Educação financeira: sugestão de práticas para a formação dos alunos

ARTIGO ORIGINAL

MENDES, Geicyanne de Almeida Reis ^[1], MARTINS, Dieny Fonseca ^[2], SILVA, George Felipe Gomes da ^[3], ROBERTO, José Carlos Alves ^[4], PINTO JUNIOR, José Roberto Lira ^[5]

MENDES, Geicyanne de Almeida Reis.  Et al. Educação financeira: sugestão de práticas para a formação dos alunos. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano. 07, Ed. 11, Vol. 06, pp. 142-152. Novembro de 2022. ISSN: 2448-0959, Link de acesso: https://www.nucleodoconhecimento.com.br/administracao/formacao-dos-alunos, DOI: 10.32749/nucleodoconhecimento.com.br/administracao/formacao-dos-alunos

RESUMO

A educação financeira tem como função principal gerar conhecimento para entender as funcionalidades do recurso monetário de forma crítica e analítica, visando obter perspectivas mais ampla da situação financeira, bem como possibilitando melhor qualidade de vida aos indivíduos. Neste contexto, o presente artigo tem como questão norteadora: como a educação financeira pode auxiliar na formação dos discentes? Desta forma, tem-se como objetivo relatar a educação financeira como uma ferramenta que auxilia na formação dos discentes e sugerir algumas práticas que podem ser utilizadas pelos docentes. Para isso, realizou-se uma pesquisa de natureza qualitativa, de método descritivo e meios bibliográficos. Como resultados, verificou-se que a educação financeira promove uma melhor qualidade de vida aos discentes, diminuindo as preocupações com dívidas através de noções do gerenciamento responsável da vida financeira. Constatou-se, também, que ela promove uma melhor compreensão, entendimento e possibilidade de lidar de forma estratégica e inteligente com os seus recursos monetários.

Palavras-chave: Educação Financeira, Planejamento de Finanças, Educação.

1. INTRODUÇÃO

A educação é um direito fundamental de natureza social. Nesse sentido, cabe a família e a sociedade promover e incentivar de forma coletiva a execução desse direto com o intuito de utilizá-lo como instrumento fundamental para alcançar os objetivos da comunidade (SANTOS e JACOBS, 2020)

Nesse cenário, visando o alcance dos objetivos da comunidade através da educação, a educação financeira se torna uma ferramenta de extrema relevância para que os indivíduos saibam como lidar com o dinheiro, desenvolvendo, gradualmente, boa relação com a vida financeira, lançando base para que uma criança tenha uma relação saudável, equilibrada e responsável com a gestão do dinheiro quando adulta (CECCO e ANDREIS, 2014).

Sendo assim, estimular os alunos a rever a maneira como enxergam e tratam o seu dinheiro se torna fundamental e importante não apenas para o seu próprio sucesso futuramente, mas também para fomentar um progresso e ampliação da economia e do PIB brasileiro.

Ante ao exposto, o presente artigo, tem como objetivo geral relatar a educação financeira como uma ferramenta que auxilia na formação dos discentes e sugerir algumas práticas que podem ser utilizadas pelos docentes, sendo norteado pela questão: como a educação financeira pode auxiliar na formação dos discentes?

Desta forma, para o desenvolvimento desta pesquisa, foram utilizados os procedimentos metodológicos de natureza qualitativa, quanto aos fins, o método descritivo e, quanto aos meios, a pesquisa bibliográfica, buscando autores de livros e artigos para fundamentar e contextualizar o conteúdo.

2. EDUCAÇÃO FINANCEIRA

A Base Nacional Comum Curricular, aprovada em 2017, traz a proposta de que a escola deve possuir abordagens de temas contemporâneos que poderão afetar a vida humana. Nesse contexto, um tema relevante é a educação financeira, que deve ser abordada de forma a orientar os estudantes na tomada de decisões corretas futuramente, fornecendo ferramentas para que elas aprendam desde cedo a conduzir e utilizar seu dinheiro, ganhos e despesas, incentivando seus pais no mesmo caminho de conscientização (BRASIL, 2017).

