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Ética na administração pública: análise da opinião dos servidores do município de Três Rios – Rio de Janeiro

RC: 112102
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CONTEÚDO

ARTIGO ORIGINAL

PITZER, Roberto Carvalho [1]

PITZER, Roberto Carvalho. Ética na administração pública: análise da opinião dos servidores do município de Três Rios – Rio de Janeiro. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento. Ano. 07, Ed. 04, Vol. 09, pp. 53-68. Abril de 2022. ISSN: 2448-0959, Link de acesso: https://www.nucleodoconhecimento.com.br/administracao/etica-na-administracao

RESUMO

Um dos assuntos mais comentados nos meios de comunicação ultimamente são as más condutas ocasionadas pela falta de ética. A reflexão sobre a ética no contexto da Administração Pública é importante, visto que o comportamento ético é tido como o ideal atribuído a um funcionário público. Todavia, o grande desafio está em fazer com que os profissionais atuem sempre pautados pelo código de ética, passando confiabilidade em relação aos serviços prestados. Nesse contexto surge a questão: Qual a opinião dos servidores públicos de Três Rios sobre as ações pautadas na conduta ética? A fim de responder essa questão, o presente trabalho teve como objetivo geral analisar a opinião dos servidores da Prefeitura Municipal de Três Rios sobre a importância da ética para a atuação do profissional da administração pública, demonstrando o conhecimento dos servidores sobre o código de ética. Para a realização da pesquisa foi utilizada, como metodologia, a aplicação de um questionário, opcional e sigiloso, contendo seis questões semiestruturadas. Conclui-se, a partir dos resultados, que os servidores Trirrienses conhecem a importância da conduta e postura pautadas na ética, percebendo seu papel frente à gestão pública e os bens públicos. Além disso, constatou-se que o comprometimento dos profissionais da área pública é de suma importância para o ganho de confiança por parte dos usuários e da gestão pública como um todo.

Palavras-chave: Administração Pública, Ética, Código de ética.

1. INTRODUÇÃO

O conceito de ética, de acordo com a filosofia, pode ser entendido como aquilo que é certo ou errado, bom ou mau. Sendo uma derivação da palavra grega “ethos”, a palavra ética tem a mesma base etimológica da palavra latina moral, cujos significado são hábitos e costumes (LISBOA, 2012).

Nos estudos sobre o comportamento humano, a moral é influenciada pela ética, obedecendo aos princípios ditados pela sociedade, em um determinado momento. Em um ambiente profissional público, a ética, é de suma importância, já que sempre haverá situações em que o profissional deverá exercer seus dilemas éticos sobre determinado assunto e terá que tomar decisões sobre o que é certo ou errado, contribuindo com a justiça e bem-estar da sociedade (LISBOA, 2012).

A corrupção, associada às más condutas, está presente em toda a sociedade, aumentando os gastos públicos, bem como a pobreza e as desigualdades na distribuição de renda (BRITO, 2017). Frente a isso, torna-se indispensável a atuação de um profissional ético na esfera pública, a fim de que este não seja subornado por organizações para manipulações de dados e/ou fraudes, pois, a credibilidade, é o maior compromisso da Administração Pública, já que, só assim, será possível alcançar qualidade nos serviços prestados. Essa credibilidade só será alcançada se o servidor público tiver conduta ética e comportamento moral frente aos desafios da profissão (MACEDO, 2018).

Todavia, o grande desafio está em fazer com que os profissionais atuem sempre pautados pelo código de ética, de modo a passar confiabilidade em relação aos serviços prestados, tornando-os de qualidade, onde os cidadãos se sintam apoiados e bem atendidos.

Desta forma, é de grande relevância um maior conhecimento acerca do tema “ética no setor público”, bem como suas influências e contribuições na vida dos cidadãos e a boa gestão pública dos recursos.

Nesse contexto surge a questão: Qual a opinião dos servidores públicos de Três Rios sobre as ações pautadas na conduta ética?

