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Trabalhabilidade como bússola orientadora ao topo da pirâmide de Maslow

RC: 125450
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DOI: 10.32749/nucleodoconhecimento.com.br/ciencias-sociais/piramide-de-maslow

CONTEÚDO

ARTIGO ORIGINAL

FINCATO, Denise Pires [1], ALVES, Andressa Munaro [2]

FINCATO, Denise Pires. ALVES, Andressa Munaro. Trabalhabilidade como bússola orientadora ao topo da pirâmide de Maslow. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano. 07, Ed. 08, Vol. 05, pp. 54-65. Agosto de 2022. ISSN: 2448-0959, Link de acesso: https://www.nucleodoconhecimento.com.br/ciencias-sociais/piramide-de-maslow, DOI: 10.32749/nucleodoconhecimento.com.br/ciencias-sociais/piramide-de-maslow

RESUMO

O ensaio se dedica a desvendar um possível (novo) integrante para os alicerces da Pirâmide de Maslow. Conduzido por um horizonte mais próximo da trabalhabilidade, busca-se responder à questão: em um contexto contemporâneo, o referido fenômeno social pode servir como novel elemento para a célebre pirâmide ou se demonstra como (o próprio) caminho para o alcance do topo piramidal? Dessa forma, o ensaio tem por objetivo principal o estudo do hodierno contexto laborativo, notoriamente, as novas formas de trabalho presentes – e futuras. Para o desenlace das respostas, utilizar-se-á o método de abordagem hipotético-dedutivo, construindo ideias e verificando novas possibilidades. Quanto ao procedimento de pesquisa, este será calcado pelo tipológico, de forma a esculpir os reflexos do fenômeno em apreciação simultaneamente à moldura piramidal Masloviana. A interpretação se alicerça pelo método sociológico, compreendendo o espaço temporal pelo qual se desenha, e a pesquisa é predominantemente bibliográfica. Constata-se que, em razão da alta maleabilidade da trabalhabilidade, o fenômeno social possui condições para servir como ferramenta impulsionadora para os mais altos patamares de trabalho e, por sua ubiquidade, possui adaptabilidade tanto como (novo) elemento para o trígono, como impulsionador de seu topo.

Palavras-chave: Futuro do Trabalho, Pirâmide de Maslow, Trabalhabilidade.

1. INTRODUÇÃO

O estudo busca desvendar novos contrastes para a Pirâmide de Maslow, de forma a prospectar uma nova leitura para suas bases. Uníssono pela disruptiva alteração do cenário laborativo brasileiro, a pesquisa se norteia pelo fenômeno social da trabalhabilidade como alicerce basilar para uma (possível) resposta aos desafios lançados. Nessa toada, ao refletir os novos contornos sociais sob as lentes desse fenômeno, busca-se como guia ao estudo os graus de afamada evolução piramidal – esses que há muito foram ensinados por Abraham Maslow em torno de sua Pirâmide.

De forma a desbravar novos caminhos, o ensaio almeja responder à questão: em um contexto contemporâneo (e das modernas formas de trabalho), o referido fenômeno social pode servir como novel elemento para a célebre Pirâmide ou se demonstra como (o próprio) caminho para o alcance do topo piramidal? Na busca de soluções, a pesquisa se utiliza do método de abordagem hipotético-dedutivo, construindo ideias e verificando novas possibilidades. Quanto ao procedimento de pesquisa, esse será calcado pelo tipológico, de forma a esculpir os reflexos do fenômeno em apreciação, simultaneamente à moldura piramidal Masloviana. A interpretação se alicerça pelo método sociológico, compreendendo o espaço temporal pelo qual se desenha, e a pesquisa é predominantemente bibliográfica.

Apesar da Pirâmide de Maslow ter erigido suas raízes ainda no século passado, frequentemente, a célebre construção de Abraham Maslow é posta à prova em diversos (novos) parâmetros sociais, estatísticos e econômicos. Por isso, esta pesquisa tem por objetivo principal colocá-la, também, em novos parâmetros. Desta vez, através das lentes laborativas contemporâneas, buscando dialogar-la com o fenômeno social da trabalhabilidade.

