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A Educação Infantil na Contemporaneidade

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CONTEÚDO

SILVA, Gerson Pindaíba da [1]

SILVA, Gerson Pindaíba da. A Educação Infantil na Contemporaneidade. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano 02, Vol. 01. pp 527-539, Abril de 2017. ISSN:2448-0959

RESUMO

O professor no contexto da educação infantil na contemporaneidade deve ser criativo, flexível, atendendo às individualidades sem perder de vista o coletivo. Pensar sobre isto implica reinventar cotidianamente o fazer pedagógico, para que neles se deem as interações do sujeito com o mundo físico e social. O presente artigo tem como ponto de partida a educação infantil frente a contemporaneidade. O trabalho tem como objetivo geral compreender a relação estabelecida entre educação? Tem como objetivo geral compreender a importância da educação infantil na contemporaneidade e como objetivos específicos: conhecer o trabalho dos profissionais da educação infantil na contemporaneidade, bem como identificar o ideal pedagógico norteador da educação direcionada às crianças pequenas no contexto da contemporânea. No processo metodológico adotou-se uma pesquisa de cunho bibliográfico. Teve como suporte teórico as ideias de autores como: (PONCE,1996). (ÁRIES, 1981), (PIAGET,1996) ((VYGOTSKY,2001) Entre outros autores que desenvolvem um trabalho voltado para temática ou engloba assunto expostos neste trabalho. O interesse por este tema é decorrente do processo de reflexão e inquietação vivenciado na educação atual. A intenção é conhecer a importância da educação na infantil na contemporaneidade para a construção do sujeito.

Palavras-Chaves: Contemporaneidade, Educação Infantil, Coletivo.

 1. INTRODUÇÃO

Historicamente, a identidade de creches e pré-escolas se deu conforme a classe social das crianças, sendo que para as menos favorecidas o foco estava no cuidar e no assistencialismo, enquanto que nas mais favorecidas, o foco estava no educar e na escolarização. A isso se soma a ausência de políticas públicas educacionais, bem como investimento e profissionalização. Entretanto, hoje com a instauração da Educação Infantil, graças a um conjunto de legislações pertinentes, não mais se dissocia o cuidar e o educar, pois ambas entendem a criança como sujeito de direito e do processo de educação, de forma ativa nas instituições escolares.

Com a Constituição Federal de 1988, o Estatuto da Criança e do Adolescente de 1990, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional de 1996, o Plano Nacional de Educação de 2001 e recentemente, as Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação Infantil de 2009, a escolarização passa a ser um direito de todas as crianças, sendo a Educação Infantil (creche para crianças de 0 a 3 anos de idade e pré-escola para crianças de 4 e 5 anos de idade), a primeira etapa de escolarização da Educação Básica.

Neste cenário, é dever do Estado oferecer Educação Infantil gratuita e de qualidade, e dever dos pais matricular seus filhos, sendo essa etapa de escolarização isenta de seleção prévia para ingresso e de ser um pré-requisito para ingresso no Ensino Fundamental.

No cenário atual, cabe à Educação Infantil o desenvolvimento integral da criança, com vistas a sua aprendizagem e desenvolvimento no contexto escolar, de forma conjunta com a família e a comunidade. Para isso, a escola precisa ser um espaço de convivência, de construção da identidade pessoal e coletiva, de aquisição e ampliação de diferentes saberes e de construção da democracia e cidadania.

A questão problema norteadora deste artigo é: quais são as dificuldades encontradas pelos professores que trabalham na educação infantil na contemporaneidade? Tem como objetivo geral compreender a importância da educação infantil na contemporaneidade e como objetivos específicos: conhecer o trabalho dos profissionais da educação infantil na contemporaneidade, bem como identificar o ideal pedagógico norteador da educação direcionada às crianças pequenas no contexto da contemporânea.