Por meio dessa premissa, a presente pesquisa tem como objetivo analisar a opinião dos servidores da Prefeitura Municipal de Três Rios sobre a importância da ética para a atuação do profissional da administração pública, demonstrando o conhecimento dos servidores sobre o código de ética. Para isso, tem como objetivos específicos: caracterizar a ética e suas condutas, identificar aspectos gerais sobre ética na esfera pública, analisar a importância do código de ética para a profissão e investigar a opinião dos servidores públicos do município de Três Rios sobre a relação e importância entre ética e administração pública.

Justifica-se, assim, a elaboração do presente trabalho com vista a ponderar sobre as possíveis interações da ética no ambiente profissional da administração pela ótica dos servidores do município investigado.

Portanto, foi adotada como metodologia a análise bibliográfica e a aplicação de um questionário, opcional e sigiloso, contendo seis questões semiestruturadas aos servidores públicos da Prefeitura Municipal de Três Rios.

2. REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 ÉTICA

Intimamente ligada à justiça, a ética é uma parte da filosofia envolvida com a regulamentação social e com a instauração de normas, sendo indispensável para uma sociedade ser considerada justa e igualitária (LINCK, 2013).

A ética pode ter vários significados, para o Dicionário Aurélio Buarque de Holanda (2007), a ética pode ser definida como “o estudo dos juízos de apreciação que se referem à conduta humana suscetível de qualificação do ponto de vista do bem e do mal, seja relativamente à determinada sociedade, seja de modo absoluto”. Já para Nalini (2014, p. 30) a ética pode ser definida como “ciência do comportamento moral dos homens, em sociedade”, podendo ter sua integridade abalada caso os valores morais sejam perdidos.

A palavra ética deriva do termo grego ‘ethos’ cujo significado é ‘modo de ser’, ‘caráter’. Sendo assim, ela também pode ser definida como: princípios e valores morais que orientam a conduta dos homens em sociedade (LISBOA, 2012).

Para Cortella (2013) apud Ferreira e Andrade (2016), esse conjunto de valores e princípios que definem a ética são utilizados para definir três grandes questões da vida: Quero? Devo? Posso? Entretanto, segundo o autor supracitado, “existem coisas que queremos, mas não devemos outras que devemos, mas não podemos e ainda as que podemos, mas não queremos”. Sendo assim, só se alcança a paz de espírito, a tão sonhada paz interior, quando aquilo que queremos também é aquilo que podemos e devemos (CORTELLA, 2013 apud FERREIRA E ANDRADE, 2016).

O comportamento ético tem se mostrado muito importante no sentido de regular o desenvolvimento histórico-cultural da humanidade, já que sem um comportamento humano de forma ética, que busque os princípios humanitários comuns a uma nação, a humanidade já teria caminhado para a autodestruição. Sem uma ética mínima, o convívio em grupo torna-se insustentável, já que a ética implica em defender os direitos humanos, bem como o respeito, a liberdade, a igualdade e a dignidade humana (LINCK, 2013).

No ambiente profissional, a ética deve sempre estar presente e nortear os profissionais em sua atuação. Portanto, em um cenário público não seria diferente, pois assim como as demais profissões, a Administração Pública, exige, não só um comportamento ético, mas também respeito à legislação e à constituição.

2.1.1 ÉTICA NO COMBATE ÀS MÁS CONDUTAS

A ética, hoje, está presente em discussão em várias esferas, demonstrando a necessidade social de vivenciá-la. Entretanto, apesar de todos os princípios morais e éticos construídos e pregados durante várias gerações, o que se vê é o crescimento constante da corrupção e das más condutas, demonstrando a falta de ética profissional nas diferentes áreas profissionais (LINCK, 2013).

A corrupção pode existir em qualquer meio onde haja relações humanas, seja ele público ou privado. Movidos por interesses onde há a conquista de ganhos próprios e benefícios sobre os demais, este ato de má conduta contribui para aumentar as desigualdades sociais, piora do ambiente de negócios, afastamento de investimentos, prejudicando a qualidade dos serviços (SILVA; BRAGA; LAURENCEL, 2009).

