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Dificuldades em interpretação na leitura de livros, encontradas pelos alunos do ensino médio: um estudo de caso com alunos do 3º ano do ensino médio no município de Rio Crespo-RO

RC: 108223
1.248
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DOI: 10.32749/nucleodoconhecimento.com.br/educacao/dificuldades-em-interpretacao

CONTEÚDO

DISSERTAÇÃO

MOCHINSKI, Clarê [1], MENDES, Ivanise Nazaré [2]

MOCHINSKI, Clarê. MENDES, Ivanise Nazaré. Dificuldades em interpretação na leitura de livros, encontradas pelos alunos do ensino médio: um estudo de caso com alunos do 3º ano do ensino médio no município de Rio Crespo-RO. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano. 07, Ed. 03, Vol. 02, pp. 05-44. Março de 2022. ISSN: 2448-0959, Link de acesso: https://www.nucleodoconhecimento.com.br/educacao/dificuldades-em-interpretacao, DOI: 10.32749/nucleodoconhecimento.com.br/educacao/dificuldades-em-interpretacao

RESUMO

A leitura deve ser uma habilidade desenvolvida e incentivada, principalmente, na escola. Os estudantes do ensino médio, chegam nessa etapa com uma vasta defasagem a respeito do hábito de leitura de livros, resultando em profunda dificuldade no momento de interpretar a leitura. Sendo assim este estudo foi realizado com alunos do Ensino Médio e parte da questão norteadora: por que há essas dificuldades em interpretação na leitura de livros nos alunos do 3º ano do Ensino Médio em uma escola pública estadual em Rio Crespo – Rondônia? Diante do exposto, este trabalho teve como objetivo descobrir por que ainda há dificuldades na interpretação da leitura de livros e como acontece a leitura e a interpretação de livros com os alunos do 3º ano do Ensino Médio dessa escola pública estadual. O estudo busca fazer uma análise de como é trabalhada a interpretação e a leitura trazendo à tona metodologias inovadoras para sanar as dificuldades em interpretação na leitura de livros. O trabalho apresenta uma amostra constituída por professores e 40 alunos, que se encontram diariamente em busca de novos resultados, desenvolvendo projetos inovadores. Os dados foram coletados no início do ano letivo e analisados qualitativamente através de descrição, observando as respostas dos alunos e dos professores. A discussão dos resultados indica que o incentivo à leitura é um fator primordial para a iniciação e continuidade da vida literária dos adolescentes e dos jovens, sendo necessária a realização de projetos contínuos de incentivos a leitura nos mais diversos níveis de escolaridade, para que quando estes cheguem ao ensino médio, já possuam as habilidades de interpretação na leitura de livros bem aprimoradas e seja possível manter a liberdade de escolha dos livros a serem lidos pelos educandos, a fim de que ocorra a continuidade das leituras por livre e espontânea vontade.

Palavras-chave: Leitura; Interpretação; Incentivo.

INTRODUÇÃO

Este material aqui apresentado é uma parte da dissertação de Mestrado – apresentada em 2020 – resultado de pesquisa sobre dificuldades em interpretação na leitura de livros encontradas pelos alunos do 3º ano do Ensino Médio e foi elaborada nas seguintes partes:

A primeira parte traz o Marco Introdutório, abordando o problema investigado na pesquisa, destacando os objetivos a que se propõe, descrevendo o local da pesquisa, as hipóteses e as variáveis, finalizando esta parte com a justificativa do trabalho.

Em seguida destaca-se o Marco Metodológico onde procurou identificar o tipo, o nível e o desenho de investigação que a pesquisa exigiu, o quadro de operacionalização das variáveis estudadas, a identificação da população e da amostra pertencentes ao estudo, finalizando com os procedimentos para a coleta de dados e o processamento para análise dos dados coletados.

Após a coleta de dados seguiu-se com a apresentação, análise e discussão dos resultados dos dados obtidos.

Para finalizar, as considerações finais, procurou responder às questões levantadas, aos objetivos almejados e as propostas que o estudo mereceu.

Sabe-se que a leitura é um dos meios pelo qual se obtém conhecimento das mais diversas áreas, por isso essa pesquisa parte da necessidade de descobrir por que há ainda dificuldades na interpretação na leitura de livros. A amostra se constitui em professores que trabalham em disciplinas, além do português, que exigem leitura e interpretação e com os quarenta alunos os quais estão com a faixa etária entre quinze e dezoito anos, sendo doze masculinos e vinte e oito femininos, estudantes divididos em duas salas de aulas, com uma professora, apenas, de língua portuguesa. O período dessa pesquisa se deu durante o ano letivo de 2016.

Tem como relevância oferecer aos discentes do 3º ano do Ensino Médio uma alternativa diferenciada facilitando assim leitura de livros, a interpretação, a argumentação e o vocabulário utilizado para produção textual como também para dialogar com as pessoas do convívio diário, por isso a necessidade em despertar os estudantes a praticarem a leitura e sanar as dificuldades em interpretação.

Independentemente do tipo textual que está presente na obra em estudo, o aluno deve ser capaz de fazer intervenções quando necessário. O indivíduo que desenvolve o hábito de interpretação ao realizar uma leitura concentra conhecimentos mais profundos e desenvolve as habilidades em evoluir como ser humano pensante e um profissional capacitado naquilo que desenvolve. O engrandecimento e a satisfação pessoal e profissional são fontes de riqueza que os livros trazem em si, não somente de modo material, mas também no sentido mais digno da palavra, para que o leitor usufrua deste recurso.

Assim com o incentivo à leitura e o desenvolvimento das habilidades com a prática periódica, os discentes utilizam-se dos conhecimentos adquiridos até então para depois iniciar a escrita, conhecem  as regras e a linguagem que irão utilizar no discurso, utilizando-se das formas e dos códigos adequados constroem discursos com maior clareza e eficácia além disso motiva o amadurecimento do  pensamento crítico e desenvolve a ambição por novas possibilidades, para que tem acesso ao material  elaborado.

A ausência de interpretação na leitura cotidiana de livros entre os alunos do 3º ano do Ensino Médio em uma escola pública de Rio Crespo é perceptível. É também escassa a procura de livros na biblioteca por esses alunos, com isso fica notório as dificuldades desses estudantes em interpretação na leitura de livros. Cagliari (1997, p. 27) define a leitura como: a extensão da escola na vida das pessoas. A maioria do que se deve aprender na vida terá de ser conseguido através da leitura com interpretação dentro e fora da escola.

A leitura é uma herança maior do que qualquer diploma, por isso a importância de praticá-la ininterruptamente, independente se é cobrado ou não pelos professores ou familiares, mas para isso é preciso desenvolver no educando as habilidades necessárias para que essa prática aconteça.

Essa realidade do Ensino Médio, em permanecer com dificuldades em interpretar a leitura de livros precisa ser revertida, pois é de responsabilidade da escola em criar mecanismos para levar os discentes ao desenvolvimento e a aprendizagem independente da época em que estão estudando, o discente precisa aprender a interpretar o que lê e o que está escrito, superar as dificuldades para que sua vida de estudante seja uma caminhada de sucesso, para isso é necessário que encontrem professores dispostos a mudar essa realidade dos estudantes, através de incentivos e metodologias diferenciadas, que despertem o interesse em desenvolver as habilidades em interpretar a leitura, a qual deve ser feita de forma prazerosa.

Diante dessa realidade o problema se enfatiza com o conceito na formulação e pretende saber através de qual/quais variáveis surgiu essa dificuldades em interpretação na leitura e que vem prejudicando o desenvolvimento do discente no Ensino Médio, em uma escola pública estadual em Rio Crespo-RO onde a interpretação na leitura de livros  não é desenvolvida pelos discentes como uma forma de aprimoramento pessoal e que é através das habilidades desenvolvidas de interpretação na leitura que tudo fica mais fácil, compreender como acontece o sucesso nas realizações dos trabalhos escolares e a comunicação de forma clara e expressiva com os indivíduos, torna-se tudo mais prazeroso.

Para esclarecer as dificuldades enfrentadas por essa escola, com esses alunos de Ensino Médio foram realizadas algumas pesquisas em obras de autores que já escreveram sobre o assunto relatado nesta investigação, onde foram consideradas as seguintes dimensões: a motivação dos estudantes para leitura, formação dos docentes e metodologia aplicada, dificuldades em adquirir livros diversificados, cultura familiar.

– A motivação dos estudantes para realizarem leitura; “…a motivação não nasce espontaneamente nem natural ou mecanicamente, mas precisa ser estimulada em cada aprendiz…” (FAIRSTEIN e GYSSELS, 2005, p. 74).

– A formação dos docentes na metodologia aplicada para desenvolverem o hábito de leitura nos estudantes; “…a leitura é uma atividade de acesso ao conhecimento produzido, ao prazer estético e, ainda, uma atividade de acesso às especificidades da escrita” (ANTUNES, 2003, p. 70).

