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Atributos do Exercício Profissional do Ensino na Docência Superior: Revisão de Literatura

RC: 12965
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CONTEÚDO

LUCENA, Doralice Rocha de Lucena [1], FIGUEIREDO, Suelânia Cristina Gonzaga de [2]

LUCENA, Doralice Rocha de Lucena; FIGUEIREDO, Suelânia Cristina Gonzaga de. Atributos do Exercício Profissional do Ensino na Docência Superior: Revisão de Literatura. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Edição 9. Ano 02, Vol. 05. pp 102-112, Dezembro de 2017. ISSN:2448-0959

Resumo

O estudo faz referência à docência do ensino superior com enfoque nos atributos constituintes do oficio de docente dessa modalidade do ensino. Visa discutir acerca dos atributos constituintes do exercício profissional do ensino na docência superior, considerando conhecimento, competências e a ética como forma de respaldar as ações do profissional nesse contexto que implica diversas formas de interações sociais. Para alcançar esses objetivos foi realizada uma pesquisa de base bibliográfica em forma de revisão de literatura narrativa em livros e artigos científicos disponibilizados nos sites de busca acadêmica. Nos resultados, verificou-se que além da transmissão de conhecimentos pelo adequado emprego das habilidades e manejo das técnicas do ensino-aprendizagem, inclui-se entre os atributos do docente do ensino superior a disposição para a aprendizagem continuada e aquisição de novos conhecimentos, uso dos recursos tecnológicos e necessidade de atuar com ética profissional nesse contexto de constante avaliação de suas habilidades profissionais, interacionais e pessoais. As universidades e os docentes do ensino superior têm diante de si desafio de formar cidadãos crítico-reflexivos, profissionais ético-morais, com capacitação e habilidades técnicas coerentes com a área de formação. Ressalte-se a necessidade de mais investimentos na formação do docente do ensino superior, de modo a favorecer os processos do ensino e os sujeitos envolvidos nesse contexto.

Palavras-Chave: Docência, Ensino Superior, Ética Profissional.

Introdução

O exercício profissional da docência superior é complexo e desafiador, vai além da transmissão e construção de saberes presentes em outros momentos do processo de ensino e aprendizagem. No contexto acadêmico, o docente exerce influência mais diretamente ligada à formação do profissional, que num futuro breve será inserido ao mercado de trabalho.

No ensino superior o docente interage com acadêmicos, visto que se trata de uma prática que implica interações humanas. Nesse espaço de interação, o professor tem como responsabilidade a delicada tarefa de contribuir efetivamente na formação de outros profissionais. Para isso, requer-se do docente uma gama de conhecimentos e competências, além da capacidade de ação respaldada pela ética profissional.

O docente precisa estar ciente de suas competências e de que as interações no contexto educacional são abrangentes, onde o educador é avaliado por seus alunos não somente em relação às habilidades e domínios das técnicas de ensino que emprega. O professor universitário é também avaliado por sua capacidade de interagir e mediar interações entre os acadêmicos, além de se constituir em modelo profissional, que poderá ser imitado ou não.

É nesse contexto que se considera a importância de discutir acerca dos atributos constituintes do exercício profissional do ensino na docência superior, considerando conhecimentos, competências e a ética como forma de respaldar as ações do profissional nesse contexto que implica diversas formas de interações sociais. Acredita-se na contribuição de uma pesquisa nesse sentido no âmbito acadêmico-científica, sobretudo pelos conhecimentos respaldados cientificamente que poderão ser disponibilizados nos conteúdos desse estudo. Faz-se necessário refletir criticamente sobre o papel do docente do ensino superior, utilizando-se para isso da literatura disponível no ramo da educação.

Para alcançar o objetivo proposto nessa pesquisa, realizou-se uma revisão de literatura narrativa. Essa modalidade de pesquisa é de base bibliográfica realizada por meio da consulta aos meios de produção científica diversos, incluindo livros e artigos científicos disponibilizados nas principais bases de dados acadêmicas e preferencialmente em revistas da área da educação. A pesquisa bibliográfica conforme Vergara (2011) é a que se propõe a, estudar sistematicamente materiais que são produtos de publicação em livros, revistas, jornais e redes eletrônicas.