Leal (2017), define a corrupção como: um fenômeno social encontrado em toda história da humanidade, tendo seus primeiros registros ainda em tempos remotos. Mostrando, assim, que a corrupção não é um problema novo, já que é tão antigo quanto o surgimento do homem e da civilização. Apesar de antiga, esta prática só passou a se tornar uma preocupação no fim do século XX, devido ao grande aumento e altos índices registrados de sua ocorrência, tanto na esfera pública quanto na esfera privada.

Para Klitgaard (1995, p. 252) apud Miranda (2018), a corrupção pode ser definida como:

[…] uso indevido das esferas oficiais para a obtenção de resultados não oficiais, para vantagens pessoais ou benefício de uma empresa ou partido político. Ela pode ocorrer dentro de organizações públicas ou privadas, pode dizer respeito a atitudes omissas ou outras que pedem uma comissão, pode ser interna a uma organização ou envolver seus clientes (KLITGAARD, 1995, p. 252 apud MIRANDA, 2018).

A corrupção, portanto, é um fenômeno complexo que reflete na vida em sociedade. Logo, esta precisa ser analisada e monitorada pela população.

2.2 A IMPORTÂNCIA DA ÉTICA NO SETOR PÚBLICO

Na Administração Pública, a corrupção, se apresenta na má administração de recursos, nos desvios e na improbidade administrativa como um todo. Essas manipulações, têm como finalidade desviar os recursos do caixa da empresa para fora da organização. Além disso, existe, também, a ocorrência de práticas que buscam apresentar uma situação financeira melhor do que realmente está (SILVA; BRAGA; LAURENCEL, 2009).

Neste contexto, as normas e procedimentos de controle funcionam como um recurso para combater a corrupção e os atos de má conduta, buscando sempre o prevalecimento de um comportamento ético. Nesse sentido, a ética tem o objetivo de permitir, tanto a razão, quanto a emoção, sabendo dosar cada um deles para que não haja espaço para o egocentrismo no ambiente do trabalho.

2.2.1 CÓDIGO DE ÉTICA

Diversos casos de corrupção, improbidade administrativa, falta de ética e condutas inadequadas no setor público vêm sendo divulgados nos meios de comunicação. Diante disso, como forma de auxiliar no controle desses casos, conta-se com capacitações, treinamentos e com o código de ética do servidor público.

Sobre o código de ética do servidor público, o inciso II do Decreto 1171, estabelece que:

O servidor público não poderá jamais desprezar o elemento ético de sua conduta. Desta forma, não terá que decidir somente entre o legal e o ilegal, o justo e o injusto, o conveniente e o inconveniente, o oportuno, mas principalmente entre o honesto e o desonesto, consoante as regras contidas no art. 37, caput, e § 4°, da Constituição Federal (BRASIL, 1994, p. 5).

Ainda, no referido código, temos menção a moralidade na Administração, quando lemos que:

Aquela não deve se limitar somente com a distinção ente o bem e o mal. O fim almejado deve ser sempre o bem comum. O agente público tem o dever de buscar o equilíbrio entre a legalidade e a finalidade na tentativa de proporcionar a consolidação da moralidade do ato administrativo praticado (BRASIL, 1994, p. 20).

Dando suporte e alicerce ao código de ética exposto, temos os Princípios da Administração Pública, contidos no Artigo 37 da Constituição Brasileira de 1988, a saber:

A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência. (BRASIL, 1988).

Por fim, ante ao exposto, subentende-se que os principais deveres do servidor público são: ser probo, correto, leal e justo, onde seu trabalho e decisões sejam regidos por princípios éticos que acarretem a prestação de bons e qualitativos serviços públicos.

3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Este estudo trata-se de um estudo aplicado por meio de questionário, opcional e sigiloso, contendo seis questões semiestruturadas.

Para análise das respostas, determinou-se a porcentagem de cada resposta objetiva com relação ao total de respondentes. Já as respostas das questões discursivas, foram listadas após serem categorizadas, sendo as respostas similares encaixadas em uma mesma categoria.

4. APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

A cidade de Três Rios está localizada no interior do estado do Rio de Janeiro e possui uma população de cerca de 82.142 pessoas (IBGE, 2010; PREFEITURA MUNICIPAL DE TRÊS RIOS, 2013).

Segundo dados do IBGE (2010), da totalidade da população Trirriense, estima-se que 25.091 estão no mercado de trabalho, sendo o salário médio de 2,0 salários-mínimos. De acordo com dados fornecidos pelo site da Prefeitura Municipal de Três Rios (2013), cerca de 2632 (munícipes ou não) são servidores públicos.

Dos 100 servidores públicos que responderam ao questionário, 52,6% eram do sexo feminino e 47,4% masculino. Apesar de irrisória a diferença na quantidade de pessoas por sexo, os resultados confirmam os dados do último censo, que demonstrou existir mais mulheres do que homens no Brasil (IBGE, 2010).

Em relação à idade: 10,5% possuem até 25 anos; 35,1% estão na faixa de 26 a 35 anos; 33,3% de 36 a 45 anos, 15,8% de 46 a 55 anos e 5,3% com mais de 55 anos. Corroborando com o último censo realizado no ano de 2010, onde constata-se que a maior parcela da população da região sudeste tem de 20 a 34 anos (IBGE, 2010).

A fim de atingir o objetivo do trabalho, o questionário contou com 06 (seis) perguntas relacionadas à ética na Administração Pública, a saber: 1) Você conhece o código de atuação dos servidores? 2) Os servidores da Prefeitura Municipal de Três Rios já receberam treinamentos sobre o código de ética? 3) Você acha que a Administração Pública deve sempre se pautar no padrão ético e disciplinado para orientar a conduta dos seus servidores públicos? 4) Como você julga a consciência ética e o comprometimento dos seus colegas de trabalho? 5) Você acha importante divulgar os atos corruptos através dos meios de comunicação? 6) Cursos, palestras e capacitações são alternativas que auxiliam a postura ética do servidor público dentro do ambiente de trabalho? Qual outra sugestão você daria?

Ao serem questionados, na primeira pergunta, sobre se conheciam o código de atuação dos servidores, 45,6% responderam que sim, 28,1% relataram que não, 26,3% disseram que não conheciam, mas já ouviram falar. De fato, no Brasil, a ética nas organizações tem por base a atuação pautada nos códigos de ética e nas comissões ou comitês de ética. Nesse sentido:

Nos últimos anos, Códigos de Ética ou de Conduta, formulados de forma mais abrangente e divulgados interna e externamente, foram implantados por muitas empresas no Brasil, e se incorporaram à Governança Corporativa, processo de melhoria da gestão e transparência das empresas, iniciado pelas companhias de capital aberto. Hoje há uma tendência geral das empresas, de outras organizações e mesmo de áreas governamentais para melhorar o que existe de normas internas e procedimentos externos, para preparar Códigos e divulgar esses documentos, por várias motivações (HUMBERG, 2009, p. 3).

Quando questionados a respeito da oferta de treinamentos sobre o código de ética aos servidores pela Prefeitura Municipal de Três Rios, 52,6% não souberam dizer se há ou não a oferta, 42,1% responderam que não são oferecidos treinamentos sobre a temática e 5,3% afirmaram que não há oferta.

Apesar dos treinamentos e capacitações objetivarem reforçar a conduta socialmente correta dos servidores, para Bortoleto e Müller (2016), o comportamento ético independe de treinamentos, pois diz respeito àquele que é certo e justo por vontade própria, por formação humana de valores e não por capacitações e/ou obrigação legal.

Com relação ao questionamento se eles acham que a Administração Pública deve sempre se pautar no padrão ético e disciplinado para orientar a conduta dos seus servidores públicos, a resposta foi unânime, ou seja, 100% dos entrevistados afirmaram que a Administração Pública deve sempre se guiar pelo padrão ético e disciplinado na conduta de seus servidores.

