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Formação inicial de professores e sua relação com a formação continuada: o papel da atualização constante na prática educativa

RC: 148385
1.416
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DOI: 10.32749/nucleodoconhecimento.com.br/educacao/atualizacao-constante

CONTEÚDO

ARTIGO ORIGINAL

MOREIRA, Andreia Aparecida Silva [1], COUTINHO, Diógenes José Gusmão [2]

MOREIRA, Andreia Aparecida Silva. COUTINHO, Diógenes José Gusmão. Formação inicial de professores e sua relação com a formação continuada: o papel da atualização constante na prática educativa. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano. 08, Ed. 09, Vol. 02, pp. 31-44. Setembro de 2023. ISSN: 2448-0959, Link de acesso: https://www.nucleodoconhecimento.com.br/educacao/atualizacao-constante, DOI: 10.32749/nucleodoconhecimento.com.br/educacao/atualizacao-constante

RESUMO

O objetivo geral do presente estudo foi analisar a relação entre formação inicial e continuada de professores, considerando uma formação coerente e continuada para uma efetiva prática docente. Para alcançar tal objetivo, realizou-se uma pesquisa bibliográfica, descritiva e qualitativa nas bases de dados Google Acadêmico e Scientific Eletronic Library Online (SciELO). Os resultados obtidos indicaram que a formação inicial de professores é um dos pilares para a formação continuada dos docentes no Brasil. Nessa etapa, o professor adquire as bases teóricas e práticas necessárias para exercer a profissão, desenvolvendo competências e habilidades que serão fundamentais para sua atuação em sala de aula. Já a formação continuada permite que o professor desenvolva suas habilidades e competências, atualizando-se diante das demandas atuais e obtendo a oportunidade de melhorar suas práticas de ensino. No entanto, a pesquisa também evidenciou que a formação inicial muitas vezes não é capaz de atender às necessidades e demandas dos alunos e das escolas, principalmente em regiões mais carentes. A falta de formação em áreas como educação inclusiva, diversidade cultural e uso de tecnologias educacionais é um exemplo disso. Ademais, a precarização das condições de trabalho e formação dos professores, com salários baixos, falta de incentivos à formação continuada e condições de trabalho inadequadas, desestimulam muitos profissionais que acabam deixando a carreira ou não se atualizando para atender às novas demandas educacionais. Portanto, concluiu-se que a formação inicial e continuada dos professores é fundamental para uma prática docente efetiva. A formação continuada possibilita ao professor desenvolver suas habilidades e competências, atualizar-se diante das necessidades atuais e refletir sobre sua prática para buscar alternativas para melhorar o aprendizado dos alunos. Logo, é essencial investir em uma formação inicial e continuada de qualidade, que permita ao professor ser um agente transformador na educação. Somente assim, será possível promover uma educação de qualidade e atender às necessidades e demandas da sociedade.

Palavras-chaves: Formação Inicial de Professores, Formação Continuada, Competências, Prática, Docente.

1. INTRODUÇÃO

Durante as últimas duas décadas, houve uma estreita interação e interdependência entre a formação e o trabalho. É evidente que, embora as exigências do trabalho tenham impulsionado a necessidade de educação e formação, a formação em si também exerce influência nos contextos de trabalho. Essa tendência é observada pela crescente e diversificada oferta e demanda de programas de formação em uma ampla variedade de setores profissionais e ambientes organizacionais (SILVA, 2000).

Segundo Carvalho e Gonçalves (2000), um dos principais obstáculos no processo de formação inicial ou continuada de professores é a discrepância entre sua filosofia de ensino ideal e a prática em sala de aula. Embora muitos professores expressem, durante suas discussões teóricas na universidade, uma postura receptiva às novas tendências educacionais, a realidade em sala de aula é frequentemente marcada por uma abordagem dogmática e repressiva. Muitas vezes, todas as teorias e preparativos de aula, destinados a estimular os alunos a pensar e construir seu próprio conhecimento, são anulados quando o professor adota uma postura impositiva e restritiva, limitando-se a fazer perguntas genéricas como “Vocês têm dúvidas?” ou “Vocês estão entendendo?”. Assim, sem perceber, o professor acaba ensinando da mesma maneira que sempre fez, adaptando os novos métodos ou materiais a padrões tradicionais.