– A dificuldade de adquirir livros diversificados e que os atraiam; De acordo com Geraldi (2006, p. 62)

é importante que a biblioteca possibilite ao aluno a retirada do livro, pois ele iniciará a leitura em aula, mas o enredo o levará a querer saber o fim da história. Certamente ele lerá fora da aula, independentemente de solicitação do professor.

– A cultura da família dos estudantes, entre outros. De acordo com Scoz, (1994, p. 71 e 173), a influência familiar é decisiva na aprendizagem dos alunos. Se a leitura é valorizada no seio familiar, os alunos encontram um ambiente favorável para sua prática, e incentivo para realização de uma atividade contínua.

A leitura é vista como algo sem interesse que acontece de forma obrigatória, somente em lugares rígidos, como a escola.

De acordo com Raimundo (2007, p. 111),

Dentro do seio familiar a leitura é mais leve, prazerosa, criando um vínculo maior entre pais e filhos, num primeiro momento com a observação das ilustrações dos livros lidos pelos pais, com a audição de cantigas de ninar, de histórias para dormir, até que a criança se sinta com vontade de retribuir e contar ou ler suas próprias histórias.

A criança desenvolve o interesse pela leitura sensorial a partir do momento que é incentivada no ambiente em que convive diariamente, logo em seguida esse interesse despertado leva aos outros níveis (emocional e racional) os quais vão surgindo com as solicitações de professores que buscam ampliar o desejo por leitura e conhecimento. Seguindo essa sequência de estímulo desde cedo em casa e na escola, o estudante provavelmente chegará ao Ensino Médio com suas habilidades desenvolvidas e não sofrerá com o desânimo no momento de praticar a leitura e não enfrentará tantas dificuldades na hora da interpretação.

Percebe-se que não é simples sanar as dificuldades em interpretação na leitura de livros encontradas pelos alunos do 3º ano do Ensino Médio, são percalços que precisam ser superados para que as desenvolturas em interpretação da leitura sejam desenvolvidas e com isso facilitar a compreensão dos discentes, para isso o estudante precisa enxergar a relevância do aprendizado em sua vida.

A ausência e as dificuldades em interpretação na leitura de livros entre os alunos do 3º ano do Ensino Médio em Rio Crespo – RO é preocupante, pois os alunos de uma escola pública estadual, em sua maioria não entendem o que leem, com isso a escola apresenta um nível básico de aprendizagem isso fica perceptível no resultado do SAERO, (programa que avalia o desenvolvimento em português e matemática dos alunos, no estado de Rondônia) mostra que a falta de habilidades em leitura dificulta o entendimento das questões propostas distanciando assim a educação de qualidade, que a escola tanto almeja, um ensino com melhores índices e a formação de uma população mais desenvolvida e habilitada a enxergar a realidade com olhar mais criativo e crítico, pois é através da leitura cotidiana que se alcança uma educação de qualidade com melhores índices e se forma uma população mais ativa e participativa nas decisões sociais.

No entanto, a leitura e a interpretação adequada e permanente de livros variados são consideradas um meio de conhecimento e compreensão de uma realidade que ultrapassa a ideia de codificar símbolos. É através de interpretações adequadas das leituras variadas, que o indivíduo desenvolve uma visão crítica e reflexiva da realidade na qual está inserido. Caso o jovem seja educado em um ambiente em que a leitura faz parte da vida cotidiana e no ambiente familiar, a possibilidade aumenta em desenvolver o prazer pela leitura, caso contrário, será preciso criar alternativas para estimular a leitura e isso parte para a responsabilidade da escola desenvolver esse trabalho juntamente com todos os funcionários envolvidos na educação

De acordo com Vieira (2004, p. 05):

Os pais podem iniciar contando histórias para os filhos dormirem, presentear as crianças com livros, incentivar os filhos a contarem histórias em casa, assim haverá sempre uma troca de conhecimentos e cria-se um estímulo para que as crianças, adolescentes e jovens tenham realmente prazer pela leitura, pois não adianta crianças crescerem ao redor de livros e odiarem a leitura.

As diretrizes curriculares para o Ensino Médio propõe uma articulação entre as práticas de leitura escolar e as práticas sociais para que o aluno desenvolva as habilidades necessárias e possíveis para contextualizar a leitura com o mundo real e que seja capaz de argumentar desenvolvendo assim a criticidade entre o que se lê e a realidade que os rodeia, esse é o desafio da escola que vai além de alfabetizar, é preciso tornar o aluno habilitado a compreender o mundo de forma crítica e contextualizada.

Para diminuir o problema das dificuldades na interpretação da leitura de livros, os professores precisam buscar meios metodológicos eficientes para infiltrar no seu aluno o “hábito de leitura”. A leitura seria então, um fator importante para a formação do indivíduo, desde que esse aluno, que não tenha o hábito de leitura, seja convencido dessa importância em conviver e desenvolver esse meio de buscar o conhecimento utilizando a leitura, para isso é necessário que toda a escola esteja envolvida nesse objetivo, pois mesmo com todo interesse dos professores em desenvolver no educando a “prática de leitura”, vê-se que as escolas passam pelo que denominaram de “crise de leitura”. Esta “crise” se dá pelo fato do alunado não ler textos escritos, principalmente livros, no seu dia a dia, (MARTINS, 2003, p. 71).

A partir dessas dificuldades presentes na vida dos discentes do 3º ano do Ensino Médio em interpretação na leitura de livros e na tentativa de aprofundar seus conhecimentos sanar esses percalços, despertou–se a necessidade em desvendar por que há essas dificuldades em interpretação na leitura de livros nos alunos do 3º ano do Ensino Médio em uma escola pública estadual em Rio Crespo – Rondônia? Diante dessa questão que nos inquieta surgiram as seguintes perguntas as quais serão respondidas no decorrer da elaboração deste trabalho.

1 – Como acontece o estímulo aos estudantes do 3º ano do Ensino Médio, para desenvolver as habilidades em interpretação na leitura de livros?

2 – A formação dos docentes é suficiente para desenvolver nos estudantes do 3º ano do Ensino Médio o entendimento em interpretação na leitura de livros?

3 – A metodologia usada, pelos docentes, é oportuna para desenvolver nos estudantes do 3º ano do Ensino Médio a habilidade em interpretação na leitura de livros?

Para realização desta dissertação foi traçado como objetivo geral: desvendar por que ainda há dificuldades na interpretação da leitura de livros pelos alunos do 3º ano do Ensino Médio, que participaram da pesquisa, na escola pública de Rio Crespo – Rondônia. E acompanhando o objetivo geral apresenta-se também os objetivos específicos:

  • Identificar como é desenvolvida a motivação dos alunos do 3º ano do Ensino Médio para a prática de leitura.
  • Averiguar se a formação dos professores é compatível para o desenvolvimento de leitura e interpretação de livros na turma de 3º ano do Ensino Médio.
  • Verificar a metodologia usada pelos professores no desenvolvimento da leitura de livros na turma de 3º ano do Ensino Médio.

JUSTIFICATIVA

A falta de leitura entre os adolescentes e os jovens é um tema preocupante. Juntamente com a falta de leitura vem problemas como o baixo desenvolvimento escolar, dificuldades na escrita, dificuldades na compreensão, causando assim o desconforto em assuntos relacionados à aprendizagem e desenvolvimento intelectual.

O déficit na leitura acarreta dificuldades no desenvolvimento da vida em geral, prejudicando de maneira significativa a vida profissional como um todo. Faz-se necessário desvendar o real motivo da grande repulsa à leitura por parte dos adolescentes e dos jovens.

É na escola que os conceitos de leitura devem ser reforçados, pelo professor juntamente com toda a comunidade escolar, cuja competência, da escola, é fazer com que a interpretação e a leitura de livros sejam um hábito na vida dos alunos, de forma a tornar-se uma atividade espontânea. Pois, se conhecimento é poder, esse poder se deve a capacidade de ler, ou seja, se deve ao hábito de leitura.

Esta pesquisa pretende desvendar por que há dificuldades de interpretação das leituras e identificar os meios utilizados na motivação dos alunos do 3º ano do Ensino Médio matriculados em uma escola pública estadual. E, assim, reforçar a importância do desenvolvimento necessário no ato da leitura para que aconteça um bom entendimento referente aquilo que está sendo lido.

Nota-se em pessoas que praticam a leitura constantemente, a sua forma de se comunicar, de se expressar, que o vocabulário utilizado é totalmente diferenciado comparado às pessoas que não têm o hábito de leitura.