2. NOVAS CAMINHOS (E POSSIBILIDADES) PARA CHEGAR AO TOPO MASLOVIANO

O norte-americano Abraham Maslow, por ser psicólogo de profissão e por ter suas reflexões baseadas no exercício de seu ofício – estas lastreadas no estudo da mente humana –, ainda no século passado, idealizou a tese que se popularizou como a “Pirâmide de Maslow”. Essa Pirâmide separa de forma hierárquica os graus de necessidades humanas, bem como estrutura de maneira crescente a realização de todas elas (SCHERMANN, 2018), representando o que a maioria das pessoas necessita e deseja alcançar através de uma ordem de prioridades.

Imagem 1 – Pirâmide de Maslow Padrão

Pirâmide de Maslow Padrão
Fonte: Opinion Box, 2018.

Ainda assim, a verdade é que Maslow sabia que nem todos alcançariam imediatamente o topo das necessidades e desejos humanos (ou nunca o alcançariam) e, por isso, alocou as necessidades fisiológicas como elementos básicos, considerando-os o alicerce de sua estruturação (SIGNIFICADOS, 2022). Nem poderia ser de outra forma, dadas as imprescindibilidades físicas que clamam atenção e são estruturantes às demais.

Satisfeitos os primeiros escopos vitais, é natural o impulso por novos objetivos. Assim, entram no cenário vieses movidos pelo anseio de segurança, tanto de bem viver (no sentido de estar seguro em âmbito familiar), como do convívio em sociedade (trazendo a ideia de convivência em comunidade, o que também supera o primeiro nível, naturalmente individual) (MUNDO DA ADMINISTRAÇÃO, 2019).

O terceiro estágio da Pirâmide guarda sintonia com questões emocionais. Fisiologicamente garantido e seguro, o ser humano passa a ter desejos de pertencimento a determinado local e/ou grupo populacional. O terceiro nível reúne, portanto, tudo que permeia o aspecto social-relacional dos indivíduos, e seu desequilíbrio desencadeia uma série de prejuízos individuais e coletivos (+QI, 2021).

O quarto nível da Pirâmide, penúltima escala antes do alcance do topo, está no complexo universo da autoestima (SILVA, 2020). O desafio, aqui, é flagrante por duas razões: uma, ter uma estima elevada é elemento particular que se altera de pessoa para pessoa; e duas, nesse compasso, a estima será analisada sob qual aspecto da vida?

Para os fins desta reflexão, tomar-se-á a ótica do trabalho. O topo da Pirâmide de Maslow pressupõe o alcance de todas as necessidades humanas, encontrando seu clímax quando o cidadão se realiza em cenário pessoal (SILVA, 2020), ou seja, quando se encontra plenamente satisfeito – em todos os níveis que a afamada Pirâmide preceitua. Mas o que é chegar ao “topo da pirâmide”? O que é estar satisfeito na vida laborativa contemporânea?

Imagem 2 – Pirâmide de Maslow no Contexto Trabalhista

Pirâmide de Maslow no Contexto Trabalhista
Fonte: Equipe CuboUp, 2022.

Indo diretamente ao ponto, a coluna da direita dispõe sobre todos os níveis piramidais, particularmente, frente à nuance trabalhista. Pois bem, ao passo da ascensão do topo, as prerrogativas se dificultam, naturalmente pelas especificidades de seus pleitos (EQUIPE CuboUP, 2022). Entretanto, refletindo tal aclive com o fenômeno social aqui conjuntamente refletido, urgente também é a análise sob outras frentes.

Profissionais possuidores da trabalhabilidade são aqueles portadores de um “conjunto de ferramentas (técnicas ou morais), sem as quais o direito fundamental ao (novo) trabalho não se realizará na pós-modernidade” (FINCATO, 2020). Em outras palavras, possuir trabalhabilidade é extravasar as habilidades e/ou certificações exigidas sob a ótica que permeia características voltadas pela persecução de um emprego, ou seja, ultrapassar as maestrias próximas àquelas contornadas pela empregabilidade.

