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A importância da ludicidade na educação especial inclusiva

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CONTEÚDO

ARTIGO DE REVISÃO

LOUREIRO, Luciene Lopes de Freitas [1], VIEIRA, Rosineila Dias [2], SOUZA, Lucimar Fortunato da Fonseca [3], CABRAL, Maria Elimar Cruz [4]

LOUREIRO, Luciene Lopes de Freitas. Et al. A importância da ludicidade na educação especial inclusiva. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano 06, Ed. 06, Vol. 11, pp. 176-192. Junho de 2021. ISSN: 2448-0959, Link de acesso: https://www.nucleodoconhecimento.com.br/educacao/especial-inclusiva

RESUMO

A inclusão de alunos com deficiências nas escolas vem ocorrendo de modo gradual. Dessa forma, é relevante assegurar esses direitos, por meio de determinações legais, pesquisas e debates em relação a temática, mostrando a relação da interação de discentes com deficiência nos ambientes educacionais, enquanto cidadãos, com seus direitos delineados no desenvolvimento social e intelectual. Sendo que o objetivo geral do trabalho foi compreender a importância do lúdico no processo de inclusão de alunos com necessidades especiais no ambiente escolar. O procedimento metodológico empregado consistiu em uma Revisão de Literatura do tema proposto, que foi dividido em três capítulos: no primeiro, se fundamentou os termos lúdico, educação especial e escola inclusiva; já no segundo, foi entendido a importância do lúdico como prática pedagógica com alunos com necessidades especiais; no último capítulo, se apontou teoricamente a contribuição e os desafios do professor pedagogo para empregar recursos lúdicos no processo de ensino aprendizagem para promover a inclusão. Assim, a proposta lúdica, centrada no brincar no espaço educativo, articula a convivência tolerante com as diferenças e que cada momento é único, subjetivo e singular. Portanto, o lúdico pode melhorar o aprendizado, como proposta de alteração de paradigmas, de modo que propicie a inclusão, a oportunidade de conhecer, de saber quais atividades pertinentes para o educando que possui necessidade especial.

Palavras-chaves: ludicidade, educação especial, inclusão, necessidades especiais.

1. INTRODUÇÃO

A inclusão escolar consiste em uma temática de grande importância que deve ser tratada no âmbito da educação contemporânea. Esse processo se faz necessário  devido as grandes transformações que a sociedade enfrenta seguida das conquistas relacionadas aos indivíduos portadores de necessidades especiais. Através de muitas lutas, as famílias de pessoas com deficiências conquistaram direitos e acetilação por parte da sociedade. Portadores de necessidades especiais representam um crescente contingente de indivíduos que possuem algum tipo de limitação no aprendizado e que se tornaram objeto de estudos e pesquisas por parte de especialistas em educação.

Muito se fala sobre a inclusão de alunos portadores de necessidades especiais em uma classe regular de ensino, entretanto, o governo não oferece condições adequadas para as escolas nem para os educadores realizaram o processo de inclusão, de modo que o aluno se sinta completamente integrado ao ambiente escolar. É essencial que essa lei seja respeitada e que os alunos com necessidades especiais sejam incluídos no ambiente educacional. Contudo, é importante pensar sobre as formas de inclusão que podem colaborar para a formação desse aluno, para que esse e os demais alunos identificados como “normais” possam interagir. Assim, as atividades lúdicas se mostram como uma ferramenta de grande valor para ampliar a participação de todos os alunos que fazem parte do ensino regular, servindo de fontes ao educador, proporcionando informações sobre os interesses de seus alunos, suas interações, suas capacidades de adaptação às regras, entre outros.

Essa temática se justifica em decorrência das potencialidades e oportunidades que a ludicidade proporciona como ferramenta de inclusão de alunos portadores de necessidades especiais no meio escolar. A ludicidade consiste em uma importante forma de trabalhar o ensino-aprendizagem na Educação Especial, sendo que por meio dela a criança é capaz de representar suas sensações e emoções através das atividades lúdicas. Portanto, é fundamental levar em conta que não se deve apenas garantir e cumprir o direito dos alunos especiais de serem incluídos, é necessário promover condições favoráveis para que de fato essa inclusão aconteça. A ludicidade auxilia ainda os demais alunos que apresentam atrasos em seu desenvolvimento, sendo que as atividades lúdicas auxiliam de forma positiva no desenvolvimento de  suas habilidades e aprendizagem.