Sendo assim, é necessário um currículo escolar organizado em torno da experiência das crianças oriunda de suas práticas e relações sociais nos diferentes espaços escolares, e isso só se efetiva se houver situações de aprendizagem que sejam intencionalmente construídas e avaliadas de forma permanente e contínua. A organização das experiências de aprendizagem na proposta curricular deve estar pautada na cultura, no uso de diferentes linguagens, no lúdico e nas atividades artísticas diversas, para promover o desenvolvimento da oralidade, da aquisição da escrita, da alteridade, da autoestima, do cuidar de si e do seu ambiente e da autonomia.

2. REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 EDUCAÇÃO INFANTIL NA SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA

A nova concepção educacional que marca a educação na sociedade contemporânea caracteriza-se por um olhar mais atento quanto às diferenças entre adultos e criança e a educação torna-se fator de grande importância. Destacamos, nesse contexto, a figura de Jean Jacques Rousseau, cuja influência na educação dos tempos modernos foi tão grande, que, na opinião de Mayer (1976), podemos dividir a sua história em antes e depois deste pensador.

Ao deixar claro que o começo e o fim da educação não é o homem adulto e sim a criança, Rousseau (1995) alerta que deveriam ser consideradas, sobretudo, as tendências inatas do indivíduo, e aponta para a necessidade de educar a criança conforme sua natureza infantil, ressaltando o brincar como atividade essencial nesse processo.

Para Mayer (1976, p. 309), “mais que qualquer outra pessoa antes dele, Rousseau defendeu os ideais do romantismo, que aplicou à educação”, acreditando na bondade inata dos indivíduos, e direcionando a educação no sentido da potencialização dos atributos humanos. Rousseau foi um dos pioneiros a demonstrar que a criança pensava, via e sentia de forma diferente do adulto; desse modo, chama a atenção para o fato de que o processo educacional deve observar as peculiaridades do pensamento infantil, abolindo toda a artificialidade e repressão.

O autor define as bases da educação da criança, inaugurando uma noção de infância que caracteriza essa fase específica da vida humana. Para o autor, a infância pode ser caracterizada como um tempo ainda não corrompido pela sociedade, um tempo que ainda preserva a pureza e a inocência, e esses atributos devem ser cultivados pela educação. A pedagogia deve assim nortear-se pela natureza essencialmente boa da criança, que, com o auxílio da razão, tornar-se-á apta ao convívio social.

O destaque à liberdade na educação das crianças pequenas e suas ideias educacionais, acrescidos dos ensinamentos formam a base sobre a qual se organiza a educação das crianças no período posterior. Nesta mesma perspectiva Rousseau, preocupou-se com a formação do homem propondo um sistema pedagógico cuja finalidade era propiciar à infância a aquisição do conhecimento de forma natural e intuitiva, destacando a importância de psicologizar a educação, de modo que esta possa estruturar-se em função das necessidades de crescimento e desenvolvimento da criança. Suas ideias vão contribuir, em grande medida, para a organização do pensamento educacional do século seguinte.

Froebel (1981) inaugura na Alemanha, em 1837, o primeiro jardim de infância, atendendo crianças de condições, socioeconômicas diversificadas e disseminando a concepção de que todas as crianças, não importando a qual classe social pertencessem, tinham capacidade de desenvolvimento semelhante, desde que a escola suprisse as suas deficiências.

O novo sentimento de infância que se formou entre os educadores e moralistas dessa época inspirou toda a educação posterior. Tornava-se necessário conhecer a criança em sua natureza infantil para poder corrigi-la, e, para que isso fosse possível, era preciso penetrar na sua mentalidade para melhor adaptar os métodos educacionais. Assim, a partir dessa época, surge o sentido da peculiaridade infantil, o conhecimento da psicologia da criança e a consequente preocupação com o método educativo adaptado a essa psicologia.

A infância torna-se uma prioridade e é extremamente valorizada. As crianças passam a receber maior atenção da família e da sociedade; do mesmo modo, passam a ser concebidas como futuras mãos de obra devido à proliferação das fábricas, adquirindo um valor nunca antes alcançado, pois representavam potencialmente, uma riqueza econômica.