Davis (2012) argumenta que é inútil impor estratégias de aperfeiçoamento profissional aos professores sem a identificação prévia dos motivos do processo de ensino e do público-alvo. Os autores destacam que, além das habilidades técnicas, o ensino possui outras dimensões importantes, como as dimensões moral, política e emocional. A ética neste contexto significa uma preocupação razoável com o bem-estar e o progresso dos alunos.

A segunda dimensão apontada por Davis (2012) enfatiza que a simples reflexão não é suficiente para fazer um bom professor. É necessário que ele aprenda a refletir criticamente sobre si mesmo, sua profissão e seus alunos para lutar com mais eficácia dentro e fora da escola e construir o futuro desejado. No que diz respeito ao envolvimento emocional, Davis acredita que é importante resgatar a alegria de ensinar e aprender, a surpresa de enfrentar o novo, a satisfação de enfrentar desafios e superar conflitos, emoções que parecem excluídas da escola e dão lugar à dor, sentimentos de ansiedade e depressão.

A autora ressalta que essas dimensões não devem ser tratadas isoladamente, mas sim integradas em programas de formação continuada de professores, a fim de que professores e alunos possam aprender continuamente nas escolas, com contentamento e criatividade. Questiona-se: Qual a importância da formação continuada na prática docente? Como se relaciona com a formação inicial de professores?

Desse modo, o presente artigo tem como objetivo geral conhecer a relação entre formação inicial e continuada de professores, destacando a importância da formação consistente e contínua para a prática docente efetiva.

Sendo assim, para a presente pesquisa, realizou-se uma pesquisa bibliográfica, a qual, segundo Cervo e Bervian (1983), procura explicar um problema por meio de outras obras que já foram publicadas, podendo ser independentes ou sendo parte de uma pesquisa experimental, ou descritiva. Gil (2016) ressalta que para a elaboração de um texto bibliográfico diversos meios podem ser utilizados, sendo eles, livros, teses, dissertações, artigos científicos e anais. Além disso, as bases de dados utilizadas para a pesquisa foram a Scientific Eletronic Library Online (SciELO) e o Google Acadêmico.

Espera-se que este estudo evidencie a importância da formação consistente e continuada para a prática docente efetiva, que considere as demandas da sociedade e as transformações na educação. Ademais, espera-se que o artigo promova reflexões sobre a relevância da reflexão crítica sobre a prática docente na formação continuada de professores, e como isso pode contribuir para uma prática mais significativa e efetiva. Por fim, busca-se que o artigo contribua para o desenvolvimento de políticas e programas de formação continuada mais efetivos, visando melhorar a qualidade da educação e promover uma sociedade mais justa e equitativa.

2. DESENVOLVIMENTO

2.1 A FORMAÇÃO DE DOCENTES

A LDBEN, trata da formação de professores, inicial e continuada, dispõe que a União, Distrito Federal, Estados e Municípios têm o dever de colaborar para oferecer aos profissionais da educação a formação inicial, continuada e capacitação necessárias (BRASIL, 1996). Dessa forma, desde a promulgação da LDBEN, foram elaboradas diretrizes que visam subsidiar o desenvolvimento de ações de educação permanente pelas secretarias estaduais e municipais de educação.

De modo geral, a política educacional demonstra que a formação continuada é uma forma renovada de expor os professores a novos desafios e discussões teóricas, buscando promover mudanças na prática docente e na qualidade da educação no Brasil. É possível perceber, portanto, que a dimensão da formação continuada ganha cada vez mais espaço nos documentos oficiais (ROSSI; HUNGER, 2012).

Ao analisar o papel do professor e suas funções sociais, vale ressaltar que o professor precisa ter um amplo leque de saberes, saberes e habilidades de diversas naturezas para lidar com desafios educacionais complexos antes de ingressar na formação continuada. Para Leite et al. (2018), esses conhecimentos vão além dos conteúdos pedagógicos e específicos de sua área de formação e incluem habilidades de interdisciplinaridade e transdisciplinaridade, contextualização curricular, uso de tecnologias e metodologias de ensino diferenciadas, bem como a capacidade de atender às necessidades individuais e singulares dos alunos em todas as etapas da educação básica. Essas demandas estão relacionadas com a formação científica e cultural do ensino, ações inclusivas e emancipadoras dos alunos e o reconhecimento e valorização da diversidade.

