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O Trabalho na Quarta Revolução Industrial

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CONTEÚDO

ARTIGO ORIGINAL

RIZZETO, Ricardo Silva [1], GURGEL, Clarisse Toscano de Araújo [2]

RIZZETO, Ricardo Silva. GURGEL, Clarisse Toscano de Araújo. O Trabalho na Quarta Revolução Industrial. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano 05, Ed. 11, Vol. 20, pp. 117-140. Novembro de 2020. ISSN: 2448-0959, Link de acesso: https://www.nucleodoconhecimento.com.br/administracao/quarta-revolucao

RESUMO

As relações de trabalho sofreram inúmeras mudanças no decorrer da história e as revoluções industriais pelas quais o mundo passou sempre estiveram diretamente envolvidas nesse processo transformativo. O processo atual, chamado de quarta revolução industrial ou Indústria 4.0, manifesta-se de forma mais célere que suas antecessoras e seus impactos se refletem em toda a esfera empresarial, política, econômica e social. Sob esta perspectiva, este trabalho tem por objetivo analisar as características e impactos da quarta revolução industrial a fim de verificar as possíveis implicações no mercado de trabalho. O artigo foi desenvolvido a partir de uma revisão de literatura e busca explorar os reflexos positivos e negativos desse evento, assim como a visão do capital e o papel da administração pública.

Palavras-chave: Quarta Revolução Industrial,  indústria 4.0, trabalho.

1. INTRODUÇÃO

Ao longo da história da humanidade, as relações de trabalho sofreram inúmeras mudanças, sempre se enquadrando às necessidades do empresariado em busca do aumento das taxas de lucro. Essas relações, muitas vezes, sofrem efeitos devastadores por conta do desenvolvimento tecnológico que, ao mesmo tempo em que é determinante para a evolução em áreas como saúde, transporte e qualidade de vida, também é utilizado pelo capital como ferramenta para precarizar as condições de trabalho. Hoje estamos vivendo o início de um processo transformativo que se manifesta como uma nova revolução industrial, capaz de potencializar a flexibilidade e produtividade dos processos de produção, estejam eles no setor privado ou público.

O processo de criação destrutiva, fenômeno que utiliza a inventividade tecnológica para oferecer novos produtos ao mesmo tempo em que força obsolescência em outros, foi responsável pelo surgimento de grandes fortunas e pela intensificação da exploração do trabalhador. Sob esse prisma, ressurge o velho debate entre aqueles que enxergam a tecnologia como o arauto da libertação da humanidade do trabalho duro, repetitivo e desestimulante em contraposição daqueles que a julgam como a precursora do desemprego tecnológico. Nas palavras de Klaus Schwab, em A Quarta Revolução Industrial, (2016, p. 2), “a profunda incerteza que rodeia o desenvolvimento e a adoção de tecnologias emergentes significa que ainda não conhecemos os desdobramentos das transformações geradas”

Esse conflito se alimenta da quebra do paradigma trazida pela quarta revolução industrial: enquanto historicamente a automatização tinha sua aplicação limitada às tarefas corriqueiras que apenas podiam ser estabelecidas com rotinas rígidas de programação, a inteligência artificial e o aprendizado de máquina estão tornando esse processo cada vez mais flexível, permitindo que tarefas não corriqueiras possam ser executadas por máquinas, trazendo todo um universo de possibilidades para tornar o trabalho mais produtivo, flexível e conectado (GRAGLIA; LAZZARESCHI, 2018). No entanto, é necessário ter em mente o alto preço que a automatização cobra do trabalhador quando implementada sem levar em consideração os possíveis impactos nos recursos humanos.

Dentre todos os possíveis impactos da quarta revolução industrial, o artigo aborda apenas aqueles relevantes para a organização do trabalho. O objetivo é auxiliar no entendimento de como o nosso futuro pode ser afetado pelo íntimo relacionamento entre o desenvolvimento tecnológico e as relações trabalhistas. Para tanto, utilizou-se da metodologia de revisão de literatura por meio de um levantamento teórico composto de livros, dissertações e artigos, nacionais e estrangeiros, sobre o tema. Foram utilizadas, também, algumas publicações que, apesar de não possuírem caráter acadêmico, contribuem por fornecerem dados atuais sobre a influência e desenvolvimento da Indústria 4.0.

A fim de facilitar a compreensão, o trabalho foi estruturado da seguinte forma: o alicerce teórico é fornecido nas duas primeiras partes do artigo, sendo a seção 2 responsável por apresentar o contexto histórico das mutações sofridas pelo trabalho e a terceira seção dedicada a introduzir a quarta revolução industrial. A quarta seção é responsável pelo detalhamento dos impactos positivos e negativos da Indústria 4.0 nas relações trabalhistas. A quinta seção abrange a posição do capital nessas mudanças e pontos de interesse no que tange moldar positivamente o futuro das relações de trabalho.