Nesse cenário, a escola tem um papel muito importante, podendo proporcionar ao estudante conhecimento e condições para prover melhores condições de vida, aprimorando e identificando formas diferentes de oferecer uma experiência contextualizada e individual aos estudantes (ARAÚJO, 2022), pois ter conhecimento sobre como se aplicar as finanças é pensar não somente no presente, mas se preparar para crises, acidentes, planos futuros (MOREIRA, 2020).

O principal objetivo de implementar a educação financeira no ensino das escolas é auxiliar na formação das futuras gerações, para que obtenham mais responsabilidade, consciência e ética em relação a sua vida financeira, não consumindo excessivamente e com desperdício. Através disso, visa-se, também, garantir o desenvolvimento da sociedade, além de possibilitar ao aluno habilidades e confiança para se tornarem mais cientes dos riscos e oportunidades financeiras a médio e longo prazo (MIRANDA, 2022).

Esta prática, também, auxilia as famílias, pois, segundo uma pesquisa realizada em fevereiro de 2020 pela Abefin, 71% dos alunos que têm o ensino de educação financeira auxiliam os responsáveis a realizarem compras conscientes (UCELLI, 2018).

Sendo assim, para que os indivíduos tenham uma participação mais consciente e um bem-estar na vida financeira é preciso conhecimento e compreensão de conceitos e riscos financeiros além das habilidades para aplicar esse conhecimento com a finalidade de tomar decisões mais eficazes dentro de vários cenários financeiros (OECD, 2013). Por este motivo, é de grande importância o papel dos educadores no desenvolvimento destas habilidades e conhecimentos através de recursos pedagógicos que introduzam e estimulem os estudantes a adentrarem em cenários que envolvam finanças e economia, tornando-os aptos para tomar decisões com base em análises e julgamentos fundamentados, tanto no âmbito profissional, quanto no familiar, da vida pessoal e da sociedade em que vive (SILVA e POWELL, 2013).

Nesse sentido, é fundamental propor  um  plano  de aprendizagem didático, que aplique os conceitos de educação financeira de forma a atrair  e  ganhar a   atenção  da juventude, trazendo  um  pensamento crítico  em  relação aos gastos gerados por eles.

3. PRÁTICAS QUE PODEM SER UTILIZADAS EM SALA DE AULA

Para se conseguir um excelente resultado e um ótimo desempenho, as aulas devem ser dinâmicas e com atividades interativas, de forma a despertar nos alunos o desejo de aprender sobre a educação financeira. Nesse sentido, as atividades têm como objetivo despertar desejos nos alunos para uma ótima experiência financeira, para que possam alcançar seus objetivos através do conhecimento aplicado em sala de aula. Para isso, o jogo se mostra como uma ferramenta relevante, devido às suas propriedades de motivar os alunos, permitindo-lhes facilitar discussões, formular hipóteses e questionar estratégias para vencer (SANTOS, 2018).

Em consonância, Farias; Azeredo e Rêgo (2016), afirma que os professores que entregam o conteúdo de forma positiva e reflexiva enquanto jogam com os alunos, permitem que estes desenvolvam sua própria inteligência, estimulando o espírito de indagação para a criação de regras, novos conhecimentos, raciocínio lógico, capacita-os, desta forma, a dominar a computação, a leitura e a escrita. Sendo assim, as funções dos jogos em situações de sala de aula são: motivar os alunos; introduzir conceitos difíceis; auxiliar no desenvolvimento de estratégias de resolução de problemas; permitir que os alunos tomem decisões e saibam avaliá-las.

Nesse cenário, segue abaixo algumas atividades que podem ser aplicadas de forma atrativa e interessante para os alunos na educação financeira.

Figura 1. Fábula

Uma opção divertida para o ensino da educação financeira são as fábulas infantis,  que auxiliam na introdução de tópicos para as crianças. A leitura e a discussão, sempre orientadas pelo professor, são uma ótima forma de manter a aula interativa e discutir as relações de compra e venda (WAKKE, 2020).

Requerendo um vocabulário básico e muito simples para que as aulas sejam adequadas à idade dos alunos, estas histórias fictícias estimulam a imaginação e tornam o aprendizado mais fácil e natural. Como sugestão para sua utilização em sala de aula, propõe-se ao professor contar a história e, em seguida, conectá-la à vida diária do aluno, demonstrando como o trabalho e a poupança são importantes para o futuro (WAKKE, 2020). Para isso, sugere-se a utilização da Fábula da Formiga e do Gafanhoto que visa ensinar os alunos sobre a necessidade de se preparar para o futuro.

