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Gestão educacional e evasão escolar: a visão dos gestores escolares nas escolas da microrregião de irecê

RC: 126684
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CONTEÚDO

ARTIGO ORIGINAL

NASCIMENTO JÚNIOR, José Otávio Barreto do [1], HELFENSTEIN, Lara Amorim [2]

NASCIMENTO JÚNIOR, José Otávio Barreto do. HELFENSTEIN, Lara Amorim. Gestão educacional e evasão escolar: a visão dos gestores escolares nas escolas da microrregião de Irecê. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano. 07, Ed. 09, Vol. 02, pp. 98-114. Setembro de 2022. ISSN: 2448-0959, Link de acesso: https://www.nucleodoconhecimento.com.br/educacao/gestao-educacional

RESUMO

A evasão escolar, em sua grande maioria, decorre de dificuldades financeiras, influência familiar, falta de interesse nos estudos e problemas relacionados à acessibilidade da escola. Nesse contexto, a gestão educacional, por meio do emprego de ações que promovam um nível de ensino aceitável, possui papel fundamental para permanência dos alunos na escola. Desta forma, o presente artigo tem como questão norteadora: qual a visão dos gestores escolares das escolas localizadas na microrregião de Irecê sobre a evasão escolar? Tendo como objetivo relatar a situação da evasão escolar na microrregião investigada e demonstrar algumas hipóteses a fim de sanar este problema. Para isso, elaborou-se um questionário com enfoque qualitativo e uma pesquisa bibliográfica, tendo como foco identificar o papel da gestão educacional, apontando as situações que contribuem para a evasão e identificando as práticas que possam gerar a diminuição deste fenômeno. Como resultados, verificou-se que, na microrregião investigada, os maiores índices de evasão estão relacionados ao período noturno e associados ao cansaço decorrente do trabalho realizado pelos alunos na zona rural. Com relação à visão dos gestores, nota-se que a maior parte dos entrevistados concorda que a participação da família possui papel fundamental na formação socioeducacional e no desenvolvimento das crianças e adolescentes, influenciando diretamente na elevação ou diminuição dos índices de evasão escolar. Por fim, levantou-se duas hipóteses que foram acatadas pelos entrevistados e apontadas como possíveis projetos que podem contribuir para a diminuição dos índices de evasão em Irecê, sendo elas: a abertura da escola nos finais de semana e a implementação de um projeto voltado à inclusão digital.

Palavras-chave: Aprendizagem, Evasão Escolar, Gestão Educacional.

1. INTRODUÇÃO

A evasão escolar é um fenômeno inatual e presente. Ela tem se tornado um grande desafio a ser enfrentado pela gestão educacional que, além de se preocupar com as novas medidas de ensino a serem adotadas, também precisa encontrar métodos eficazes de manter o jovem na escola, de forma a elevar o nível de aprendizagem.

Referente a este fenômeno, estudos realizados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE (2019) apontam que, em 2018, 11,8% dos jovens com idades variando entre 15 e 17 anos estão fora das escolas. Este índice é equivalente a 1,2 milhões de crianças e adolescentes sem instrução educacional.

A evasão escolar é um problema crônico em todo o Brasil, sendo muitas vezes passivamente assimilada e tolerada por escolas e sistemas de ensino, que chegam ao exercício de expedientes maquiadores ao admitirem a matrícula de um número mais elevado de alunos por turma do que o adequado, já contando com a ‘desistência’ de muitos ao longo do período letivo. Que pese a propaganda oficial sempre alardear um número expressivo de matrículas a cada início de ano letivo, em alguns casos chegando próximo aos 100% (cem por cento) do total de crianças e adolescentes em idade escolar, de antemão já se sabe que destes, uma significativa parcela não irá concluir seus estudos naquele período, em prejuízo direto à sua formação e, é claro, à sua vida, na medida em que os coloca em posição de desvantagem face os demais que não apresentam defasagem idade-série (DIGIÁCOMO, 2011, p. 01).