2. CONTEXTO HISTÓRICO DAS RELAÇÕES DE TRABALHO

As relações sociais sofreram mutações durante todo o curso da história e o trabalho não é uma exceção. Um processo de trabalho é uma sequência de atividades completa, possuindo começo, meio e fim, e o advento da pós-modernidade trouxe consigo a adoção de conceitos relacionados à sua flexibilização por parte daqueles que detêm o poder econômico. Essa flexibilização foi muito bem recebida, uma vez que tinha em vista manter os interesses do capital e, para tanto, trazia as reestruturações necessárias para a manutenção do capitalismo (HARVEY, 2008).

A flexibilidade das relações trabalhistas pode ser encarada como um aumento do poder discricionário do capital, permitindo a ele alterar de forma unilateral as condições do contrato de trabalho, e se manifesta como uma retirada de direitos trabalhistas sob o argumento que a autorregulação pode resultar na geração de mais empregos. Tem o objetivo de descentralizar o poder, antes focado no papel do líder, criando a figura do trabalho em equipe e posicionando lideranças de forma situacional, concedendo aos trabalhadores maior responsabilidade e controle sobre a própria função. No entanto, essa mudança tornou os indivíduos visíveis em qualquer parte da cadeia, criando outras formas de poder e controle advindas de metas de resultado e produção.

O surgimento e popularização do relógio mecânico ainda na sociedade pré-moderna e o aperfeiçoamento dos meios de comunicação, como televisão, telefone, rádio e internet, assim como a “diminuição das distâncias” por meio da utilização de meios de transporte cada vez mais velozes, formam os impulsionadores das mudanças na relação entre tempo e espaço (GIDDENS, 1991). O “esvaziamento” desses conceitos permitiu uma forte mudança na organização social que não mais estava limitada às fronteiras geográficas ou à noção do ciclo natural de tempo. Este processo resulta em uma dinâmica única e marcante nas sociedades modernas.

Quando a relação de trabalho com base nos princípios taylorista-fordista foi substituída pelo Toyotismo, cuja produção enxuta e flexível é a principal característica, passou a ser necessário um novo tipo de trabalhador. O profissional taylorista, que vencia a separação entre atividades manuais e mentais, não era mais suficiente. Passa a ser necessário um trabalhador capaz de integrar pensamento e ação, além de ser capaz de produzir conhecimento para a empresa. Esse processo deixa de lado os operários e sua execução de tarefas repetitivas em detrimento de trabalhadores de conhecimento, capazes de incorporar outro tipo de valor aos processos de produção e gestão e aos produtos (ANTUNES, 2009).

Antes, a hierarquia verticalizada, a ordem, a eficiência e a organização do trabalho, compunham valores que precisavam ser internalizados pelos funcionários de uma empresa. Com o advento da pós-modernidade, o foco do trabalho tornou-se orientado a resultados e à eficácia e os meios necessários para atingir esses objetivos não têm importância. Os valores da empresa passam a ser elásticos e de difícil internalização pelos funcionários, uma vez que mudam de acordo com os interesses empresariais. (ANTUNES, 2009).

O processo produtivo passou a ser guiado pela demanda e com foco no atendimento ao cliente de forma individualizada. O trabalho passou a ser executado por processos de forma a atender esses princípios. Os funcionários se tornaram multifuncionais, passando a ser responsáveis por todas as tarefas do ciclo produtivo (ANTUNES, 2006).

David Harvey, em A Condição Pós-Moderna, (2008) defende que a ideia pós-modernista de flexibilidade baseia sua existência pela ficção, fantasia e imaterialidade. Dentre as concepções que acompanharam o surgimento do trabalho flexível, veio uma falsa percepção de liberdade no cumprimento de metas, que acabavam por exigir um grande empenho dos trabalhadores para que fossem alcançados os resultados esperados, uma vez que possuem a tendência de ter execução e cumprimento complicadas. Além disso, as equipes de trabalho passaram a contar com um número cada vez mais reduzido por conta da dispensa de trabalhadores cujas atividades passaram a ser desempenhadas por máquinas, confluindo para uma sobrecarga de trabalho e a necessidade de horas-extras (ANTUNES, 2006).

A flexibilização do trabalho é apenas uma das pernas de um tripé de destruição das relações trabalhistas, sendo os outros dois apoios a terceirização (quando uma instituição contrata outra empresa para prestar um serviço, permitindo uma exploração da mão de obra com ausência de responsabilização ou obrigação por parte do contratante) e a informalidade (que é a inexistência de um regime formal de contratação). Esse trípode se tornou parte essencial da filosofia de trabalho da empresa capitalista (ANTUNES, 2018) e se expandiu para o que chamamos de uberização do trabalho, que se trata de uma relação informal, flexível e por demanda, onde a obrigação de fornecer os meios de produção recai sobre o trabalhador.