Figura 2. Atividade relacionada a mesada

Pode-se realizar, também, a aplicação de atividades em sala de aula, como a proposta acima, de forma a promover noções e o entendimento sobre o planejamento financeiro. Nesse cenário, ensinar uma ferramenta, como o cálculo de mesada, trará habilidades aos discentes para administrar o dinheiro de forma atrativa, para que possam ser responsáveis e independentes quando crescerem, podendo usar essa tabela de mesada (exposta na figura 2) quando preciso. Ademais, os estudantes, ao aprenderem essa atividade, podem ajudar a família, compartilhando seus conhecimentos para um planejamento financeiro dos pais, promovendo a construção de um equilíbrio financeiro dentro de casa (MORAIS, 2021).

Figura 3. Jogos interativos: Monopoly

Segundo Silva (2019), o Jogo Monopoly existe em vários modelos, mas o mais famoso é o de compra e venda de imóveis em cartas. Na educação financeira, ele pode ser utilizado para o ensino dos conceitos básicos para investimentos, poupanças, despesas, receitas e imprevistos. Ademais, o professor, após a brincadeira, pode promover uma discussão referente ao game, estimulando o conhecimento adquirido e demonstrando a sua aplicação no dia a dia.

 Figura 4. Jogos interativos: Jogo da Mesada

A aplicação deste jogo tem como intuito promover o aprendizado sobre a administração do dinheiro, combinando despesas e cedências com o pagamento de uma renda. Ensinando, desta forma, o conceito de interesse, passivos financeiros lucros e perdas. Nesse sentido, a educação financeira pode ser trabalhada em várias situações, com orçamentos, controles de gastos e rendimentos, trazendo ensinamentos que podem ser aplicados à vida real, tornando a sala de aula mais atrativa para os alunos adquirirem interesse na disciplina (FEBRABAN, 2019)

Os jogos e atividades que foram mencionados são alguns dos que poderão ser aplicados no âmbito escolar para que os discentes consigam obter mais interesse e curiosidade pela temática de educação financeira, facilitando seu entendimento e promovendo conhecimentos que auxiliarão no planejamento financeiro futuro.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A educação financeira tem como essência a responsabilidade para com a administração do dinheiro, auxiliando na organização da vida financeira e no controle orçamentário, de forma a promover uma boa qualidade de vida.

Ante ao exposto, o presente artigo teve como objetivo relatar a educação financeira como uma ferramenta que auxilia na formação dos discentes e sugerir algumas práticas que podem ser utilizadas pelos docentes, sendo norteado pela questão: como a educação financeira pode auxiliar na formação dos discentes?

Neste sentido, foi possível constatar a contribuição da educação financeira nas escolas, ministrando o conhecimento sobre finanças, não apenas com atividades convencionais em sala de aula, mas também através de jogo interativos capazes de aprimorar a capacidade cognitiva para assimilar o aprendizado, incentivando o uso do dinheiro com responsabilidade.

A educação financeira tem um papel fundamental para a formação do discente, trazendo benefícios para a sociedade, uma vez que o indivíduo que carrega conhecimentos financeiros e estratégicos possui menos chances de se endividar na vida adulta.

Portanto, deve-se estabelecer efetivamente a educação financeira com o propósito de iniciar e desenvolver uma cultura de planejamento, investimento, conhecimento e poupança em todos os níveis da formação escolar, garantindo aos futuros alunos, pais, famílias e empreendedores uma qualidade de vida financeira sustentável.

REFERÊNCIAS

ARAÚJO, N. Educação Financeira Nas Escolas: Por Que É Importante E Como Implementar? LinkedIn, mai. 2022. Disponível em: https://pt.linkedin.com/pulse/educa%C3%A7%C3%A3o-financeira-nas-escolas-por-que-%C3%A9-importante-e-nat%C3%A1lia-araujo. Acesso em: 07 ago. 2022.

BRASIL. Base Nacional Comum Curricular. Brasília: Ministério Da Educação, 2017.