Os estudantes precisam ser incentivados a buscar na leitura uma forma de enriquecer seus conhecimentos; Piletti (2000, p. 29) coloca a escola como responsável direta pela formação de bons leitores, e isso é fundamental para que os professores procurem dinamizar esta busca de novos conhecimentos de seus alunos, através da prática de interpretação na leitura no âmbito escolar e fora dele também.

A importância desta pesquisa é cogitar, mediante os resultados alcançados, que ações pedagógicas com o apoio de toda a comunidade escolar, (escola, família e sociedade) são realmente necessárias e possíveis para atingir os objetivos na formação de leitores.

Seguindo as orientações de Souza; Ricetti e Osti (2009, p. 08), na tentativa de sanar as dificuldades na leitura e formar leitores ativos, será imprescindível que o ambiente escolar seja favorável e abra mais caminhos para motivação à prática de leitura do que para o fato de ensinar o ato de ler, pois não havendo estímulo a dificuldade aumento no desenvolvimento do aprendizado. E nesse contexto a escola precisa priorizar metodologias que facilitem e estimulem a interpretação da leitura diariamente, utilizando os mais diversos meios de interpretação, leitura e escrita de todos os tipos de assunto que interessarem aos alunos, como livros diversos, revistas, jornais, gibis e escritas digitais.

O estudo realizado nessa escola onde os alunos são a maioria filhos de família simples é de grande importância, pois em termos práticos, visa o desenvolvimento dos discentes em leitura e interpretação e a formação de leitores contínuos e capacitados intelectualmente para o mundo do trabalho e o bom desempenho diante da sociedade.

O aluno deve ser incentivado a explorar sua criatividade, sendo capaz de gerir uma escrita que seja fiel a sua personalidade e sua representação em qualquer ambiente no mundo, mas para abrir essas possibilidades é necessário desenvolver o hábito da realização de leituras contínuas, a leitura pressupõe fruição; ler é um ato que deve permanecer ativo em todas as situações do cotidiano, sendo demonstrado nas atitudes e ações do indivíduo leitor. A sensação adquirida após uma boa leitura permanece por tempo indefinido após a realização dela.

Segundo os PCNs Brasil (1998, p. 48), para sanar as dificuldades encontradas durante o desenvolvimento da leitura, é necessário a escola:

Dispor de uma boa biblioteca, de um acervo de classe com livros e outros materiais de leitura; organizar momentos de leitura livre em que o professor também leia. Para os alunos não acostumados com a participação em atos de leitura (…) participem e conheçam o valor que a possuem, despertando o desejo de ler.

A escola precisa oferecer condições para que os alunos construam aprendizagem na leitura, além de conquistar o educando de forma prazerosa, é necessário oferecer oportunidades que os atraiam para a prática da leitura e interpretação mais profunda sobre aquilo que leem.

No entanto, os alunos que frequentam este estabelecimento de ensino, são adolescentes de fácil convivência e amigáveis, a maioria, com bom comportamento. São oriundos de famílias simples e humildes, as quais acompanham o desenvolvimento escolar de seus filhos, pois todos se conhecem na escola e na rua.

A forma de trabalho desenvolvido pela escola, ainda segue o modelo tradicional de ensino e, ainda é amplamente utilizado por alguns educadores sendo que a escola não desenvolve, até o momento, nenhum projeto específico, referente ao desenvolvimento e prática de leitura com os alunos do ensino médio. No interior da escola é possível se deparar com uma pequena biblioteca onde os funcionários que ali atendem são remanejados de suas funções, disponibilizados para realizar o atendimento.

Segundo Carraher (1986, p. 126), “…tal modelo de educação trata o conhecimento como um conjunto de informações que são simplesmente passadas dos professores para os alunos, o que nem sempre resulta em aprendizado efetivo”.

Quando isso acontece, os docentes não passam de meros ouvintes e nem sempre é possível assimilar os conhecimentos passados pelos docentes, dessa forma os discentes conseguem apenas memorizar por pouco tempo esquecendo-os dentro de alguns dias evidenciando então que não houve um aprendizado significativo ou satisfatório.

Segundo Freire (1990, p. 15), transmitir conhecimento não significa exatamente ensinar, mas abrir portas para o próprio desenvolvimento, mostrar o caminho para a evolução e produção. A psicopedagogia se dispõe dos caminhos da aprendizagem articulando o trajeto do indivíduo, assim percebendo quando as ações da escola não são satisfatórias para o desenvolvimento de uma aprendizagem de qualidade em relação aos discentes.

No entanto, a comunidade escolar conhece todas as famílias dos estudantes, porque todos residem próximos, já que o município é pequeno e possibilita a aproximação da escola com a família dos estudantes.

Como diz Pereira (2008, p. 39),

… a educação precisa de mudar e que as mudanças podem ser negociadas entre os diferentes agentes educativos, cabendo à escola o papel de as tornar mais visíveis e reais, ficando as famílias mais interessadas, próximas e conscientes da sua importância.

Quando a escola está em sintonia com as famílias, ou os responsáveis de seus alunos torna-se um lugar agradável para os estudantes, pois a escola é uma instituição que complementa a família no desenvolvimento intelectual e social de cada indivíduo, tendo em vista a integração plena no seu ambiente.

A preocupação com a capacidade ou com a incapacidade de leitura dos adolescentes e jovens está diretamente relacionada com a certeza de que a qualidade de vida do cidadão na sociedade atual depende do domínio dessa competência, a leitura realizada constantemente e vivenciada diariamente pelo indivíduo. Nessa perspectiva, a leitura é considerada uma competência necessária para a apropriação do conhecimento nas diversas áreas do saber.

Assim sendo o objetivo de um projeto didático de leitura sobre livros diversos é o de criar no leitor necessidades para que ele por si só vá buscar a leitura que mais o agrada. São desafios que criam necessidades: querer conhecer, apoderar-se dos bens culturais ainda guardados pela escrita, descobrir outros mundos, perceber e buscar outras leituras que “conversem” com sua leitura – a intertextualidade – são necessidades que podem gerar prazer, estimular repertórios, fazer sonhar, ajudar a ver o mundo de uma forma mais clara e explicável.

A formação de leitores não tem sido tarefa fácil para a escola, ante os muitos problemas que afetam as condições de ensino. É urgente, contudo, encontrar soluções que permitam aos educadores, juntamente com toda a comunidade escolar, preparar os alunos para as diversas situações sociais onde a oralidade, a escrita, a interpretação e a leitura são exigidas e avaliadas, nas mais diversas formas.

Nesse sentido, muito se tem discutido acerca do processo de desenvolvimento da leitura e da compreensão leitora dos jovens, com o intuito de oferecer referenciais teóricos que orientem os professores, não só os de português, no cumprimento dessas. Este processo é longo, envolve o planejamento, a organização e a realização de múltiplas atividades de ensino.

Muitos pais e professores expressam suas preocupações em relação aos seus filhos e enquanto professores, seus alunos na hora de lerem, por demonstrarem pouco interesse pela leitura e possuírem dificuldades para compreender e produzir textos. Por isso é necessária uma análise maior e mais detalhada sobre a forma como esses processos vêm sendo conduzidos no interior da escola e realizar as ações necessárias para que a mudança nesse cenário aconteça e satisfaça o desejo dos pais, professores e principalmente aconteça o desenvolvimento da interpretação e da leitura nos jovens estudantes.

Ler em sala de aula é difícil para uma grande maioria dos alunos, de acordo com Kleiman (2008, p. 16) porque eles não veem sentido para essa leitura. A autora relata que as práticas desmotivadoras, decorrem, basicamente, de concepções erradas sobre a natureza do texto e da leitura, e, portanto, da linguagem, levando assim ao desinteresse por parte dos discentes em desenvolver o hábito pela leitura.

Escolhemos o 3º ano do Ensino Médio por ser um período de mudança de nível, e por isso ocasiona mudanças também nas disciplinas que são direcionadas com mais ênfase aos conteúdos exigidos pelo ENEM. Além disso, é no 3º ano do Ensino Médio que várias disciplinas são implementadas, cobradas com mais rigor, dentre elas a disciplina de Literatura, é principalmente, nesse período que a leitura e a interpretação serão de fundamental importância para a obtenção de um resultado favorável.

METODOLOGIA

Esta pesquisa utiliza-se o enfoque misto (qualitativo/quantitativo), pois representa um conjunto de processos sistemáticos e críticos de pesquisa que aludem a coleta e análise de dados qualitativos e quantitativos, e com isso fazem a integração sistemática em um só estudo (SAMPIERI, 2013, p. 150).

O método científico é o caminho racional para se chegar ao objetivo deste estudo que consiste em uma pesquisa exploratória e descritiva, com estudantes do 3º ano do ensino médio, conforme Silva e Menezes (2001), exploratória porque, embora haja muito material acerca da leitura e da formação de leitores, não se verificou a existência de uma pesquisa local sobre o assunto. Descritiva porque visa analisar, interpretar e descrever as percepções sobre o tema estudado no local.

