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Simone de Beauvoir e a proposta de educação feminista como superação do machismo

RC: 135354
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CONTEÚDO

ARTIGO DE REVISÃO

 FERRAZ, Arine Gomes [1]

FERRAZ, Arine Gomes. Simone de Beauvoir e a proposta de educação feminista como superação do machismo. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano. 07, Ed. 12, Vol. 05, pp. 71-80. Dezembro de 2022. ISSN: 2448-0959, Link de acesso: https://www.nucleodoconhecimento.com.br/educacao/educacao-feminista

RESUMO 

A educação das mulheres concentra-se em certos comportamentos padrão, como o que vestir e os hábitos de comportamento. Durante séculos, essa estrutura educacional, iniciada no meio familiar, se refletiu no ambiente escolar. Em 1827, o Brasil promulgou a primeira grande lei educacional que previa que meninos e meninas fossem educados separadamente e com currículos diferentes. Assim, este artigo tem como objetivo estudar, através da perspectiva de Simone de Beauvoir sobre machismo no “eterno feminino”, acerca das desigualdades históricas na educação escolar e familiar de homens e mulheres, e como a pedagogia feminista contribui para a luta contra a desigualdade de gênero. Portanto, a questão norteadora dessa pesquisa é: “como a pedagogia feminista pode auxiliar na abolição das práticas sexistas no âmbito educacional?”. A proposta metodológica de pesquisa utiliza uma abordagem qualitativa, porque lida com os aspectos não quantificáveis ​​da realidade e se concentra em compreender e explicar a dinâmica das relações sociais. Além disso, este trabalho aborda a educação das mulheres a partir de uma perspectiva histórica e discute as implicações do feminismo como facilitador do processo de construção de uma educação não sexista e igualitária nas escolas. Assim, partindo do pressuposto de que o movimento feminista contribui para o processo de construção de um sistema educacional que visa educar de forma igualitária tanto meninos quanto meninas, reflete acerca da possibilidade de uma educação que possa ser construída como superação do eterno feminino, contribuindo para o caminho de liberdade que cabe à existência humana da mulher.

 Palavras-chave: Educação, Feminismo, Machismo, Igualdade de gênero, Simone de Beauvoir.

INTRODUÇÃO

O ciclo vicioso do sexismo é a causa do aumento da desigualdade de gênero, e perpetua os males de uma sociedade machista e opressora. Assim, há a necessidade de fazer uso efetivo da educação neutra em termos de gênero nas escolas, que transcenda a sala de aula e atravesse a sociedade, a fim de construir uma educação baseada na igualdade entre meninos e meninas pela luta feminista.

Frente a isso, o movimento de liberação de preconceitos e contra o poder patriarcal segue pautando desde a educação dos filhos até o campo profissional de homens e mulheres. Dessa forma, a ascensão histórica da identidade feminina e a mudança da sociedade desconstroem estereótipos, e uma nova forma de educação é implementada para conscientizar a sociedade desde a infância.

Nesse sentido, este artigo tem como objetivo estudar, através da perspectiva de Simone de Beauvoir sobre machismo no “eterno feminino”, acerca das desigualdades históricas na educação escolar e familiar de homens e mulheres, e como a pedagogia feminista contribui para a luta contra a desigualdade de gênero. Portanto, a questão norteadora dessa pesquisa é: “como a pedagogia feminista pode auxiliar na abolição das práticas sexistas no âmbito educacional?”.

A proposta metodológica de pesquisa utiliza uma abordagem qualitativa, porque lida com os aspectos não quantificáveis ​​da realidade e se concentra em compreender e explicar a dinâmica das relações sociais. Além disso, este trabalho aborda a educação das mulheres a partir de uma perspectiva histórica e discute as implicações do feminismo como facilitador do processo de construção de uma educação não sexista e igualitária nas escolas.

A análise aqui realizada foca em explicar a educação como um meio de permanência do essencialismo gerado a partir da compreensão da feminilidade como algo eterno e imutável, limitando a possibilidade de transcendência da mulher e afirmando-a sempre como uma passividade, e aborda a possibilidade de uma educação que possa ser construída como uma superação do eterno feminino, contribuindo para o caminho de liberdade em que cabe à existência humana para a mulher.

REFERENCIAL TEÓRICO

Simone de Beauvoir (1967) nomeou o “Eterno Feminino” como um conjunto de ações na sociedade patriarcal que considera a masculinidade e a feminilidade como traços e comportamentos esperados ou não em uma mulher, sendo características que as definem   em seu contexto biológico, e que as trazem para suas relações sociais.