Surgem medidas visando combater a mortalidade infantil, medidas essas que se consolidam em torno da necessidade da existência e manutenção do Estado. O entendimento é que o Estado necessita ser mantido com o trabalho do homem e, de acordo com esses princípios, destaca Ponce (1996), a educação torna-se “o processo mediante o qual as classes dominantes preparam na mentalidade e na conduta das crianças as condições fundamentais da sua própria existência”.

Detendo o domínio dos meios de produção, a burguesia domina também, com sua moral, ideias e educação, consolidando-se a divisão social dos dois tipos de ensino: um para o povo e outro para as camadas burguesas e aristocráticas, “de um lado as crianças foram separadas das mais velhas e do outro os ricos foram separados dos pobres” (ÁRIES, 1981).

Nessa perspectiva, diferente das épocas anteriores, quando os instrumentos de trabalho eram primitivos e as técnicas rudimentares, o acesso à escolarização mantinha um vínculo estreito com as camadas privilegiadas da sociedade. A escola tem agora por finalidade formar indivíduos aptos para a competição no mercado, por meio de uma educação primária voltada, também, para as massas populares.

A Revolução Industrial dos séculos XVIII e XIX potencializa a necessidade de preparação de mão de obra para as indústrias, trazendo para o interior destas um grande número de mulheres. Sua participação crescente no mercado de trabalho, como já mencionamos, modifica a estrutura familiar e, consequentemente, a função de cuidar dos filhos que até então lhe pertencia, passa para a sociedade, propiciando o surgimento de asilos e creches. Impregnadas por uma concepção assistencialista, essas instituições constituem os embriões das creches e pré-escolas contemporâneas.

Constatamos assim, que a introdução das manufaturas e posteriormente das fábricas, com uma produção cada vez mais acelerada, não só repercutiu nos negócios da burguesia, mas também nos métodos educativos. As técnicas educativas decorrentes das concepções psicológicas mecanicistas resultaram em uma orientação educacional em que as crianças eram obrigadas a “suportar a fadiga e a tortura de uma educação que atribuía à inteligência da criança mais importância que sua espontaneidade” (PONCE, 1996).

Apenas a partir de 1900, com os trabalhos de Decroly (1986); Montessori (1965) e Piaget (1996) dentre outros, é que surgem ações educacionais mais familiarizadas com as especificidades da infância, privilegiando a sua socialização

em substituição ao individualismo característico da velha escola. No final do século XIX e decorrer do século XX, grandes mudanças vão ocorrer no campo educacional, especialmente na Europa e Estados Unidos. A burguesia liberal consolida sua hegemonia, promove a ruptura do domínio da Igreja sobre a educação e as escolas tornam-se laicas; ou seja, as modificações no processo produtivo que tiveram consequências imediatas na área social, exigem mudanças também na área educacional. Nesse contexto, os avanços na área da Antropologia, Psiquiatria e os trabalhos de laboratório propiciam o surgimento de uma didática mais familiarizada com a alma infantil. As concepções de aprendizagem mecânica que dominaram o cenário educacional vão perdendo suas forças, fazendo emergir, de acordo com Ponce (1996, p. 160), uma nova técnica que se propunha a “aumentar o rendimento do trabalho escolar, cingindo-se à personalidade biológica e psicológica da criança”.

Cresce a crítica à rigidez dos velhos programas e horários e aos exames desnecessários; e, nesse clima, postula-se que é preciso considerar a personalidade do aluno, priorizar seus interesses e sua socialização. Assim, tal como acontecia nas fábricas em que se verificou a necessidade de haver cooperação no trabalho, os técnicos da nova didática incorporaram essa sugestão. Como resultado, observa-se que, ao contrário do individualismo que caracterizava as ações educacionais na velha escola, temos a socialização da nova.

A partir de sua epistemologia genética é possível identificar quatro estágios de evolução mental na criança. Em cada estágio, o pensamento e o comportamento infantil se caracterizam por uma forma específica de conhecimento e raciocínio. Esses estágios são o sensório-motor, pré-operatório, operatório concreto e operatório formal. Seus estudos sobre a evolução do pensamento infantil levaram Piaget a recomendar aos adultos que adotassem uma abordagem educacional diferente ao lidar com crianças.