Verifica-se, portanto, que os servidores possuem consciência da importância de seu papel ético no setor público, o que está em consonância com Brito (2017, p. 29), ao afirmar que “o setor público deve ser pautado pela ética e essa fará seu papel frente à corrupção.”

Os servidores públicos, através de seus serviços e posturas, concretizam o poder do Estado. A respeito disso Bortoleto e Müller (2016), afirmam que “suas ações, mais do que a qualquer outro indivíduo, devem influenciar positivamente toda a comunidade, reforçando valores socialmente relevantes e servindo de exemplo aos seus concidadãos.” Logo, o servidor público deve pensar seus atos, julgando-os pela sua consciência moral, de modo a verificar se pratica a ética para si mesmo.

A respeito dos valores éticos, Silva e Silva (2014, p. 13) dizem que: “a ética e a moral devem ser elevadas ao nível de consciência coletiva no serviço público, assim como a segurança jurídica dos atos deve ser praticado pelos servidores assegurada pela prática contumaz da ética dentro das repartições públicas.” Dessa forma, quando questionados sobre: “Como você julga a consciência ética e o comprometimento dos seus colegas de trabalho?” 61,4% dos entrevistados disseram ser boa, 21,1% relataram ser regular, 15,8% afirmaram ser ótima e 1,8% julgaram ruim. Contata-se, portanto, que alguns servidores percebem a real importância de seu papel, porém alguns, ainda, não entendem esta relação.

Ao serem indagados se achavam importante divulgar os atos corruptos através dos meios de comunicação, a grande maioria, 80,7% dos entrevistados, responderam que acham importante divulgar os atos corruptos nos canais midiáticos, 10,5% se mostraram indiferentes e 8,8% julgaram não ser importante a divulgação. Para Thompson (2002), a era midiática dá ênfase e transforma a conduta dos líderes políticos e a vida política como um todo, portanto, conclui-se que há consonância entre a opinião dos entrevistados e a literatura publicada.

Uma pergunta similar foi feita em um estudo realizado por Dias e Pacheco (2016, p. 06), onde perguntou-se aos cidadãos a importância da divulgação, através dos meios de comunicação, dos atos corruptos. No estudo, obteve-se um resultado similar ao mencionado acima, pois “96% dos entrevistados disseram que sim, e 4% acham que essa divulgação não tem importância, por acharem que poucas pessoas dão atenção a tais informações.”

Na sexta e última questão, os entrevistados deram sua opinião sobre cursos, palestras e capacitações como alternativas que auxiliam a postura ética do servidor público dentro do ambiente de trabalho. Sendo a resposta unânime, ou seja, 100% dos entrevistados afirmaram que sim, capacitações, cursos e palestras são boas alternativas de auxílio à postura ética do servidor público. Em consonância, Amorim (2000), afirma que ao Estado cabe as definições de normas e instrumentos disciplinadores de ética no que tange a “coisa pública”.

Ainda, na mesma questão, os entrevistados foram indagados sobre outras sugestões para auxílio à postura ética do servidor público. Como respostas e sugestões, obteve-se:

  • Workshops, periódicos pautados na anticorrupção, atendimento formal, ética no serviço público, urbanidade no tratamento do público ;
  • Fórum de debates, dinâmica em grupos, reuniões de trabalho etc.;
  • Reciclagem;
  • Programas de Compliance e/ou atos normativos
  • Constantes fiscalizações e punições às posturas comprovadamente não éticas;

5. CONCLUSÃO

 Em vista dos argumentos apresentados, percebe-se o quanto é indispensável um comportamento ético no exercício da profissão. No ambiente público, ter um comportamento ético é essencial, já que um administrador que age de maneira ética será um profissional respeitado, de credibilidade e de confiança perante seus clientes.

O crescente aumento da corrupção, tanto na esfera pública quanto na esfera privada, tem feito a ética se tornar um tema recorrente. Tendo em vista sua importância, o servidor conta com um código de ética de sua profissão, onde são fixados princípios éticos que devem ser seguidos pelo profissional. Entretanto, apesar de servir de base para uma conduta adequada, ele não torna o profissional melhor, mas sim o orienta em suas decisões.

