reformulação do modelo de educação a distância, atuante em todos os níveis de ensino, mas muito mais importante no ensino superior, onde continua a atingir um incrível desenvolvimento que hoje inclui uma metodologia significativa na educação profissional e na expansão do conhecimento científico.

REFERÊNCIAS

BAUMAN, Z. Modernidade líquida (Tradução de: Liquid Modernity, 2000.) – Editora Zahar: Rio de Janeiro, RJ, 2001.

BAUMAN, Z. Modernidade e ambivalência. Tradução: Maya Aguilluz Ibargüen, Enrique Aguiluz Ibargüen. Editora Anthropos: Cidade do México, México, 2005.

BAUMAN, Z. A Cultura no mundo Líquido Moderno. Traduzido por Lilia Mosconi. Editora Fundo de Cultura Econômica: São Paulo, SP, 2013.

BECK, U.; GIDENNS, A. Modernização Reflexiva: política, tradição e estética na ordem social moderna. Editora da Universidade Estadual Paulista: São Paulo,SP, 1997.

CHOMSKY, N. Uma nova geração define o limite.  Editora Record: São Paulo, SP, 2003.

CHOMSKY, N. El Bien Común. Entrevistas por David Barsamian. Editorial Siglo XXI: Madrid, Espanha, 2006.

GIDDENS, A. Consecuencias de la Modernidad.  Editorial Alianza: Madrid, Espanha, 2001.

HABERMAS, J. A. Pós Modernidade: a modernidade, um projeto incompleto. Vol. 07. Editora Kairó: Berlim, Alemanha, 1981.

IANNI, O. La Sociedad Global.  Editora Siglo XXI: Cidade do México, México, 1998.

LYOTARD, J-F. A Condição Pós moderna. Informe sobre o saber. Editora Cátedra: Madrid, Espanha, 1991.

SENNETT, R. A Corrosão do Carácter. As consequências pessoais do trabalho no novo capitalismo. Editorial Anagrama: Barcelona, Espanha, 2000.

[1] Mestre em educação pela Universidade Interamericana; Pós-graduação em Produção Textual pela FERLAGOS, Licenciatura plena em Língua Portuguesa pela UCAM, Bacharelado em Comunicação Social/Jornalismo pela Universidade Carioca. ORCID: 0009-0003-8820-5624.

[2] Orientador. Doutor. ORCID: 0000-0002-6202-3940.

Enviado: 18 de julho, 2023.

Aprovado: 04 de agosto, 2023.

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Marcello de Oliveira Valladares

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