De cima para baixo e do lado direito da moderna versão da Pirâmide masloviana, prospectando a trabalhabilidade nesta zona de “satisfação no trabalho” (EQUIPE CuboUP, 2022), a referida poderia se desenhar a partir de uma labuta que permitisse ao obreiro a produção de atividades que incentivem suas (próprias) vocações. Mais ainda, o exercício do trabalho com trabalhabilidade poderia significar, à essa altura, a reprodução – e transmissão aos seus colegas – dessas atividades. Em breves linhas, possuir trabalhabilidade poderia externalizar também um novo eixo catalisador de agremiações.

Aliás, não pode ser desconsiderado que, no contexto pós-pandemia, houve a ascensão dos níveis de produtividade, nitidamente naqueles profissionais laboradores através de plataformas digitais. É claro que tal acontecimento foi facilitado pela incrementação dos meios telemáticos, mas, também (e principalmente), pelos obreiros, ao desempenharem suas atividades visando o paralelo de seu desenvolvimento pessoal no contexto moderno – façanha derivada de profissionais possuidores de trabalhabilidade. (FINCATO; ALVES, 2022).

Refletindo acerca da Pirâmide de Maslow em um ambiente de laboral, poder-se-ia imaginar a escalada completa de um ser humano se este, por exemplo, obtivesse uma remuneração que lhe garantisse a subsistência, mantendo bom padrão de vida, permitindo-lhe a interação com os seus pares sociais e, por fim, alcançando reconhecimento na realização de sua atividade (PRESOTTO, 2021). O entrave a esta hipótese se inicia quando analisados os dados do IBGE (2021), os quais apontam milhares de desempregados em território brasileiro. São números alarmantes, anunciando a inadiável (e urgente) remodelação de valores, institutos e ferramentas, para que se torne possível o desiderato masloviano que, ao que se viu, parte de aporte basilar fundamental: a subsistência do trabalhador (pessoa).

Também é verdade que, no final do ano de 2021, os números que compõem a taxa de desemprego decresceram – e isso não pode ser desconsiderado –, mas a balança foi desnivelada para a menor taxa de renda em anos dos brasileiros e, somada à alta inflacionária, novos problemas surgiram (HERÉDIA, 2021). Ainda, findado o segundo semestre de 2022, em que pese os índices tenham recuado, ainda se vive o pior momento da história em dez anos em termos de (des)ocupação (GOV, 2022).

Pergunta-se: Será esse o preço a ser pago pela formalização do vínculo empregatício? Como alcançar a realização pessoal almejada por Abraham Maslow em um contexto laborativo no cenário brasileiro? Considerando que as necessidades humanas se tornam cada vez mais complexas (KUMMELSTEDT, 2021), a reflexão que aqui se propõe é muito mais ampla.

3. NOVOS CAMINHOS AO TRABALHO: PROGRESSOS, DESAFIOS E METAS

É bom lembrar que o véu que permeia a empregabilidade é fruto de um período industrial, tal qual o mesmo contexto em que a Consolidação das Leis do Trabalho – CLT – (BRASIL, 1943), diploma que é próprio dos trabalhadores, foi erigido. Cenário que hoje se encontra há milhas de distância do contexto do seu nascedouro, o qual urge por novas reflexões.

O desassossego, já documentado em instrumento emitido pela Organização Internacional do Trabalho – OIT –, manifesta perspectivas tendenciais para o trabalho do futuro, suscitando pela necessidade do acautelamento de trabalhos decentes, inclusivos, sustentáveis e eivados de resiliência. Trabalhos não necessariamente atrelados às proteções políticas voltadas à persecução de um emprego, mas, sintonizados àquelas que garantem que o trabalhador seja a figura central de toda (e qualquer) relação (ILO, 2022).