Esse estudo teve como questão norteadora, compreender qual a opinião dos servidores da Prefeitura Municipal de Três Rios sobre a importância da ética para a atuação do profissional da administração pública, sendo possível concluir que os funcionários públicos da Prefeitura Municipal de Três Rios sabem da importância de seus atos e posturas e que eles conhecem o código de ética e sabem como suas ações, éticas ou não, afetam diretamente a vida em sociedade. Portanto, o servidor público é de suma importância para a sociedade já que ele presta contas dos fatos financeiros e econômicos, assim como do patrimônio público em geral. Logo, sua postura e conduta afeta a sociedade e deve ser pautada na ética, a fim de que se evite a corrupção e malversação de recursos públicos.

Sendo assim, um profissional ético ajuda a esfera pública a crescer, além de contribuir para aumentar a confiança da população. Nem sempre ser ético é uma tarefa fácil, já que pressões externas são frequentes para que práticas ilícitas sejam feitas. Entretanto, o verdadeiro profissional é aquele que age de maneira ética e sabe de suas responsabilidades e obrigações, tendo conhecimento, também, que ser ético é um benefício para crescimento de sua carreira, já que cada vez mais um posicionamento íntegro e correto tem se destacado no mercado.

REFERÊNCIAS

AMORIM, Sônia Naves David. Ética na esfera pública: a busca de novas relações Estado/Sociedade. Revista do Serviço Público. Brasília: Fundação Escola Nacional de Administração Pública. ENAP, v. 51, p. 94-104, abr/jun. 2000. Disponível em: https://revista.enap.gov.br/index.php/RSP/article/view/327 Acesso em: 06 jan. de 2022.

BORTOLETO, Leandro; MÜLLER Perla. Noções de ética no serviço público. Editora Jus Podivm, 2ª edição, 2016.

BRASIL. Presidência da República. Decreto 1.171 de 1994 aprova o Código de Ética Profissional do Servidor Público Civil do Poder Executivo Federal. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/d1171.htm Acesso em: 06 Jan 2022

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Publicada no Diário Oficial da União em 5 de outubro de 1988. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Constituicao.html Acesso em: 07 Jan 2021

BRITO, Eduardo. As relações entre a corrupção e a contabilidade. Programa de pós-graduação USP, São Paulo, 2017.

DIAS, Iasmim Henrique; PACHECO, Raquel de Almeida. Avaliação do conhecimento da população sobre a corrupção e a importância da participação social (TCC). Repositório Institucional UFF. Ano: 2016. Disponível em: https://app.uff.br/riuff/handle/1/1953 Acesso em 06 Jan 2021.

DICIONÁRIO AURÉLIO BUARQUE DE HOLANDA. Ética. Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa. Positivo, 2007.

FERREIRA, Tássia Fernandes; ANDRADE, Francisco Ari de. Os conceitos de moral e ética e a importância dessa compreensão docente no contexto educacional. Faculdade de Educação da Universidade Federal do Ceará, 2016. Disponível em: https://repositorio.ufc.br/handle/riufc/45285 Acesso em: 06 jan. de 2022.

GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2002.

GIL, Antônio Carlos. Como classificar as pesquisas? Ano: 2019. Disponível em: http://www.madani.adv.br/aula/Frederico/GIL.pdf  Acesso em 28 Dez. 2021.

HUMBERG, Mário Ernesto. Ética Organizacional e Relações Públicas. Ética Empresarial, 2009. Disponível em: http://www.eticaempresarial.com.br/site/pg.asp?pagina=detalhe_artigo&codigo=355&tit_pa  Acesso em: 06 jan. de 2022.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE). Censo demográfico, 2010. Disponível em: http://www.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/noticia_visualiza.php?id_noticia=1766  Acesso em: 06 Jan. 2021.