Nesse sentido, é fundamental que a formação inicial do futuro professor objetive capacitá-lo a refletir sobre sua prática, desenvolver modelos e desempenhar habilidades como observação, análise, metacognição e metacomunicação. Os autores afirmam que a aquisição dessas habilidades não pode ocorrer de maneira imediata, sendo necessário tempo, dedicação e um ambiente propício para o desenvolvimento. Marim e Bernardes (2017), a formação inicial deve fornecer uma base sólida em áreas como ciência, cultura, contexto e psicopedagogia, para que os professores estejam preparados para lidar com as complexidades das tarefas educativas, apoiados em teorias de responsabilidade social e política

Marim e Bernardes (2017) afirmam que a formação inicial dos professores possui três funções importantes: preparar e capacitar os futuros docentes para sua atuação profissional, conceder a autorização necessária para o trabalho em sala de aula como agentes de mudança no sistema educacional, ou, por outro lado, perpetuar a cultura dominante. Para alcançar esses objetivos, as autoras defendem a necessidade de adotar um pensamento complexo, aberto a incertezas, mudanças, diversidade e possibilidades de construção e reconstrução do conhecimento, permitindo assim promover novas leituras e interpretações do mundo.

Entretanto, Gatti (2014), comenta que a formação dos professores para a prática de alfabetização é inadequada, já que os cursos de formação quase não oferecem conhecimentos sólidos sobre o desenvolvimento de crianças, adolescentes e jovens, no sentido bem como suas culturas e motivações. As ementas dos currículos das licenciaturas geralmente contêm apenas proposições genéricas nos fundamentos educacionais, deixando de oferecer uma formação mais sólida.

Ainda segundo Gatti (2014), existe uma grande disparidade entre os projetos pedagógicos desses cursos e a estrutura curricular realmente oferecida, com uma falta clara de integração formativa para formar um perfil profissional adequado de professor para a educação básica. É importante notar que os estudos nacionais referentes aos currículos e ementas das disciplinas oferecidas incorporam tanto instituições públicas quanto privadas em proporções similares.

Além disso, há questões curriculares a serem abordadas, como a falta de consideração em relação ao repertório de conhecimento dos professores em formação, tratamento inadequado dos conteúdos e falta de atenção às especificidades dos diferentes níveis e modalidades de ensino nos quais os alunos são atendidos.

Na visão de Mello (2001), a formação de professores para a educação no Brasil é tratada de forma similar a qualquer outro curso superior, sem considerar sua importância estratégica para o sistema educacional do país, o que implica na ausência de avaliação da qualidade dos resultados desses cursos, sejam eles oferecidos por instituições públicas ou privadas. Esses cursos são autorizados e reconhecidos previamente, assim como outros cursos superiores, sem passarem por uma avaliação posterior das competências necessárias para formar professores para atuar na educação.

Gadelha (2020),  comenta que educar não se resume a transmitir informações ou apresentar apenas um caminho ao aprendiz, mas sim a ajudar a pessoa a compreender a si mesma. Para tanto, é preciso oferecer suporte, fornece ferramentas e estar disponível para orientar o sujeito na escolha do caminho mais adequado aos seus valores. É nesse contexto que entra em cena o conceito de “professor reflexivo”.

Person, Bremm e Güllich (2019) destacam a importância da reflexão sobre o processo de formação inicial dos professores, visto que essa ação exerce uma mediação significativa na formação dos licenciandos e na formação continuada dos profissionais da educação e formadores de professores. Essa reflexão é considerada uma ferramenta essencial para a transformação das concepções dos educadores, uma vez que é um processo contínuo que se estende ao longo de toda a trajetória profissional desses indivíduos.

Por meio dessa reflexão, os professores podem repensar suas práticas pedagógicas e suas concepções acerca do processo de ensino-aprendizagem, tornando-se capazes de identificar as lacunas existentes em sua formação, bem como de buscar novos conhecimentos e habilidades para aprimorar sua atuação em sala de aula. Além disso, a reflexão pode contribuir para o fortalecimento da identidade profissional dos professores, permitindo que eles assumam um papel mais ativo na construção de uma educação de qualidade (GUIDINI; MARTINS; MENDES, 2015).

De acordo com a abordagem de Martins et al. (2020), a formação inicial desempenha um papel fundamental ao equipar o futuro professor com conhecimentos essenciais que estimulem sua criatividade e atitude investigativa. No entanto, é crucial que o licenciando esteja comprometido com uma busca constante por atualização, mantendo-se atento às mudanças que ocorrem constantemente.