É importante frisar que as Necessidades Educativas Especiais (NEE) são um assunto recorrente, mas que grande parte dos professores e até mesmo escolas ainda não sabem lidar com as tipologias e características que são exibidas por essas crianças. Tais necessidades se fazem presentes nas salas de aulas, onde essas apresentam situações nas quais os educadores têm dificuldades para lidar, seja em decorrência do despreparo, ou até mesmo pelo desconhecimento, tendo em conta os obstáculos que rotina de sala de aula impõe às atividades inclusivas. Diante desse contexto, levantou-se a seguinte questão: quais são as contribuições da ludicidade para alunos com necessidades educacionais especiais no ambiente escolar?

O objetivo geral foi entender a relevância da ludicidade para o processo de inclusão de alunos com necessidades especiais no ambiente educacional. Os objetivos específicos consistiram em: explicar os termos lúdico, educação especial e escola inclusiva; compreender o lúdico como prática pedagógica com discentes com necessidades especiais; e abordar as contribuições e também os desafios do professor pedagogo para usar os recursos lúdicos no processo de ensino aprendizagem para promover a inclusão.

O trabalho abrangeu em uma Revisão de Literatura do tema proposto, e para isso, se prezou pela qualidade da informação, de modo que as principais consultas se direcionaram em estudos de livros, artigos científicos, monografias e teses que apontam outras abordagens do tema proposto em uma possibilidade de aperfeiçoar a interpretação da pesquisa.

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 CONCEITO DE LÚDICO

Apresentar uma definição em relação ao lúdico nos tempos modernos, sobretudo no que refere-se à educação infantil, não consiste em uma tarefa simples e fácil, tendo em consideração que diversos são os enfoques e estudos sobre o tema. Segundo explica Winnicott (2015, p.5), “o lúdico é estimado como sendo algo  prazeroso, por conta da sua capacidade de absorver o indivíduo de modo total e intenso, proporcionando um clima de entusiasmo”.

Huizinga (2008) comenta que o uso da palavra ludus compreende todas as definições de jogo. Nesse âmbito, tal conceito abrange todos e quaisquer jogos infantis, sejam esses de competições, recreação, teatro, jogos, entre outros. Além disso, o significado da palavra ultrapassa o que refere-se apenas as ações da criança, sendo que ludus inclui também as ações dos adultos, bem como os efeitos que são provocados por essas ações.

Para Vale (2008), a ludicidade se remete ao envolvimento em uma atividade, fazendo uso objetos, geralmente de brinquedos, que possam promover prazer à criança. Desse modo, cabe ao docente auxiliar o aluno no aprendizado de novos conteúdos a partir do uso de estratégias e atividades prazerosas. O brincar consiste em uma ação que se faz presente em todas as fases do desenvolvimento. Os objetos que incitam o interesse lúdico tendem a mudar dependendo da etapa na qual o indivíduo se encontra.

Um modo mais comum de se definir ludicidade, consiste em dizer que lúdico é aquilo que promove o prazer e a alegria. Compreende-se, no entanto, que partindo desse ponto de vista, a ludicidade é algo que gera alegria, se estabelecendo entre as pessoas em certas situações. No que refere-se a essas situações, é possível citar como exemplo a relação entre uma pessoa e um animal, uma criança e um brinquedo, isto é, o lúdico está ligado a várias circunstâncias, onde essas possam proporcionar felicidade e bem-estar (GASPAR, 2011).

Em conformidade com Sousa (2008), o aspecto lúdico é um instrumento de grande relevância para o processo de aprendizagem e desenvolvimento da criança. Levando em consideração o fato que as crianças vivem em um mundo de fantasias e encantamento, onde a imaginação e a realidade se combinam, essa técnica colabora auxiliando a idealizar o pensamento, fazendo com que a criança passe a ter mais concentração, além de desenvolver seu campo social, cultural e pessoal.