Para a elaboração desta dissertação foi utilizado o levantamento de literaturas bibliográficas, pesquisas aplicadas em áreas correlatas e investigação da formação dos docentes e das práticas pedagógicas utilizadas com o objetivo de formar leitores ativos, sendo que o TCLE – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, foi apresentado e realizado de forma informal, ou seja, através de diálogo não registrado em papel, pois não houve a necessidade de registro formal.

Para a realização deste trabalho utiliza-se da pesquisa descritiva seguindo o procedimento de levantamento e análise de dados da amostra através de observação e aplicação de questionários a uma comunidade escolar.

Utiliza a categoria quase experimental Sampieri (2013, p. 154), pois em geral, o desenho de investigação condiciona o tipo e nível de investigação a um grupo intacto.

O universo desta pesquisa é composto pelos estudantes do 3º ano do ensino médio (1230 alunos), pertencentes a rede estadual de ensino no estado de Rondônia, residentes no Vale do Jamari, interior do estado. São pessoas com ligação direta com o processo da educação, baseando-se no critério de relevância para a pesquisa.

Quadro I – Demonstrativo do total: População/Universo: N =1230 (discentes do 3º ano, do Ensino Médio, da Região de Rio Crespo – Rondônia (envolvendo quatro municípios, Rio Crespo, Ariquemes, Cujubim e Alto Paraíso).

Sexo Masculino Sexo Feminino Total
430 800 1230
Total N =1230

Fonte: Clarê Mochinski, 2016.

A área de estudo localiza-se no município de Rio Crespo, situado no estado de Rondônia, município esse que possui aproximadamente 3.750 habitantes, conta com uma área de 1.718 km². É um importante polo agrícola e agropecuário.

Possui atualmente em média 950 alunos distribuídos em três escolas, sendo duas municipais de educação infantil e ensino fundamental e uma escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio, onde foi realizada a pesquisa mais precisamente com as turmas do 3º ano do Ensino Médio.

Figura: 01 – Prédio da escola Estadual

Prédio da escola Estadual
Fonte: Clarê Mochinski, 2016.

Figura: 02 – Prédio da escola Estadual

Prédio da escola Estadual 2
Fonte: Clarê Mochinski, 2016.

A Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio, durante o ano de 2016, quando foi realizado o estudo para o desenvolvimento dessa pesquisa era composta por, além dos alunos do ensino fundamental, 2 (duas) turmas do 1º ano do ensino médio, somando 62 alunos, 2(duas) turmas de 2º ano do ensino médio, totalizando 40 alunos e 2(duas) turmas de 3º ano do ensino médio, somando um total de 40 alunos também. Sendo que na referida escola estudam em média, um pouco mais de 400 alunos residentes na área urbana e também alunos que vêm de ônibus, da área rural e que estudam somente durante o dia, nos períodos matutino e vespertino, conta com um quadro de aproximadamente 15 professores. É uma escola pequena e simples, com um nível de aprendizado básico, à baixo, os alunos não se preocupam em ler ou praticar a leitura diariamente e a escola não possui o hábito de desenvolver projetos específicos de leitura.

Quanto à amostragem, utilizou-se do critério de acessibilidade, sendo a amostra desta pesquisa composta por 40 alunos do ensino médio (3º ano), selecionados dentre os 1230 alunos da população/universo. Essa amostra de 40 estudantes representa um percentual de 3,25% da população/universo e 8% se considerada a população da escola, com pouco mais de 400 alunos.

Quadro II – Distribuição dos alunos, por sexo masculino e feminino, pesquisados segundo idade e sexo. Total: Amostra: n =40 (3º ano do Ensino Médio – foram as Amostras para a pesquisa)

Idade Sexo Masculino Sexo Feminino Total
15 00 03 03
16 05 10 15
17 05 09 14
18 02 06 08
Total 12 28 n=40

Fonte: Clarê Mochinski, 2016.

Como instrumento de medida utiliza-se nesta pesquisa o questionário individual e objetivo, confrontando esses com os resultados das avaliações externas que acontecem no recinto escolar. No que se refere às hipóteses, apresenta:

Hi: As dificuldades encontradas durante a leitura e a interpretação de livros nos alunos do 3º ano do Ensino Médio prevalecem porque a metodologia usada pelos professores não é adequada.

H0: Dificuldades durante a leitura e para realizar a interpretação de livros nos alunos do 3º ano do Ensino Médio prevalecem, no entanto, a metodologia usada pelos professores é adequada, pois são formados na área de atuação.

Em se tratando das variáveis destaca-se:

As variáveis independentes: – Incentivo da escola e disponibilidade de livros, se relacionam para explicar a variável dependente: A motivação dos estudantes para leitura.

As variáveis independentes “Oferta de especialização e – Aplicabilidades de estratégias”, explicam separadamente a variável dependente “Formação dos docentes e metodologia aplicada”.

Para explicar a variável dependente “Dificuldades em adquirir livros” cada uma das independentes explica separadamente, pois uma não necessita da outra.

Para a variável dependente “Cultura familiar” é explicada através da “Visão de princípios” e “Escolaridade dos pais” separadamente, sem que haja uma relação entre elas.

Quadro lll – Demonstrativo das variáveis dependentes e independentes, traz de uma forma mais detalhada e clara as variáveis dependentes e as variáveis independentes explicando cada variável dependente.

Variáveis dependentes Variáveis Independentes
A motivação dos estudantes para leitura interpretativa de livros. – Incentivo da escola.
– Disponibilidade de livros variados.
Formação dos docentes e metodologia aplicada. – Oferta de especialização.
– Aplicabilidades de estratégias.
Cultura familiar. – Visão de princípios.
– Escolaridade dos pais.

Fonte: Clarê Mochinski, 2016.

Quadro lV – Demonstrativo das variáveis operacionais. O quadro explicita as operacionalizações, dimensões, indicadores e os instrumentos de medição.

Definição conceitual das
Variáveis Operacionais
Dimensões Indicadores Instrumentos de medição
1) Leitura Interpretativa
2) Diretrizes Didáticas
a) Delimitação da unidade de leitura, associação ideias.
b) Fatos históricos, vocabulário e ideologias.
c) proposição fundamental
d) Análise Interpretativa e crítica, e) Problematização: síntese
a) Metodologia desalienadora;
b) Propedêutica de análise textual
c) Didática de juízos analíticos.
a) Materiais didáticos a análises textuais são adequados?
b) Interação Docente/Discente.
c) Qualidade no nível
educacional.
d) Linha pedagógica da Instituição escolar.
a) Matriz curricular adequada.
b) Docente capacitado
c) Forma de avaliação analítica.
1. Fichamento;
2. Portfólio;
3. Questionário;
4. Formulário Entrevista;
5. Agenda de amostra.1). Hermenêutica como processo desalienadora.
2) Filosofia Analítica
3) linguística aplicada.

Fonte: Clarê Mochinski, 2016.

Quadro V – Demonstrativo das variáveis de campo e o conceito. O quadro abaixo especifica as variáveis de campo e a definição conceitual dela.

Variável Definição conceitual
Interpretação
Leitura
Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais de Língua Portuguesa (BRASIL, 1998, p. 69-70): “A leitura é o processo no qual o leitor realiza um trabalho ativo de compreensão e interpretação do texto, a partir de seus objetivos, de seu conhecimento sobre o assunto, sobre o autor, de tudo que sabe sobre a linguagem”.

Fonte: Clarê Mochinski, 2016.

Leitura interpretativa e Diretriz Didática, pois definir uma variável Operacional é torná-la passível de observação e de mensuração. Isto será feito através das: dimensões – Significa que poderá medir, mensurar, quantificar, e indicadores – Significa aspectos a serem verificados em cada dimensão.

De acordo com o raciocínio indutivo, a generalização não deve ser buscada, mas constatada a partir da observação de casos concretos suficientemente confirmadores da realidade, com esse intuito esta pesquisa utiliza-se do método indutivo o qual parte da observação de fatos ou fenômenos cujas causas se deseja conhecer.

Para o desenvolvimento desta pesquisa utilizou-se de instrumentos quantitativos. O questionário foi utilizado com os alunos que participaram diretamente da pesquisa, respondendo questões de múltiplas escolhas e que tinham relação com leitura.

Essa investigação se destina à área da Educação, com a linha de teorias educativas e educação contemporânea direcionada ao tema evolução da aprendizagem principalmente em interpretação de leituras de livros onde se encontra uma das maiores dificuldades dos estudantes do 3º ano do Ensino Médio.

No fluxograma abaixo é possível perceber com mais eficácia o desenho completo da investigação.

Fluxograma 1: Desenho de Investigação

Desenho de Investigação
Fonte: Clarê Mochinski, 2016.