Em alinhamento com os escritos mundiais, e apostando que a figura eixo das relações laborativas seja o trabalhador, chama-se a atenção para o fenômeno social da trabalhabilidade. Há quem diga que a falta de trabalhabilidade impossibilitará o alcance do trabalho no futuro, sendo essa uma característica propulsora na estimulação do potencial humano, tendo ligação direta com a capacidade de possuir predicados suficientemente satisfatórios para o alcance de um trabalho decente (e humano) (KRAUSZ, 2016), independentemente de subordinação.

Observando sob a ótica constitucional brasileira envolvida, pode-se entrelaçar trabalhabilidade ao conhecido direito fundamental (ao) trabalho esculpido pelo diploma, remorando (e transbordando), o disposto pelo caput do artigo 6°. Dessa vez, reformatado (BRASIL, 1988), multiplicar-se-ia pelas vertentes da readaptação social envolvida, contemplando (e desbravando) novos atributos personalíssimos para realização da lida (FINCATO; ALVES, 2021).

Mais além nessa senda garantista, se poderia, até mesmo, pensar a trabalhabilidade como algo exigível perante o Estado (diretamente), vez que “sua ausência é fato impeditivo ao alcance e exercício de um direito-eixo e, por isto, sua prestação passa a ser oponível ao Estado e, até, à sociedade” (FINCATO, 2020). Portanto, tal concepção pode traduzir a trabalhabilidade como um novo e próprio direito fundamental ou, se não assim, como um direito fundamental implícito[3] (SARLET, 2018), vertente do positivado direito social ao trabalho (BRASIL, 1988).

Assim, o cidadão que possuir uma alta trabalhabilidade realizará seu trabalho de forma a transbordar a mera empregabilidade (e a meta de alcançar um emprego para a vida toda). O trabalhador que possuir este traço “transbordante” fará algum trabalho auferindo renda, proporcionando para com seus iguais elementos capacitadores de colaboração e se realizando profissionalmente – vez que produzirá atividade laboral atinente ao que acredita, transformando a subsistência humana em caminhada digna, tal como mencionado pela Carta Constitucional (BRASIL, 1988).[4] Isto posto, o trabalhador que possuí-la tenderá, de alguma forma, a percorrer todos os níveis da Pirâmide e, assim, a realizar-se enquanto ser humano.

Todavia, acompanhando as preocupações de Maslow, compreende-se que, para o trabalho do futuro – sobretudo em atenção ao desafio aqui lançado: a persecução do topo da Pirâmide de Maslow – é inevitável a (re)construção de parâmetros sociolaborais. Inclusive, sob pena de uma parte da sociedade não alcançar, nem mesmo, os alicerces mínimos constitucionalmente garantidos (e a base da Pirâmide masloviana).

Nesse ínterim, prospectando o trabalho sob os parâmetros do fenômeno social da trabalhabilidade, parece que a realização laborativa do século XXI sobreleva os vetustos parâmetros alicerçados pela empregabilidade. Notoriamente, pelo trabalho contemporâneo em fomentar situações outras, não apenas atreladas àquelas que se vislumbra pela realização da lida – propriamente dita, mas, pluralizado, refletindo em uma série de novas contemplações (e perspectivas).

Exatamente por isso, pensar no trabalho vinculado ao fenômeno da trabalhabilidade – como alcance do topo ou nova camada de desenvolvimento da Pirâmide de Maslow – é, na realidade, colocar em evidência a pessoa do trabalhador. Nessa linha, realizar movimentos visando centralizar a figura humana envolvida, hodiernamente, possibilitaria uma melhor adequação à sociedade em que se vive, esta, agora, incessantemente em evolução.

Pioneiro, sabe-se que há muito Maslow anteviu que, além da inerente dificuldade de satisfação de todos aos maiores níveis da famigerada Pirâmide, os desafios seriam ainda mais elevados quando considerados os fatores pessoais dos indivíduos. Nesse sentido, merece passagem:

Ainda que todas as necessidades básicas estejam, pelo menos, parcialmente satisfeitas, um indivíduo pode sentir-se descontente por não estar utilizando toda a sua capacidade. Essa necessidade do homem ser tudo o que pode chama-se necessidade de auto-realização. Estas necessidades podem parecer em forma de diversos desejos de acordo com cada pessoa. (FERREIRA; DEMUTTI; GIMENEZ, 2010, p.7.)