LEAL, Rogério Gesta. As consequências negativas da corrupção nos direitos sociais fundamentais no brasil: as pessoas mais pobres como as principais vítimas. Direito e Desenvolvimento. v. 8 n. 1, 2017. Disponível em: https://doi.org/10.25246/direitoedesenvolvimento.v8i1.414 Acesso em: 06 jan. de 2022.

LINCK, Ieda Márcia Donati. A ética no exercício da profissão: uma escolha necessária. XVI Seminário internacional de educação no Mercosul. 2013.

LISBOA, Lázaro Plácido. Ética Geral e profissional em Contabilidade. 2 ed. São Paulo: Atlas, 2012.

MACEDO, Kássio. Vieira. Responsabilidade e ética do profissional. Revista Âmbito jurídico nº 172 maio, 2018.

MINAYO, Maria Cecília de Souza. (Org.). Pesquisa Social: Teoria, Método e Criatividade. Petrópolis: Ed. Vozes, 1995.

MIRANDA, Luís Fernando. Unificando os conceitos de corrupção: Uma abordagem através da nova metodologia dos conceitos. Revista Brasileira de Ciência Política, nº 25. Brasília, janeiro – abril de 2018. Disponível em: https://doi.org/10.1590/0103-335220182507 Acesso em: 06 jan. de 2022.

NALINI, José Renato. Ética geral e profissional. 4. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2014.

PREFEITURA MUNICIPAL DE TRÊS RIOS. Disponível em: http://www.tresrios.rj.gov.br/pontos-turisticos-de-tres-rios/  Acesso em: 28 Dez 2021.

SILVA, Aline Moura Costa da; BRAGA, Eliane Cortes; LAURENCEL, Luiz da Costa. A Corrupção em uma Abordagem Econômico Contábil e o Auxílio da Auditoria como Ferramenta de Combate. Revista Contabilidade Vista & Revista, Minas Gerais, Belo Horizonte, v. 20, n. 1, p. 95-117, jan./mar. 2009. Disponível em: https://revistas.face.ufmg.br/index.php/contabilidadevistaerevista/article/view/575 Acesso em: 06 jan. de 2022.

SILVA, Rosa Maria Aragão da; SILVA, Elias Liberato da; Ética no Serviço Público (TCC). Ano: 2014. Disponível em:https://repositorio.unilab.edu.br/jspui/bitstream/123456789/265/1/Rosa%20Maria%20Arag%C3%A3o%20da%20Silva.pdf Acesso em 06 Jan 2021.

THOMPSON, John Brookshire. O Escândalo Político: poder e visibilidade na era da mídia. Rio de Janeiro, Editora Vozes, 2002.

APÊNDICE A – QUESTIONÁRIO APLICADO AOS SERVIDORES DA PREFEITURA MUNICIPAL DE TRÊS RIOS

ÉTICA NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

PERFIL DOS ENTREVISTADOS

Sexo:

( ) Feminino ( ) Masculino

Idade:

( ) até 25 anos

( ) 26 a 35 anos

( ) 36 a 45 anos

( ) 46 a 55 anos

( ) mais de 55 anos

QUESTIONÁRIO

1) Você conhece o código de atuação dos servidores?

(  ) Sim (  ) Não (  ) Não, mas já ouvi falar.

2) Os servidores da Prefeitura Municipal de Três Rios já receberam treinamentos sobre o código de ética?

(   ) Sim (   ) Não (   ) Não sei dizer

3) Você acha que a Administração Pública deve sempre se pautar no padrão ético e disciplinado para orientar a conduta dos seus servidores públicos?

(   ) Sim    (   )Não

4) Como você julga a importância da conduta ética dos servidores de Três Rios no combate à corrupção?

(  ) Ótima (  ) Boa (  ) Regular (  ) Ruim

5) Você acha importante divulgar os atos corruptos através dos meios de comunicação?

(   ) Sim    (   ) Não

6) Cursos, palestras e capacitações são alternativas que auxiliam a postura ética do servidor público dentro do ambiente de trabalho? Qual outra sugestão você daria?

[1] Bacharelando em Administração Pública.

Enviado: Março, 2022.

Aprovado: Abril, 2022.

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