Endossando isso, Márcia Regina Viana (2007, p. 102) diz: “O conceito de feminilidade eterna quer por vezes aproveitar as diferenças biológicas observadas entre os sexos na tentativa de legitimar a sua existência, no sentido de que se baseia na necessidade de identificar uma espécie vulnerável”.

Em outras palavras, os homens são os donos da humanidade e as mulheres são apenas mulheres. É nessa visão que a mulher se constitui como outra. “A mulher é definida em relação ao homem, não ele em relação a ela. O homem é o sujeito, o absoluto; Ela é outra pessoa.” (BEAUVOIR, 2016, p. 12-13).

Beauvoir levanta a possibilidade de que, embora o status da mulher na sociedade se deva à sua cumplicidade, também é possível pensar que a mulher não se considera sinônimo de liberdade, ao contrário da visão de Sartre, que interpretaria tal ação como uma prática de má fé.

Reynolds (2013, p. 209), explicando essa diferença na filosofia existencial de Beauvoir e por analogia à situação das mulheres, diz que se o escravo carece de liberdade prática por muito tempo, ele não consegue imaginar sua vida fora da prisão e da liberdade, o que pode afetar seu eu livre.

Simone de Beauvoir (2016), em “O Segundo Sexo”, menciona como foi composta a educação de meninos e meninas no século 20. No entanto, deve-se notar que a concepção de educação em sua obra é muito diferente daquela de educação escolar, porque o que é apresentado pela autora é a formação do indivíduo no contexto das relações familiares e socioculturais. É por isso que a educação molda as mulheres em passividade e submissão; porém, se esta educação for transformada, pode ser instrutivo construir liberdade para meninas que se tornarão mulheres.

É fácil imaginar um mundo onde homens e mulheres são iguais, porque é exatamente isso que a revolução promete:

[…] as mulheres, educadas e treinadas da mesma forma que os homens, trabalharão em condições idênticas e pelos mesmos salários; pornografia gratuita será aceita pela alfândega, o casamento será baseado em compromisso livremente pactuado que os cônjuges poderão rescindir a qualquer momento que desejarem; a maternidade será gratuita […] (BEAUVOIR, 2016, p. 549-550).

Simone de Beauvoir (1967) menciona que se observam diferenças na escolaridade de cada sexo, o que persiste até hoje. A educação das mulheres concentra-se em certos comportamentos padrão, como o que vestir e seus hábitos de comportamento. Eles as fazem aprender as tarefas domésticas com seus brinquedos, a maioria dos quais são conjuntos de cozinha ou bonecas que representam o cuidado e o encanto maternal da infância, proporcionando-lhes virtudes, feminilidade, ensinando-as a cozinhar, costurar, cuidar da casa, e ao mesmo tempo, incutindo-lhes cuidados com a aparência e adequação às regras de conduta.

Eles convencem a criança de que é pela superioridade dos meninos que se exigem mais deles; para encorajá-lo em seu difícil caminho, eles incutiram nele o orgulho da masculinidade; Para ele, essa abstração tem um aspecto concreto: é representado no pênis; não é natural que se sinta orgulhoso de seu sexo insolente; Ele sente isso através das atitudes das pessoas ao seu redor. Mães e cuidadoras mantêm a tradição de assimilar o pênis à ideia de homem; seja porque reconhecem seu prestígio em gratidão ou submissão amorosa, seja porque desejam vingança quando o encontram na criança de maneira insultada, seja porque tratam o pênis do bebê nascido com uma gentileza especial. (BEAUVOIR, 2016, p. 15)

Isso significa aprender que ser homem é melhor do que ser mulher. Com isso, a passividade também é bem-vinda pelas meninas, pois são ensinadas que também é sua função agradar e gostar de um objeto, que sempre acaba sendo algo que não pertence ao todo, chamado de humanidade.

[…] portanto deve renunciar a sua autonomia. Eles a tratam como uma boneca viva e negam sua liberdade; Assim se completa um ciclo vicioso, pois quanto menos ela exercita sua liberdade de conhecer, aprender e explorar o mundo ao seu redor, menos recursos ela encontra ali, menos ousa se afirmar como sujeito. (BEAUVOIR, 2016, p. 25)

Durante séculos, essa estrutura educacional, iniciada no meio familiar, se refletiu no ambiente escolar. Em 1827, o Brasil promulgou a primeira grande lei educacional que previa que meninos e meninas fossem educados separadamente e com currículos diferentes. Enquanto os meninos aprendiam matemática mais avançada, as meninas não aprendiam além das quatro operações básicas, e seu currículo ainda deveria incluir lições de habilidades domésticas, como corte, costura e bordado (BRASIL, 1827).