Segundo afirma Sá (2014, p. 02)

a capacidade lúdica está ligada de forma direta ao período pré-histórico de vida do ser humano. Acredita ser, acima de tudo, um estado de espírito e um saber que de forma gradual vai se instalando no comportamento do ser por conta do seu modo de vida.

Nota-se que o lúdico possui a capacidade de possibilitar um desenvolvimento global, envolvendo ainda uma visão de mundo mais real. Através das descobertas e da capacidade criadora, a criança passa a melhor se expressar, analisar, comentar e transformar aquilo que é real.

Sendo assim, caso seja bem inserida e, sobretudo, se bem compreendida, a educação lúdica passa a ter uma contribuição muito relevante no processo de melhoria do ensino, seja na qualificação ou formação crítica do aluno, bem como para redefinir valores. Além de que, o lúdico tende a colaborar de forma significativa para o desenvolvimento das crianças na sociedade.

2.1.1 EDUCAÇÃO ESPECIAL

Na contemporaneidade o setor educacional tem a função de possibilitar e de proporcionar alternativas para que os indivíduos que se encontram fora do sistema possam ter maiores oportunidades de se reintegrar por meio da participação, além da luta pela universalidade de direitos sociais e da cidadania. Esse fato promoveu a revisão de diversos sistemas educacionais, que, por decorrência disso, passaram a estabelecer ações harmônicas, de modo que a educação chegue a todos os alunos em circunstâncias regulares e não segregados.

Ropoli (2010) explica que no ano de 1999, por meio do Decreto nº 3.298, foi regulamenta a Lei nº 7.853/89, ao tratar sobre a Política Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência. Nesse âmbito, a educação especial passou a ser definida como sendo uma categoria transversal que abrange todos os níveis e modalidades de ensino, destacando a atuação complementar da educação especial no ensino regular.

Conforme a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB 9.394/96) Art. 58.,  pode ser entendido por educação especial, a modalidade de educação escolar que é disponibilizada de preferência na rede regular de ensino, para alunos PNE. Em seu § 1º, cita que haverá, sempre que preciso, serviços de apoio especializado, no ambiente escolar, de modo que possa atender as particularidades dos alunos de educação especial.

Segundo Brasil (1996), no § 2º do LDB 9.394/96, o atendimento educacional tende a ser feito em salas de aula, escolas ou serviços especializados, sempre que, em função das condições características de cada aluno, não for admissível a sua integração em classes comuns de ensino regular. Já no § 3º, aborda que a oferta de educação especial é obrigação constitucional do Estado, tendo seu início na faixa etária de zero a seis anos, no decorrer de todo processo de educação infantil.

Nesse caso, é importante considerar a Convenção da Guatemala (1999), essa que foi divulgada no Brasil por meio do Decreto nº 3.956/2001. Conforme Brasil (2011), esse Decreto teve uma relevante repercussão na educação, pois o mesmo exigia a reinterpretação da educação especial, entendida em âmbito da diferenciação, sendo esse adotado com o intuito de acabar com os obstáculos que dificultam o acesso à escolarização, tendo ainda o objetivo de erradicar todas as formas de discriminação contra indivíduos com deficiência, frisando que todos possuem direitos iguais, e dignidade.

No que refere-se a Educação Especial, essa por sua vez, é estimada como sendo uma modalidade da Educação Comum, não se distinguindo dessa na sua essência, ou seja, não em seus objetivos, mas sim no que se trata de recursos metodológicos que devem ser utilizados por pessoas PNE. Busca contribuir de forma significativa com o desenvolvimento de condições e potencialidades reais, objetivando uma aprendizagem plena, integração social, além da independência, sem que essas pessoas sejam consideradas como diferentes (ROPOLI, 200).

Ainda para Ropoli (2010), diante das conjecturas à educação especial, é possível notar que os direitos que estão postos devem ser levados em consideração visando beneficiar todos aqueles cidadãos que necessitam da educação especial, sendo que nesse caso, a escola deve consistir no espaço que integraliza o ensino regular e o Poder Público deve fazer com que esses direitos sejam implementados e utilizados.