Todos os dados da amostra foram coletados na Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio, localizada no município de Rio Crespo, pertencente ao Estado de Rondônia, sendo essa única escola do município que atende alunos do ensino médio.

A pesquisa foi desenvolvida a partir de uma análise mista, tendo em vista que o pesquisador buscou avaliar o conteúdo do estudo, ressaltando não apenas a importância estatística do grupo pesquisado, mas também, o contexto teórico em que os discentes pesquisados se encontravam inseridos.

Trinta dias após o início do pré-teste, oficializou-se então um projeto denominado Desenvolvendo a habilidade de leitura e interpretação de livros. Após a confirmação que seria realizada as leituras e as escritas com suas interpretações, inicia-se então a seguinte etapa com as leituras e resenhas de livros escolhidos livremente por cada estudante conforme o que mais agradava a cada um.

No Pré-Teste, realmente buscou-se a identificação do problema Genérico e das Perguntas Específicas e a elaboração do instrumento de pesquisa um questionário sobre a realização de leitura diariamente, ou seja, qual é o problema real que motivou a problematização da pesquisa?

Saber quais são as causas dos discentes do 3º ano do Ensino Médio da
Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Francisco Mignone – Rio Crespo – RO – Brasil, se manterem distantes da leitura diária de livros e não sentirem estimulados a lerem diferentes histórias melhorando assim sua aprendizagem e terem a chance de poder viajar através da imaginação surgida com o desvendar de cada palavra textual.

O processo de pesquisa ocorreu no início do ano de 2016, observando-se os comportamentos e as atitudes dos alunos, suas falas e avaliando seu desempenho, ao longo do primeiro bimestre do ano letivo na escola pesquisada.

A coleta de dados deu início pesquisando os alunos em grupos, a fim de ouvi-los e escutar o que eles tinham para dizer sobre leitura de livros, pois o que se ouve nos corredores é: “os alunos não se interessam em estudar”, “vocês não querem saber de nada”, “os alunos não gostam de ler”, entre outras falas do tipo que se referem a esse público.

Os encontros com os alunos para a realização da conversa informal podem ser verificados através das imagens disponibilizadas a seguir. Primeiro acontece uma conversa geral abrangendo todos os alunos do 3º ano do ensino médio, depois, em outro momento, uma conversa mais particular, individual em forma de entrevista informal.

Figura 03 – As turmas do 3º ano em conversa informal sobre a prática de leitura e as dificuldades na interpretação.

As turmas do 3º ano em conversa informal sobre a prática de leitura e as dificuldades na interpretação.
Fonte: Clarê Mochinski, 2016.

Executou-se a aplicação de entrevistas informais, no início, para que os alunos sentissem maior vontade em conversar, a respeito do tema proposto nesta pesquisa. As respostas dos alunos são de extrema importância para esse trabalho, pois os relatos foram dados com muita sinceridade e veracidade por essa razão serão detalhados logo a seguir.

Nessa conversa informal com os alunos foi feito o levantamento das dificuldades que eles encontravam e o que levavam eles a não praticar o ato de leitura de livros diariamente e quais as dificuldades encontradas na hora de interpretar um livro ou até mesmo um texto que fosse um pouco extenso, ato este, tão importante para a formação do cidadão. Saber o que eles sentem em relação à leitura não foi difícil, a estratégia em conversar em grupo facilitou bastante, pois, um completava a fala do outro dizendo o que sentia e pensava em relação a realização de leituras de livros.

Depois da realização da entrevista informal, foi apresentado um modelo de resenha de um livro, para esses alunos, a população de amostra, com o objetivo de avaliar o grau interpretativo analítico, do assunto em pauta e depois saber qual procedimento adotar para o desenvolvimento dos trabalhos.

A entrevista foi realizada com 40 alunos do 3° ano do Ensino Médio e foram obtidas as seguintes respostas.

Gráfico 1 mostra a porcentagem de alunos que gostavam de ler, e a porcentagem de alunos que não gostavam de ler deixando claro assim a quantidade dos que responderam que são indiferentes diante dessa pergunta.

Gráfico 1 – Gosto pela Leitura

Gosto pela Leitura
Fonte: Clarê Mochinski, 2016.

O gráfico 2 mostra o que leva esses alunos a não gostar de ler. Para termos essas respostas foram elaboradas a pergunta que questionava o motivo pelo qual eles não gostavam de ler então obtivemos as seguintes respostas:

Gráfico 2 – Motivos pelo não gosto da Leitura

Motivos pelo não gosto da Leitura
Fonte: Clarê Mochinski, 2016.

Esta questão foi aplicada aos 40 alunos que responderam que não gostavam de ler na pergunta acima e teve como objetivo levantar os principais motivos deste não gosto pela leitura de livros.

Os alunos relataram que não gostavam de ler e que encontravam dificuldades em analisar e escrever a resenha sobre o livro. Ficou claro pela entrevista que os alunos que não gostavam de ler eram os mesmos que tinham dificuldades de fazer a resenha das obras lidas, demonstrando uma ligação inevitável entre as dificuldades de escrita e a leitura.

Após esses procedimentos em forma de conversa informal e atividade em grupo, foi encontrado o problema através das respostas dos discentes e resultados das observações no decorrer das atividades realizadas pelo público que compõe a amostra. Fecha-se a primeira fase com a elaboração de um questionário sobre leitura, para ser respondido ao final do projeto de intervenção.

Para intervir nessa realidade, em que a escola não solicitava leitura de livros, houve então a aplicação de um projeto de leitura, desenvolvido na escola como tentativa de minimizar essa dificuldade, o qual traz como título “Desenvolvendo a Habilidade em Leitura e interpretação de livro”, e tem como objetivo geral, Incentivar a leitura de variados textos e livros visando estimular a formação dos alunos do 3º ano do Ensino Médio, como leitor e escritor, por meio do contato diário com a leitura de texto/livro e dessa forma mostrar a importância da leitura de textos e livros na contribuição do desenvolvimento do ensino/aprendizagem.

Com esse projeto os alunos do 3º ano do Ensino Médio da Escola Estadual passam a ler livros variados e diariamente, assim como também a escrever resenhas, fazendo análises e contextualizando com a realidade o ensinamento citado nos textos dos livros lidos, mostrando a possibilidade e a importância em praticar a leitura e a interpretação de diferentes textos e livros diversificados. Fazendo isso diariamente, esses alunos passam a desenvolver a habilidade em leitura, pois praticam a leitura de textos diversificados continuamente, até que isso passe a ser um hábito para cada estudante.

Figura 04 – Os alunos do 3º ano do ensino médio em atividades de leitura.

Os alunos do 3º ano do ensino médio em atividades de leitura
Fonte: Clarê Mochinski, 2016.

O projeto de Leitura “Desenvolvendo a Habilidade em Leitura e interpretação de livros”, torna a leitura obrigatória no decorrer daquele ano letivo, em todas as aulas de Língua Portuguesa e os discentes, com o transcorrer dos dias, passam a desenvolver a leitura e fazer a exposição da interpretação oral e escrita, para os colegas de classe.

Esclarecendo que só as aulas de Língua Portuguesa não são suficientes para despertar nos discentes o prazer pela leitura, por isso é necessário que a prática de leitura seja estendida como tarefa de casa também.

Figura 5 – Os alunos de toda a escola presenciaram o evento de entrega da premiação para as duas alunas que leram mais livros no decorrer do ano letivo de 2016.

Os alunos de toda a escola presenciaram o evento de entrega da premiação para as duas alunas que leram mais livros no decorrer do ano letivo de 2016
Fonte: Clarê Mochinski, 2016.

Estimular os alunos para a leitura de livros no espaço escolar e em casa atribuindo assim uma pontuação a mais na nota bimestral, de início, até o aluno se familiarizar com a leitura, essa pontuação, foi atribuída como forma de incitação para que o aluno leia até se acostumar a ler diariamente e assim descobrir o prazer da leitura.

Nesta fase, foi realizada a tabulação dos dados, feita de forma quantitativa, com o auxílio do programa Excel. Os dados qualitativos, referentes ao questionário, foram estudados mediante a interpretação do estudante ao apresentarem os livros lidos e diante das resenhas escritas e apresentadas oralmente à classe, para professores e colegas.

A última fase compreendeu a apresentação dos dados obtidos, em forma de gráficos e exposição, que sintetizam os resultados, demonstrado e analisados.

A pesquisa foi realizada em uma escola pública, situada no centro, em Rio Crespo – RO, com alunos de séries finais do ensino médio, 3º ano. Indiferente ao gênero, o público teve como perfil estudantes entre quinze e dezoito anos, que se encontram matriculados nessa escola pública de Rio Crespo.

O objetivo aqui proposto é descobrir por que há a predominância das dificuldades de leitura e interpretação de livros pelos alunos do 3º ano do ensino médio em Rio Crespo–RO, investigando assim por que esses alunos se mostram tão desmotivados em relação à leitura de livros.