O argumento utilizado para perpetuar esse sistema opressor e machista era baseado na alegação de que as meninas possuíam menor capacidade intelectual do que os meninos, estando destinadas à vida doméstica, dados que não obedeciam a nenhum critério científico. Assim, pode-se evidenciar que os fatores sociais acabam sendo o principal ponto discrepante em relação aos gêneros, seja na política, no mercado de trabalho, nas relações sociais e afetivas ou no âmbito econômico – iniciando no ambiente educacional.

Os resultados da Prova Brasil, que medem o aprendizado em português e matemática de alunos de 5º e 9º anos, representam um bom termômetro das trajetórias históricas das relações sexuais reconstruídas e presentes no ambiente escolar. Em relação aos resultados da aprendizagem do português no 9º ano, mais meninas do que meninos atingiram o nível considerado equivalente, a saber, 39,1%. No entanto, em matemática, as proporções de meninas e meninos em nível considerado adequado se inverteram (13,0% e 20,0%, respectivamente) (ALVES e FERRÃO, 2019). Mas isso não quer dizer que as meninas sejam melhores em idiomas e os meninos sejam melhores em matemática; é, sim, reflexo de uma suposta vocação histórica e social.

Esse cenário vem sendo desconstruído gradativamente por meio de muito ativismo e conscientização por parte do movimento feminista, que busca romper padrões e mudar a realidade da educação, e como consequência, a realidade das mulheres, principalmente as marginalizadas, negras e transexuais, minorias nesse processo. Ainda é longo o caminho e muito mais precisa ser feito para acabar com a masculinidade e o sexismo nas escolas e ambientes acadêmicos.

Segundo Simone de Beauvoir (1967, p. 9) “Ninguém nasce mulher: se torna mulher”, observando que tudo o que se espera de uma mulher em uma sociedade não é algo naturalmente vindo do gênero feminino, mas de uma sociedade construída ao longo dos séculos e de acordo com os interesses das classes dominantes. Este processo é, por vezes, fruto de trabalhos realizados por reconhecidos estudiosos de diferentes épocas, contendo reflexões e fundamentos responsáveis ​​por reforçar as desigualdades de gênero já estabelecidas.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A educação é fundamental na forma como os indivíduos são moldados em papéis sociais e em sua existência. Para as mulheres, de modo especial, essa educação representa a construção de uma pessoa passiva e que faz parte, sem constrangimentos, dos atores da humanidade. Porém se diz que a educação é uma construção, e pode ser colocada no contexto histórico, sociocultural e, portanto, considerada como adaptável. Dessa forma, pode-se perceber que a opressão, até então associada à biominimização, começa a se manifestar em termos culturais, ou seja, a partir do momento em que se formam seres culturalmente, aprende-se que tal hierarquia entre os sexos é natural. E, como conceito aprendido e não intrínseco, pode ser transformado (ROSA e MACHADO, 2016, p. 247).

Portanto, entender a educação como mutável, e não um meio perpetuador de uma “natureza feminina”, pode transformá-la e tornar possível algo para além da existência do “eterno feminino” na sociedade. Assim, Simone de Beauvoir aponta para essa possibilidade quando, por exemplo, sugere que:

Se desde a infância uma menina é educada com as mesmas exigências, com a mesma honra, com a mesma seriedade e com a mesma licença dos irmãos, para se dedicar aos mesmos estudos, aos mesmos jogos, prometendo o mesmo futuro, rodeada de mulheres e de homens, se forem indiscutivelmente iguais a ela, então o significado de “complexo de castração” e “complexo de Édipo” mudará profundamente. Assumir, como um pai, a responsabilidade pelo bem-estar material e espiritual do casal, […]; a criança sentirá um mundo andrógino ao seu redor e não macho; embora mais efetivamente atraída por seu pai – isso é improvável – seu amor por ele será tingido com um desejo de emulação, em vez de um sentimento de desamparo: não levará à passividade (BEAUVOIR, 2016, p. 551).