Paralelo a isso, percebemos que possibilidade do trabalho online, recurso cada vez mais utilizado pelas empresas graças à segurança e confiabilidade que os avanços tecnológicos oferecem, fez com que a barreira entre o tempo de vida no trabalho e fora dele se tornasse cada vez mais tênue, algumas vezes quase inexistente. Ao mesmo tempo em que essa modalidade de trabalho tem pontos positivos, como a redução do tempo gasto com transporte, que, em teoria, permitiria um melhor gerenciamento do tempo, ela vem acompanhada de problemas. O teletrabalho muitas vezes é utilizado pelo capital como forma de afrouxar ou eliminar direitos trabalhistas e seguridade social. Os exemplos mais graves dessa situação resultam no que Ricardo Antunes, em o Privilégio da Servidão (2018), vem a chamar de Escravidão Digital e é algo que tende a se intensificar com o advento da quarta revolução industrial.

3. COMPREENDENDO A QUARTA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL

Tradicionalmente, estuda-se a revolução industrial como um evento único e isolado, no entanto a abordagem moderna do assunto considera que tivemos várias revoluções separadas por diferentes marcos tecnológicos, ou seja, quando novas tecnologias e novas formas de perceber o mundo desencadeiam uma alteração profunda nas estruturas sociais e nos sistemas econômicos (SCHWAB, 2016). Balizando-se por essa definição, temos a primeira, e mais conhecida, revolução industrial caracterizada pelo uso do motor a vapor e do carvão como energia iniciada na segunda metade do século XVIII. A segunda revolução industrial se iniciou no final do século XIX e é marcada pelo advento da energia elétrica e surgimento do motor de combustão interna. Iniciada na década de 60, a terceira revolução industrial tem como gatilho o desenvolvimento dos semicondutores e da computação, assim como o uso do gás natural e da energia nuclear. Tendo sido impulsionada pela computação e pela internet, ela também é chamada de revolução digital.

Hoje “estamos no início de uma revolução que alterará profundamente a maneira como vivemos, trabalhamos e nos relacionamos” (SCHWAB, 2016, p. 1). Trata-se da quarta revolução industrial, ou Quarta Onda, como também é chamada, que teve início na virada do século e ainda está em desenvolvimento. Ela parte de uma ruptura das tecnologias digitais da revolução predecessora que estão se tornando mais sofisticadas e integradas e, por consequência, transformando a sociedade e a economia global (SCHWAB, 2016). Ela é impulsionada por uma série de tecnologias disruptivas, ou seja, inovadoras e capazes de causar uma transformação brusca nos padrões dos modelos estabelecidos pelo mercado. Muitas vezes essas inovações ainda estão em fase embrionária e não tiveram todas as suas potenciais aplicações exploradas. A tabela abaixo apresenta de forma sintética as quatro revoluções tecnológicas pelas quais passamos.

Tabela 1: As 4 revoluções industriais

Período Fonte de energia Principais feitos tecnológicos Principais indústrias Meios de transporte
1ª revolução 1760-1900 Carvão Motor a vapor Têxtil e aço Trem
2ª revolução 1900-1960 Petróleo e eletricidade Motor de combustão interna Metalurgia, automotiva, construção Trem e carro
3ª revolução 1960-2000 Gás natural e energia nuclear Computadores e robôs Automotiva e química Carro e avião
4ª revolução 2000-… Energias limpas Engenharia genética e impressão 3d Indústrias de alta tecnologia Carro elétrico, trens ultrarrápidos

Fonte: PRISECARU, 2016 (adaptado)

A quarta onda está se desenvolvendo mais velozmente do que suas antecessoras e isso é um feito realmente considerável ao levarmos em conta que a disponibilidade internet, principal marco da revolução digital, alcançou praticamente todo o mundo em menos de uma década enquanto o tear mecanizado, referência da primeira revolução industrial, levou quase 120 anos para ser difundido fora da Europa (SCHWAB, 2016).

Embora também seja chamada de Indústria 4.0, a quarta revolução industrial não se limitada às “fábricas inteligentes”, plantas de produção onde complexos sistemas de computação e recursos de automação industrial permitem que os componentes se comuniquem e respondam às variáveis do ambiente de forma a aprimorar a produção. A quarta onda possui um escopo muito mais abrangente, onde novas descobertas tecnológicas digitais, biológicas e físicas surgem, interagem e se fundem a todo momento. Entre as tecnologias impulsionadoras da revolução tecnológica estão:

  • veículos autônomos – utilizando-se de sensores e inteligência artificial avançados, veículos sem motorista estarão aptos a executar vários tipos de tarefa, como verificação de linhas de energia e entrega de suprimentos em zonas de guerra;
  • impressão 3D ou fabricação aditiva – sendo capazes de produzir desde turbinas até minúsculos implantes médicos, essa tecnologia será cada vez mais difundida conforme os custos de produção se reduzem;
  • robótica avançada – com o avanço dos sensores, os robôs se tornam capazes de compreender e responder ao ambiente cada vez melhor;
  • novos materiais – materiais mais leves, fortes, recicláveis e adaptáveis. Existem aplicações de materiais com autorreparação, autolimpeza, memória ou capazes de converter pressão em energia;
  • internet das coisas (IoT) – a interface entre tecnologias físicas e digitais, permite conectar à internet acessórios, roupas, casas, cidades e sistemas de transporte por exemplo;
  • blockchain – se hoje ele é utilizado principalmente para registrar transações financeiras realizadas com criptomoedas (Bitcoin, por exemplo), no futuro poderá ser utilizada para registrar títulos, certidões apólices e votos, por exemplo;
  • engenharia genética – hoje já se poder fazer sequenciamento genético de forma rápida e consideravelmente mais barata, mas o próximo passo é a biologia sintética, onde será possível criar organismos personalizados;
  • biotecnologia – o uso de organismos vivos para a produção de materiais diversos, como medicamentos e combustíveis;
  • neurotecnologia – implante de microdispositivos eletrônicos em seres vivos, permitindo o tratamento de doenças ou monitoramento do estado de saúde.

Cada uma das revoluções industriais trouxe consigo benefícios e desafios à condição socioeconômica dos países. Enquanto os países desenvolvidos podem aproveitar o impacto positivo dessas mudanças, como crescimento econômico, aumento de produtividade e melhores condições de vida para a população, eles submetem os países em desenvolvimento, que ainda não tiveram a oportunidade de essas transformações completamente, a uma condição de superexploração. Cerca de 17% da população mundial ainda não teve a oportunidade de vivenciar a segunda revolução industrial, visto que 1,3 bilhão de pessoas ainda não têm acesso à eletricidade, assim como 4 bilhões de pessoas – mais que metade da população mundial – ainda não passou pela terceira revolução industrial, uma vez que não possuem acesso à internet (SCHWAB, 2016).

Ainda assim, a Indústria 4.0, sendo o vetor de um novo e profundo salto tecnológico no mundo produtivo, representa um fortalecimento da automatização de todos os processos produtivos devido as novas tecnologias da informação e comunicação e seu célere desenvolvimento. Como Ricardo Antunes enfatiza em O Privilégio da Servidão (2018), será ela a permitir que toda a logística empresarial da cadeia de valor seja controlada de forma digital.

No Brasil, o desenvolvimento da quarta revolução industrial ainda segue lentamente na maior parte dos setores. Apenas 9% das indústrias no Brasil acreditavam ter nível avançado de digitalização em 2018, enquanto esse percentual no México e China era de 40% segundo a consultoria PricewaterhouseCoopers (PwC) (MAGALHÃES; VENDRAMINI, 2018). Segundo informação presente no portal Industria 4.0, site do governo federal para apresentação da agenda de evolução tecnológica, o país tem caído no ranking de eficiência da inovação e hoje ocupa a 69ª posição no Índice Global de Inovação.

Se a Indústria 4.0 já se manifesta com uma velocidade maior do que suas antecessoras, devemos considerar que em períodos de crise e conflito temos um maior estímulo para o desenvolvimento e adoção de novas tecnologias para contornar e combater os desafios que os tempos conturbados impõem. Guerras, revoluções e pandemias são fatores capazes de acelerar mudanças que já estão em curso e, sem dúvida alguma, pode-se verificar uma maior celeridade na evolução da quarta revolução tecnológica com o advento da crise do COVID-19 que se instaurou no ano de 2020.

Vários governos ao redor do mundo instituíram um isolamento social compulsório ou, ao menos, insistiram que as pessoas permanecessem em casa tanto quanto possível. Mais do que nunca, a internet se mostrou um serviço essencial uma vez que toda a população passou a depender dessa tecnologia para trabalhar, estudar e até para confraternizar com os amigos. A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) registrou um aumento de mais de 40% no uso da internet no Brasil (LAVADO, 2020).

O uso de plataformas de videoconferência se tornou uma necessidade desde o início da crise sanitária do novo Coronavírus. Entre dezembro de 2019 e abril de 2020, o Zoom mudou sua base de usuários de 10 milhões para 200 milhões. No mesmo período, o Skype teve um aumento de 70% no número de usuários (CAPELAS, 2020).

Se até março de 2020 o teletrabalho era uma realidade apenas para pequena parte da população, hoje essa é uma opção que atende uma porção muito maior da população. Em uma situação, como citado anteriormente, em que a redução do contato social se tornou uma necessidade a fim de atenuar a curva de contágio do COVID-19 e poupar o sistema de saúde de um eminente colapso, o home office precisou ser expandido de forma a manter não apenas os postos de trabalho, mas também o funcionamento do próprio sistema capitalista, uma vez que os empregos são um fator essencial à preservação do consumo.