Esse fenômeno, que é conceituado como o ato de fugir das aulas ou de abandonar a escola por motivos quaisquer, pode estar associado à realidade de cada região, considerando as situações econômicas da comunidade e o despreparo dos pais em relação à permanência dos filhos nas escolas. Frente a isso, destaca-se, também, o papel da gestão educacional que está, muitas vezes, despreparada para lidar com a evasão escolar, não conseguindo encontrar soluções para este problema (SILVA FILHO e ARAÚJO, 2017).

Partindo deste princípio, é papel da gestão investigar o que causa a evasão, bem como os motivos que levam a insatisfação da permanência na escola, acompanhando, desta forma, a frequência dos alunos e o seu engajamento. A identificação destes problemas resulta em criar soluções que incidam na diminuição da evasão (SILVA, 2016).

Nesse contexto, o presente artigo tem como objetivo geral relatar a situação da evasão escolar na microrregião de Irecê e demonstrar algumas hipóteses a fim de sanar este problema. Em consonância, a pesquisa busca responder: qual a visão dos gestores escolares das escolas localizadas na microrregião de Irecê sobre a evasão escolar?

Justifica-se a escolha do tema pelo fato de que em meio a este fenômeno e aos constantes desafios existentes para combatê-lo, é necessário que os gestores educacionais estabeleçam metas e objetivos para poderem obter êxito neste processo administrativo, garantindo, assim, a permanência dos alunos nas escolas.

A metodologia utilizada neste artigo, baseia-se em um questionário com enfoque qualitativo e uma pesquisa bibliográfica, tendo como foco identificar o papel da gestão educacional, apontando as situações que contribuem para a evasão e identificando as práticas que possam gerar a diminuição deste fenômeno.

2. REFERENCIAL TEÓRICO

2.1  EVASÃO ESCOLAR

A evasão é um problema histórico que afeta diretamente o desenvolvimento pessoal e profissional de crianças, jovens e adultos (LINO, 2020). De acordo com Abramovay e Castro (2003), esse fenômeno remete a existência de probabilidade de retorno após o aluno ter deixado de frequentar a escola.

Lino (2020), ainda, afirma que este problema não é limitado a apenas algumas instituições escolares, mas sim uma questão global que, certamente, atinge todas as escolas do país.

Nesse contexto, Fornari (2012) relata que a evasão e reprovação escolar aparecem no cenário educacional como um problema significativo, pois as suas consequências acarretam a exclusão dos indivíduos, o que leva este fenômeno a ser considerado como um problema social.

Por este motivo, “entender o perfil do jovem que evade da escola e identificar os momentos em que esse movimento é mais provável são ações importantes a serem realizadas pelos gestores de escolas e dos sistemas educacionais” (APRENDIZAGEM EM FOCO, 2016).

Com relação a este perfil, a matéria supracitada relata a existência de maior risco de evasão em “jovens de baixa renda, em sua maioria negros, que trocam com frequência os estudos por um trabalho precário ou que ficam grávidas já na adolescência”.

Referente aos motivos que levam o aluno a deixarem de frequentar a escola, Neri (2009), aponta:

  • Falta de conhecimento dos gestores das políticas públicas, o que limita a oferta de serviços educacionais;
  • Falta de interesse dos alunos, devido à baixa qualidade de ensino e atividades arcaicas;
  • Dificuldade de acesso à escola;
  • Necessidade de trabalho e geração de renda.

Ademais, Arbache (2001), ressalta que as causas e consequências da evasão escolar estão diretamente correlacionadas a gestão educacional, pois uma gestão ruim pode aumentar os índices de evasão. Por outro lado, uma gestão correta e inovadora, pode acarretar a diminuição deste índice, trazendo, desta forma, consequências positivas para o aluno, a família e a instituição.

2.2  GESTÃO EDUCACIONAL

Partindo do princípio sobre gerir pessoas, a gestão educacional, é uma área de atuação que deve se responsabilizar pelo estabelecimento de um direcionamento e mobilização que sejam capazes de sustentar e dinamizar o sistema de ensino das escolas, visando maior qualidade no ensino e o alcance de melhores índices escolares (LUCK, 2006).