Quanto à revisão de literatura narrativa, segundo Rother (2007), vale ressaltar que as fontes de informações sobre um determinado tema não precisam ser esgotadas. É um tipo de abordagem considerada adequada para o embasamento de artigos científicos e outras produções, tendo em vista que: analisa e interpreta a literatura publicada em livros e outras produções; permite a análise crítica considerando a subjetividade do autor; possibilita a aquisição e atualização de conhecimentos sobre um tema específico; consiste em síntese qualitativa.

Visando clareza e objetividade na formatação da pesquisa, foram estabelecidos critérios de inclusão e exclusão das literaturas. Nesse aspecto foram incluídas as produções literárias cientificamente respaldadas; produções científicas que abordam os temas pertinentes aos objetivos propostos nessa pesquisa; produções científicas com ênfase na educação; produções científicas publicadas a partir do ano de 2012. Foram excluídas todas as produções que não corresponderam a esses critérios.

Desafios da formação acadêmica e da docência superior

A formação acadêmica é um desafio para as instituições e os profissionais da área do ensino, visto que não deve ser restrita a conteúdos considerados acadêmicos somente, ou seja, as abordagens do contexto da formação universitária devem ser atuais e formadoras de pessoas melhores, de seres pensantes e críticos. As universidades têm diante de si a missão de colaborar para o desenvolvimento do acadêmico enquanto pessoa, de modo a propiciar o conhecimento que interligue as propostas de desenvolvimento nos âmbitos pessoal e profissional (MORGADO, 2015).

Ao refletir sobre os desafios da docência do ensino superior, Masetto (2012, p. 16) pontua:

Os desafios que se apresentam hoje para a Docência no Ensino Superior envolvem alguns eixos deste ensino que necessitam de urgente debate e imediatas soluções: a construção e socialização do conhecimento interdisciplinar; a valorização do processo de aprendizagem ; a formação de profissionais competentes e cidadãos; a concepção do tempo-espaço da aula universitária e sua dinamização explorando as possibilidades de ela poder ser realizada em ambientes profissionais; a formação de um professor com atitude de parceria com seus pares e com os alunos, e mediação pedagógica no relacionamento com seus alunos contribuindo com a construção de sua formação profissional.

Oliveira e Silva (2015, p. 3) concordam com a complexidade no exercício da docência e acrescentam que “[…] pressupõe uma compreensão da realidade, frente às suas múltiplas relações no conjunto organizacional das Instituições de Ensino Superior e na assimilação dialógica do fazer docente”.  Por sua vez, Oliveira (2012) assinala que a formação do sujeito ético-moral é o grande desafio para os profissionais da área da educação, incluindo os docentes do ensino superior.

No cenário das universidades, o professor é um incentivador ao exercício da autonomia e cidadania dos acadêmicos. Na contramão do sistema, os docentes têm a oportunidade de corroborar para com a construção de valores e de condutas de acordo com os princípios da moral e da ética, acreditando que, mesmo atuando com sujeitos adultos e diante do descrédito dos valores ético-morais, o professor exerce um papel relevante nessa formação (OLIVEIRA, 2012).

O docente do ensino superior é desafiado a contribuir na formação de pessoas críticas, capazes de construir saberes. Por esse motivo, deve desenvolver uma visão crítica de suas ações no desempenho do oficio de docente. Quanto às universidades, é preciso investir na formação pedagógica do professor universitário, de modo que esses profissionais não se limitem apenas a repetir em classe o que aprenderam com outros professores, reproduzindo seus métodos e estratégias pedagógicas, visto serem estes o único referencial na interpretação do que é a docência (PEREIRA; ANJOS, 2014).

As universidades, encarregadas da transmissão do conhecimento científico produzido em seu contexto têm o encargo de socializar o conhecimento, tendo seu corpo técnico profissional e seus discentes como agentes dessa socialização. Espera-se que das universidades venham os avanços qualitativos nos diversos ramos do conhecimento e que esse conhecimento se torne acessível aos aspectos sociais, econômicos e profissionais. “O Ensino Superior é espaço de conhecimento: transmissão, construção, divulgação e aplicação do ensino e da aprendizagem” (SCHWARTZ; BITTENCOURT, 2012, p. 2).