Para as empresas, o novo Coronavírus foi certamente um fator acelerador no processo de digitalização. Uma pesquisa realizada pela Intuit QuickBooks revelou que 49,7% das pequenas empresas brasileiras estão mais digitais agora do que antes do início da pandemia. Considerando que apenas 30,2% dos empreendedores tinham projetos voltado para a digitalização da empresa antes de março de 2020, pode-se ter uma prévia do impulso que a quarta revolução industrial recebeu com surgimento do vírus. (NADER, 2020).

Esse fator de antecipação da quarta revolução digital fica ainda mais evidente quando verificamos que algumas empresas, mesmo ao fim da pandemia, pretendem manter o regime de teletrabalho. Várias companhias optaram por se desfazer dos escritórios e manter, ao menos, parte do quadro de funcionários trabalhando de casa permanentemente (CAMPOS; BIGARELLI, 2020).

4. OS REFLEXOS DA INDÚSTRIA 4.0 NAS RELAÇÕES DE TRABALHO

As revoluções industriais não alteram somente a tecnologia. Elas, ao longo da história, transformaram sistemas econômicos, políticos, sociais e ambientais. Obviamente, a quarta revolução industrial não será diferente. Seus impactos tornam-se cada vez mais visíveis e isto está ocorrendo com uma celeridade sem precedentes. As tecnologias emergentes permitem novas formas de mobilidade, de comercialização e de geração de valor. O grande desafio é garantir as oportunidades criadas pela quarta onda sejam distribuídas de modo equitativo, sendo acessíveis e utilizadas não apenas pelo detentor do capital, mas estando a serviço de todos.

Os efeitos do avanço tecnológico sobre o mercado de trabalho se manifestam em duas distintas fases. Em um primeiro momento, a tecnologia tem um efeito destrutivo sobre os empregos. Os autômatos e tecnologias disruptivas, ou seja, o trabalho morto, substituem o trabalho vivo, impondo aos trabalhadores a condição do desemprego ou os obrigando a direcionar suas habilidades para outros setores (SCHWAB, 2016). Ricardo Antunes, em Adeus ao trabalho? Ensaios sobre as metamorfoses e a centralidade do mundo do trabalho, (2006) sintetiza esta situação quando diz que a destruição da força humana de trabalho lhe impõe uma condição precarizada ou excluída.

Ainda segundo Schwab (2016), depois da ocorrência do efeito destrutivo, surge o efeito capitalizador. Esse efeito surge devido a demanda por novos bens e serviços e resulta na criação de novos postos de trabalho em vista do surgimento de novas profissões, empresas e, em alguns casos, indústrias.  Por exemplo, durante a revolução digital surgiu a figura do profissional de tecnologia da informação, fábricas de microcomputadores e empresas dedicadas à manutenção desses equipamentos. Acredita-se que 65% das crianças que estão começando a escola hoje, quando concluírem seus estudos, ingressarão em um trabalho que ainda não existe (COMPUTERWORLD, 2019).

Sob essa ótica, o que precisa ser avaliado é se o efeito capitalizador dessa revolução tecnológica será forte o suficiente para compensar o seu efeito destrutivo.

4.1 IMPACTOS NEGATIVOS

Não é nenhuma novidade a preocupação em torno da perda de postos de trabalhos em função de novas tecnologias, mas, segundo Schwab (2016), os motivos que tornam a Indústria 4.0  mais propícia a cumprir a promessa de transformar de forma profunda todos os setores e ocupações é o ritmo acelerado com que tudo está acontecendo, o fato de serem muitas mudanças de amplo escopo acontecendo ao mesmo tempo e transformando por completo sistemas inteiros.

Com desenvolvimento da automação, aliada a tecnologias como a inteligência artificial e robótica, podemos considerar que autômatos podem e vão substituir seres humanos em diversas profissões. O uso avançado da tecnologia promete uma maior produtividade, eficiência, segurança e um aumento considerável na margem de lucro do empresário. À obsolescência do trabalho humano causada pelo intenso uso da tecnologia, dá-se o nome de desemprego tecnológico.

As atividades com menor exigência de habilidades como criatividade, interações sociais e negociações possuem uma chance maior de serem substituídas por máquinas e isso pode ser observado na tabela abaixo. Ela apresenta as 10 principais perícias buscadas pelos empregadores em seus funcionários nos anos de 2015 e 2020.