Sem perder de vista o eixo desta pesquisa – mesmo considerando que atualmente se exige o porte de habilidades nem sempre certificáveis, mas suficientes capazes de constantemente colocá-los à altura da labuta regida pelos novos parâmetros –, é inconteste que os atuais desafios irão se sobrepor às antigas fronteiras do cenário laborioso.

Tanto é assim que, em recente pesquisa de campo realizada por grupo de estudantes preocupados com o futuro do trabalho, foi permeado o local de trabalho e o nível de satisfação dos colaboradores e, quanto aos índices, as estatísticas apontaram que os profissionais que exercem suas atividades com estímulo e visam o crescimento pessoal de seus obreiros se inclinam menos ao desenvolvimento de problemas psicológicos. (SILVA; ULLER; SANTOS; REZENDE, 2017, p.161.)

Enfim, fica a pergunta: a trabalhabilidade seria um novo elemento da dita Pirâmide masloviana, ou uma (nova) mola propulsora para percorrer todos os seus níveis? Independentemente de qualquer resposta, tem-se a certeza de sua relevância para a geração de trabalho e renda e, daí, da imperiosidade do investimento – público e privado, individual e coletivo – em estratégias ampliadoras da trabalhabilidade.

Enquanto isso, sob a égide de um vínculo empregatício, ou sob as modernas veias do empreendedorismo, prima-se que o trabalhador esteja sempre plenamente realizado através de suas atividades, alcançando os mais altos patamares (da Pirâmide, inclusive). Indo, portanto, ao encontro de Maslow!

4. CONCLUSÃO

Ao longo do desenvolvimento desse estudo se percebeu que o trabalho vindouro é ainda um horizonte pendente a ser desbravado, sobretudo pelos desafios na prospecção acerca de suas reais e prováveis novas configurações. Entretanto, fato inconteste é que, diante do que se verifica até hoje através das propostas laborais, o laborador é – e cada vez será mais – a peça-chave do todo esse caminho evolutivo. Nessa via, encontrou-se algumas conclusões.

Mesmo à par de sua já madura estabilização temporal, a Pirâmide de Maslow comprova sua atemporalidade através de suas disposições coerentes e bem estruturadas. Frente às necessidades vitais, claras e cirúrgicas, sua triangulação possibilita atualmente a sua utilização (sob várias frentes), fato que comprova a sua modernidade. Outrossim, percebeu-se, também, que reflexioná-la sob as lentes do fenômeno social da trabalhabilidade a revestiu com melhor roupagem social – e trabalhista.

Trazendo à baila as ideias que aqui nos interessam, introduzir o fenômeno social da trabalhabilidade no cenário laborativo – e nas entrelinhas da Pirâmide Masloviana –, seria torná-la ponte na realização de trabalho proporcionador de atividades capazes de auferir renda suficiente para garantir condições mínimas (e decentes) de subsistência. Mais ainda, seria a via de segurança para bem conviver com seus pares, estes, que agora também estariam em constante desenvolvimento. Visualizando socialmente, a arte laboriosa regida por trabalhabilidade tornaria a lida também fluída, pluralizada e capaz (mais do que nunca), de refletir autoestima e, igualmente, as realizações pessoais.

Atendendo ao questionamento sinalizado ao longo do texto acerca do que se traduz em “estar satisfeito na vida laborativa contemporânea?”, responde-se que é realizar atividades laboriosas que permitam o efetivo desenvolvimento da pessoa do trabalhador, em toda a sua plenitude. Nessa perspectiva, estar satisfeito é produzir labor que impacte positivamente a vida de quem o faz, mas, também, quem por ele é tocado. E, daí, com isso, reproduzindo novas (e melhores) formas de enxergar o mundo.

Nesse evoluir, compreende-se de forma afirmativa que a trabalhabilidade poderia se convalidar em novo elemento para a afamada Pirâmide, primeiro, porque elevando-a como meta a ser alcançada ela serviria como ponte para níveis maiores; e, segundo, pois ao obreiro capacitado – entenda: com alta trabalhabilidade –, todo e qualquer labor lhe seria possibilitado – e, daí, maiores graus de evolução e adaptação.