Em relação ao papel do docente na docência superior, Silva (2014, p. 2) afirma que:

Percebe-se que o docente, além de seus conhecimentos técnicos e científicos, é tido como referência de conduta, ou seja, moral para seus alunos. Buscando aporte na História da Educação narrada nas correntes pedagógicas, o mestre é um espelho que reflete para o aluno exemplificações de postura, decisões, pensamentos e conceitos.

Nesse sentido, o docente contribui para a formação educacional, profissional e também global de seus alunos, o que torna esse ofício um desafio. O docente deve entender os acadêmicos, mesmo adultos, ainda se encontram em processo de formação, muitas vezes perdidos no contexto social em que se inserem. Nesse sentido considera-se importante que “[…] o docente tenha a percepção da sua importância sobre a formação de seus alunos, sendo um agente transformador, que indague e motive uma postura crítica” (SILVA. 2014, p. 2).

Atributos do ofício da docência superior

Alguns atributos ou características são imprescindíveis no exercício da docência no ensino superior, tais como a ética, domínio das técnicas de ensino, empregos dos recursos tecnológicos, capacidade de interações interpessoais, entre outras. A ética é considerada entre os atributos essenciais do docente, visto que a qualidade desse trabalho tem relação com os relacionamentos interpessoais. Desse modo, a ética tem sido discutida em diversos contextos e frequentemente está em pauta entre os temas sociais, contudo, tem-se observado o discurso diferente da prática, em que a falta de ética nas relações aparece com maior frequência, a despeito de ser requerida em toda espécie de relação interpessoal (SILVA, 2014).

As sociedades, ao longo de suas histórias se sustentaram moralmente por intermédio da ética. No entanto, na atualidade, as sociedades se encontram num processo de busca de referenciais éticos que foram perdidos. Moralização e decência são exigidas em diversas formas de discursos, ao mesmo tempo, os escândalos sociais impregnam um verdadeiro estado de perplexidade nas pessoas. Fato é que há a necessidade de novos rumos à sociedade, nesse aspecto, em que os processos como a educação e a ética se tornam fundamentais (OLIVEIRA, 2012).

Silva (2013) chama a atenção para o que considera o foco do profissional na área da educação e do ensino na formação acadêmica, a qualificação na área de formação ou especialização. Entre tantas habilidades requeridas do docente, esse aspecto deve estar bem claro, de modo que o professor não seja confundido, por exemplo, com um conselheiro, embora o seja diante de determinadas situações. O professor deve manter o foco de sua função, mas isso não o impede de estar aberto às oportunidades que possam emergir ao longo dos processos de formação acadêmica de seus discentes, no sentido de contribuir para o desenvolvimento e formação global destes.

Oliveira e Silva (2015) pontuam que a formação profissional também prescinde da formação de seu papel social, assim, o profissional é reconhecidamente formado não somente quando administra os processos técnicos de sua profissão, por exemplo, o docente que consegue propiciar a produção de conhecimentos científicos. Porém, quando é capaz de exercer o papel social da profissão que abraçou e isso requer a capacidade de ser ético-moral.

A habilidade de lidar com a inovação tecnológica é outro atributo essencial e se constitui em oportunidade ao docente que visa melhorar a qualidade do ensino. Essa qualificação impõe ao docente a necessidade de refletir sobre suas práticas e concepções e se qualificar continuamente, de modo que não se deixe ultrapassar, tendo em vista que nos processos de ensino a cada dia emergem novos desafios e possibilidades, numa sociedade onde mudanças ocorrem rapidamente (CORREIA; GÓES, 2013).

No mesmo sentido, Oliveira e Silva (2015) assinalam que a evolução dos processos tecnológicos não deve ser ignorada na prática docente, visto que, reconhecidamente os métodos inovadores para o processo de aprendizagem se constituem em facilitadores para a informação e desenvolvimento das práticas docentes e discentes. Desse modo concordam com importância do emprego dos recursos tecnológicos devido aos benefícios ao processo de ensino-aprendizagem, bem como o reconhecimento de que se constitui em ferramenta ao docente e ao discente que em sua formação necessita se desenvolver e se tornar autônomo.