2.1.2 ESCOLA INCLUSIVA

A educação inclusiva deve abranger o educando de todas as formas possíveis, ou seja, cabe a mesma promover atividades que possam se adequar as necessidades que cada pessoa possui. Sendo assim, é preciso que esse processo de inclusão seja por meio da educação inclusiva, onde essa propicie a diversidade na medida em que determine que a educação consiste em um direito de todos, onde essa deve ser orientada em um contexto total desenvolvimento e fortalecimento da personalidade (ARANHA, 2010). Desse modo, o respeito aos direitos e liberdades humanas são a etapa principal para a formação da cidadania e deve ser sempre incentivada.

A educação inclusiva pode ser estimada como sendo o conjunto de princípios e procedimentos implementados pelos sistemas de ensino com a finalidade de adequar a realidade das escolas à realidade do educando, onde essa deve representar toda a diversidade humana. Nenhum tipo de aluno deve ser rejeitado por parte das escolas. Nesse caso, as escolas passam a ser denominadas de inclusivas a partir do momento em que decidem aprender com os educandos que deve ser eliminado, mudando substituído ou acrescentado nas seis áreas de acessibilidade, para que cada aluno possa aprender de acordo com seu estilo de aprendizagem, fazendo uso de suas múltiplas inteligências (Sassaki, 2013, p.15).

Nessa perspectiva, Stainback (2009) enfatiza que a educação inclusiva tem como base uma interpretação ampliada do processo de ensino e de aprendizagem, tendo em conta a questão de que todos são capazes de aprender e que suas diferenças devem ser respeitadas e trabalhadas. Assim, é que a escola comum passa a ser um ambiente propício para a formação de novos referenciais para esses alunos, pois é por meio do convívio com aqueles que não exibem as mesmas particularidades, que esses podem desenvolver novas noções e habilidades.

Segundo Aranha (2010), a educação inclusiva não se limita em uma simples observância mecânica da lei. Antes de tudo essa demanda uma mudança de postura e de concepção por parte dos sistemas educacionais. Sendo assim, todas as modificações necessárias devem envolver atitudes, visões, organização e sobretudo  medidas de operacionalização da atividade educacional.

Mazzota (2015) explica que a educação inclusiva deve ser compreendida como uma tentativa a mais de buscar atender as dificuldades de aprendizagem dos alunos no sistema educacional, de modo que possa assegurar que os alunos que apresentam algum tipo de deficiência tenham os mesmos direitos que os demais alunos.

É dessa forma que a ideia de inclusão busca abordar situações distintas que levam à exclusão social e educativa de grande parte dos alunos. Ela faz referência não apenas aos alunos portadores de necessidades educativas especiais, esses que sem dúvida devem continuar sendo atendidos, mas acima de tudo, preza por todos os alunos que fazem parte do sistema educacional.

2.2 A IMPORTÂNCIA DO LÚDICO COMO PRÁTICA PEDAGÓGICA COM ALUNOS COM NECESSIDADES ESPECIAIS

Na medida em que as pessoas pensam e refletem sobre essa nova forma de educação fundamentada em práticas inclusivas, é possível que surjam algumas dúvidas sobre o fato de como a escola pode aceitar todas as pessoas. Nesse caso surgem indagações como: Será que uma criança deficiente é capaz de acompanhar o desenvolvimento dos demais colegas? Será que todos irão aprender do mesmo modo? Essa criança não estaria melhor se estivesse em uma escola especial? Sua presença pode comprometer o andamento dos demais alunos?

Segundo Caceres (2009), todos esses tipos de questionamento são bastante  comuns por parte das pessoas que ainda não entenderam o verdadeiro papel da educação inclusiva. Com ideais sucedidas de uma cultura excludente por tanto tempo, grande parte das pessoas ainda têm preconceitos e uma certa resistência a esse modo de educar na diversidade.

Caceres (2009) enfatiza ainda que é importante frisar que todas as pessoas são diferentes entre si, sendo que cada um vivencia experiências únicas, interage de forma particular com o meio social, recebe um tipo de educação e cultura conforme o meio no qual esse vive e cada um possui um tipo diferente de inteligência. É devido a essa riqueza de diferenças que as pessoas são seres históricos e sociais, capazes de fazer uso de suas melhores inteligências seja dentro ou fora de sala de aula, podendo esses mudar o mundo e transformarem a sociedade.