Tabela 2: Mudança na priorização das habilidades

Em 2015 Em 2020
1 Solução de problemas complexos Solução de problemas complexos
2 Coordenação com outros Pensamento crítico
3 Gerenciamento de pessoas Criatividade
4 Pensamento crítico Gerenciamento de pessoas
5 Negociação Coordenação com outros
6 Controle de qualidade Inteligência emocional
7 Serviço de orientação Tomador de decisão
8 Tomador de decisão Serviço de orientação
9 Ouvinte ativo Negociação
10 Criatividade Flexibilidade cognitiva

Fonte: WEF, 2016 (adaptado)

Trabalhadores com funções mecânicas cada dia perdem mais espaço, a exemplo do funcionário de teleatendimento: cada dia que passa somos mais vezes atendidos por máquinas e menos por seres humanos. O portal “Will robots take my job?”, site desenvolvido como parte de um estudo de Oxford sobre as probabilidades de automação das profissões, apresenta dados que sugerem que a automação reduzirá em 92% as vagas de operadores de telemarketing nas próximas duas décadas. Mesmo se nos basearmos no atual momento, pode-se verificar que os Estados Unidos tiveram uma redução de 226.730 profissionais em 2015 para 134.800 em 2019.

O reflexo da automação no mercado de trabalho pode ser analisado de duas formas distintas. O método que verifica probabilidade de automação com base em ocupações foca o estudo nas profissões com maior chance de deixar de existir no futuro próximo. Por sua vez, o outro método, de probabilidade de automação com base em tarefas, verifica de forma separada cada função que compõe uma ocupação e a expectativa da sua sucessão por uma máquina (ADAMCZYK; MONASTERIO; FOCHEZATTO, 2020).

No gráfico abaixo estão representadas 12 ocupações e a sua probabilidade de automação. Como pode se perceber, quanto maior a exigência de habilidades sociais ou criativas, menor a chance de a função ser extinta.

Gráfico 1: Probabilidade de automação

Fonte: WEF, 2015 (adaptado)

No Brasil, utilizando-se do método de probabilidade de automação por tarefas, estima-se que 56,5% dos empregos formais estejam vulneráveis à extinção no futuro próximo por fazerem parte das ocupações com percentual alto ou médio-alto de tarefas automatizáveis (KUBOTA; MACIENTE, 2019). Um resultado semelhante se obtém por meio do método de probabilidade de automação com base em ocupações, onde se verificou 29% dos empregos com probabilidade de automação alta e 26% com probabilidade média-alta (MACIENTE; RAUEN; KUBOTA, 2019).

No entanto, visto que os aspectos tecnológicos não são as únicas condições para o desemprego tecnológico, essa substituição do trabalho vivo por trabalho morto pode ser retardada no país por condições como o custo relativo capital/trabalho, barreiras regulatórias, recolocação do profissional dispensado em novas ocupações e aumento ou redução da especialização setorial (KUBOTA; MACIENTE, 2019).

Durante o Encontro Anual do Fórum Econômico Mundial, que aconteceu em Davos, na Suíça, em janeiro deste ano, foi apresentado um estudo, cujo resultado indica que mais de metade da força de trabalho será performada por máquinas, até 2025, o que representa um aumento de 44,23% no uso de máquinas, se compararmos com os números de 2018, como pode ser visualizado no gráfico abaixo.

Gráfico 2: Avanço da automatização

Fonte: WEF, 2020 (adaptado)

A administração pública também pode ser profundamente afetada pelo acelerado processo de automação trazido pela quarta revolução industrial. Um estudo elaborado por Adamczyk; Monasterio e Fochezatto (2020) mostra que 20% do total de servidores da Executivo Federal brasileiro ocupam cargos ou funções com grande probabilidade de serem substituídos por sistemas automatizados na execução de suas tarefas. A pesquisa considerou o método de probabilidade de automação por tarefas e, alinhada à teoria, demonstra que as profissões de menor qualificação e menor nível salarial são as impactadas, enquanto aquelas cujas tarefas são pouco repetitivas ou predominantemente analíticas têm baixa propensão à automação.

As funções que não forem substituídas por autômatos sofrem o risco do que Graglia e Lazzareschi, em A indústria 4.0 e o futuro do trabalho (2018), chamam de Taylorismo digital, que seria uma simplificação excessiva das atividades laborais por conta das facilidades tecnológicas. Um cenário onde o trabalhador apenas responde a estímulos emitidos por um equipamento, com pouco ou nenhum real poder de decisão, tende a tornar a atividade pouco significativa, destruindo a motivação do funcionário e acabando com o sentido do trabalho ao transformar o trabalhador em apenas mais uma máquina dentro do sistema.

Um problema maior para o sistema produtivo do que para ao trabalhador por si, é a perda do conhecimento tácito, ou seja, do conhecimento baseado na experiência. A redução do ser humano, nas equipes de trabalho, ou a diminuição da sua participação nas tarefas laborais tende a reduzir a capacidade do funcionário de conhecer profundamente o seu trabalho e, a partir disso, analisá-lo de forma crítica e otimizar o processo.