Em cada momento da história a aprendizagem e o conhecimento foram enfatizados de alguma forma, embora se reconheça a maior valorização do conhecimento nesses últimos séculos, onde mudanças ocorrem rapidamente. Assim, nesse contexto de mudanças e novidades o professor não mais “detém” o saber, mas é desafiado à aprendizagem contínua e reconstrução de suas teorias, o que leva a outra necessidade do professor no sentido de desenvolver a habilidade de refletir, reconstruir e ressignificar suas práticas enquanto docente (SCHWARTZ; BITTENCOURT, 2012).

De acordo com Silva (2013), a aprendizagem, que melhor se define no termo educação, se constitui em uma troca de benefícios, onde o saber do professor e do aluno é valorizado. Ao professor é importante saber que, mesmo na posição de ensinar, também irá aprender e se beneficiar dos conhecimentos de seu aluno. Por sua vez, deve ser despertado no aluno o interesse de compartilhar o que pensa ou entende sobre determinado assunto e que mesmo na função de aluno ele pode contribuir para o processo da aprendizagem. A criatividade é imprescindível ao ensino:

[…] ensinar deve ser parte de um processo criativo, no qual professores e alunos sejam desafiados a todo instante a sempre procurarem mais e, após encontrarem o objeto procurado, tenham a inquietação de procurar por outro, conscientes da importância de mentes ávidas pela construção constante do conhecimento. O professor, inclusive, pode usar a ânsia de conhecer conteúdos novos com a qual o aluno chega ao ensino superior para mostrar-lhe exemplos de práticas que o auxilie a alcançar o aprendizado permanente e sobre a importância da dúvida para que a geração de novos pensamentos seja possível (SILVA, 2013, p. 5).

As práticas do professor universitário devem ser repensadas e seus conteúdos organizados, a fim de que possa participar efetivamente do ensino e da construção de significativos conhecimentos. Requer-se também a habilidade de adequação à realidade de seus alunos e consciência de que tem algo a transmitir como também a aprender no compartilhamento de saberes. Tais características no docente universitário se tornam imprescindíveis e podem favorecer o clima para a aprendizagem do profissional em formação.  (RIOS; GHELLI; SILVEIRA 2016).

Nesse entendimento, infere-se que devam ser diversas as habilidades do docente, e tais habilidades devem ser distintas entre professores e alunos. Esses requisitos apontam para a necessidade de que os professores possam ir além das suas especializações, ou seja, que sejam capazes de transitar por áreas distintas do conhecimento. No cotidiano o professorar irá se deparar com alunos com distintos saberes, principalmente em decorrência dos avanços nas tecnologias que permitem maior acesso ao conhecimento, por isso, o transitar em diferentes áreas contribui para que os papeis de docentes e discentes fiquem claros, a despeito do domínio que se tenha em determinada área de conhecimento (SCHWARTZ; BITTENCOURT, 2012).

Por outro lado, a capacidade de lidar com distintos saberes dos acadêmicos deve ser somada à capacidade de lidar com o que o aluno não aprendeu ao longo do ensino de base. Desse modo, discute-se a necessidade de propiciar compensações quanto ao saber no ensino universitário como forma de potencializar a formação superior. Ao sair da universidade, é essencial que o acadêmico esteja qualificado para o mercado de trabalho altamente competitivo, como também para a vida em sociedade. Ou seja, atribui-se à formação universitária o papel de formar pessoas melhores (SILVA, 2013).

Valorização da docência no ensino superior

Conforme Pereira e Anjos (2014, p. 6): “Ao professor do ensino superior, é atribuída a responsabilidade de formar profissionais competentes para suprir as necessidades do mercado de trabalho”. Entretanto, os autores fazem alguns questionamentos acerca da ausência de formação prévia específica para atuar como docente do ensino superior. Apesar de se exigir do docente o domínio do conteúdo, das tecnologias e demais recursos pedagógicos, a capacidade de oportunizar o desenvolvimento das competências e habilidades dos acadêmicos entre outras atribuições, nem mesmo a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBN) especifica com clareza o que caracteriza um professor universitário.