Nesse gizar, errado também não seria enxergar a trabalhabilidade como mola propulsora do alcance do topo piramidal Masloviano, potente e incansável. Nesse estágio, as camadas seriam incrementadas por tudo que o desenvolvimento das novas habilidades laborativas requerem, especialmente, dentro de um contexto de ascensão tecnológica. De qualquer sorte, como camada participante da forma triangular ou como novel instrumento acelerador de aproximação com o topo, mister compreendê-la em sua máxima utilização.

Na realidade, em razão da alta maleabilidade da trabalhabilidade, o fenômeno social possui condições para servir como ferramenta impulsionadora para os mais altos patamares de trabalho e, por sua ubiquidade, possui adaptabilidade tanto como (novo) elemento para o trígono, como impulsionador de seu topo. Especialmente em cenário tupiniquim, entende-se que as margens para alcançar determinada atividade laborativa deve ser “alargadas”, ou seja, a remodelação deve buscar não apenas os trabalhos regidos por vínculos empregatícios, mas, também, outras atividades – mas que, definitivamente, proporcionem o desenvolvimento de quem a realiza. Alcançar a satisfação pessoal é, portanto, executar atividade laboriosa catalisadora de todos os melhores aspectos de seu praticante.

REFERÊNCIAS

BRASIL. [Constituição (1988)]. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm. Acesso em: 07 fev. 2022.

BRASIL. Decreto-Lei n.º 5.452, de 1 de maio de 1943. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del5452.htm. Acesso em: 04 fev.2022.

CuboUp. O que é a Teoria de Maslow? Como usar na Vida Profissional. Disponível em: https://cuboup.com/conteudo/maslow/. Acesso em: 24 jun. 2022.

FERREIRA, André; DEMUTTI, Carolina Medeiros; GIMENEZ, Paulo Eduardo Oliveira. A teoria das necessidades de Maslow: a influência do nível educacional sobre a sua percepção no ambiente de trabalho. Anais do Seminários de Administração, p. 1-17, 2010.

FINCATO, Denise. Trabalhabilidade (workability):um direito ‘VUCA’. O Estadão. 28 jul. 2020. Disponível em: https://politica.estadao.com.br/blogs/fausto-macedo/trabalhabilidade-workability-um-direito-vuca/. Acesso em: 04 fev. 2021.

FINCATO, Denise Pires. ALVES, Andressa Munaro. A Trabalhabilidade do Teletrabalhador: Uma análise a partir do núcleo essencial do Direito Fundamental ao Trabalho; In VASCONCELOS, Adaylson Wagner Sousa de. Ciências jurídicas: certezas, dilemas e perspectivas 2. P. (147-161). Ponta Grossa – PR: Atena, 2021.

FINCATO, Denise Pires; ALVES, Andressa Munaro. “Produtividade no Trabalho em

Plataformas Digitais e a Trabalhabilidade como Fenômeno Social”, in: VEIGA, Fábio da Silva; ZAŁUCKI, Mariusz (coords.). LegalTech, Artificial Intelligence and the Future of Legal Practice, Porto/Kraków: Instituto Iberoamericano de Estudos Jurídicos and AFM Kraków University, 2022. P. (75-83)

GOV. Governo do Brasil. Mercado de Trabalho. Taxa de desemprego recua para 10,5% no trimestre encerrado em abril. Atividades como transporte, armazenagem e correio tiveram destaque na geração de vagas. Publicado em 01/06/2022 15h00. Disponível em: https://www.gov.br/pt-br/noticias/trabalho-e-previdencia/2022/06/taxa-de-desemprego-recua-para-10-5-no-trimestre-encerrado-em-abril. Acesso em: 25 jun. 2022.