Pensar na emancipação da mulher no livro “O Segundo Sexo” é colocá-la como indivíduo que pode ser considerado como sem necessidade da “sombra dos homens”, desde que haja outra educação na qual ela aprenda a independência na escolha de seu próprio destino. Essa liberdade, porém, é de todos os sujeitos, e, na mulher, conquistada pela superação da prisão constituída pelo essencialismo da feminilidade. Não pode ser atribuída simplesmente a uma educação diferente da anterior, pois a educação tem se apresentado como um meio de permanência da eternidade feminina.

Embora a educação seja a eterna possibilidade de transcender a feminilidade, Simone de Beauvoir vê a liberdade como alcançável em um mundo onde todos são livres. Nenhuma mulher é completamente livre a menos que todas sejam. Nenhuma liberdade, exceto todos os súditos: “Simone de Beauvoir não acredita na ‘salvação individual’, e na liberdade individual, pois para ela não existe liberdade sem os outros ao seu redor” (ROSA e MACHADO, 2016, p. 245).

Assim, através dessa pesquisa, pode-se observar, de acordo com a obra de Beauvoir, que os professores facilitam o processo de construção de uma educação livre de gênero nas escolas, a partir do momento em que integraram os preceitos da igualdade e do respeito ao outro em sua prática docente, além de atuarem para formar meninas e meninos feministas.

Compreende-se, assim, a importância do feminismo para o desenvolvimento acadêmico de alunas, pois se opõe ao patriarcado e suas diversas formas de opressão. Os movimentos feministas atuam lançando luz sobre os estigmas ideológicos impostos à sociedade ao longo dos séculos, bem como motivando mulheres de todas as idades a almejar um futuro melhor para si e para suas futuras gerações, obtendo melhores resultados na educação e campos de carreira. A escola tem um papel social muito importante, pois compartilha com a família a responsabilidade de formar pessoas. É onde se aprende a conviver com as diferenças e, se necessário, fazer ajustes para que não haja diferenças a fim de que todos se respeitem.

Freire (1996) reflete sobre a prática docente e a relação de interdependência que os professores têm com os alunos, através do conceito de pensamento correto e da concepção do professor como inspiração e modelo.

Para o autor, “o verdadeiro mestre que ensina, isto é, aquele que trabalha segundo o conteúdo dentro do rigor do pensamento reto, nega a fórmula do fariseu para fazer o que digo, não para fazer o que faço” (FREIRE, 1996).

O pensamento correto é, neste caso, colocar em prática o que se defende, com professores que valorizam a democracia e se opõem a todas as formas de discriminação, incorporando esses aspectos em sua prática docente, dentro e fora da sala de aula. Freire (1996) afirma:

A rejeição mais decisiva de qualquer forma de discriminação faz parte do pensamento correto. Práticas tóxicas de raça, classe e gênero ofendem a natureza humana e negam a democracia. A que distância estamos de quando vivíamos com o castigo de quem matava crianças na rua, de quem matava fazendeiros lutando por seus direitos, de quem discriminava o negro, de quem rebaixava a mulher? (FREIRE, 1996, p. 19-20).

Assim, é significativa a criação de sistemas educacionais moldados pelos programas sem afetar os primeiros anos, em que os professores atuam de acordo com a transformação epistemológica trazida pelo movimento feminista proposto no cenário educacional, que nega veementemente o uso de métodos que reproduzem ideologias sexistas.

Assim como os antigos contos de fadas têm uma abordagem ultrapassada da imagem feminina, pois “a literatura infantil é um dos lugares importantes para a educação feminista, para a consciência crítica, justamente porque crenças e identidades ainda estão sendo formadas.” (HOOKS, 2018, p. 37)

Tal abordagem deixa claro que, para que as ações educacionais feministas sejam efetivas, é preciso que haja um esforço conjunto e um consenso entre famílias, escolas e sociedade. Essa mudança será gradual, pois está estabelecida uma cultura patriarcal, um padrão em que a imagem masculina lidera e tem poder. Essa estrutura impõe indiretamente os papéis de cada gênero, e quem não segue esses preceitos está sujeito a diversas formas de violência. Portanto, para que haja um progresso constante na educação das mulheres, é necessário que: “Não deixemos que os homens que se orgulham do poder usem os mesmos argumentos de reis e tirânicos, que falsamente afirmam que as mulheres devam se submeter a eles” (WOLLSTONECRAFT, 2016, p. 67).