Rios, Ghelli e Silveira (2016, p. 144, 145) concordam que:

No Brasil, […], a docência no ensino superior ainda é pouco pesquisada e necessita de novas fontes de análise que possibilitem a criação de novos referenciais em relação à profissionalização do professor universitário, sua formação acadêmica e a real influência que ele exerce na formação de seus alunos.

Corrêa e Ribeiro (2013) consideraram a necessidade de se valorizar mais o ensino nas universidades e, consequentemente o docente, como também de formar um habitus pedagógico.  Para isso, faz-se necessário investir no capital pedagógico como forma de incentivar o desenvolvimento do ensino superior, seja por meio de políticas públicas ou por meio dos critérios avaliativos na pós-graduação, a docência do ensino superior necessita de um olhar mais atento, de uma cultura de valorização. Dessa forma os processos do ensino poderão ser mais prazerosos e professores e alunos favorecidos.

Embora se saiba que a identidade do docente do ensino superior se forma por um conjunto de experiências pessoais e profissionais, a capacitação do professor com relação às práticas pedagógicas deve se permanente e não apenas voltada para os processos da formação dos professores do ensino de base, assim, sugerem-se os cursos de formação específica (GIANSANTE, 2016).

Além dos cursos de capacitação, a formação docente inclui as vivências no convívio individual e coletivo com os alunos, entre os docentes, comunidades e as próprias IES. Aquisição de conhecimentos abrangentes que levem o professor a fazer novas interpretações do mundo e aplicá-las na prática da sala de aula, pesquisa e extensão universitária (GIANSANTE, 2016, p. 9).

Todo indivíduo para exercer uma determinada profissão precisa de formação específica nessa área e ao docente do ensino superior não deveria ser diferente. Assim como na educação de base é exigido que o professor seja formado especificamente, também deveria ser nos bacharelados, onde a maioria dos professores leciona sem a devida formação para a prática docente.  “Além disso, se o trabalho do professor é considerado uma profissão como as demais, é preciso repensar essa questão, visto que ser docente é exercer uma atividade profissional que deve estar de acordo com a prática pedagógica” (RIOS; GHELLI; SILVEIRA 2016, p. 145).

O núcleo da pratica do ensino é a didática, portanto é necessário que o docente possua essa formação. Além disso, o docente é desafiado constantemente em relação às abordagens metodológicas que utiliza, de modo que não adote uma perspectiva metodológica tecnicista, tendo em vista a posição de influenciador do professor na formação de outros profissionais, o que poderá perpetuar tal perspectiva e comprometer a qualidade do ensino (CRUZ; MAGALHÃES, 2017).

Considerações finais

O entendimento de que o professor detinha o saber e os alunos eram leigos perdurou algum tempo nas sociedades. No entanto, a partir de debates, pesquisas e constantes reflexões sobre as práticas envolvidas no processo de ensino-aprendizagem se verificam diversas mudanças nesse cenário que apontam para a falência do conhecimento pronto e transmitido pelo professor “detentor do saber” em classe e a necessidade de se construir o saber dialeticamente entre os pares, professor e aluno.

Desse modo, enfatiza-se a responsabilidade das instituições de ensino no sentido de serem propiciadoras da construção de conhecimentos. Em contato mais direto com o aluno, o professor se torna um mediador na construção do conhecimento, onde deverá ter a habilidade de somar o saber do aluno ao seu, contudo não permitindo que as funções de ambos sejam confundidas, mas estabelecida a clareza de papeis.

No tocante à docência do ensino superior, cabe às universidades, quer sejam públicas ou privadas proporcionarem um ambiente adequado, com todo o aparato necessário, de modo a colaborarem para propiciar a construção de novos conhecimentos e se possível repor o que o acadêmico não aprendeu em sua formação de base. A universidade, além de qualificar tecnicamente os profissionais que serão inseridos no mercado de trabalho, levando o seu nome, tem o desafio de contribuir para a formação social e global desse indivíduo, ou seja, desenvolvimento intelectual, profissional e pessoal.

Do docente do ensino superior, espera-se que além da transmissão de conhecimentos pelo adequado emprego das habilidades e manejo das técnicas do ensino-aprendizagem, possua atributos, tais como a disposição para a aprendizagem contínua, onde será sempre um aprendiz; aquisição de novos conhecimentos e manuseio dos recursos advindos do desenvolvimento tecnológico e a necessidade de atuar com ética profissional nesse contexto.