Bizol (2018) afirma que

a gestão escolar significa o ato de gerir a dinâmica cultural de uma escola juntamente com as diretrizes e políticas públicas educacionais para a implementação de seu projeto político-pedagógico e, além disso, deve ser compromissada com os princípios da democracia e métodos que proporcionem condições para um ambiente educacional autônomo (soluções próprias, no âmbito de suas competências), mas também permitindo a participação e compartilhamento das demais pessoas envolvidas nesse processo educacional (tomada de decisões conjunta e efetivação de resultados) com autocontrole (acompanhamento e avaliação com retorno de informações).

Desta forma, de acordo com Brandão (1983), a responsabilidade da gestão está em garantir um nível de ensino aceitável, trazendo inovações e motivação para os professores, estimulando seu crescimento e apontando uma nova forma de abordar os alunos, transmitindo, assim, maior confiabilidade e expectativas para o futuro.

Além disso, uma boa gestão educacional deve estar voltada para a utilização de todo o conhecimento técnico, através de um planejamento e definição clara dos objetivos a serem alcançados. Deve-se elaborar, também, uma programação no começo do ano letivo, contendo as estratégias a serem executadas durante o processo de ensino e aprendizagem no decorrer do ano, atentando-se aos estímulos dos professores, pois estes são peças-chaves e influenciam diretamente na permanência dos alunos na escola (ADRIANO, 2017).

2.3 A ATUAÇÃO DA GESTÃO EDUCACIONAL FRENTE A EVASÃO ESCOLAR

Dentre os muitos desafios encontrados na gestão educacional, estão os elevados índices de evasão, que podem estar associados a: distância; dificuldade de transporte e locomoção em determinados horários; fadiga; desinteresse; situação econômica; entre outros (SILVA FILHO e ARAÚJO, 2017).

Nesse contexto, a gestão educacional deve compreender as causas que geram a evasão e atuar de forma a promover a igualdade de interesses entre docentes e discentes.

Para isso, segundo Arbache (2001), “algumas ações podem ser tomadas para evitar que tudo isso afaste os alunos da escola”. Dentre elas, podemos destacar: a adoção de práticas de diálogo; a realização de um acompanhamento da frequência do estudante; a atribuição de atividades tecnológicas e digitais ao plano de ensino e atividades; a promoção de um acompanhamento didático e de saúde, disponibilizando profissionais da área pedagógica e psicológica, a fim de se identificar as necessidades do aluno.

Podemos apontar, também, o investimento em qualificação dos professores, reciclagens, aprimoramento psicológico e pedagogo, palestras sobre educação, trabalho e saúde mental dos jovens e adolescentes.

3. METODOLOGIA

A abordagem metodológica utilizada neste artigo teve como base um questionário com enfoque qualitativo e uma pesquisa bibliográfica.

Inicialmente, realizou-se uma pesquisa bibliográfica, a começar pela leitura de artigos e análise de livros, encartes e sites que retratassem a temática estudada.

Posterior a isso, definiu-se como local de pesquisa a microrregião de Irecê, no Estado da Bahia onde, no período de janeiro a março de 2022, foram investigadas, através de questionário enviados pelo Google forms, sete escolas e seus gestores educacionais ou diretores.

As escolas entrevistada foram: C.E.S.S. – Colégio Estadual São Sebastião, Gestor responsável, Diretora Arivone Maria da Silva; C.E.J.C.D. – Colégio Estadual Justiniano de Castro Dourado, Diretora Rizodalva Cardoso Dourado do Nascimento; C.E.J.D.C. –  Colégio Estadual João Durval Carneiro, Diretora Aimá Glicério Rocha; C.E.C.F.C.L. – Colégio Estadual do Campo Francisco Castro Laranjeira, Diretor José Wilton Francisco da Silva; C.E.A.A. – Colégio Estadual Almerinda Almeida, Diretora Francineide Costa Gama; C.E.E.P.R.N.C.B. – Centro Estadual de Educação Profissional em Recursos Naturais do Centro Baiano, Diretora Maria Gorete de Miranda Alves; C.E.A.C.M. – Colégio Estadual Antônio Carlos Magalhães, Diretora Maria Vanderluz da Rocha Paiva.

Cumpre destacar que a todos os participantes foi assegurado a confidencialidade de seus dados e a manifestação de participação à pesquisa de forma voluntária.