Brincar, jogar, fazer pinturas, entre outras atividades consistem em algo natural e universal do ser humano, envolvem atividades que geram alegria, diversão e prazer para todos aqueles que estão envolvidos na ação, além de contribuir de forma significativa para o desenvolvimento físico, intelectual, emocional, social do sujeito. Essas atividades lúdicas se fazem presentes em todas as classes sociais, onde crianças de várias idades brincam e se divertem por meio da ludicidade.

Em conformidade com Ribeiro (2012), ao atuar com crianças especiais, é importante e necessário estar bem longe de rótulos e preconceitos. É essencial assumir as diferenças de cada indivíduo, de tal maneira que promova a sua formação educacional, buscando sempre atender as suas necessidades individuais no processo de aprendizagem.

As atividades lúdicas são de grande relevância para o desenvolvimento de um aluno, independente se esse tenha ou não alguma restrição. Por meio da realização de atividades lúdicas, não existe por parte de quem as pratica, um olhar para o desigual, sendo nesse caso o PNE. Ao contrário do que muitos pensam, todos são vistos como capazes de realizar uma determinada tarefa de forma coletiva, dentro das suas limitações físicas, intelectuais e sociais (NHARY, 2009).

Ainda para Nhary (2009), o ato do brincar/jogar, gera a interação por parte de todos os educandos das séries iniciais, sendo que todos participam das atividades, o que contribui para promover a socialização no espaço educacional, onde o PNE é incluído através da ação lúdica. Considerando o fato de que o mais relevante nessas atividades é o vontade de estar junto com os demais, mesmo que seja para competir, todos são capazes de desfrutar do movimento que a tarefa gera.

Fonseca (2008) explica que em relação as crianças PNE, essas não devem ser   privadas de viver essas experiências no meio real. É necessário que o meio estimule e não oprima a ação lúdica, de tal forma que a criança possa criar e interagir com os demais. É importante frisar que para esses alunos, as atividades lúdicas não consistem em uma simples forma de ocupar seu tempo, em contrapartida, a realização de tais atividades atuam como elemento significativo ao seu desenvolvimento.

Na visão de Neto (2011), o brincar é fundamental na vida de qualquer criança, indiferente das particularidades que exiba. Sendo assim, a criança possui a sua cidadania própria, onde essa passa por uma necessidade básica: o acesso ao espaço e a oportunidade de jogo. Levando em conta tais aspectos, o brincar não consiste apenas em um direito, mas sim em uma necessidade da criança.

Os jogos educativos revelam a verdadeira importância da brincadeira para o desenvolvimento infantil, bem como para a obtenção de conhecimentos por parte dos educandos. Essas contribuem por criar novos desafios do cotidiano e do lúdico, o que leva a assimilação da criança à realidade ou, ainda, como um modo de adquirir o conhecimento a sua maneira, podendo criar novos significados e sentidos ligados a arte de aprender (ALMEIDA, 2013).

Almeida (2013) complementa ainda que o jogo na forma lúdica deve dar espaço para que a criança possa sintetizar a informação do seu modo, tendo liberdade para que esse seja conduzido de forma alegre, divertida, prazerosa e livre. Nesse caso, o educador apenas deve intervir para estimular o entendimento da criança, bem como a interação daqueles que tenham dificuldades de concentração ou participação para que o jogo possa absorver por completo a atenção do educando, colaborando para melhorar o desenvolvimento integral do mesmo.

A brincadeira possui grande relevância na aprendizagem, por conta disso, deve ser valorizada e incentivada, com a brincadeira as crianças podem conferir novos significados aos elementos da realidade vivenciados em seu cotidiano, podendo expor o seu modo compreendê-lo. Sendo assim, a escola deveria procurar explorar ainda mais o contexto do brincar, buscando formas de fazer com que esse seja traduzido em conhecimento, ofertando materiais, espaços e recursos que façam com que a brincadeira seja ainda mais enriquecedora, servindo como um elemento da atividade lúdica onde o aluno cria e recria suas emoções, sentimento e conhecimentos, gerando um ambiente compatível com os anseios e necessidades de cada criança (KISHIMOTO, 1994, p. 19).