O docente ao exercer sua profissão se expõe à constante avaliação de suas habilidades profissionais, interacionais e pessoais, onde, em muitos casos se torna um referencial a ser seguido pelos futuros profissionais.  As universidades e os docentes do ensino superior têm diante de si desafio de formar cidadãos crítico-reflexivos, profissionais ético-morais, com capacitação e habilidades técnicas coerentes com a área de formação.

REFERÊNCIAS

CORREIA, LC; GÓES, NM. Docência universitária: desafios e possibilidades. II Jornada de Didática e I Seminário de Pesquisa do CEMAD, 2013.

CORRÊA, GT; RIBEIRO, VMB. A formação pedagógica no ensino superior e o papel da pós-graduação stricto sensu.  Educ. Pesqui., São Paulo, v. 39, n. 2, p. 319-334, abr./jun. 2013.

CRUZ, GB; MAGALHÃES, PA. O ensino de didática e a atuação do professor formador na visão de licenciandos de educação artística. Educ. Pesqui., São Paulo, v. 43, n. 2, p. 483-498, abr./jun., 2017.

GIANSANTE, CCB. Formação docente na educação superior: algumas reflexões sobre os desafios da profissão. Revista Pandora Brasil, n. 70 – Janeiro de 2016.

MASETTO, MT. Competência Pedagógica do Professor Universitário. 2 ed. rev. São Paulo, Summus, 2012.

MORGADO, JC. Resenha: La enseñanza universitaria. El escenario y sus protagonistas Educar em Revista, Curitiba, Brasil, n. 57, p. 293-301, jul./set. 2015.

OLIVEIRA, NC; SILVA, ALB. Docência no Ensino Superior: O Uso de Novas Tecnologias na Construção da Autonomia do Discente. Rev. Saberes, Rolim de Moura, v. 3, n. 2, jul./dez., p.03-13, 2015.

OLIVEIRA, ALC. A ética como elemento integrante da formação inicial docente. XVI ENDIPE – Encontro Nacional de Didática e Práticas de Ensino – UNICAMP – Campinas – 2012.

PEREIRA, LR; ANJOS, DD. O Professor do Ensino Superior: Perfil, desafios e trajetórias de formação. Seminário Internacional de Educação Superior: Formação e conhecimento, Anais…, 2014.

RIOS, GM; GHELLI, KGM; SILVEIRA, LM. Qualidades de um professor universitário: perfil e concepções de prática educativa. Ensino Em Re-Vista Uberlândia, MG, v.23, n.1, p.135-154, jan./jun. 2016

ROTHER, E.T. Revisão Sistemática X Revisão Narrativa. Editorial. Acta Paul Enferm, 2007, vol. 20, n. 2.

SCHWARTZ, S; BITTENCOURT, ZA.Quem é o “bom professor” universitário? estudantes e professores de cursos de licenciatura em pedagogia dizem quais são as (ideais) qualidades deste profissional. XI ANPED Sul. Seminário de Pesquisa em Educação da Região Sul, 2012.

SILVA, MS. Um Pensar Sobre a Ética nas Relações Docente e Aluno no Ensino Superior Estação Científica – Juiz de Fora, nº 11, janeiro – junho / 2014.

SILVA, LR. Docência na contemporaneidade: desafios para professores no ensino superior. Revista Primus Vitam . n. 5 – 1º semestre de 2013.

VERGARA, Sylvia Constant. Projetos e relatórios de pesquisa em administração. 13. ed. São Paulo: Atlas, 2011.

[1] Psicóloga pela Faculdade Metropolitana de Manaus – FAMETRO. Pós-graduanda em Metodologia do Ensino à Docência Superior – Faculdade Metropolitana de Manaus – FAMETRO.

[2] Economista, Especialista em Ciência Financeira, MSc em Desenvolvimento Regional,  Doutorand em Ciências da Educação, Orientadora em Metodologia Científica II do Curso Metodologia do Ensino à Docência Superior – Faculdade Metropolitana de Manaus – FAMETRO.

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Doralice Rocha de Lucena

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