Na visão piagetiana, as crianças são as próprias construtoras ativas do conhecimento, constantemente criando e testando suas teorias sobre o mundo. Ele forneceu uma percepção sobre as crianças que serve como base de muitas linhas educacionais atuais; e o seu pensamento, bastante difundido no Brasil na década de 1970, influenciou educadores e provocou mudanças na forma como eram conduzidas as ações educativas em substituição à teoria pedagógica tradicional.

Na opinião de Piaget (1996), o desenvolvimento da inteligência e a construção do conhecimento – processos indissociáveis – são o resultado da atividade biológica dos indivíduos e sua capacidade de adaptação ao meio circundante. A construção da inteligência segue trajetória idêntica àquela que permite aos seres vivos manterem o equilíbrio com o seu meio e sobreviverem.

O conhecimento na visão piagetiana resulta de uma necessidade que, colocando o indivíduo frente a uma dificuldade, o obriga a modificar seus conhecimentos anteriores para superá-la; e, nesse sentido, conhecer é um processo de criação.

A sua oposição ao paradigma empirista, no tocante à construção do conhecimento, leva-o a afirmar que este não pode ser transmitido de fora, mas antes, tem de ser construído ou reconstruído pelo sujeito, do mesmo modo que não pode ser explicado apenas pelas influências externas – ambiente, sociedade e cultura –. A construção do conhecimento por parte dos seres humanos tem de ser estudada a partir do interior do sujeito, posto que este se constrói como processo interno.

2.2 A CONTEMPORANEIDADE E O FAZER PEDAGÓGICO NA EDUCAÇÃO INFANTIL

No contexto da educação infantil, o educador pode facilmente perceber que, desde bem pequenas, as crianças apresentam atitudes de interesse em descobrir o mundo que as cerca. A atitude curiosa, a busca de respostas que se manifestam nas perguntas frequentes e a inquietude característica da infância, provocando nos profissionais a disposição para estimular e orientar as experiências por elas vivenciadas.

A partir dessas constatações, o educador contemporâneo poderá programar atividades pedagógicas que desenvolvam os conceitos que as crianças já estão constituindo, e que estas sejam adequadas às suas possibilidades reais e também potenciais, permitindo afirmar que a ação educativa deve ser antes de tudo refletida, planejada e posteriormente avaliada.

O fazer pedagógico no contexto da educação infantil na contemporaneidade deve ser criativo, flexível, atendendo às individualidades sem perder de vista o coletivo. Pensar sobre isto implica reinventar cotidianamente o fazer pedagógico, para que neles se deem as interações do sujeito com o mundo físico e social, oportunizando-lhe construir/desconstuir/reconstruir os conhecimentos necessários à sua condição de cidadão.

Assumindo essa perspectiva, o educador infantil precisa: Compreender a Instituição de Educação Infantil como espaço coletivo, em parceria com a família e a comunidade; Assumir que tem um papel fundamental no processo de inserção e acolhimento das crianças e de suas famílias na instituição; Respeitar e valorizar os direitos e as necessidades das crianças em relação à educação e aos cuidados próprios desta faixa etária; Organizar o trabalho com as crianças de acordo com suas especificidades e necessidades; Considerar, no planejamento do trabalho, a formação humana da criança, integrando os aspectos físicos, cognitivos, afetivos e sociais, históricos e culturais; Reconhecer o brincar como a principal atividade da criança e as suas múltiplas linguagens (musical, gestual, corporal, plástica, oral, escrita, etc) como suas formas privilegiadas de interagir no mundo.

O educador é o mediador, aquele que possibilita à criança estabelecer relações com o objeto do conhecimento, organizando espaços e tempos em que se articulem recursos e capacidades afetivas, emocionais, sociais e cognitivas da criança, possibilitando integrar os conhecimentos recém adquiridos àqueles já existentes.

É função da escola propiciar aos indivíduos experiências e informações que enriqueçam seu repertório e favoreçam o seu desenvolvimento, bem como procedimentos metodológicos que permitam integrar sucessivamente os conhecimentos recém adquiridos àqueles que a criança já detém. Isto implica, necessariamente, trabalhar com o instrumental que a criança dispõe ao longo do seu desenvolvimento, ou seja, com as formas de intervir e apreender o real.