O regime de teletrabalho, consoante com o que já foi apontado, tende a se tornar mais difundido conforme a quarta revolução tecnológica vai ganhando espaço também tem seus reflexos negativos nas relações de trabalho. A flexibilização de tempo e espaço resulta no estímulo à dupla jornada de trabalho, seja ele produtivo ou reprodutivo[3] (ANTUNES, 2018). Esse último é um problema especialmente no caso das mulheres que costumam ter uma demanda doméstica maior e, por conta disso, acabam por ter uma maior dificuldade na conciliação entre a vida laboral e pessoal.

O abuso do trabalho isolado, sem convívio social, também sujeita o teletrabalhador ao sofrimento psíquico. A redução das relações interpessoais, limitações na comunicação durante a jornada de trabalho e a dependência tecnológica são fatores que podem resultar em problemas como a depressão (ESTRADA, 2010). Também, atua como um ofensor à saúde mental do trabalhador o risco de substituição permanente do trabalho humano pelas máquinas, afetando a motivação e desempenho do funcionário que tem a renda e sustento sob risco (GRAGLIA; LAZZARESCHI, 2018).

4.2 IMPACTOS POSITIVOS

A melhora na qualidade de vida dos funcionários, que podem ter atividades que sejam físicas ou mentalmente desgastantes auxiliadas por máquinas, é um dos benefícios oferecidos por essa interação homem-máquina. Também pode-se esperar por uma maior inclusão de deficientes e de pessoas mais velhas no mercado de trabalho, uma vez que uma série de restrições físicas ou sensoriais poderão ser superadas.

A flexibilidade abordada anteriormente também é um ponto positivo que tende a se expandir. A liberdade e mobilidade oferecidas por essa funcionalidade resultam em menos estresse e maior satisfação no trabalho (SCHWAB, 2016). Em um cenário onde ela fosse utilizada em função do bem estar da pessoa humana ao invés de explorá-la, essa facilidade permitiria ao trabalhador dispor de mais tempo para dedicar aos seus interesses pessoais e dedicar a sua família.

Essa flexibilidade atende, também, aos interesses do capital ao cobrir uma outra lacuna. Muitas vezes perícia, vaga e localidade não se encontram, ou seja, uma necessidade técnica de uma empresa pode não ser atendida pelos profissionais daquela localidade (MGI, 2017). Esse desencontro tecnológico pode acabar conforme as facilidades tecnológicas vão aumentando.

Apesar do já abordado potencial destrutivo da automação sobre o mercado de trabalho, existem estudos e planejamentos que estão sendo desenvolvidos para que o impacto dessa transformação tecnológica seja menos danoso. O efeito capitalizador da Indústria 4.0, segundo o relatório The Future of Jobs (WEF, 2018), sugere que o declínio de 980 mil vagas de trabalho será compensado com o surgimento de 1,74 milhão de novos empregos em setores favorecidos por essa transformação.

Segundo Schwab (2016), esse ponto de vista otimista sobre o efeito capitalizador da Indústria 4.0 significa que não estamos na condição de homem versus máquina, uma vez que o entrosamento das tecnologias digitais, físicas e biológicas caminha em direção ao aumento do trabalho e da cognição humana. No entanto, como pode ser observado, os reflexos positivos dessa transformação tecnológica estão direcionados principalmente ao interesse do capital, e é preciso sempre ter em mente que o bem estar do trabalhador nunca será encarado como uma prioridade por ele.

5. (RE)CONSTRUINDO O AMANHÃ

A quarta revolução industrial é um movimento que não pode ser evitado, assim como as disruptivas transformações que ela trará para o mundo do trabalho, porém é necessário que nos dediquemos a garantir que essas mudanças afetem o futuro da forma mais positiva possível.

É importante que o poder público se envolva, criando estímulos por meio de benefícios, incentivos fiscais ou políticas públicas, para o que trabalhador seja tratado com a dignidade merecida. Essas medidas devem ser feitas de forma a estimular o empresariado a investir no treinamento e no desenvolvimento das habilidades da sua equipe.

Brynjolfsson e Mcafee, em Race Against the Machine (2011), afirmam que se faz necessário que, comparativamente, seja mais vantajoso para o empresário contratar uma pessoa do que comprar mais tecnologia, porém essa abordagem funcionalista encontra oposição no fato que o capital pesquisa novas tecnologia com o intuito de dispensar o trabalho vivo. O investimento do estado no desenvolvimento tecnológico pode ajudar a atenuar esse problema ao direcionar as pesquisas para a criação de equipamentos e aplicações focados não apenas na otimização do lucro do empresário, mas em melhorar as condições do trabalhador.