Com relação ao questionário elaborado para a coleta de dados, este continha perguntas específicas sobre: a instituição; a formação dos gestores educacionais entrevistados; a visão deles referente aos motivos que poderiam aumentar a evasão escolar e hipóteses que poderiam evitar este fenômeno.

A partir das respostas obtidas elaborou-se alguns gráficos comparativos, apontando as principais informações dos diretores e uma breve análise sintética das respostas, a fim de atingir o objetivo deste artigo.

4. RESULTADOS

4.1 AS INSTITUIÇÕES INVESTIGADAS

Conforme mencionado na metodologia, as escolas entrevistada foram: C.E.S.S. – Colégio Estadual São Sebastião, Gestor responsável, Diretora Arivone Maria da Silva; C.E.J.C.D. – Colégio Estadual Justiniano de Castro Dourado, Diretora Rizodalva Cardoso Dourado do Nascimento; C.E.J.D.C. –  Colégio Estadual João Durval Carneiro, Diretora Aimá Glicério Rocha; C.E.C.F.C.L. – Colégio Estadual do Campo Francisco Castro Laranjeira, Diretor José Wilton Francisco da Silva; C.E.A.A. – Colégio Estadual Almerinda Almeida, Diretora Francineide Costa Gama; C.E.E.P.R.N.C.B. – Centro Estadual de Educação Profissional em Recursos Naturais do Centro Baiano, Diretora Maria Gorete de Miranda Alves; C.E.A.C.M. – Colégio Estadual Antônio Carlos Magalhães, Diretora Maria Vanderluz da Rocha Paiva.

A primeira pergunta, visou investigar sobre a estrutura física dessas instituições de ensino, uma vez que esta pode ser um ponto decisivo na mediação da evasão escolar.

Gráfico 1. Estrutura física das escolas investigadas

Estrutura física das escolas investigadas
Fonte: Autor.

O gráfico 1 demonstra que, dentre as sete escolas investigadas: quatro possuem sala de leitura; cinco possuem quadra de esportes; duas possuem estrutura para mobilidade e dependências destinadas a estudantes com necessidades especiais; cinco disponibilizam ao discente acesso às salas de informática; e três delas possuem biblioteca.

A próxima pergunta realizada esteve relacionada ao fornecimento de matérias extracurriculares onde se obtivesse acompanhamento pedagógico ou psicológico.

Gráfico 2. Oferecimento de acompanhamento pedagógico e psicológico

Oferecimento de acompanhamento pedagógico e psicológico.
Fonte: Autor.

No gráfico acima observa-se que nem todas as escolas oferecem um acompanhamento pedagógico ou psicológico e, ainda, três delas não oferecem nenhum tipo de acompanhamento.

Ante a esse cenário, se faz necessário ressaltar que estes acompanhamentos, realizados diariamente ou semanalmente, podem refletir de forma positiva e benéfica na vida do discente, auxiliando na melhora do desempenho do aluno, bem como no aumento de sua autoestima e confiança, auxiliando em dificuldades outrora desconhecidas e combatendo, diretamente, a evasão escolar (RODRIGUES e SOUZA, 2017).

4.2 A FORMAÇÃO DOS GESTORES ENTREVISTADOS

No cotidiano do gestor educacional, é normal deparar-se com situações inéditas, inesperadas. Ante a elas, há a necessidade destes profissionais buscarem novos conhecimentos na administração moderna para solucioná-los, atuando não só como gestores, mas também como líderes, incrementando no seu plano de atividades ações eficazes direcionadas à aprendizagem do educando (PIRES, 2021).

Gráfico 3. Formação dos gestores educacionais que responderam ao questionário

Formação dos gestores educacionais que responderam ao questionário.
Fonte: Autor.

Como evidenciado nas respostas dos entrevistados e no gráfico 3, nenhum dos gestores possui formação em administração. Todos são especializados e pós-graduados em Gestão Educacional.

Este fato leva a reflexão quanto a limitação na qualificação técnica para gerir uma instituição educacional da forma mais equilibrada, pois esta gestão não implica somente na produção de conhecimento para os alunos, mas também em sua permanência, pois é preciso gerir financeiramente, estruturalmente, planejar o presente e futuro, os quais, sem este conhecimento técnico da administração, limitam-se em suprir a função de gestor (RODRIGUES et al., 2020).