No entanto, os dados foram analisados na forma de porcentagem, sendo agrupados os resultados e mensurando suas médias e percentuais.

RESULTADOS

Com a primeira fase da pesquisa pode-se observar que os alunos queriam se expressar, porém não estavam familiarizados a falar para alguém que se interessasse em saber deles o que dizem e como enfrentam as dificuldades com a leitura.  “Ler é muito chato, dá sono, não sei “pra” que ler livros, coisas antigas que não tem nada a ver com a gente”. (Aluno do 3º ano do ensino médio)

A primeira pergunta feita aos alunos era sobre a quantidade de livros que eles tinham lido ou que lembram em ter lido, durante a vida escolar. A grande parte dos alunos da amostra nunca havia lido um livro completo, porém alguns, muito poucos, diga-se de passagem, somente 3 alunos (7,5% da amostra) tinham lido entre um a três livros completos e por vontade própria, sendo leituras feitas por prazer e não por obrigação.

A escola pesquisada não recomendava leitura de livros durante o ano letivo, e os professores do ensino médio, não desenvolvem nenhum projeto de incentivo à leitura, sendo por vezes solicitadas, leituras indicadas sobre assuntos determinados, mas não leitura de livros completos e de livre escolha. Se essa leitura de assuntos variados, não fosse forçada e só por obrigação para responder alguns questionários da aula, poderia ter um pouco mais de envolvimento dos alunos, já que alguns alunos, não realizam essas leituras, simplesmente conversam com os colegas que leram, e tomam notas sobre os principais pontos do texto que deveria ser lido por todos os alunos.

Então ao perguntar a esses alunos se eles gostavam de ler, quando não estão na escola, a resposta era imediata: “não”. A declaração a seguir expõe muito bem essa realidade: “Não gosto de ler, e não tenho tempo “pra” ler em casa, na escola já leio bastante”. (Aluno 3º ano). Outro aluno disse: “não gosto de ler livros, os textos são muito grandes, a gente não entende nada, quando termina de ler já esqueceu o que leu no início”. (Aluno 3º ano).

A maior parte dos alunos da amostra relatou que não gostava de ler e encontrava várias dificuldades em analisar e elaborar uma resenha do livro.

Após esses procedimentos em forma de conversa informal e atividades em grupo, foi encontrado o problema através das respostas dos discentes e resultados das observações no decorrer das atividades realizadas pelo público que compõe a amostra.

Neitzel; Bridon e Weiss (2016) observando uma aula onde aplicaram um projeto de leitura no qual apresentaram o livro O santo e a porca (1964), de Ariano Suassuna para alunos de ensino médio, reconheceram que a leitura não foi bem aceita, e que essa reação que os alunos expressam quando não entendem  com isso passam a não aceitar é passiva de acontecer com qualquer professor, o qual deve ser criar alternativas para mostrar possibilidades sore o que o texto quis dizer, trabalhar cada uma das partes, o explícito e o implícito que o texto traz mostrando a textualidade com outros textos.

Nessa escola que foi realizada a pesquisa não foi diferente, para realizar as primeiras resenhas os estudantes passaram por diversas dificuldades, sendo que essas foram sendo sanadas, de forma gradativa, no decorrer das leituras e produções seguintes.

Com a primeira fase da pesquisa pode-se observar que os alunos não apresentavam interesse na leitura de livros de forma alguma. Obtendo-se o registro de que apenas 7,5% dos alunos do grupo estudado haviam lido pelo menos um livro completo em suas vidas.

Diante da exposição à prática da leitura, a população amostra se mostrou não familiarizada, e com declarações bastante negativas:

– Não gosto de ler, ler livros é chato… (entrevistado 1).

Diante de declarações tão repulsivas à leitura, expôs-se um imenso problema diante da implantação do hábito e prática desta ação. A intervenção nesses casos deve ser gradativa, para que não haja uma imposição a leitura, causando assim uma repulsa ainda maior.

Diante do resultado obtido após um levantamento de informações com os alunos em conversas informais durantes as aulas de língua portuguesa, percebeu-se que a grande parte dos estudantes do 3º ano do Ensino Médio, dessa escola, nunca tinha lido um livro completo ainda. Entre os 40 alunos apenas 2 meninas e 1 menino haviam lido do início ao fim uma obra literária, ou sejam apenas 3 alunos já tinham lido uma obra completa.

Diante desse resultado foi executada uma medida de interveniência, sendo então proposto o projeto “Desenvolvendo Habilidades em Leitura e interpretação” sobre a responsabilidade da professora de língua portuguesa que acatou a sugestão como tentativa para desenvolver a habilidade de leitura nos alunos do 3º ano do Ensino Médio e facilitar a interpretação de leitura de livros.

Este projeto teve como objetivo geral “Incentivar a leitura e a interpretação de diversos textos e livros visando estimular a formação do aluno como leitor e escritor por meio do contato entre o indivíduo e o texto e assim apresentar a importância da leitura de textos literários para a contribuição do ensino/aprendizagem e para o desenvolvimento intelectual de cada aluno leitor”. Com o trabalho os alunos passam a praticar a leitura e a interpretação de livros concluindo com a escrita de uma resenha a qual é exposta oralmente aos colegas de sala, sendo sugerido que a escolha da obra é livre para cada estudante, para que possam ler diariamente fazendo assim com que o aluno se acostume a ler sem a cobrança do professor. Durante a semana são ministradas cinco aulas de Língua Portuguesa sendo disponibilizadas duas dessas aulas semanais para a leitura do livro e escrita das resenhas na escola com o acompanhamento do professor, para aquele aluno com mais dificuldade e também para aquele que às vezes não tem tempo para realizar “essa tarefa” em casa.

Com esse projeto os alunos do 3º ano do Ensino Médio, foram desafiados a lerem até quatro livros por bimestre, fazer uma resenha de cada livro e apresentar para a turma de forma bem oral e bem resumido o conteúdo do livro lido. No final do ano um aluno de cada turma é premiado com um tablet, esse prêmio é usado como incentivo inicial para aquele aluno que ler até dezesseis livros no decorrer do ano, ou para o aluno que ler mais livros. Apresentou o projeto para as turmas que aprovam muito empolgadas, e assumiram a responsabilidade e o compromisso em praticar a leitura diariamente.

Em meados do 4º bimestre, finalizando o ano letivo retorna-se a pesquisa na escola, aplicando agora o questionário elaborado lá no 1º bimestre, sobre leitura, depois de ter identificado que os estudantes não tinham o hábito de leitura e enfrentavam bastantes dificuldades na hora de interpretar.

O questionário contém quinze questões objetivas sobre leitura e livros. Ao analisar as respostas que os alunos do 3º ano Ensino Médio deram às perguntas do questionário percebeu que entre elas teve algumas perguntas que se destacaram pela quantidade de respostas iguais que receberam.

Novamente, algumas questões foram feitas, as mesmas questões do primeiro questionário para se levantar os dados sobre a modificação de hábitos.

A primeira questão do segundo questionário foi: Você gosta de ler?

As respostas, no entanto, foram bem diferentes do primeiro questionário aplicado lá no início do ano letivo e antes da aplicação do Projeto de Leitura.

O gráfico 3 mostra as porcentagens de alunos que depois de um certo tempo praticando a leitura de livros na escola e em casa, começaram a desenvolver o prazer em praticá-la, para comprovar obtivemos as seguintes respostas.

Gráfico 3 – Gosto pela Leitura – Após aplicação do Projeto de Interveniência

Gosto pela Leitura Após aplicação do Projeto de Interveniência
Fonte: Clarê Mochinski, 2016.

Observa-se através do gráfico 03 que o número de alunos do 3º ano do Ensino Médio que não gostam de ler ainda é alto na escola Estadual de Rio Crespo – RO.

Porém, observamos pelo gráfico acima que ao contrário do primeiro gráfico as respostas foram em maioria pelo sim, o que indica que o gosto pela leitura apareceu em grande parte dos alunos que fizeram parte do projeto.

Diante destas respostas, foi perguntado também se eles achavam que a leitura era importante para o futuro deles. E tivemos as seguintes respostas:

O gráfico 4 vem mostrando o resultado sobre a importância em praticar a leitura para esses alunos.

Gráfico 4 – Importância da Leitura – Após aplicação do Projeto de Interveniência

Importância da Leitura Após aplicação do Projeto de Interveniência
Fonte: Clarê Mochinski, 2016.

O gráfico 5 vem mostrando a resposta desses alunos para a questão 4 – Você considera seu tempo para a leitura suficiente?

Gráfico 5 – Tempo de Leitura – Após aplicação do Projeto de Interveniência

Tempo de Leitura – Após aplicação do Projeto de Interveniência
Fonte: Clarê Mochinski, 2016.