2.2 AS INFLUÊNCIAS DA FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORES

A formação continuada é uma estratégia essencial para auxiliar os professores a enfrentar desafios educacionais e aprimorar suas habilidades, refletindo sobre suas práticas pedagógicas, incorporando novas metodologias e tecnologias no ensino-aprendizagem e atualizando seus conhecimentos (DAVIS et al., 2011). Isso os torna mais capacitados para lidar com as demandas da sociedade atual e proporcionar uma educação de qualidade e transformadora.

Rosa e Schnetzler (2003) apontam três razões justificando a formação contínua de professores. Primeiro, a necessidade de aprimoramento profissional contínuo e reflexão crítica sobre a prática pedagógica, reconhecendo que a melhoria do ensino depende da ação do professor. Segundo a superação da distância entre pesquisa educacional e aplicação prática em sala de aula, incentivando o professor a se tornar um pesquisador de sua própria prática. Terceiro, a quebra da visão simplista da atividade docente, enfatizando que para ensinar é necessário conhecimento do conteúdo e habilidades pedagógicas.

O desenvolvimento profissional, conforme abordado por Pinto, Barreiro e Silveira (2010), é um processo contínuo e interativo que inicia na formação inicial e se estende ao longo de toda a carreira. A formação inicial é uma base crucial para construir um profissional bem preparado para enfrentar os desafios da profissão (JÚNIOR et al., 2023). Portanto, é importante oferecer uma formação adequada, possibilitando a constante atualização e aprimoramento dos professores, garantindo a qualidade da educação e o sucesso dos alunos. A aprendizagem deve ser vista como contínua e acumulativa para que os professores se mantenham atualizados e qualificados.

Nesse processo, que consiste em vivenciar a teoria da formação inicial e a prática do cotidiano escolar de forma dialética, os professores podem coletivamente criar novos saberes com seus pares. Portanto, investir em uma formação inicial sólida é crucial para o desenvolvimento de uma carreira profissional promissora e bem-sucedida no mundo acadêmico. De acordo com Castro e Amorim (2015), a formação continuada deve ocorrer em um cenário que ainda precisa ser construído, levando em conta a integralidade da pessoa do profissional e possibilitando seu protagonismo no processo formativo. Para superar as dificuldades e alcançar um desenvolvimento profissional efetivo, é fundamental a existência desse cenário adequado. Nesse sentido, é importante promover uma mudança no enfoque da formação inicial, em vez de concentrar-se exclusivamente na formação continuada. É comum que a formação inicial dos professores não seja suficiente para prepará-los adequadamente para o início de suas carreiras com segurança.

Esse fato tem sido naturalizado e, consequentemente, não há esforços suficientes para mudar essa realidade. Forma-se e certifica-se professores com a esperança de que o mercado de trabalho seja seletivo o suficiente para não absorver aqueles que não possuem as habilidades necessárias. Porém, muitas vezes, os professores têm que aprender na prática o que não aprenderam em seus cursos e precisam se atualizar e corrigir erros de formação mediante programas de formação continuada (CASTRO; AMORIM, 2015; MAGALHÃES; AZEVEDO, 2015).

Para Freitas e Pacífico (2020), a formação deve ser encarada como um projeto unificado que engloba a formação inicial e a formação continuada, de modo que envolve a formação autônoma dos professores e a constante recriação de novos saberes, a partir das vivências práticas e experiências adquiridas no ambiente escolar. Dourado (2015) destaca que esse processo requer ações mais integradas entre as políticas e a gestão da educação básica e superior, incluindo a pós-graduação. Além disso, as políticas voltadas para a valorização dos profissionais da educação devem ser consideradas nesse contexto. Portanto, é fundamental buscar uma maior articulação e coerência entre as políticas educacionais para garantir a formação de qualidade dos profissionais da educação básica.

Nesse sentido, Giglio e Lugli (2013) afirmam que a formação inicial prática dos professores é de suma importância para que se possa interromper o ciclo vicioso que expõe novos profissionais em formação a práticas repetitivas, que geram alienação e impotência. Por outro lado, um ciclo virtuoso poderia ser estabelecido por meio de práticas colaborativas que visem à inovação e à produção de conhecimento, o que ajudaria a ampliar a autonomia intelectual e a responsabilidade profissional de professores e gestores escolares. Como resultado, a formação dos novos profissionais seria positivamente afetada, influenciando também na formação continuada de professores (HONÓRIO et al., 2017).