4.3 A EVASÃO ESCOLAR E ALGUMAS HIPÓTESES PARA A SUPERAÇÃO DESTA PROBLEMÁTICA

A evasão escolar é um fenômeno suscetível de análises em diversos níveis na ótica do sistema educacional, pois seus motivos são variados e inconstantes, além de estarem presentes em todas as etapas da escolarização (PEREIRA, 2019).

Nesse contexto, visou-se investigar, nas instituições selecionadas, o turno que possui maiores índices de evasão e quais fatores podem estar atrelados a ele.

Gráfico 4. Turno com maior índice de evasão escolar

Turno com maior índice de evasão escolar.
Fonte: Autor.

Tomando como base as respostas obtidas através de questionário, constatou-se que a evasão escolar ocorre, em seu maior índice, dentre os alunos do período noturno que, sendo maiores de idade, necessitam de trabalho para o seu sustento e auxílio nas despesas domiciliares. Além disso, os gestores apontaram que muitos alunos vêm da zona rural e, devido ao trabalho intenso durante o dia, se encontram fisicamente esgotados no momento das aulas.

Visando investigar a visão dos gestores sobre os altos índices de evasão escolar, questionou-se acerca da opinião dos entrevistados sobre a participação dos pais e suas implicações na vida escolar dos discentes.

Gráfico 5. Opinião dos gestores sobre a participação dos pais na vida escolar dos discentes

Opinião dos gestores sobre a participação dos pais na vida escolar dos discentes
Fonte: Autor.

Conforme demonstrado no gráfico acima, quatro dentre os sete entrevistados concordam que a falta de convivência com os pais pode ser a causa da evasão escolar, pois a família possui um papel fundamental na formação socioeducacional e no desenvolvimento das crianças e adolescentes.

Gráfico 6. A inserção da família no contexto escolar

A inserção da família no contexto escolar
Fonte: Autor.

Quando questionados se a participação da família abrandaria esse elevado índice, seis dos entrevistados responderam que sim. Acredita-se que estas respostas estejam associadas ao fato de que a família consegue impor uma rotina e realizar o acompanhamento escolar de forma mais assertiva, aumentando, desta forma, o vínculo com a escola, bem como fortalecendo os valores familiares e escolares.

Quando questionados sobre a influência da participação dos pais no processo de ensino e aprendizagem, todos os gestores concordaram que a pouca participação dos pais na vida escolar dos filhos pode prejudicar a relação existente entre os professores, a escola, os pais, os filhos e a comunidade.

Gráfico 7. Influência da participação dos pais no processo de ensino e aprendizagem

Influência da participação dos pais no processo de ensino e aprendizagem
Fonte: Autor.

Diante do exposto, evidencia-se a importância da parceria entre a família e a escola para amenizar os índices de evasão escolar, uma vez que esta exerce uma influência significativa em relação à importância que os alunos dão à escola, bem como sobre as suas motivações para os estudos (BRUGIM e SCHROEDER, 2014).

Ante a esta problemática, questionou-se aos gestores sobre duas hipóteses para solucionar ou amenizar os índices da evasão escolar. A primeira hipótese versa sobre a possibilidade de abertura da instituição escolar nos finais de semana para a realização de atividades pedagógicas.

Gráfico 8. Hipótese 2: abertura da escola nos finais de semana

Hipótese 2 abertura da escola nos finais de semana
Fonte: Autor.

De acordo com o que se demonstra no gráfico 8, a hipótese da abertura da escola nos fins de semana para a participação da comunidade em atividades pedagógicas, para três dos entrevistados, é uma das possíveis soluções para a diminuição dos índices de evasão escolar, uma vez que a convivência familiar que é essencial para a formação e desenvolvimento da criança e do adolescente, se torna mais sustentável quando este universo é coletivo e envolve: escola, criança e família.

A segunda, que foi acatada por seis dos entrevistados, retratou a promoção de um projeto referente à inclusão digital, a fim de aproximar a família do processo de ensino e aprendizagem.

Gráfico 9. Hipótese 3: Implementação de um projeto voltado à inclusão digital

Hipótese 3 Implementação de um projeto voltado à inclusão digital
Fonte: Autor.