Nessa direção, é necessário conceber a educação infantil como um espaço onde se busca a acessibilidade indiscriminada aos elementos da cultura, como forma de enriquecimento e inserção cultural, assim como para criar situações favorecedoras de aprendizagens diversificadas.

No contexto particular da educação infantil, o conteúdo dessas experiências enriquecidas por meio da inserção dos jogos, brinquedos e brincadeiras, propicia as condições necessárias às constantes ressignificações rumo à construção do conhecimento. Do mesmo modo, o conteúdo das situações de aprendizagem propostas no cotidiano da educação infantil torna-se importante ferramenta possibilitadora do desenvolvimento das capacidades infantis, viabilizando a compreensão sobre o mundo circundante.

Falar em pressupostos teórico metodológico na educação infantil remete, necessariamente à psicologia sócio-histórica, elaborada por Vygotsky e colaboradores, que ganha força nos meios acadêmicos nos anos de 1990. Esta teoria viabiliza uma nova compreensão dos processos de desenvolvimento infantil e do papel que o adulto exerce como mediador na apreensão do conhecimento por parte das crianças pequenas e permite compreender a criança como sujeito interativo, histórico e social.

Os princípios defendidos por Vygotsky (2001) trazem importantes contribuições para a educação ao apontar no desenvolvimento da criança a Zona de Desenvolvimento Proximal (ZDP), que no entendimento do autor refere-se:

[…] aquelas funções que ainda não amadureceram, mas que estão em processo de maturação, funções que amadurecerão, mas que estão presentemente em estado embrionário. Essas funções poderiam ser chamadas de “brotos” ou “flores” do desenvolvimento, ao invés de frutos do desenvolvimento. O nível de desenvolvimento real caracteriza o desenvolvimento mental retrospectivamente, enquanto a zona de desenvolvimento proximal caracteriza o desenvolvimento mental prospectivamente (VYGOTSKY,2001, p. 97).

Sob este aspecto, o papel do professor consiste em intervir nesta zona, provocando avanços que espontaneamente não ocorreriam. Nesse sentido, a prática pedagógica direcionada às crianças deve considerar a forma como a criança aprende e se desenvolve. Para isso, é necessário inserir estratégias que envolvam o brincar infantil, uma vez que esta é a atividade principal nesse estágio de desenvolvimento.

Em síntese, uma atividade principal é aquela que, no transcurso do seu desenvolvimento, governa as mudanças mais significativas nos processos psíquicos e no desenvolvimento dos traços da personalidade infantil em certo estágio da vida da criança; caracteriza-se por ser aquela em cuja forma surgem outros tipos de atividade diferenciados; é também aquela na qual processos psíquicos particulares são reorganizados; é, finalmente, aquela da qual dependem, de forma íntima, as principais mudanças psicológicas na personalidade infantil, observadas em um certo período de desenvolvimento.

2.3 O LÚDICO NA EDUCAÇÃO INFANTIL NA CONTEMPORANEIDADE

Através das brincadeiras, e de um olhar especial do educador ao planejar e ministrar os conteúdos, o ensino pode se tornar agradável para a criança, tornando a aprendizagem mais prazerosa, significativa e atraente. É função do educador da educação infantil dinamizar as aulas, desenvolvendo o lúdico e a socialização nas crianças.

A utilização do lúdico na escola atual traz muitas vantagens para o sucesso do aluno , pois ele é um impulso natural da criança e do adolescente, o que já é uma grande motivação, pois eles (crianças e adolescentes) obtêm prazer, e seu esforço para alcançar o objetivo da aula é voluntário e espontâneo, sendo assim, a aula que possui o lúdico como um dos seus métodos de aprendizagem, está voltada para o interesse das crianças ,  mas não pode  fugir das regras do ensino aprendizagem e nem dos objetivos pretendidos, pois é a através das brincadeira que a criança desenvolve seu raciocínio logico , bem como instiga e compreende o mundo que o cerca.