Conforme mencionam Machado, Vasconcelos e Oliveira (2017), as práticas geram teorizações e as teorizações geram práticas, tornando necessário analisar as formações disponíveis nas universidades e outras propostas formativas que os professores enfrentam, defendendo a indissociabilidade teoria-prática tanto nos processos de formação quanto de trabalho para atender às necessidades formativas e profissionais dos professores.

Assim, segundo Castro e Amorim (2015), é essencial estabelecer um ambiente propício que valorize o crescimento abrangente do profissional e favoreça seu envolvimento ativo na busca por uma formação continuada mais eficiente e eficaz. Esse cenário precisa ser construído de forma que a formação inicial seja mais adequada às necessidades da profissão, garantindo que os professores tenham uma base sólida para começar sua carreira e que possam se aprimorar ao longo do tempo.

Essa mudança de foco é fundamental para aprimorar a qualidade da educação e garantir que os profissionais estejam sempre atualizados e preparados para superar as dificuldades da profissão.

3. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Durante a pesquisa realizada, ficou evidente que a temática da formação inicial e continuada de professores é de extrema importância para a eficácia do trabalho docente, o que tem despertado o interesse de diversos estudos acadêmicos. Este artigo teve como objetivo analisar a conexão entre a formação inicial e continuada de educadores, ressaltando a importância de uma formação sólida e contínua para o sucesso da prática docente.

Desse modo, observou-se durante a elaboração deste estudo, que a formação inicial é essencial para que o professor tenha as bases teóricas e práticas necessárias para o exercício da profissão. Entretanto, averiguaram-se também muitos entraves referentes a essa etapa de formação profissional dos docentes. Um dos principais desafios enfrentados é a falta de integração entre teoria e prática na formação docente, onde os currículos frequentemente enfatizam o conhecimento específico das disciplinas, negligenciando os aspectos didático-pedagógicos. Essa abordagem fragmentada resulta em uma formação que não adequadamente prepara o futuro professor para lidar com os desafios do ambiente escolar.

Além disso, a formação inicial muitas vezes não é capaz de atender às necessidades e demandas dos alunos e das escolas, especialmente em regiões mais carentes. A falta de formação em áreas como educação inclusiva, diversidade cultural e uso de tecnologias educacionais é um exemplo disso. Outro ponto importante é a precarização das condições de trabalho e formação dos professores, com salários baixos, falta de incentivos à formação continuada e condições de trabalho inadequadas. Isso desestimula muitos profissionais, que acabam deixando a carreira ou não se atualizando para atender às novas demandas educacionais.

Apesar desses impasses e dificuldades, a formação inicial é um dos pilares fundamentais para a formação continuada dos docentes. Através dela, o professor adquire as bases teóricas e práticas necessárias para exercer a profissão, desenvolvendo competências e habilidades que serão fundamentais para sua atuação em sala de aula. A partir dessa formação, o professor se torna capaz de refletir sobre sua prática pedagógica, analisar e solucionar problemas, desenvolver metodologias de ensino mais eficazes e trabalhar com diferentes públicos e realidades.

Portanto, torna-se imprescindível estabelecer uma conexão sólida entre a formação inicial e a formação contínua dos educadores, permitindo que estes possam atualizar-se e aperfeiçoar sua prática docente, de modo a atender às exigências e demandas em constante evolução no cenário educacional brasileiro. Neste sentido, a formação inicial e continuada de professores deve ser vista como um processo contínuo e integrado, que valorize tanto a teoria quanto a prática. É preciso que haja uma articulação entre as disciplinas da formação inicial e as atividades da formação continuada, de modo a garantir uma formação consistente e integrada.

Desse modo, a formação consistente e continuada possibilita que o professor desenvolva suas habilidades e competências, mantenha-se atualizado frente às demandas contemporâneas e possa aprimorar suas práticas de ensino. Através da formação continuada, o professor tem a oportunidade de refletir sobre sua prática e buscar alternativas para aprimorar a aprendizagem dos alunos. Assim sendo, é imprescindível investir em uma formação inicial e continuada de qualidade, que possibilite ao professor atuar como um agente transformador na educação.

REFERÊNCIAS

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[1] Doutoranda em Ciências da Educação, Mestre em Administração, Pós Graduada em Controladoria e Finanças Empresarias, Graduanda em Administração e Técnica em Segurança no Trabalho. ORCID: 0000-0002-5783-3498. Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/7327295836192309.

[2] Orientador. ORCID: 0000-0002-9230-3409.

Enviado: 17 de julho, 2023.

Aprovado: 16 de agosto, 2023.

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Andreia Aparecida Silva Moreira

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