Como demonstrado acima, há, praticamente, uma unanimidade referente a implantação de um projeto que vise à inclusão digital das famílias, trazendo para o processo de ensino e aprendizagem, a família, os alunos e a escola.

Elaborou-se esta hipótese levando em consideração que a inclusão digital servirá como base para a inclusão social, sendo mais uma ferramenta para a solução de problemáticas existentes na educação brasileira, especialmente as relacionadas a evasão escolar, pois, por meio deste projeto, será possível que uma criança menos favorecida tenha as mesmas oportunidades de acesso à tecnologia que as outras crianças.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este trabalho visou refletir sobre a gestão educacional e a evasão escolar, tendo como objetivo relatar a situação da evasão escolar na microrregião investigada e demonstrar algumas hipóteses a fim de sanar este problema. O estudo foi norteado pela questão: qual a visão dos gestores escolares das escolas localizadas na microrregião de Irecê sobre a evasão escolar?

Ante ao exposto, verificou-se que os jovens evadem das escolas, em sua maioria, por motivos econômicos e familiares e, na microrregião investigada, os maiores índices de evasão estão relacionados ao período noturno e associados ao cansaço decorrente do trabalho realizado pelos alunos na zona rural.

Com relação à visão dos gestores, nota-se que a maior parte dos entrevistados concorda que a participação da família possui papel fundamental na formação socioeducacional e no desenvolvimento das crianças e adolescentes, influenciando diretamente na elevação ou diminuição dos índices de evasão escolar.

Ainda retratando sobre a visão dos gestores, o artigo levantou duas hipóteses que poderiam contribuir para a diminuição dos índices de evasão na microrregião investigada, sendo elas: a abertura da escola nos finais de semana e a implementação de um projeto voltado à inclusão digital.

Verificou-se que ambas as hipóteses foram acatadas pela maior parte dos entrevistados, sendo apontadas, desta forma, como possíveis projetos a serem implementados a fim de se diminuir os índices de evasão escolar.

Por fim, sugere-se que novas pesquisas sejam realizadas, abordando projetos ou ações que visem a diminuição dos índices de evasão escolar no território brasileiro, pois os fatores que influenciam o aumento deste índice sempre estarão presentes na educação brasileira, o que torna o trabalho da gestão educacional um processo contínuo e fundamental para a continuidade na educação de crianças e adolescentes.

REFERÊNCIAS

ABRAMOVAY, Miriam; CASTRO, Mary Garcia. Ensino médio: múltiplas vozes. Brasília: UNESCO, MEC, 2003.

ADRIANO, Graciele Alice Carvalho. Gestão Educacional. UNIASSELVI, 2017.

APRENDIZAGEM EM  FOCO. Quem são os jovens fora da escola. Instituto Unibanco, n. 5, fev. 2016. Disponível em: https://www.institutounibanco.org.br/aprendizagem-em-foco/5/index.html#:~:text=Os%20estudos%20feitos%20com%20dados,ficam%20gr%C3%A1vidas%20j%C3%A1%20na%20adolesc%C3%AAncia. Acesso em: 30 ago. 2022.

ARBACHE, Ana Paula Bastos. A formação do educador de pessoas jovens e adultas numa perspectiva multicultural crítica. São Paulo, Vozes, 2001.

BIZOL, Kátia Maria Fabiani. O papel do gestor na unidade escolar: desafios e possibilidades. Trabalho de Conclusão de Curso (Especialista em Educação) – Instituto Federal Catarinense – Campus Avançado Abelardo Luz. Abelardo Luz, 2018.

BRANDÃO, Zaia. Evasão e Repetência no Brasil: A escola em questão. Rio de Janeiro: Edição Achiamé, 1983.

BRUGIM, Lucilene Aparecida; SCHROEDER, Tania Maria Rechia. O papel da família diante da evasão escolar. In: Governo do Estado do Paraná. Os desafios da escola pública paranaense na perspectiva do professor PDE. vol. 1. Paraná: Cadernos PDE, 2014.