HERÉDIA, Thaís. Apesar de queda na taxa de desemprego, renda do brasileiro está 10% menor em 2021. Hoje, a média nacional de renda é de R$ 2.489, contando todas as categorias e incluindo empregos do setor público. CNN Brasil. Disponível em: https://www.cnnbrasil.com.br/business/apesar-de-queda-na-taxa-de-desemprego-renda-do-brasileiro-esta-10-menor-em-2021/. Acesso em: 04 fev. 2021.

IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Desemprego. Disponível em: https://www.ibge.gov.br/explica/desemprego.php. Acesso em: Acesso em: 04 fev. 2022.

ILO. International Labour Organization. World Employment and Social Outlook. Trends 2022. Disponível em: https://www.ilo.org/global/research/global-reports/weso/trends2022/WCMS_834081/lang–es/index.htm. Acesso em 05 fev. 2021.

KRAUSZ, ROSA. Trabalhabilidade. 2 ed. São Paulo: Scortecci, 2016.

Mundo da Administração // Tudo sobre ADM está aqui. Pirâmide de Maslow: Hierarquia de Necessidades Humanas || Abraham Maslow. Youtube. 3:30. 2019. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=EIU3GHDmGqA. Acesso em: 04 fev. 2022.

+ QI. O que é Pirâmide de Maslow? | Teoria da Motivação | Abraham Maslow. Youtube. 7:40. 2021. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=oBvMjRUL6ew. Acesso em: 29 nov. 2021.

PRESOTTO, Alanis. Motivação: Pirâmide de Maslow. Alura. 31 mar. 2021. Disponível em: <https://www.alura.com.br/artigos/piramide-de-maslow>. Acesso em: 04 fev. 2022.

SARLET, Ingo Wolfgang. A Eficácia dos Direitos Fundamentais: Uma teoria geral dos Direitos Fundamentais na perspectiva constitucional. 13. ed. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2018.

SCHERMANN, Daniela. Pirâmide de Maslow: o que é, para que serve e por que você precisa conhecê-la. Opinion Box. 2 abr. 2018. Disponível em: https://blog.opinionbox.com/piramide-de-maslow/. Acesso em 04 fev. 2021.

SIGNIFICADOS. Comportamento Humano. Pirâmide de Maslow. O que é a Pirâmide de Maslow. Disponível em: <https://www.significados.com.br/piramide-de-maslow/> Acesso em: 04 fev. 2022.

SILVA, Adolfo Felipe. Pirâmide de Maslow: o que é e por que você deve saber mais sobre ela? Guia Empreendedor. 14 abr. 2020. Disponível em: https://www.guiaempreendedor.com/guia/piramide-de-maslow. Acesso em: 04 fev. 2022. 

SILVA, Vander Luiz da; ULLER, Camila Maria; SANTOS, Jordana Dorca dos; REZENDE, Fabiane Avanzi. Análise da motivação de pessoas: um estudo baseado em princípios da Hierarquia de Necessidades de Maslow. Revista FOCO. ISSN, V.10, nº2, jan./jul. 2017. p. 223X, 1981.

APÊNDICE – REFERÊNCIA NOTA DE RODAPÉ

3. Considerando a obra de Sarlet quando se debruça a detalhar os contornos dos direitos formais e materialmente fundamentais (SARLET, 2018).

4. “Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios: […]” (BRASIL, 1988).

[1] Pós-Doutora em Direito do Trabalho pela Universidad Complutense de Madrid (España). Doutora em Direito pela Universidad de Burgos (España). Professora Pesquisadora do PPGD da PUCRS. ORCID: 0000-0002-1339-9343.

[2] Mestranda em Direito pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS) – Bolsista CAPES. Especialista em Direito do Trabalho e Previdenciário pela Escola Superior Verbo Jurídico Educacional. Professora no Programa de Graduação em Direito nas Faculdades Integradas São Judas Tadeu. Pesquisadora e Líder de eixo do Grupo de Pesquisas “Novas Tecnologias, Processo e Relações de Trabalho” (PUCRS). ORCID: 0000-0002-3688-1976.

Enviado: Junho, 2022.

Aprovado: Agosto, 2022.

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Andressa Munaro Alves

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