O aumento do índice de desemprego no decorrer da quarta evolução industrial, no entanto, não está apenas relacionada à substituição do trabalhador por autômatos, mas também por uma consequência da mudança na qualificação necessária para permanecer no mercado. Considerando o cenário atual, 53% da força de trabalho brasileira precisará, nos próximos anos, passar por um processo de requalificação para continuar relevante (WEF, 2018). A administração pública deve incentivar e garantir que as empresas invistam no contínuo desenvolvimento intelectual e técnico do trabalhador. Considerando que a habilidade de antecipar as capacidades e conhecimentos necessários à equipe se tornará cada vez mais importante para as empresas manterem sua competitividade (SCHWAB, 2016), isso também deve ser encarado como uma prioridade pelo capital.

Ainda no que se refere às capacidades necessárias para o trabalhador no universo da Indústria 4.0, acredita-se que o controle operacional permitirá que um operador se responsabilize pelo funcionamento de várias máquinas ao mesmo tempo. Isso sugere que será mais importante o conhecimento e capacidade de operar dispositivos e softwares do que treinamento sobre operação de máquinas específicas (LORENZ et al, 2015). Trata-se da materialização do Taylorismo Digital, além de explicitar a questão do acúmulo de função e da sobrecarga de trabalho.

Para equalizar o problema do desemprego, seja ele causado pela quarta onda ou por alguma crise econômica, um projeto de renda básica universal se faz necessário. A renda básica universal garante que que todos tenham o mínimo necessário para viver com dignidade. Embora sempre questionado pelos detentores do capital, esse projeto é alinhado com os princípios do capitalismo, já que uma pessoa que deseje ampliar seu poder aquisitivo, precisaria investir, empreender ou trabalhar e, mesmo que não tenha essa oportunidade, ainda atuará como consumidor, mantendo a máquina capitalista em funcionamento (BRYNJOLFSSON; MCAFEE, 2014).

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Desde o seu surgimento, a quarta revolução industrial tem impactado profundamente diversos aspectos da sociedade, sobretudo as relações de trabalho. Em contraposição àqueles que acreditam em seus efeitos positivos, os reflexos negativos, como precarização do trabalho, uberização da economia e o desemprego estrutural, estão em maior evidência e precisam ser devidamente tratados.

Sob o ponto de vista do capital, as mudanças nas necessidades do mercado de trabalho devem ser analisadas e ajustes no sistema educacional devem ser efetuados de forma a permitir aos profissionais atender aos requisitos do futuro. Algumas habilidades e competências se tornarão mais importantes e precisarão ser internalizadas pelos profissionais para, dessa forma, ter uma empregabilidade mais adequada ao cenário.

Todavia o interesse do mercado não pode ser priorizado em detrimento do trabalhador. Enquanto iniciativa privada for a principal patrocinadora das pesquisas tecnológicas, pouco se poderá fazer a respeito, já que o capital sempre direcionará seus esforços para reduzir a força de trabalho humana tanto quanto for possível. Sendo a realização da mercadoria vital para as empresas, preocupam-se apenas em manter o suficiente para que o impacto no consumo não seja relevante para a taxa de lucro.

O investimento do Estado nas universidades públicas pode atenuar essa condição, dedicando o esforço das mentes pensantes no desenvolvimento de tecnologias em prol do trabalhador, mas, tratando-se de uma condição estrutural, é um problema que deve ser endereçado globalmente.

Uma participação ativa da administração pública se fará necessária para que uma clara e sempre atualizada regulamentação das leis trabalhistas possa proteger e valorizar o indivíduo. A possibilidade de a renda básica universal ser utilizada para proteger a sociedade também é algo que deva ser avaliada.

A quarta revolução industrial é um processo inevitável e as mudanças ocasionadas por ela serão profundas. Que as máquinas estarão mais e mais entrelaçadas nas tarefas cotidianas, é um caminho sem volta. Todavia cabe aos indivíduos garantir que a quarta onda seja centrada no ser humano. A sociedade, dotada da capacidade humana de evoluir e se adaptar, tem a missão de assegurar que as transformações trazidas pela Industria 4.0 possam preservar a dignidade humana e, assim, afetar o mundo positivamente.

7. REFERÊNCIAS

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APÊNDICE – REFERÊNCIA DE NOTA DE RODAPÉ

3. O trabalho produtivo é definido como o trabalho que possui a capacidade de gerar riqueza ao modificar o valor de uso das mercadorias ou fornecer serviços. O trabalho reprodutivo, por sua vez, refere-se ao conjunto de atividades necessárias ao sustento da vida e sobrevivência humana, como atividades domésticas, cuidados físicos e sanitários e educação.

[1] Graduado em Sistemas de Telecomunicações pelo Instituto Federal Fluminense (2005).

[2] Orientadora. Doutorado em Ciência Política. Mestrado em Ciência Política (Ciência Política e Sociologia). Graduação em Direito. Graduação em Artes Cênicas – Interpretação.

Enviado: Novembro, 2020.

Aprovado: Novembro, 2020.

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Ricardo Silva Rizzeto

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