DIGIÁCOMO, Murillo josé. Evasão Escolar: não basta comunicar e as mãos lavar. Ministério Público do Estado da Bahia, 2011. Disponível em: https://www.mpba.mp.br/sites/default/files/biblioteca/crianca-e-adolescente/educacao/doutrinas_e_artigos/evasao_escolar_murilo.pdf. Acesso em: 04 abr. 2022.

FORNARI, Liamara Teresinha. Reflexões acerca da reprovação e evasão escolar e os determinantes do capital. Revista Espaço pedagógico, v. 17, n 1, 27 de jan. 2012. Disponível em: http://seer.upf.br/index.php/rep/article/view/2027. Acesso em: 31 ago. 2022.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA – IBGE. 11,8% dos jovens com menores rendimentos abandonaram a escola sem concluir a educação básica em 2018. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, 2019. Disponível em: https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-sala-de-imprensa/2013-agencia-de-noticias/releases/25885-11-8-dos-jovens-com-menores-rendimentos-abandonaram-a-escola-sem-concluir-a-educacao-basica-em-2018. Acesso em: 30 ago. 2022.

LINO, Ellen Rízia Oliveira. A problemática da evasão escolar: uma revisão bibliográfica integrativa. Monografia (Licenciatura em Biologia) – Escola de Ciências Agrárias e Biológicas – Pontifícia Universidade Católica de Goiás. Goiânia, 2020.

LUCK, Heloisa. Concepções e progresso democráticos de gestão educacional. Petrópolis: Vozes, 2006.

NERI, Marcelo Côrtes. Motivos da evasão escolar. In: NERI, Marcelo Côrtes (coord.). O tempo de permanência na escola e as motivações dos sem-escola. Rio de Janeiro: FGV/IBRE, CPS, 2009.

PEREIRA, Michele Cezareti. Evasão escolar: causas e desafios. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento, ano 04, ed. 02, vol. 01, pp. 36-51. fevereiro de 2019. ISSN: 2448-0959. Disponível em:  https://www.nucleodoconhecimento.com.br/educacao/evasao-escolar. Acesso em: 30 ago. 2022.

PIRES, Aline Borges. A importância do gestor educacional no papel de líder da instituição de ensino. Revista Educação Pública, v. 21, n. 23, junho de 2021. Disponível em: https://educacaopublica.cecierj.edu.br/artigos/21/23/a-importancia-do-gestor-educacional-no-papel-de-lider-da-instituicao-de-ensino. Acesso em: 30 ago. 2022.

RODRIGUES, Cybele Nogueira; SOUZA, Antonia de Abreu. A evasão escolar e as ações da assistência estudantil no IFCE – Campus Aracati: o trabalho do psicólogo escolar. Anais IV Colóquio Nacional e I Colóquio Internacional: A produção do conhecimento em educação profissional, 2017. Disponível em: https://ead.ifrn.edu.br/coloquio/trabalhos-por-eixo-tematico/. Acesso em: 31 ago. 2022.

RODRIGUES, Emanoel Márcio da Silva. et al. A gestão participativa: A postura do gestor escolar mediador do processo de tomada de decisão. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento, ano 05, ed. 01, vol. 07, pp. 107-133. Janeiro de 2020. ISSN: 2448-0959. Disponível em: https://www.nucleodoconhecimento.com.br/educacao/gestao-participativa. Acesso em: 30 ago. 2022.

SILVA FILHO, Raimundo Barbosa; ARAÚJO, Ronaldo Marcos de Lima. Evasão e abandono escolar na educação básica no Brasil: fatores, causas e possíveis consequências. Educação Por Escrito, vol. 8, ed. 1, p. 35-48. Disponível em: https://doi.org/10.15448/2179-8435.2017.1.24527. Acesso em: 31 ago. 2022.

SILVA, Marli Silvana da. O papel pedagógico do gestor no combate a evasão e repetência escolar. Revista Acadêmica Online, 2016. Disponível: https://www.revistaacademicaonline.com/products/o-papel-pedagogico-do-gestor-no-combate-a-evasao-e-repetencia-escolar1/. Acesso em: 30 ago. 2022.

[1] Graduando em Administração. ORCID: 0000-0001-6924-3535.

[2] Orientadora.

Enviado: Junho, 2022.

Aprovado: Setembro, 2022.

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