A luta pelos direitos das mulheres deve ser árdua e contínua, para que se possa, finalmente, alcançar a igualdade sociopolítica entre os sexos. As políticas públicas estão no centro dessas discussões e devem ser avaliadas e revisadas com base nas informações oficiais fornecidas pelo INEP, a partir da identificação das desigualdades estruturais na educação no país. O cerne está em torno de gênero, raça e nível socioeconômico. Para isso, é fundamental um acordo nacional, baseado na governança democrática, que coloque a educação inclusiva como uma agenda central de debate; ações contra o racismo que orientam o programa de educação sobre as relações raciais e étnicas, o sistema nacional e o plano de ação nacional para as mulheres.

Verifica-se, portanto, que o feminismo ajuda a combater as práticas machistas no ambiente escolar, pois propõe uma transformação das principais estruturas sociais- principalmente porque o sistema educacional tende a replicar métodos machistas que afetam diretamente a aprendizagem das meninas nas escolas públicas ou privadas- com o objetivo de mudar essa realidade.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Observando que os pressupostos aqui discutidos sugerem que o movimento feminista ajudaria a construir sistemas educacionais que visassem à educação igualitária entre meninos e meninas, fica claro que a hipótese levantada é condizente com a realidade, porque, como apresentado, o feminismo tem como objetivo promover uma educação não sexista nas escolas.

Nesse sentido, é importante ressaltar que diferentes vertentes feministas podem se distinguir por vários aspectos ao longo de suas trajetórias e significados, mas têm objetivos comuns e universais, como o de acabar com a opressão das mulheres e incentivá-las a buscar a liberdade. Deve-se desmantelar, constantemente, o mito das diferenças naturais que moldam os sistemas de sexismo e fazem como da desigualdade de gênero algo político e sociopolítico, pois a masculinidade estrutural fomenta muitas formas de violência contra os indivíduos na sociedade, afetando todas as áreas de atuação, inclusive no âmbito educacional, refletindo no processo de escolarização de meninos e meninas.

Portanto, nota-se que um dos fatores que pode contribuir para o declínio desse sistema patriarcal, machista e opressor é o incentivo à abolição das práticas sexistas nos estabelecimentos escolares, através de uma reformulação da política educacional. Além disso, a existência de um processo contínuo de irmandade entre as mulheres é essencial para mudar essa problemática estrutural da desigualdade de gênero. Sendo assim, observa-se que a discussão e análise sobre o tema não se esgota nesse artigo, mas abre possibilidades de pesquisas futuras.

REFERÊNCIAS

ALVES, Maria Teresa Gonzaga; FERRÃO, Maria Eugénia. Uma década da Prova Brasil: evolução do desempenho e da aprovação. Fundação Carlos Chagas, v. 30, n. 75, 2019. DOI: https://doi.org/10.18222/eae.v0ix.6298. Disponível em: https://publicacoes.fcc.org.br/eae/article/view/6298. Acesso em: 19 out. 2022.

BRASIL. Lei de 15 de outubro de 1827. Coleções do império do Brasil 1827. Rio de Janeiro, 1827. Disponível em: https://bd.camara.leg.br/bd/handle/bdcamara/18351. Acesso em: 11 out. 2022.

BEAUVOIR, Simone de. O Segundo sexo. Difusão Europeia do livro. São Paulo, 1967.

BEAUVOIR, Simone de. O segundo sexo: a experiência vivida, Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 2016.

BEAUVOIR, Simone de. O segundo sexo: fatos e mitos, vol. 1; Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 2016.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. Paz e Terra, São Paulo, 1996. 

HOOKS, Bell. O feminismo é para todo mundo. 1. ed. Rosa dos Tempos, Rio de Janeiro, 2018.

REYNOLDS, Jack. Existencialismo. Rio de Janeiro: Vozes, 2013.

ROSA, Graziela Rinaldi da. MACHADO, Rita de Cássia Fraga. Simone de Beauvoir: uma filosofa feminista. In: Filósofas: a presença das mulheres na filosofia. São Paulo: Editora fi, 2016.

VIANA, Marcia Regina. Demissão ou assunção da existência: uma questão moral em Simone de Beauvoir. Dissertação de Doutorado – Universidade Gama Filho, Rio de Janeiro, 2007.

WOLLSTONECRAFT, Mary. Reivindicação dos direitos da mulher. São Paulo: Boitempo, 2016.

[1] Pós-graduação em Neuropsicopedagogia, MBA em Gestão Empresarial, Licenciatura em Pedagogia e Bacharelado em Ciências Econômicas.

Enviado: Outubro, 2022.

Aprovado: Dezembro, 2022.

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Arine Gomes Ferraz

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