Já é comprovado que quando os professores trabalham atividades de forma lúdica na escola as vantagens para a qualidade e para o desempenho dos alunos melhora, aumentando a permanência com sucesso do aluno   na escola, pois estas atividades geram um impulso natural no aluno, tornando-o mais motivado para realizar as outras atividades propostas pelo professor. É que por meio de brincadeiras livres que a criança da educação infantil interage, experimentam, manuseiam fazem imitações de situações cotidianas. Entretanto, é por meio de atividades lúdicas dirigidas pelo professor, que elas aprendem uma nova variedade de brincadeira.

De acordo com FREIRE (2002) ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua própria produção ou a sua construção.  Sendo assim, através do lúdico o educador da educação infantil pode proporcionar essa produção e construção do conhecimento.

A escola é uma instituição de ensino onde o aluno desperta a curiosidade pelos jogos educativos e a possibilidade de combiná-los de forma livre com os jogos organizados. Sendo assim o professor desempenha papel essencial na questão do lúdico, pois além de transmitir conhecimentos, direcional e influencia a personalidade do educando.

O professor contemporâneo, precisa estar aberto para aceitas novas estratégias de ensino, precisam ser competentes e dinâmicos, sendo assim a as atividades lúdicas devem ser prioridades em seu planejamento de ensino. O professor deve mesclar sua metodologia de ensino, visando desperta a curiosidade e o aprendizado significativo da criança.

É função do professor instigar a criança, criando situações novas e adequadas para despertar o gosto e a curiosidade do aluno, visando uma aprendizagem significativa. O   professor é uma figura especial na visão da criança da educação infantil e das séries iniciais, ser criativa, usar estratégias que despertem a curiosidade da criança é fundamental para a melhoria da qualidade do rendimento escolar.

Através das brincadeiras as crianças passam a conhecer suas próprias limitações e as relação recíproca que existe entre os outros, compreende o meio social, suas diferenças e seus comportamentos. Conhecem e identificam objetos em um contexto, isto, é fazem o uso cultural, visando o desenvolvimento da linguagem e da narrativa, para trabalhar com o imaginário. Usando o imaginário as crianças aprendem a inventar, brincar, correr, jogar mantendo um bom equilíbrio no mundo em que vive (SILVA, 2003)

O ato de brincar leva a criança a socialização e a interação e a se relacionar de maneira coerente no meio social, com outras pessoas que estão ao seu meio, como os brinquedos e consigo mesmo Um dos objetivos das brincadeiras é levar uma educação, nova dinâmica e atraente, tendo a ludicidade como uma estratégia de ensino, que facilita a aprendizagem psicomotora afetiva e cognitiva da criança, desenvolvendo sentimentos e emoções bons. (SILVA, 2003).

O ato de brincar é o meio mais prático e verdadeiro para auxiliar nas relações cognitivas, afetivas e psicomotoras das crianças. É o caminho mais fácil para transmissão de conhecimento.  A atividade lúdica é uma ferramenta facilitadora do ensino aprendizagem, tem valor um valor educativo intrínseco, gera condições para que a criança instigue e integre-se com seus colegas e resolva alguns conflitos. É considerada um recurso didático de valor importância no processo de ensino-aprendizagem, torna o atrativo, melhora o relacionamento das crianças durante as aulas. O professor precisa estar atendo para descobrir as habilidades de cada aluno, pois na sala de aula encontramos crianças; tímidas, as que tem o poder de liderança, as criativas as mais inteligentes, entre outras qualidades.

Os jogos são metodologias que favorecem diversas atividades, bem como pode tornar a sala de aula um ambiente de construção de conhecimentos. A aprendizagem do conteúdo, nos dias atuais vão além das explicações do professor, sendo assim as brincadeiras tem papel relevante para a construção do conhecimento. Ensinar brincando, permite que a criança use sua liberdade de expressão, de pensar e de criar e recriar situações novas, desenvolvendo assim sua plenitude.