O gráfico 6 vem apresentando o resultado sobre a questão 5 – Quem incentiva você a ler?

Gráfico 6 – Incentivadores da Leitura – Após aplicação do Projeto de Interveniência

Incentivadores da Leitura – Após aplicação do Projeto de Interveniência
Fonte: Clarê Mochinski, 2016.

 O gráfico 7 traz à tona a preferência de leitura desses adolescentes.

Gráfico 7 – Preferência de tipos de Leitura – Após aplicação do Projeto de Interveniência

Preferência de tipos de Leitura Após aplicação do Projeto de Interveniência
Fonte: Clarê Mochinski, 2016.

Através do questionário realizado ao final da pesquisa, contatou-se uma preferência dos alunos por literaturas de aventuras (34%), seguido por terror (20%), romance (14%), amor (13,3%), drogas (10%), policial (6,6%) e outros (2,1%).

Entre os tipos de livros mais lidos por todos os alunos do 3º ano, destacam-se os de aventuras e os livros de romances, essa escolha deve-se a faixa etária dos estudantes estarem na adolescência, de 16 anos acima, quando estão descobrindo as primeiras paixões de adolescentes e aventuras assuntos que prendem essa faixa etária.

Com a implantação do projeto de leitura (2° Fase do trabalho) na escola em estudo, houve um aumento no interesse dos alunos em relação a leitura, notando-se que a liberdade na escolha dos livros pelos alunos foi de grande importância neste fato, já que a leitura deve ser um ato prazeroso ao leitor, assim quando abriu a oportunidade de escolha individual eles sentiram-se mais livres para realizarem as leituras.

Entre a população de discentes que fazem parte das turmas de 3º ano do Ensino Médio na escola estadual, em Rio Crespo, 9,27% desses alunos leram até cinco livros durante os quatro bimestres de 2016. E 10,30% leram mais de 15 livros durante o ano letivo de 2016. E 34% leram de 6 a 9 livros variados. Sendo que 45,36% leram entre 10 e 14 livros. Podemos confirmar no gráfico abaixo, esses dados com mais clareza.

Gráfico 8 – Quantidade de livros, em média, lidos por cada aluno.

Quantidade de livros, em média, lidos por cada aluno
Fonte: Clarê Mochinski, 2016.

Ao final do projeto e do ano letivo, os dados obtidos foram de suma importância, sendo que os alunos do 3º ano do ensino médio leram no total de 435 livros, somente o grupo de amostra. Para Martins (1994, p. 33) “a leitura se realiza a partir do diálogo do leitor com o objeto lido”. A autora defende que é através das respostas que o texto apresenta que surgem as expectativas, o prazer de descobrir e as experiências do leitor se ressignificam.

Destes livros lidos 110 foram lidos pelos alunos do sexo masculino o equivalente a 25,28% dos livros lidos. E 325 livros foram lidos pelas alunas do sexo feminino, o equivalente a 74,71%, no entanto ficou claro que as meninas leem muito mais que os meninos, sendo uma média de 9,16 livros para cada menino e 11,60 livros para cada menina respectivamente. Isso também apareceu no resultado final do projeto, o qual teve duas meninas como vencedoras pelo fato de terem lido uma quantidade maior de livros. Essa diferença está detalhada no quadro a seguir.

Quadro VI – Relação da quantidade de livros lidos por cada aluno (meninas e meninos).

Meninas Quant. de livros lidos por cada aluna Meninos Quant. de livros lidos por cada aluno
A1 13 B1 8
A2 13 B2 10
A3 11 B3 12
A4 16 B4 4
A5 16 B5 10
A6 15 B6 8
A7 13 B7 14
A8 15 B8 12
A9 12 B9 4
A10 15 B10 5
A11 8 B11 10
A12 13 B12 13
A13 9
A14 14
A15 8
A16 12
A17 2
A18 10
A19 14
A20 4
A21 12
A22 14
A23 11
A24 9
A25 13
A26 9
A27 10
A28 14
Soma 325 livros 110 livros
Média 11,60 9,16
Total Geral: 435 livros
Média Geral por aluno: 10,87 livros

Fonte: Clarê Mochinski, 2016.

Os dados mostram que as meninas leram 2,4 livros a mais que os meninos. Mostrando um maior interesse na leitura pelo sexo feminino.

Os dados mostram que o incentivo à leitura, aliado, a não imposição de temas, leituras pré-definidas podem alavancar o interesse e o prazer da leitura.

Com a aplicação e o desenvolvimento desse projeto na escola ficou claro que para o aluno praticar a leitura é necessário, em princípio que o professor juntamente com toda a equipe escolar estimule e ofereça oportunidades, através de atividades escolares que motivem o aluno a ler diariamente, mostram o caminho para que ele busque e descubra em seu interior algo que lhe dê prazer.

Devo relatar também que alguns pais de alunos pediam para que seus filhos levassem livros da escola para que eles também lessem em casa, principalmente as mães, foram vários relatos de alunos que viveram essa situação e se sentiram muito animados e empolgados com a atitude dos pais. Entre os relatos cito aqui de uma aluna que depois de a filha que levou livro de poesia para ler em casa, a mãe ao ler o livro percebeu que ficava mais calma, a atitude dessa mãe foi comprar novos livros de poesia para ler em casa com a filha e principalmente nos momentos que estava nervosa, relatou a aluna.

Os discentes apresentaram respostas relevantes como resultados buscados através do projeto de leitura. Dentre eles ressalta-se que os alunos leem livros, e contradizendo o que muitos profissionais dizem, eles gostam de ler quando são motivados pelos seus professores e família, pois eles acham que a leitura é importante para seu futuro, só não são motivados a praticar.  Um outro aluno relatou para a professora que de agora em diante mesmo sem os professores pedirem para ler livros ele irá continuar com as leituras pois já se acostumou a ler todos os dias um pouquinho em casa, nos momentos vagos.

Sendo assim, também percebeu que é necessário mudar a forma como promover o desenvolvimento de habilidades de leitura nas escolas, pois a disciplina de literatura, na maioria das escolas, tem a carga horária muito reduzida e às vezes nem aula específica reservada para essa disciplina é disponibilizada. Barbosa, (2009, p. 2) argumenta ainda que “a mediação do professor através de um “trabalho sistemático” que possa letrar literalmente nossos jovens leitores” podendo assim promover uma maior aproximação dos alunos com as literaturas.

Alunos da escola pesquisada mudaram visões sobre leitura, ao final do ano letivo, depois de participarem ativamente do projeto de incentivo à leitura, evidenciam terem despertado o interesse pela leitura e mudaram a visão que tinham sobre a mesma, agora depois dessa prática veem a leitura de forma diferente, se sentem mais atraídos e motivados, mas com a preferência de livre escolha sobre os livros a serem lidos, procurando aqueles  livros ou algo que não tragam linguagem complexa e que principalmente tratem de assuntos do cotidiano, temas recentes, que retratem conflitos da juventude/adolescência ou que levem para a fuga da realidade por isso os tipos de livros mais lidos por eles foram os de romance e os de aventura.

No entanto, a escola é fundamental para fazer a aproximação entre crianças, adolescentes e jovens com os livros. Pois é nesse local que esses discentes precisam vivenciar essas experiências com livros variados, para ao longo da vida recorrer a eles e à leitura em busca de informações e como instrumentos para aprofundar a aprendizagem e utilizar a leitura como forma de lazer. E para isso acontecer o professor é a figura-chave para que a leitura chegue às mãos, aos olhos e ao coração dos alunos.

Isso é primordial acontecer para que a leitura cumpra o papel que precisa cumprir na vida dos alunos, a escola não pode ter como padrão uma leitura mecânica e desestimulante. Ao contrário, o ambiente escolar precisa ser receptivo e motivador à prática de leitura diversificada e que possa abranger todos os alunos tornando-os capazes de fazer uma análise crítica sobre o assunto, com isso a escola irá motivar e mostrar os caminhos para os discentes usarem a leitura dos livros em desenvolvimento próprio.

Há também um relato da bibliotecária a qual com muita animação nos relatou que o projeto de leitura movimentou a biblioteca escolar a qual, em todos os anos em que ela trabalha ali nunca houve tantos empréstimos de livro como aconteceu durante este projeto. Por isso, a organização de um projeto de leitura na escola é fundamental para que todos que trabalham na escola sejam conviventes e auxiliem os estudantes naquilo que for necessário.

O incentivo à leitura é um ato fundamental na adolescência, e nem sempre os adolescentes encontram algo motivacional ou alguém que os motivem para iniciarem uma vida literária. Neste estudo, ao serem indagados quem os motivam a leitura, 67% da amostra relatou que os professores são seus motivadores, seguido dos pais (30%) e da biblioteca (3%).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este estudo procurou desvendar como acontece a leitura e a interpretação com os alunos de uma escola pública estadual de Rio Crespo – RO e porque ainda há a dificuldade na interpretação da leitura de livros nos alunos do 3º ano do ensino médio. Já que existe uma defasagem quanto à aprendizagem dos alunos dos anos finais do ensino médio, no que se refere a questão da leitura e na inexistência de bons leitores.