Brincar consiste em uma atividade que contribuiu no desenvolvimento físico, cognitivo, psicológico, além de estimular o desenvolvimento intelectual, influencia positivamente a busca pelo conhecimento, possibilitado e facilitando a aprendizagem. O lúdico pode ser estimado como uma estratégia de desenvolvimento da atenção, sendo esse um fator básico para o processo de aprendizagem, além de despertar o respeito, a confiança e uma melhor relação de aproximação no grupo.

Por meio das atividades lúdicas é que de fato as crianças são capazes de reproduzir diversas situações vivenciadas por elas em seu dia a dia, as quais, através da imaginação e do faz-de-conta, são reelaboradas. Segundo Dallabona e Mendes (2010, p. 06):

Essa reprodução do cotidiano tende a ocorrer por meio da combinação entre as experiências vividas pela criança e a possibilidades de novas interpretações e representações do real, conforme aquilo para elas retratem suas afeições, bem como suas necessidades e desejos.

Além disso, é importante levar em conta o fato de que tais atitudes se mostram como sendo essenciais para a atividade criativa do ser humano.

Para Modesto e Rubio (2014, p.03) “O jogo pode ser considerado como sendo essencial para que seja manifestada a criatividade de uma criança, contribuindo ainda para que essa faça uso de suas potencialidades de forma de integral, indo de encontro ao seu verdadeiro eu”. Através da brincadeira é possível que uma criança desenvolva a sua capacidade para um certo tipo de conhecimento, assim, depois de aprendida tal capacidade essa dificilmente será esquecida. Desse modo, é possível dizer que a aprendizagem se dá a partir da formação de conceitos, onde esse conceitos são desenvolvidos com maior facilidade por meio do ato de brincar.

2.3 A CONTRIBUIÇÃO E DESAFIOS DO PROFESSOR PEDAGOGO: OS RECURSOS LÚDICOS E A INCLUSÃO

É essencial considerar o fato de que não existe uma receita pronta para que possa ser atendida a particularidade de cada aluno com deficiência, transtornos comportamentais, condutas típicas ou dificuldades no processo de aprendizagem. Por conta desse motivo, torna-se necessário que as escolas de ensino regular estejam sempre atentas aos interesses, às especificidades e às dificuldades que cada uma das instituições exibem em seu cotidiano. Assim, a escola deve se estabelecer como um espaço solidário, aberto, acolhedor, preparado e capaz para que então possa atender as particularidades de cada aluno.

Para Fleuri (2013), o professor pedagogo que se compromete devidamente com tais condições, se mostra capaz de converter a sala de aula em um local bem mais alegre e prazerosos, onde tanto ele quanto as crianças são cúmplices de uma aventura entre o conhecimento e o aprendizado. As atividades lúdicas contribuem por auxiliar nas ações comunicativas que acontecem entre os alunos e entre os docentes.

A contribuição por parte do professor ocorre através dos recursos lúdicos que esse emprega em sala de aula. Considerar as diferenças é encontrar condições de aprendizagem que sejam adeptas a cada aluno, buscando obter uma educação sob medida. Essa perspectiva tem se renovado com o decorrer dos anos, onde visa substituir o ensino individual, onde cada aluno realiza isoladamente suas tarefas, por uma distinção de circunstâncias didáticas abertas e diversificadas, confrontando cada aluno com o que é obstáculo na sua formação do saber (FLEURI, 2013).

Os espaços inclusivos tendem a estimular as crianças de forma geral, a se comportarem de modo mais ativo perante os desafios da instituição, abandonando, conforme o possível, os modelos, os condicionamentos e a dependência que lhes são típicos. Conforme Chapoulie e Briand (2014), o ensino regular enfrenta uma grande diversidade de desafios, sendo que alguns professores ou até mesmo as escolas exibem um certo um “medo” ao receber um aluno portador de necessidades especiais, principalmente por conta do fato de não terem uma devida capacitação para trabalhar com esses alunos.