CECCO, B. L; ANDREIS, R. F. Uma abordagem da educação financeira nos anos iniciais do ensino fundamental. In: XX EREMAT – Encontro Regional de Estudantes de Matemática da Região Sul – Fundação Universidade Federal do Pampa (UNIPAMPA), Bagé/RS, Brasil. 13-16 nov. 2014. Disponível em: https://eventos.unipampa.edu.br/eremat/files/2014/12/CC_CECCO_029.280.810-03.pdf. Acesso em: 23 abr. 2022.

CONTOS. A Fábula Da Formiga E O Gafanhoto. Contos Para Dormir. Contos para dormir, abr. 2020. Disponível em: https://contosparadormir.com.br/a-formiga-e-o-gafanhoto/. Acesso em: 13 ago. 2022. 

FARIAS, S. A.; AZEREDO, M. A.; RÊGO, R. G. Matemática no Ensino Fundamental: Considerações Teóricas e Metodológicas. João Pessoa – PB: Editora Universitária/ UFPB, 2016. 

FEBRABAN. 12 Games que ensinam a poupar. Meu Bolso Em Dia – FEBRABAN, 2019. Disponível em:  https://meubolsoemdia.com.br/Materias/12-games-que-ensinam-a-poupar. Acesso em: 13 ago. 2022. 

LOSANO, L. A. B.; SILVA, A. M.  Tarefas De Educação Financeira Para O 6º Ano Do Ensino Fundamental. E-Book, Juiz de Fora – MG: Universidade Federal De Juiz De Fora, 2014. 

MIRANDA, P. Cresce O Número De Brasileiros Endividados: Mais De 65 Milhões, Diz Serasa. JC Concursos, abr. 2022. Disponível em: https://jcconcursos.com.br/noticia/brasil/cresce-o-numero-de-brasileiros-endividados-mais-de-65-milhoes-diz-serasa-93794. Acesso em: 23 abr. 2022.

MORAIS, A. N. Responsabilidade E Autonomia: A Importância Da Mesada Para A Educação Financeira Das Crianças. Canguru News, ago. 2021. Disponível em: https://cangurunews.com.br/criancas-e-mesada/. Acesso em: 13 ago. 2022. 

MOREIRA, E. 5 princípios da educação financeira para adotar como hábito. Blog Eduardo Moreira, dez. 2020. Disponível em: https://edumoreira.com.br/5-principios-da-educacao-financeira/. Acesso em: 13 ago. 2022.

OECD. Financial Education for Youth: The Role of Schools. E-book, Paris: OECD Publishing, 2020. 20 p. Disponível em: https://read.oecd-ilibrary.org/finance-and-investment/financial-education-in-schools_9789264174825-en#page1. Acesso em: 22 abr. 2022. 

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SANTOS, E. F. Educação Financeira Para Crianças: Método Dos Potes. E-book, Londrina PA:   Books Google, 2018. 7 p. 

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TOMASI, R. 4 Jogos De Tabuleiro Sobre Educação Financeira Para Você Jogar Com Seu Filho. Graninhas Kids, out. 2017. Disponível em: https://www.graninhakids.com/jogos-de-tabuleiro-sobre-educacao-financeira/. Acesso em: 13 ago. 2022. 

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WAKKE. Dicas Para Trabalhar A Educação Financeira Na Escola. Wakke, mar. 2020. Disponível em: https://wakke.co/trabalhar-educacao-financeira-na-escola/. Acesso em: 04 nov. 2022.

^[1] Graduanda do curso de Administração. ORCID: 0000-0003-1189-0419.

^[2] Graduanda do curso de Administração. ORCID : 0000-0002-9530-5362.

^[3] Graduando do curso de Administração. ORCID: 0000-0002-2113-138X.

^[4] Orientador. Mestre em Engenharia de Produção. Especialista em Logística Empresarial. Graduado em Administração com Ênfase em Marketing.

^[5] Co-orientador. Graduação em Tecnologia em Sistemas Eletrônica pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas. Bacharel em Administração, Especialista em Engenharia da Produção pela Universidade Estácio de Sá (RJ), Especialista em Engenharia da Qualidade pela Universidade Estácio de Sá (RJ); Especialista em Gestão Industrial (PE), Especialista em Didática do Ensino Superior (AM); Supply Chain e Logística Empresarial; Mestrado em Engenharia Industrial pela Universidade do Minho (Portugal). Revalidado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Enviado: Setembro, 2022.

Aprovado: Novembro, 2022.