As hipóteses que foram possíveis verificar na pesquisa encontram-se relacionadas abaixo para constatar os efeitos esperados deste trabalho.

A hipótese Hi: As dificuldades encontradas durante a leitura e a interpretação de livros nos alunos do 3º ano do Ensino Médio prevalecem, pois  a metodologia usada pelos professores e pela escola não é tão eficaz, foi confirmada através dos relatos dos alunos e depois de desenvolver o projeto de leitura durante o ano letivo percebeu que quando a escola, através do professor, estimula, incentiva os alunos a leitura e a interpretação eles desenvolvem e se acostumam a fazer a leitura diariamente melhorando assim sua interpretação de livros, confirmado através do resultado de leitura onde 100% dos alunos leram mais de um livro e fizeram a resenha apresentando-as aos colegas em sala de aula.

Já a hipótese H0: As dificuldades de leitura e interpretação de livros nos alunos do 3º ano do Ensino Médio prevalecem, no entanto a metodologia usada pelos professores é adequada, pois são formados na área de atuação, notou-se que os professores mesmo formados na área de linguagem precisam de estímulos, por parte da escola, para desenvolverem projetos que levam os alunos a desenvolverem o hábito em leitura e assim facilitar o entendimento para realizarem a interpretação correta é percebido através do desenvolvimento do projeto de leitura proposto por essa pesquisa e desenvolvido pelo professor com seus alunos no percurso do ano letivo.

A falta de familiarização dos educandos com os livros cria uma barreira entre os alunos e a leitura. Essa barreira é construída desde muito cedo e nos diversos lugares frequentados pelos educandos. O rompimento desta barreira não é fácil de ser quebrada, mas com muita dedicação e atenção a estas questões pode sim fazer com que a leitura vire rotina na vida dos jovens e crianças.

A escola precisa ser parceira dos pais no incentivo à leitura, há diversas atividades e atitudes que podem ser tomadas pelas instituições de ensino para estimular a leitura de seus alunos. Algumas escolas adotam a leitura diária em grupo e em voz alta desde o primeiro ano de vida escolar. Outra atitude que pode ser adotada pelas escolas é a contratação de professores leitores ativos. Para incentivar leitores, nada melhor do que um leitor ativo e atualizado.

Por intermédio de tais exposições é possível responder às questões: Como acontece o estímulo aos estudantes do 3º ano do ensino médio, para desenvolverem as habilidades de interpretação da leitura de livros?

Para responder essa primeira questão foi observado que através da metodologia utilizada pelo professor dentro de sala de aula, e a didática da escola, não havia a possibilidade de desenvolvimento das habilidades em leitura, pois nem a escola, nem o professor disponibilizavam um tempo exclusivo para realização de leitura de livros. Notou que os alunos não praticavam a leitura de livros diferentes dos livros didáticos e que apenas o livro didático era material de leitura, onde possui apenas textos fragmentados.

Respondendo a segunda questão específica: A formação dos docentes é suficiente para desenvolver nos estudantes do 3º ano do ensino médio o entendimento em interpretação da leitura de livros?

Ficou claro que só a formação em sim não é suficiente para desenvolver o entendimento em interpretação já que o professor que colaborou com essa pesquisa é formado em letras e nem por isso desenvolvia com precisão esse entendimento nos alunos, além da formação é necessário que a escola também se envolva no aprendizado dos alunos, que a escola (direção e coordenação pedagógica) juntamente com os professores trabalham juntos com o mesmo objetivo. Os professores precisam de estímulos para desenvolverem seus trabalhos com excelência e esse estímulo, primeiro, deve partir da escola – direção e coordenação pedagógica – que precisa apoiar e ajudar os professores em seus desafios diários com os educandos.

Analisando a terceira pergunta específica da pesquisa: A metodologia usada, pelos docentes, é oportuna para desenvolver nos estudantes do 3º ano do ensino médio as habilidades de interpretação em leitura de livros?

Notou no desenvolvimento desse trabalho na escola pública estadual, que o docente não usava de uma metodologia específica para desenvolver essa habilidade em leitura e interpretação, as leituras eram feitas no livro didático em sala de aula e as interpretações eram dos fragmentos de texto que vem nesses livros. Não se desenvolvia um trabalho, um projeto, no ensino médio, para desenvolver a leitura, e a interpretação era apenas trabalhada com o livro didático. Por isso, quando foi proposto o desenvolvimento do projeto de leitura para os alunos e para o professor eles aceitaram e desenvolveram satisfatoriamente sendo que esse projeto de leitura e interpretação, mais tarde, no segundo semestre se estendeu em outras turmas do ensino médio e até para o ensino fundamental, tornando assim no ano seguinte uma exigência da escola para que fosse implantado em todas as turmas do ensino fundamental e do ensino médio, porém com algumas adaptações, conforme a turma a ser desenvolvido, sendo que uma das adaptações foi retirar a premiação do aluno que lesse mais livros durante o ano, ficando apenas valendo pontos para cada bimestre.

A liberdade de escolha do gênero literário oferecida aos alunos é um grande incentivo para leitura, pois assim, o aluno irá sentir prazer com a leitura, despertando o desejo de conhecer novas histórias e novos livros dentro do gênero identificado. Uma boa leitura desperta a imaginação, o autoconhecimento e agrega vocabulário ao leitor, melhorando assim a sua escrita, quesitos estes muito importantes para a formação pessoal do ser humano.

Com o estudo pode-se verificar que o incentivo à leitura é um fator primordial para a iniciação e continuidade da vida literária dos jovens. Sendo necessária a realização de projetos contínuos de incentivo a leitura e a interpretação adequada nos mais diversos níveis de escolaridade, mantendo a liberdade de escolha dos livros a serem lidos pelos educandos para que assim ocorra o seguimento das leituras por livre e espontânea vontade.

Faz-se necessário o incentivo e saber como a leitura pode ajudar a formar cidadãos competentes na leitura, na produção escrita e na linguagem, e uma das sugestões que podem ser aplicadas é a ideia de que escola e família se conectem mais e professores levem cada vez mais seus alunos a frequentar bibliotecas, explorando mais o conhecimento e as práticas que cada indivíduo traz de sua trajetória como estudantes ativos.

Nos resultados encontrados com o desenvolvimento do projeto na escola o qual serviu de estímulo aos alunos e aos professores foi possível verificar a evolução na prática de leitura e a melhora na interpretação de livros.

Como foi explanado foi possível identificar o objetivo geral desta pesquisa no corpo da pesquisa, nas conversas informais com os estudantes, no questionário respondido por eles depois da medida de interferência, o desenvolvimento do projeto de leitura e interpretação, e das observações feitas sobre a metodologia da escola e do professor, referente a prática de leitura cobrada, ou não cobrada, dos estudantes.

Com bases nos resultados alcançados neste estudo é possível sugerir que um dos caminhos justamente seja que a escola (direção e coordenação pedagógica) estimulem os professores a desenvolverem trabalhos voltados para leitura e interpretação de livros diversos, para estimular os discentes a desenvolverem as habilidades e praticarem a leitura diariamente, envolver também a família, oferecendo assim uma educação apropriada e adequada aos anseios da sociedade.

Referente ao contexto educacional é necessário trabalhar em conjunto escola, professores, bibliotecários, família com um único objetivo proporcionar aos estudantes um ensino de qualidade que seja prazeroso e que os desenvolva intelectualmente formando pessoas capazes de viverem em comunhão com a sociedade.

É imprescindível investimentos na qualificação profissional e na capacitação em exercício para que o ensino aprendizagem possa trazer mais resultados positivos. As instituições de ensino devem promover a possibilidade e o apoio incondicional para os docentes desenvolver seu trabalho de forma que venha surtir efeitos no discentes e consequentemente nas famílias e na sociedade.

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[1] Mestre em Ciência da Educação, na Universidad Interamericana (PY); Especialista em Tecnologias em Educação à Distância, pela Universidade Cidade de São Paulo (UNICID); Especialista em Mídias na Educação pela Universidade Federal de Rondônia (UNIR); Especialista em Língua Portuguesa e Arte pela Faculdade Panamericana de Ji-Paraná (UNIJIPA); Especialista em Linguística e Literatura pela Faculdade da Amazônia (FAMA); Graduada em Letras/Português pela Universidade Federal de Rondônia (UNIR). ORCID: 0000-0002-9355-1527.

[2] Orientador.

Enviado: Agosto, 2021.

Aprovado: Março, 2022.

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Clarê Mochinski

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