Segundo Moreira (2012) para o professor é uma situação triste e inquietante ver uma criança portadora de necessidades especiais e não saber um modo correto de como ajudá-la, sobretudo no seu desenvolvimento intelectual, por fatores externos ao seu conhecimento, tendo em conta que as NEE vão além das deficiências físicas, quanto no plano intelectual. As NEE representam um grande grupo, esse que inclui quaisquer dificuldades no processo de aprendizagem de forma geral.

Em conformidade com Martínez (2012), a escola deve ser um ambiente onde as diferenças sejam aceitas e vistas como normais. Isso, entretanto, apenas é possível caso se tenha um processo de educação que sejam altamente diferenciado, tendo em conta que ele está ligado de forma direta às diferenças dos indivíduos que nele participam.

Para grande parte dos profissionais esse processo de educação diferenciado, necessitaria de fato de mudanças relevantes na representação da escola, bem como também do processo de ensino-aprendizagem. Essas por sua vez, incidem em modificações fundamentais para a constituição do processo de inclusão escolar. Nesse âmbito, o lúdico também tem fixado em si diversas possibilidades que buscam o aperfeiçoamento rumo a transformação e ao aprendizado, resgatando valores e habilidades básicas do sujeito em busca do autoconhecimento (MARTÍNEZ, 2012).

Rezende (2017) enfatiza que a escola é compreendida como sendo um local acolhedor e para todos, independentemente da origem social, religião ou da cultura. No caso dos alunos que apresentam necessidades especiais de aprendizagem, esses por sua vez recebem um atendimento individualizado, de tal forma que esses possam ser capazes de superar suas dificuldades.

Segundo Caceres (2009), o professor exerce um papel de grande importância  para a realização de uma proposta de educação que seja realmente inclusiva. Sua ação, seja através do ato de planejar seu trabalho, bem como sua atuação em sala de aula é estabelecida segundo a sua visão de mundo, pela leitura que esse faz da sociedade, da educação, de si mesmo, e principalmente do seu compromisso com seus alunos e das relações estabelecidas com eles.

Essa postura pessoal tende a ser construída ao longo da vida do educador, levando em conta suas experiências vivenciadas, seja por meio de sua formação pessoal ou profissional. Um professor não será capaz de acreditar no poder da implementação de práticas educacionais inclusivas caso esse não tenha posturas inclusivas em sua vida, ou caso esse não confie na forma de trabalho que a mesma apresenta (CACERES, 2009).

Essa nova forma de educação confere aos educadores o desafio de disseminar conhecimentos que colaborem com a construção de uma melhor qualidade de vida, desencadeando novas atitudes, podendo exercer com satisfação e responsabilidade o seu papel de agente transformador da educação. Essas adaptações se mostram favoráveis a uma ação docente que busca a promoção e o desenvolvimento de todos os alunos, seja os que apresentem ou não necessidades educativas. Nesse sentido, a escola deve repensar o seu papel, realizar mudanças em seus critérios de avaliação e de atividades, além de elaborar e atualizar o seu projeto pedagógico de um modo que contemple a sua ação enquanto escola inclusiva.

3. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Em função do que foi exposto, nota-se que os objetivos propostos nesse estudo foram alcançados. A pesquisa evidenciou que a inclusão enfrenta ainda inúmeras dificuldades em seu caminho, e nesse âmbito, espera-se que as unidades escolares possam ser um lugar onde não exista a discriminação e nem o preconceito, sendo um espaço que acolha as diferenças e a aprendizagem de cada um.

A educação inclusiva se mostra ainda como sendo um grande desafio para os profissionais da área da educação, por conta do fato de que a teoria possui uma diferença em relação ao que é deparado em sua prática. O docente, é estimado como sendo um agente essencial do processo de inclusão dos discentes com necessidades especiais, onde esse deve estar sempre preparado para lidar com todos os seus alunos, de modo que possa assegurar o direito público à educação, buscando ainda acabar com os antigas doutrinas e práticas.

O papel do professor no processo inclusivo está ligado unicamente ao seu empenho com o trabalho e com seus alunos. De fato, não se tem teorias formais, táticas ou recursos característicos, se existe apenas possibilidades e recomendações. Aí se tem uma questão de dificuldade, devido a circunstância que vai depender se o  profissional tem o interesse em usá-los. É na figura do professor que o aluno se espelha e também é onde esse encontra o verdadeiro contexto da inclusão, sendo que todos devem aprender de forma conjunta, mesmo com diferenças ou dificuldades aparentes.