É na atividade lúdica que o educando desenvolve sua habilidade de subordinar-se a uma regra, mesmo quando um estimulo direto o impede a fazer algo diferente. “Dominar as regras significa dominar seu próprio comportamento, aprendendo a controlá-lo, aprendendo a subordiná-lo a um propósito definitivo”. (SILVA, 2003, p.12).

Diante disso percebe-se que o ato de brincar é usado pelos professores das séries iniciais como estratégia criativa de caráter dinâmico permitindo assim que professor imagine, faça de conta, crie, funcione como um minilaboratório de informação.

As brincadeiras e os jogos são polos fundamentais para a saúde emocional, intelectual e física da criança e estão presente em nosso meio deste os primórdios. E Através deles, a criança da educação infantil melhora seu pensamento, sua interação social com o outro, sua linguagem, sua autoestima, preparando-se para enfrentar situações cotidianas de conflitos, e por se só conseguirá resolvê-las, os jogos quando bem desenvolvidos auxiliam de diversas maneiras para o enriquecimento do ensino aprendizagem,

Sabe -se que os jogos quando trabalhados de forma eficiente e eficazes estimulam e desenvolvem a inteligência das crianças. Os jogos lúdicos são ferramentas eficazes para desenvolver tudo o que a criança almeja, portanto é ferramenta que essencial para desenvolver o raciocínio logico da criança, quando entretido em um jogo, a criança é quem quer ordenar, ou ser ordenada, elas tomam decisões sem gerar situações de conflitos. Sabe –se que o jogo é uma ferramenta útil para controlar os impulsos das crianças, e para aprender a aceitar as regras impostas.

Através das brincadeiras a criança em sua especialidade, vive em um mundo de fantasia, onde passa a construir um elo de ligação entre o mundo imaginário, e o mundo real, onde convive com seus semelhantes. O brinquedo, pode se tornar material didático excelente, quando o professor sabe usá-lo como estratégia de ensino, o mesmo poderá proporcionar condições favoráveis ao desenvolvimento intelectual, motor, afetivo e cognitivo das crianças. SILVA, 2003).

Neste sentido é preciso que o professor ao planejar suas aulas separe cada tipo de jogos de acordo com a idade das crianças, visando assim um melhor desempenho nas atividades didáticas, tendo que em vista que o os jogos trazem benefícios para o rendimento do aluno.

Os jogos devem ser vistos como leitura da realidade, para aquelas crianças que ainda não foram alfabetizadas, porém deve ser vistas como suporte para aquelas crianças que já sabem ler, escrever e compreender, corroborando com estas ideias, Piaget direciona algumas etapas que precisam prevalecer em um jogo , e que  ao passar por todas etapas, a seleção dos jogos, poderá melhorar o desempenho de uma partida, ou seja de um jogo para outro e desta forma há  jogos que estimulam a audição, o tato ,o paladar. O desenvolvimento da criança começa ainda no ventre de sua mãe e percorre por toda a sua vida. As brincadeiras quando realizadas de maneiras lúdicas podem proporcional na criança uma vida saudável, e seu rendimento escolar melhorar.

2.4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Como procedimentos metodológicos adotou-se uma pesquisa de cunho bibliográfico com autores que trabalham o tema educação infantil na contemporaneidade, afim de coletar informações necessárias para enriquecer este trabalho. A coleta de dados foi através de estudos e leituras bibliográficos sobre a temática em questão, sendo que a mesma contribuiu de forma direta para um melhor entendimento da educação na contemporaneidade.

A presente pesquisa tem caráter exploratório, levantado questões que podem gerar futuras investigações, contribuindo para o entendimento tanto da educação quanto de áreas afins. Acredita-se que os aspectos levantados nos questionamentos são reveladores e nos possibilitam ampliar o tema e objeto desta pesquisa.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

No decorrer desta pesquisa percebeu-se que o professor da   educação infantil na contemporaneidade, precisa desenvolver com os alunos atividades lúdicas e dinâmicas volvendo brincadeira e jogos, pois quando brincam as crianças se socializam e são capazes de estabelecer relações de amizade e afeto ente os parceiros seja em competições ou mesmo nas brincadeiras do cotidiano escolar. As brincadeiras na infância assumem funções significativas no ensino aprendizagem, revelam sua complexidade, sugerem a compreensão e a importância que tem para o homem em todas as faixas etárias da vida.