Outra questão importante é que a ludicidade se mostra capaz de aprimorar o aprendizado, como proposta de quebra de paradigmas, de forma que essa promova a inclusão, a possiblidade de entender e de saber quais são as atividades voltadas para a PNE, considerando que não é uma tarefa complementar as outras, mas sim uma atividade que colabora de forma significativa para a formação da identidade e da personalidade. Por meio da ação lúdica é criado um espaço de saber mais alegre e prazeroso, sendo esse estimulante a aprendizagem.

O trabalho pedagógico consiste em um compromisso onde o educador vivencia experiências novas e únicas no decorrer de todo o processo ensino-aprendizagem, por meio de atividades lúdicas é possível que se tenha um maior fortalecimento no aprendizado dos alunos inclusos. Assim, nota-se que o brincar no meio educacional incide em um instrumento de ilustração prática que completa a teoria, sendo esse muito enriquecedor, fazendo com que esses espaços promovam o respeito às regras, a clareza de comunicação e o fortalecimento do vínculo afetivo entre os alunos.

Desse modo, o processo inclusivo pode ocorrer dentro das escolas através da ação lúdica, favorecendo a interação e socialização dos indivíduos, onde os alunos com necessidade especiais são aceitos, respeitados e ativos. Sendo assim, a inclusão consiste em algo essencial, entretanto, ainda é necessário avançar muito em outras questões básicas para que os alunos com deficiência, não se deparem com escolas sem preparo educacional, sem acessibilidade, sem salas de aulas apropriadas para promover o conforto e a permanência do mesmo. Além disso, é importante que se tenha também a adequação do currículo e das formas de avaliação, de modo que as escolas de ensino regular sejam um espaço agradável, capaz de promover uma aprendizagem significativa para os alunos, evitando que se tenha elevação no índice de evasão escolar  por conta de barreiras físicas e pedagógicas.

REFERÊNCIAS

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ARANHA, Maria. A inclusão social da criança com deficiência: criança especial. São Paulo: Rocca, 2010.

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BRASIL. Decreto nº. 3.956, de 08 de outubro de 2001. Promulga a Convenção Interamericana para Eliminação de Todas as For mas de Discr iminação contra as Pessoas Por tadoras de Deficiência. Guatemala: 2001.

CACERES, Marcela. Educação inclusiva: concepções dos professores da rede regular de ensino. 2009. Monografia. Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium. Lins, 2009.

CHAPOULIE, J. M.; BRIAND, J. P. A instituição escolar e a escolarização: uma visão de conjunto. Educação e Sociedade, Campinas, v. 47, p. 11-50, 2014.

DALLABONA, Sandra Regina; MENDES, Sueli Maria Schimitt. O lúdico na educação infantil: jogar, brincar, uma forma de educador. Revista de divulgação técnico – cientifica. Vol. 1 n.4. 2010.

FONSECA, Vitor. Educação especial: programa de estimulação precoce – uma introdução às ideias de Feuerstein. 2. ed. Revista Aumentada – Porto Alegre: Artes Médicas Sol, 2008.

GASPAR, Alessandra Silva. O lúdico na Educação Física Infantil. 2011.Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Educação Física) – Universidade Estadual de Londrina, Londrina, 2011.

HUIZINGA, Johan. Homo Ludens. São Paulo: Perspectiva, 2008.

KISHIMOTO, Tizuko Morchida. O Jogo, a Criança e a Educação. São Paulo: Editora Pioneira, 1994.

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[1] Pós-graduada em gestão e organização da escola com ênfase em coordenação e orientação escolar; Licenciatura plena em pedagogia.

[2] Pós graduação em educação inclusiva; Letras pela UNEMAT de Tangará da Serra; Licenciatura plena em pedagogia pela FAEST.

[3] Pós graduação em Psicopedagogia; Formação plena em pedagogia.

[4] Pós graduação em Gestão Escolar; Licenciatura plena para Pedagogia.

Enviado: Maio, 2021.

Aprovado: Junho, 2021.

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Luciene Lopes de Freitas Loureiro

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