Quando brincam elas têm liberdades para desafiar questões e chegar ao um resultado coerente, dando margem a hipóteses de soluções para os problemas colocados Dentro deste contexto de valorização e reconhecimento do lúdico como “veiculo” de crescimento infantil, que possibilita a autoafirmação da criança como um ser histórico e social que procurei desenvolver a ideia deste tema. De acordo com os dados obtidos a partir dos renomados teóricos podemos constatar que o lúdico exerce um papel importante na aprendizagem das crianças.

Como o professor na atualidade vive em busca por uma metodologia melhor e mais adequada, entra nesse contexto a ludicidade, contribui de forma significativa para a o enriquecimento da aprendizagem da criança, o lúdico não representa uma fórmula mágica que irá sanar os problemas de aprendizagem, emocionais e de mau comportamento na educação, mas representa um meio de auxiliar a aprendizagem. Desta forma, entendemos que o lúdico não é um mero passatempo e que brincar é coisa séria! Mais do que um direito da criança, o brincar é essencial para sua vida.

Portanto, é preciso que o professor contemporâneo esteja atento para as novidades, saiba desenvolver atividades lúdicas, dando oportunidade para criança organizar o meio em que está inserido e caminhar com suas próprias pernas.  Na atualidade, o lúdico na educação Infantil deve ser utilizado para facilitar da aprendizagem da criança, neste sentido, esta metodologia leva a criança a melhorar suas habilidades físicas e motoras permitindo ao professor levar ao aluno imaginar, criar fazer de conta, permitindo assim, uma aprendizagem significativa.

REFERÊNCIAS

ARIÉS, Fhilippe. História social da criança e da família. 2. ed. Rio de Janeiro: LTC, 1981.

Política nacional de educação infantil: pelo direito das crianças de zero a seis anos à educação. Brasília, MEC, SEB, 2006.

_________Ministério da educação. Referencial curricular nacional para a educação infantil. Brasília MEC / SEF, 2009.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 25. ed. São Paulo: Paz e terra, 2002.

FROEBEL, F. Pedagogics of the kindergarten. Translated by Josephine Jarvis. New York: Appleton, 1981.

MAYER, Frederick. História do pensamento educacional. Rio de Janeiro: Zahar, 1976.

MONTESSORI, Maria. Pedagogia científica. Tradução A. Brunetti. São Paulo: Flamboyan, 1965.

PIAGET, Jean. Seis estudos de psicologia. 3. ed. Rio de Janeiro:Forense, 1996.

PONCE, Aníbal. Educação e luta de classes. 15. ed. São Paulo:Cortez, 1996.

ROUSSEAU, Jean Jacques. Emílio ou da educação. São Paulo: Martins Fontes, 1995.

SILVA, Isabel de Oliveira e. Profissionais da educação infantil: formação e construção de identidades. 2. ed. São Paulo: Cortez,2003. (Coleção Questões da Nossa Época, v. 85).

VYGOTSKY, L. S. A construção do pensamento e da linguagem. Tradução Paulo Bezerra Camargo. São Paulo: Martins Fontes, 2001. (Psicologia).

[1] Licenciado em   letras / Português, pela UESPI, Especialista em Metodologia da Língua Portuguesa e Literatura, pela Faculdade de Teologia Hokemãh, Especialista em Gestão Educacional com Aplicação tecnológica, pela Faculdade UNICESPI, especialista em Libras pela faculdade Cândido Mendes professor da Rede Estadual no Município de Anísio de Abreu- PI, professor substituto na Universidade Estadual do Piauí- UESPI.

4.5/5 - (12 votes)
Gerson Pindaíba da Silva

Uma resposta

  1. Ola! Gostei muito do seu artigo e está dentro da realidade com a aprovação da Base Nacional Comum Curricular. Vai acrescentar valiosas informações no plano anual que estou elaborando para minha turma de Educação Infantil neste ano.
    Obrigada Francilene

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